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CELIANA OLIVEIRA FERREIRA LUIZA RODRIGUES SANTANA VIEIRA

No documento Volume 1 (páginas 146-151)

FERREIRA V. L.; MUNOZ H S.; CHAVES P P O Efeito da Fragmentação e Isolamento

CELIANA OLIVEIRA FERREIRA LUIZA RODRIGUES SANTANA VIEIRA

IONE LIMA PINA RESUMO

O questionamento de ideologias teóricas e práticas na construção de novos modelos de gestão de recursos atuais exige a participação democrática da sociedade, de maneira que possa contribuir ativamente para a escolha de novos estilos de vida, abraçando a ótica da sustentabilidade e equidade social. A escola é uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida. Neste sentido, a Educação Ambiental deve estar presente nas escolas e em todos os setores da educação. Uma das formas de trabalhar a educação ambiental nas escolas é a implantação de projetos com o objetivo de desenvolver estudos sobre responsabilidade ambiental e social. O Projeto Meio Ambiente e Cidadania, foi implantado e aplicado no Instituto de Educação Estadual do Pará (IEEP) no ano letivo de 2013, tendo como objetivo proporcionar aos alunos o desenvolvimento de atividades de pesquisa sob exercício da perspectiva multidisciplinar, utilizando-se de diferentes abordagens como instrumentos para produzir, interpretar e usufruir destes conhecimentos científicos e socioculturais. As atividades acadêmicas tiveram grande repercussão no ambiente escolar com a participação de alunos como multiplicadores do conhecimento e crescente envolvimento do corpo docente que resultaram em estímulo e trabalhos criativos, assim como o fortalecimento de laços de amizade, companheirismo, respeito, ética, valores imprescindíveis ao convívio em sociedade.

Palavras-chave: Educação, Cidadania, Meio Ambiente, Sustentabilidade, Interdisciplinaridade

INTRODUÇÃO

A partir do marco da Conferência de Estocolmo em 1972, que discutiu a necessidade de políticas ambientais e reconheceu a Educação Ambiental como uma importante medida a ser implantada, diversas outras conferências internacionais posteriores tiveram como temática a problemática da sustentabilidade, que assumiu lugar de destaque neste novo século em virtude das dimensões do desenvolvimento humano e da degradação ambiental a elas relacionadas. Sobretudo, o fato de que a pressão que a humanidade vem estabelecendo sobre os recursos naturais vem agravando-se com consequências cada vez mais complexas qualitativa e quantitativamente, inclusive na geração de crescentes desigualdades entre populações distintas economicamente (Jacobi, 2003).

O questionamento de ideologias teóricas e práticas na construção de novos modelos de gestão de recursos atuais exige a participação democrática da sociedade, de maneira que possa contribuir ativamente para a escolha de novos estilos de vida, abraçando a ótica

da sustentabilidade e equidade social. Para o cumprimento deste desafio torna-se urgente o fortalecimento de uma educação ambiental convergente e multirreferencial que acompanhe a formação e o amadurecimento das gerações atuais e subsequentes, exercendo a função histórica de transformar as relações sociais e criar novas possibilidades. Pois, para Lane (1989), “todo e qualquer grupo exerce uma função histórica de manter ou transformar as relações sociais, desenvolvidas em decorrência das relações de produção” e para Tozoni (2007), “o grupo em si não garante transformações, mas cria condições de possibilidade para que elas aconteçam”.

Segundo Tristão (2002), a escola é uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os processos cognitivos com os contextos da vida. Neste sentido, a Educação Ambiental deve estar presente nas escolas em todos os setores da educação, seja no setor administrativo, nas metodologias pedagógicas desenvolvidas e nas práticas de ensino aplicadas no cotidiano de nossa comunidade escolar. As práticas de aprendizagem necessitam para sua evolução permearem-se através de projetos que tenham em sua característica a multidisciplinaridade e o exercício da sustentabilidade. Mais do que circunscritos apenas a este ambiente escolar, os resultados destas atividades de educação ambiental precisam extrapolar o âmbito escolar e promover a conscientização transformadora.

Moradillo & Oki (2004) comentam que a preocupação com o ambiente está presente em grande parte da população em diferentes culturas atualmente, e que em encontros, debates e grandes conferências existe um consenso acerca da necessidade de se buscarem novos valores e uma nova ética com a finalidade de reger as relações sociais, transpondo à educação um papel fundamental neste processo. Portanto, este processo de aprendizagem e a utilização deste conhecimento devem ser contínuos, de forma que essa ideologia possa integrar-se com mais naturalidade a cada um de nós visando o aprimoramento de soluções inteligentes e harmônicas no contexto social, ambiental e econômico.

