• Nenhum resultado encontrado

Breves considerações acerca do efeito suspensivo

5. AS TUTELAS DE URGÊNCIA NO ÂMBITO DOS RECURSOS EXCEPCIONAIS

5.1. Breves considerações acerca do efeito suspensivo

medida cautelar para atribuição de efeito suspensivo aos recursos especial e extraordinário; 5.4. Os requisitos para a concessão de medida cautelar visando dar efeito suspensivo aos recursos excepcionais; 5.5. Do cabimento da medida cautelar para concessão de efeito suspensivo, em função do recebimento ou não do recurso excepcional; 5.5.1 A orientação do Supremo Tribunal Federal; 5.5.2 A orientação do Superior Tribunal de Justiça; 5.6. Possibilidade de concessão de medida cautelar pelo Tribunal Superior, no caso de juízo de inadmissibilidade do recurso excepcional pelo presidente do Tribunal local; 5.7. A medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso excepcional ainda não interposto; 5.8. A medida cautelar para concessão de efeito suspensivo e as decisões de caráter negativo; 5.9. A antecipação da tutela recursal no âmbito dos recursos excepcionais.

5.1. Breves considerações acerca do efeito suspensivo

Entende-se por efeito suspensivo a qualidade atribuída ao recurso para impedir a execução imediata da decisão impugnada.

Segundo Nelson Nery Júnior,

“a suspensividade respeita mais propriamente à recorribilidade porque o efeito suspensivo, na prática, tem início com a publicação da sentença e perdura, no mínimo, até que se escoe o prazo para a parte ou o interessado recorrer. Assim, durante o prazo para interposição de recurso, já existe, em certa medida, o efeito suspensivo que se prolonga até o julgamento do recurso efetivamente interposto, ao qual a lei confira efeito suspensivo. Olhando o fenômeno por outro ângulo, poder-se-ia dizer que o que ocorre

durante o prazo que vai da publicação da decisão até o escoamento do termo para a interposição do recurso é a suspensão dos efeitos da sentença, não por incidência do efeito suspensivo do recurso, mas porque a eficácia imediata da decisão fica sob condição suspensiva de não haver interposição de recurso que deva ser recebido no efeito suspensivo.”340

O efeito suspensivo pode decorrer tanto de expressa disposição de lei – ex lege –, como é o caso da apelação e dos embargos infringentes, quanto de pedido formulado pela parte, como é o caso do agravo de instrumento e dos recursos especial e extraordinário.341

340

Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos, p. 377. 341

A esse respeito, vide as severas críticas que Paulo Afonso de Souza Sant’anna teceu acerca das hipóteses nas quais a própria legislação estabelece o efeito suspensivo a determinados recursos: “De qualquer modo, importante é que o efeito suspensivo impede que a decisão recorrida produza efeitos imediatamente. Esse aspecto parece-nos extremamente relevante, pois boa parte da doutrina atribui a culpa pela morosidade da prestação jurisdicional aos recursos e não ao efeito suspensivo atribuído ex lege. Em outros termos, é comum dizer que a demora na entrega da tutela jurisdicional é provocada pelo sistema recursal diante da previsão de inúmeros recursos. Embora esse entendimento não esteja inteiramente incorreto, pois sem dúvida nenhuma há a necessidade de aprimorar o sistema de recursos, certo é que a procrastinação da execução imediata da decisão e, assim, da prestação da tutela jurisdicional decorre da regra geral de atribuição de efeito suspensivo a determinados recursos. Nesse sentido, torna-se interessante analisar que o efeito suspensivo concedido a alguns recursos por expressa previsão legal não é fundamental para uma adequada tutela jurisdicional dos direitos. A execução imediata da sentença de primeira instância, por exemplo, deveria ser regra, e não exceção. Como argumentos favoráveis à manutenção da concessão ex lege de efeito suspensivo a determinados recursos, costuma-se indicar, entre outros, a possibilidade da reforma da decisão do juiz da instância inferior e a maior experiência dos juízes das instâncias superiores. Todavia, tais argumentos não nos aparentam corretos. Primeiro porque a possibilidade de erro no julgamento está presente em qualquer decisão judicial. Os juízes superiores também podem errar e não se pode afirmar que suas decisões sejam melhores. Se é certo que os juízes superiores quase sempre têm mais tempo de exercício da magistratura e, assim, mais experiência, não menos certo é que isso não significa melhor qualidade de julgamento. O efeito suspensivo decorrente de previsão legal, além de permitir ao demandante sem razão a manutenção do bem ou do capital perseguido pela parte contrária em seu patrimônio por mais algum tempo (que pode ser bastante longo), incita a protelação do processo pelo vencido na tentativa de obter alguma vantagem econômica daquele que tem razão (como um acordo vil). A concessão de efeito suspensivo ex lege é um grande motivo para interposição de recursos procrastinatórios, contribuindo, portanto, para o retardamento do processo. A morosidade da prestação jurisdicional transforma o processo em instrumento para prejudicar a parte que tem razão e premiar a que não tem. A regra do efeito suspensivo generalizado compromete a realização da garantia do ‘devido processo legal’ na medida em que contribuiu para a excessiva duração do processo ao impedir a execução imediata da decisão. Note-se que essa morosidade faz com que o jurisdicionado desista dos seus direitos e se conforme com a impossibilidade de justiça. Isso sem contar a desvalorização do juiz prolator da decisão. É como se implicitamente se reconhecesse uma incapacidade técnica para dirimir os conflitos de maneira realmente efetiva, isto é, com substancial alteração do mundo empírico. Observe-se que o jurisdicionado, depois de muito esperar pela decisão, supõe que ela altera a sua situação fática. Contudo, se essa decisão for impugnável por meio de recurso que pela lei possui efeito suspensivo, nada se modificará na vida das partes. Em síntese, por conseguinte, pensamos que a atribuição de efeito suspensivo ex lege aos recursos é um grande fator de descrédito do

5.2. A inexistência de efeito suspensivo ex lege em relação aos recursos