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A orientação do Superior Tribunal de Justiça

5. AS TUTELAS DE URGÊNCIA NO ÂMBITO DOS RECURSOS EXCEPCIONAIS

5.5. Do cabimento da medida cautelar para concessão de efeito suspensivo, em função

5.5.2. A orientação do Superior Tribunal de Justiça

É controvertido, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o entendimento acerca da possibilidade de concessão de medida cautelar para dar efeito suspensivo ao recurso especial, se esse recurso ainda não foi admitido pelo Juízo local.

Há julgados que seguem a mesma linha adotada pelo Supremo Tribunal Federal, segundo a qual somente seria admissível a concessão de

instrumento que cassara a liminar obtida pela requerente para valer-se da concessão de crédito educativo. Precedente citado: PET (AgRg) 1.903-RS (j. 01.03.2000, acórdão pendente de publicação, v. Informativo 180) PET 2.150-RS e PET 2.151-RS, Rel. Ministro Octavio Gallotti, 10.10.2000 (PET-2150) (PET 2151)” (Informativo STF 206).

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“A Turma, por unanimidade, deferiu, em parte, pedido de medida cautelar em que pretendia dar efeito suspensivo a recurso extraordinário não admitido na origem e determinar o seu processamento – recurso interposto contra acórdão que mantivera tutela antecipada que, na forma do § 3º do art. 542 do CPC, estava retido nos autos do processo principal – para determinar que o Presidente do Tribunal a quo emita o juízo de admissibilidade ou não do recurso extraordinário, embora esse recurso, depois do juízo de admissibilidade, fique retido nesse Tribunal. Considerou- se que a aplicação da regra do § 3º do art. 542 do CPC, em determinadas situações excepcionais, como em casos de medida liminar ou tutela antecipada, pode acarretar prejuízo da pretensão deduzida contra acórdão proferido na interlocutória, sendo necessária a análise do recurso extraordinário antes da existência da decisão final, e como não se pode dar efeito suspensivo a recurso extraordinário ainda não admitido na origem, porquanto tal exame resultaria em prejulgamento da admissão do RE pelo STF, faz-se necessário o exame da admissibilidade do recurso pelo Presidente do Tribunal a quo para que se possibilite a análise do pedido de efeito suspensivo, PET. 1.834-DF, Rel. Ministro Octávio Galloti, 16.11.1999” (Informativo STF 174).

medida cautelar para atribuição de efeito suspensivo se o recurso especial fosse admitido pelo presidente do Tribunal local.354

Em sentido contrário, há julgados esposando a tese segundo a qual a competência para analisar o pleito da medida cautelar visando à concessão de efeito suspensivo ao recurso especial é sempre do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 800, parágrafo único, do Código de Processo Civil, ainda que não haja juízo de admissibilidade pela presidência do Tribunal local.355

Em acórdão proferido pela Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, o voto da relatora, Ministra Laurita Vaz, reconheceu a divergência presente entre as Cortes Superiores e afirmou prevalecer no âmbito do Superior Tribunal de Justiça a orientação segundo a qual é possível a concessão de efeito suspensivo a recurso especial, ainda que não se tenha realizado juízo de admissibilidade: “Ao contrário do entendimento assentado no STF, excepcionalmente o STJ tem admitido o efeito suspensivo a recurso especial interposto, ainda pendente do juízo de admissibilidade na origem, quando demonstrados os requisitos de plausibilidade do direito invocado e do perigo de dano pela demora do julgamento”.356

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“Somente se mostra possível o exame da cautelar, na Corte, quando já interposto e admitido o recurso no tribunal de origem” (STJ, 4ª Turma, MC 15-4-PR-AgRg, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo, v.u., DJU. 23.05.1994).

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“Processual civil. Intervenção em Município. Desapropriação. Medida cautelar. Recurso especial. Efeito suspensivo. 1 – Presentes os pressupostos processuais, do periculum in mora e da ‘fumaça do bom direito’ há de se emprestar efeito suspensivo a recurso especial que visa modificar o acórdão decretador de intervenção federal em Município, por se visualizar, caso executada a medida, dano irreparável. 2 – O fato do recurso especial não ter recebido, ainda, juízo positivo de admissibilidade não impede a concessão da medida cautelar acima definida. 3 – O poder geral de cautela do magistrado há de ser empregado com homenagem constante à responsabilidade que a Constituição entregou ao juiz, de, guardando fidelidade ao sistema e valorizando a esperança subjetiva, impedir que o processo seja obstáculo para a proteção de direito subjetivo que se apresenta no curso da lide, cristalizado. 4 – Pedido cautelar procedente. Efeito suspensivo do recurso especial interposto” (STJ, 1ª. Turma, MC 1.187-SP, Rel. Ministro José Delgado, j. 04.06.1998, maioria, DJ 17.08.1998, p. 22).

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Na Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, também parece estar pacificado o entendimento no sentido de ser possível a atribuição de efeito suspensivo a recurso especial, antes do juízo de admissibilidade do recurso pelo Tribunal local.

Nesse sentido, é oportuno transcrever trecho de voto do Ministro José Delgado:

“A concessão de medida cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso especial tem sido tratada pela jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça com homenagem constante ao poder geral de cautela que a Constituição Federal outorga ao Poder Judiciário. Esse poder tem sido exercido com o máximo de prudência, sempre no sentido de atenuar o inquietante problema da influência do tempo no processo e não permitir que o jurisdicionado fique, em determinadas situações, sem juízo a quem recorrer. Por essa razão é que o Superior Tribunal de Justiça tem admitido o deferimento de cautelar para emprestar efeito suspensivo a recurso especial antes mesmo da chegada do referido recurso à Corte e em outras condições extravagantes.”357

Por fim, quanto ao recurso especial retido (artigo 542, § 3º, do Código de Processo Civil), o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que, em razão do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, seria admissível a propositura de ação cautelar visando à concessão de efeito suspensivo.358

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STJ, 1ª Turma, AgRg na MC 5.422, Rel. Ministro José Delgado, j. 01.10.2002. 358

“Processo Civil. Cautelar. Recurso especial retido. Lei 9.756/98. Efeito suspensivo. Possibilidade. Casos excepcionais. Fumus boni juris e periculum in mora. Serasa. Inscrição. Inadequação. Dívida em Juízo. Precedentes do Tribunal. Agravo desprovido. I – Nos termos da jurisprudência desta Corte, é cabível o deferimento para obstar a inscrição do nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito, pendente de decisão judicial a definição do valor da dívida. II – A celeridade e o princípio da economia nortearam a inserção, no ordenamento jurídico, do recurso especial retido (art. 542, § 3º, do CPC, com a redação dada pela Lei 9.756/98), de modo a privilegiar a efetividade da prestação jurisdicional. Todavia, a excepcionalidade dos casos concretos deve ser apreciada por esta Corte, em sede de cautelar (art. 800, parágrafo único, do CPC), dando temperamento à norma legal, quando se vislumbrar a possibilidade do dano de difícil ou incerta reparação, em obediência ao princípio constitucional da inafastabilidade do controle jurisdicional” (STJ, 4ª Turma, AGRMC 12.626-RS, Rel. Ministro Sálvio de Figueiredo, j. 25.05.1999, v.u., DJ 28.06.1999, p. 12).

5.6. Possibilidade de concessão de medida cautelar pelo Tribunal Superior,