Uma das formas de trabalhar a educação ambiental nas escolas é a implantação de projetos culturais ambientais com o objetivo de desenvolver estudos sobre responsabilidade ambiental como coleta seletiva, reciclagem de lixo, tratamento de esgotos, noções de uso racional da água, noções de economia ambiental (escolha de produtos e empresas com certificação ambiental), desenvolvimento de estudos sobre responsabilidade social, como meios de transporte de menor impacto, uso inteligente de energia elétrica, utilização de energia renovável e a importância de materiais biodegradáveis em detrimento dos derivados do petróleo.

O Projeto Meio Ambiente e Cidadania, foi implantado no Instituto de Educação Estadual do Pará (IEEP) no ano letivo de 2013, tendo como objetivo proporcionar aos alunos do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos, a oportunidade de desenvolver atividades de pesquisa sob exercício da perspectiva multidisciplinar, utilizando-se de diferentes abordagens como instrumentos para produzir, interpretar e usufruir dos conhecimentos científicos e socioculturais.

METODOLOGIA

No decorrer do ano letivo foram realizadas atividades de caráter pedagógico e social voltadas para Educação Ambiental, qualidade de vida e cidadania. Foi realizado o “Ciclo de Palestras”, que iniciou na “Semana do Meio Ambiente” e contou com a participação de pesquisadores da Universidade Federal do Pará, do Museu Paraense Emílio Goeldi, da EMBRAPA (Amazônia Oriental), assistentes sociais da Fundação HEMOPA, profissionais de saúde da Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará (SESPA), tenente do Corpo de Bombeiros, advogados, professores da Secretaria de Educação do Estado do Pará e profissionais da educação especial. Outra atividade pedagógica desenvolvida sob nossa coordenação foi o estudo e a construção do Horto Medicinal e da horta caseira em garrafas pets e cano PVC em nossa escola. Realizaram-se oficinas de reciclagem em garrafas pets e CDs. Foram realizados também o “I Baile Temático”, evento que abordou acontecimentos históricos, científicos, ambientais e culturais, que marcaram as décadas de 1950 a 2010, a “I Feira de Saberes e Sabores” que abordou a temática da Sustentabilidade e qualidade de vida e o “I Carnaval Ecológico”, que teve como proposta resgatar os aspectos culturais e históricos do carnaval de rua, bem como sensibilizar e mobilizar alunos e funcionários do Instituto de Educação Estadual do Pará sobre a importância da preservação das espécies e do meio ambiente físico, tendo como ideologia a sustentabilidade e qualidade de vida.

RESULTADOS

As atividades desenvolvidas no decorrer deste ano letivo de 2013, tiveram grande repercussão no ambiente escolar. Observou-se o envolvimento dos alunos do PROEJA e de uma grande parcela do corpo docente, que cada vez mais tornaram-se parceiros desta metodologia de projeto. Na “Semana do Meio Ambiente”, os alunos participaram do “Ciclo de Palestras” como ouvintes e debateram as problemáticas envolvendo o meio ambiente, as mudanças climáticas e qualidade de vida. As palestras foram de grande importância na ampliação do conhecimento do alunado, que beneficiaram-se da abordagem de temas transversais relacionados à ética, cidadania, saúde, prevenção, segurança, meio ambiente, responsabilidade profissional e social. Os alunos produziram um relatório sobre o evento.

Na atividade “Horto medicinal e Horta caseira em garrafas pets e cano PVC”, os alunos participaram de todas as etapas do processo, realizaram pesquisas bibliográficas, apresentaram seminários sobre as plantas medicinais e sobre as hortaliças, como também abordaram as origens dos vegetais, morfologias, nomes populares e científicos, manipulação e utilização adequadas das partes dos vegetais, efeitos colaterais, entre outros aspectos históricos e culturais. Conheceram técnicas de plantio (CAMARGO, 1992) bem como a importância nutricional das hortaliças e a importância das plantas medicinais (CORRÊA et al, 1998) em nossa região, sendo estas ainda muito utilizadas pela população, principalmente em chás, cosméticos e cremes para uso externo. Esta atividade culminou na “I Feira de Saberes e Sabores”.

Nas “Oficinas de Reciclagem” trabalhou-se a ideia sobre responsabilidade ambiental como coleta seletiva, reciclagem de lixo, tratamento de esgotos, noções de uso racional de produtos naturais, noções de economia ambiental (escolha de produtos e empresas com certificação ambiental), os alunos transformaram materiais que iriam para o lixo em utensílios e objetos decorativos.

