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A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA SIMEÃO LEAL: UMA DIAGNOSE DOCENTE

No documento Volume 1 (páginas 84-87)

FERREIRA V. L.; MUNOZ H S.; CHAVES P P O Efeito da Fragmentação e Isolamento

A ABORDAGEM DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA SIMEÃO LEAL: UMA DIAGNOSE DOCENTE

O questionário de diagnose docente iniciava-se com a seguinte pergunta: “Você trabalha temas ambientais em sua disciplina?” Para tal, todos os professores responderam que sim e citaram diversos temas relacionados, sendo os mais citados: Meio Ambiente, Poluição, Água e Seres vivos. Em relação aos dados da questão, notamos que os temas “Poluição” e “Água” fo- ram bem representativos. Isto pode ser explicado pelo fato de estarem relacionados com proble- máticas ambientais locais. A poluição rio Piancó é um exemplo claro destas problemáticas, uma triste realidade que assola a população itaporanguense, que nestes últimos anos veem sofrendo uma terrível estiagem, e em virtude disso um forte racionamento de água potável. Ademais, observa-se ainda na cidade muito desperdício de água e a poluição deste corpo hídrico, esta causada grande parte pela inconsequência dos próprios moradores ribeirinhos que jogam lixo

nas encostas do rio e pela falta de compromisso político.

Quando questionados sobre os métodos e recursos didáticos que eles utilizam para abor- dar as questões ambientais, percebeu-se que os professores das diversas disciplinas utilizam métodos e recursos bem variados, a saber: palestras, atividades de pesquisa, atividades de cam- po, debates, músicas, poemas, vídeos, textos, slides, entrevistas, etc. Em análise as essas respos- tas notamos uma grande variação no uso dos recursos didáticos em sala de aula, o que sugere muita habilidade e criatividade, visto a enormidade de recursos simples utilizados. Para Reigota (1994, p. 24), “a escola é um dos locais privilegiados para a realização da educação ambiental, desde que dê oportunidade à criatividade”.

A questão seguinte perguntava qual a relação entre a disciplina que leciona com as temá- ticas ambientais e com educação ambiental. O Quadro 01 traz um resumo destas informações:

QUADRO 01: Relação entre a disciplina que o professor leciona com as temáticas ambientais e com educação ambiental.

Observando as respostas dadas pelos docentes a essa questão, nota-se que os professores de História e Matemática foram mais coerentes nas suas respostas, de forma a melhor relaciona- rem suas disciplinas às temáticas ambientais. Podemos dizer que a visão destes professores fa- vorece uma ação interdisciplinar da EA, no sentido que é possível contextualizar os conteúdos de suas disciplinas com as temáticas ambientais citadas. No caso da Matemática, por exemplo, a professora pode relacionar as temáticas “coleta e reciclagem de lixo” a conteúdos que vão desde as quatro operações básicas à proporcionalidade; no caso da disciplina de História, quan- do é feito o estudo das relações entre ser humano, sociedade e natureza e suas consequentes evoluções ao longo da história, a mesma está relacionando diretamente seus conteúdos progra- máticos às temáticas ambientais vigentes.

Nesse sentido, é “necessário que cada profissional de ensino, mesmo especialista em de- terminada área do conhecimento, seja um dos agentes da interdisciplinaridade que o tema meio ambiente exige” (TRIVELATO; SILVA, 2011, p.21). Infelizmente, muitas vezes observamos que as ideias acima postadas não são colocadas na prática, o que torna muito difícil a aborda- gem da educação ambiental no espaço escolar. Isto deve ser revisto,

tendo em vista que a educação básica decorrente da forma convencional de ensino livresco e compartimentalizado não tenham dado oportunidades ao seu aluno de educar-se em relação ao meio ambiente, se faz necessário e impor- tante que a temática ambiental seja trabalhada no contexto escolar como tema transversal numa perspectiva curricular integrada e interdisciplinar (PEREI- RA; GUERRA, 2008 p. 174).

Assim, dentro desse contexto, deve-se observar que a educação ambiental deve estar in- serida num projeto educacional que tenha como meta, transformações das relações entre Ciên- cia, Sociedade, Ambiente e Comunidade. Para tanto, faz-se necessário a inserção de práticas de caráter reflexivo, trabalhadas com o intuito de promover ações de sensibilização e conscienti- zação relacionadas aos grandes desafios que incorporam o setor educacional. Contudo, devem ser criados espaços no sentido de uma EA que vá além da reedição de práticas pedagógicas ultrapassadas; deve haver a inserção e reatualização de práticas que visem às questões ambien- tais como um conjunto de relações complexas diretamente relacionadas entre a base natural e social, construindo uma parceria entre educação e meio ambiente.

Na questão seguinte, quando perguntados sobre em qual (is) disciplina (s) o tema educa- ção ambiental deve ser abordado, 18 professores responderam que este deve ser trabalhado em todas as disciplinas, por se tratar de uma temática de caráter interdisciplinar. Apenas um profes- sor respondeu “em Português, Geografia, História e Ciências, por que são disciplinas que mais trabalham o meio ambiente em suas atividades e conteúdos”. A resposta deste docente frente a esse questionamento mostra-se contraditória com o que está escrito na PNEA, onde esta afirma que a EA deve ser trabalhada de forma interdisciplinar em todos os níveis e fases de ensino.

Ainda nesse contexto, de acordo com Ferreira (1993), a interdisciplinaridade correspon- de a

uma relação de reciprocidade, de multiutilidade que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema do conhecimento, ou seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para uma concepção unitária do ser humano (FERREIRA, 1993, p.21).

Logo, a EA deverá ser trabalhada de forma interdisciplinar, com o objetivo de formar cidadãos críticos, reflexivos e responsáveis de seu papel em sociedade, em uma parceria entre escola e comunidade. Não podemos esquecer que para alcançarmos esse objetivo, faz-se essen- cial compromisso e dedicação, já que “a interdisciplinaridade nas diferentes práticas sociais, dentre elas a atividade de ensino, é algo pressentido, desejado e buscado, mas ainda não atingi- do” (SEVERINO, 1989).

Outra questão indagava aos professores quais as dificuldades de relacionar os temas am- bientais com os conteúdos de sua disciplina. Para esta, 58% dos professores afirmaram não en- contrar nenhuma dificuldade de trabalhar esses temas; 37% disseram que o maior problema se constitui em resistência e rejeição por parte dos alunos e 5% em resistência por parte da escola. Acreditamos que este elevado percentual de professores sem dificuldades em trabalhar os temas ambientais deve-se à familiarização com temáticas ambientais, que geralmente são trabalhadas durante o ano através da realização de projetos na escola Simeão Leal.

Em relação à resistência e rejeição por parte dos alunos, a mesma se dá em virtude da associação errônea que os mesmos fazem a rotular as disciplinas pelas suas principais caracte- rísticas, como por exemplo, imaginar que Matemática trabalhará apenas com cálculos, Portu- guês apenas com produção de textos, etc. Enfim, atribuem características únicas, exclusivas e indissociáveis às disciplinas.

Assim sendo, a escola no papel de seus representantes educacionais deve ter por meta, plantar sementes de consciência e responsabilidade, no sentido de criar-se uma formação in- telecto-social mais atualizada e centrada em ideais e valores de desenvolvimento e formação pessoal.

No documento Volume 1 (páginas 84-87)