O “I Baile Temático” orientado sob a perspectiva multidisciplinar, estimulou ao alunado sentimentos de solidariedade, companheirismo, amizade e criatividade no exercício da cidadania. As turmas relataram oralmente e em painéis, fatos, e apresentaram danças que marcaram décadas.

Na “I Feira de Saberes e Sabores”, cada turma apresentou trabalhos de pesquisa desenvolvidos durante o ano letivo, com seguintes temas: “Sustentabilidade e Horta Caseira em Cano PVC”, “Deliciosas Receitas das Oito”, “Direitos e Deveres do Cidadão”, “Plantas Medicinais e Sustentabilidade”, “Cultura Indígena e Sustentabilidade”, “Cultura Portuguesa e Sustentabilidade”, “Cultura Africana e Sustentabilidade”, “Segurança Doméstica na Confecção de Alimentos”, “Horta Caseira em Garrafas Pets e Sustentabilidade”, “Reciclagem em garrafas pets e sustentabilidade”, “Lixo Eletrônico e Sustentabilidade”, “Agrotóxicos e Alimentos Transgênicos”, “Construção Civil: Cuidados Necessários”, “Pirâmide Alimentar e Receitas Saudáveis para Diabéticos” e “Pirâmide Alimentar e Alimentação Saudável no Combate a Obesidade”. Neste evento, expuseram seus trabalhos, responderam as dúvidas dos visitantes, assistiram apresentações de danças indígenas, prestaram homenagem aos professores e à diretora da escola por estar proporcionando momentos tão importantes para cada aluno envolvido.

Tivemos relatos como o da aluna Fátima Vasconcelos da 2ª fase de Biblioteca Escolar, que explanou que a atividade que mais lhe chamou atenção foi o trabalho sobre horta caseira em garrafas pets da turma de Alimentação Escolar - 3ª fase da noite, que demonstrou como se pode fazer uma horta em casa usando garrafas pets que iriam para o lixo. Fátima gostou tanto da ideia que disse que iria fazer em sua casa.

Os alunos participaram de todas as etapas da pesquisa, realizaram pesquisas bibliográficas, apresentaram seminários sobre seus temas, testaram as receitas apresentadas e algumas alunas como Erica Cinthia da turma de Alimentação Escolar - 2ª fase, aderiu à dieta da alimentação saudável para obesos. Os alunos participaram do evento formando blocos carnavalescos os quais criaram paródias ecológicas das machinhas de carnaval, escolheu-se a “Rainha Ecológica” por turno, presenteou-se o “Folião mais animado”, “A fantasia mais criativa” e “A fantasia ecológica”. O evento foi um sucesso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi verificado que, através de atividades pedagógicas multidisciplinares vinculadas à pedagogia de projeto, os alunos envolvidos nestas atividades realizam trabalhos criativos, sendo multiplicadores do conhecimento.

A escola tem papel importantíssimo na formação do ser humano. E os educadores, são agentes fundamentais neste processo de ensino-aprendizagem, na abertura e fortalecimento de laços de amizade, companheirismo, respeito, ética, valores imprescindíveis ao convívio em sociedade.

Paulo Freire, com sua visão futurista, tão bem sintetizou o papel da Escola na sociedade quando afirmou que “a Escola não transforma a sociedade, mas pode ajudar a formar os sujeitos capazes de fazerem a transformação da sociedade, do mundo e até de si mesmos”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMARGO, L. S. As hortaliças e seu cultivo. 3.ed., Campinas: Fundação Cargill,1992. CORRÊA, ANDERSON DOMINGUES et al. Plantas medicinais: do cultivo à terapêutica, Petrópolis, RJ: Editora vozes, 1998.

JACOBI, P. Educação Ambiental, Cidadania e Sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, n. 118, 189-205, março/2003.

LANE, Silvia. O processo grupal. In: Lane, Silvia & CODO, Wanderley. Psicologia Social: o

homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1989.

MORADILLO, E. F. de; OKI, M. da C. Educação Ambiental na Universidade: Construindo Possibilidades. Quim. Nova, Vol. 27, No. 2, 332-336, 2004

TOZONI-REIS, José Roberto. Ação Coletiva na produção dos conhecimentos: compreendendo o processo grupal. In: TOZONI-REIS, M.F. de C. (Org.). A pesquisa-ação-participativa em

educação ambiental: reflexões teóricas. São Paulo: Annablume, 2007.

TRISTÃO, M. As Dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento. In: RUSHEINSKY, A. (org.). Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre:Artmed, 2002.

VIVÊNCIAS E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA: UM ES-

No documento Volume 1 (páginas 146-151)