• Nenhum resultado encontrado

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2008002017854-

No documento 179rdj090 (páginas 46-51)

Agravante - Amom da Silva Oliveira Agravado - Distrito Federal

Relator Designado - Des. João Mariosi Terceira Turma Cível

EMENTA

AGRAVO DE INSTRUMENTO - CONCURSO PÚBLICO - PROVIMENTO PARA O CARGO DE TÉCNICO PENITEN- CIÁRIO - AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA - AUSÊNCIA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS - ILEGALIDADE.

- A obrigação de participar de exames psicológicos não resulta da aferição de aptidões intelectuais ou mesmo da idoneidade moral, de que cuidam expressamente algumas leis, dentre elas a de nº 4.878/65, em seu artigo 9º, inciso VII.

- Demonstrada a utilização de critérios subjetivos na avaliação psi- cológica, há que se deferir a antecipação da tutela a fim de garantir a participação do candidato no curso de formação profissional. - Agravo provido. Maioria.

ACÓRDÃO

Acordam os Desembargadores da Terceira Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Nídia Corrêa Lima - Relatora, João Mariosi - Vogal e Relator Designado, Mário-Zam Belmiro - Vogal, sob a presidên- cia do Desembargador João Mariosi, em conhecer. Dar provimento, por maioria. Vencido a eminente Relatora, redigirá o acórdão o 1º Vogal, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 11 de março de 2009.

RELATÓRIO

Cuida-se de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo ativo, interposto por Amom da Silva Oliveira, contra decisão proferida pela MMª. Juíza de Direito Plantonista, nos autos da Ação Ordinária de n. 2008.01.1.151998-4 ajuizada contra o Distrito Federal.

Na referida ação ordinária, o autor requereu, liminarmente, que o Distrito Federal o habilitasse para participar do curso de formação profissional do concurso público para o cargo de Agente Penitenciário, tendo em vista ter sido reprovado no exame psicológico.

A douta Juíza Plantonista indeferiu o pedido liminar, por considerar imprescindível a oitiva do Distrito Federal quanto à ausência de manifestação acerca do recurso administrativo aviado pelo autor, bem assim por considerar que a avaliação psicológica observou os critérios objetivos.

Inconformado, o autor hostilizou a supramencionada decisão, pugnando pela concessão de efeito suspensivo ativo ao presente recurso e, ao final, para que lhe seja dado provimento, de modo a permitir sua participação no Curso de Formação Profissional para o Cargo de Agente Penitenciário.

Para tanto, sustentou o agravante, em síntese, que a decisão interlocutória subtraiu o direito de participação isonômica no certame, além de comprometer o próprio objeto da ação originária, uma vez que não poderá participar do curso de formação, diante do fato de já haver sido designada data para matrícula e início do curso.

Alegou o agravante que a ausência de objetividade na avaliação psi- cológica e que a omissão quanto ao recurso administrativo interposto é ilegal e inconstitucional.

O agravante aduziu, ainda, que estão presentes os requisitos necessários para o deferimento da antecipação de tutela recursal.

Esta Relatoria, nos termos da decisão de fls. 93/96, indeferiu o efeito suspensivo ativo ao recurso.

O Distrito Federal não ofereceu resposta. É o relatório.

VOTOS

Desa. Nídia Corrêa Lima (Relatora) - Conheço do recurso, porquanto

presentes os pressupostos de admissibilidade.

Amom da Silva Oliveira interpôs Agravo de Instrumento contra decisão proferida nos autos da Ação Ordinária ajuizada contra o Distrito Federal.

Na referida ação ordinária, o autor requereu, liminarmente, que o Distrito Federal o habilitasse para participar do curso de formação profissional do concurso público para o cargo de Agente Penitenciário, tendo em vista ter sido reprovado no exame psicológico.

A douta Juíza Plantonista indeferiu o pedido liminar, por considerar imprescindível a oitiva do Distrito Federal quanto à ausência de manifestação

acerca do recurso administrativo aviado pelo autor, bem assim por considerar que a avaliação psicológica observou os critérios objetivos.

Inconformado, o autor hostilizou a supramencionada decisão, pugnando por sua reforma, a fim de que pudesse participar do Curso de Formação Profissional para o Cargo de Agente Penitenciário.

Para tanto, sustentou o agravante, em síntese, que a decisão interlocutória subtraiu o direito de participação isonômica no certame, além de comprometer o próprio objeto da ação originária, uma vez que não poderá participar do curso de formação, diante do fato de já haver sido designada data para matrícula e início do curso.

Alegou o agravante que a ausência de objetividade na avaliação psi- cológica e que a omissão quanto ao recurso administrativo interposto é ilegal e inconstitucional.

Após detido exame dos autos, verifica-se que razão não assiste ao re- corrente.

Por ocasião do exame do pedido liminar, indeferi o efeito suspensivo ativo ao recurso, sob os seguintes fundamentos, verbis:

“O agravante pugnou pelo deferimento do efeito suspensivo ativo ao pre- sente recurso, a fim de ser habilitado a participar do curso de formação profissional do concurso público para o cargo de Agente Penitenciário, a despeito de ter sido reprovado no exame psicológico.

De partida, cumpre consignar o cabimento do presente agravo de instrumento, porquanto a decisão hostilizada é suscetível de causar ao agravante uma lesão grave e de difícil reparação, uma vez que, na hipótese de não ser garantida a sua participação no curso de formação, será excluído do processo seletivo.

Com essas considerações, passo à análise dos requisitos necessários à concessão da antecipação de tutela recursal pleiteada.

Com efeito, a possibilidade de ocorrência de um dano de difícil repa- ração autoriza não apenas o conhecimento do agravo de instrumento, como também satisfaz o requisito legal do ‘periculum in mora’, im- prescindível para o deferimento da antecipação de tutela recursal. Contudo, não sobressai a relevância da fundamentação trazida pelo agravante, na medida em que não há nos autos razões para que seja autorizada sua participação na fase seguinte do concurso.

Conforme bem destacou a MMª Juíza Plantonista, os três argumentos em que se embasa o autor, ora agravante, não autorizam o deferimento da liminar.

O primeiro deles, diz respeito a supostas interferências durante a rea- lização do exame psicológico. Ocorre que o agravante não trouxe para os autos qualquer elemento de prova hábil a demonstrar tais intercor- rências, razão pela qual a referida alegação não merece prosperar. O segundo argumento em que se embasa o autor, ora agravante, refere-se ao critério subjetivo utilizado na avaliação psicológica a que foi submetido.

Nesse particular, não há, ‘prima facie’, como dissentir da conclusão a que chegou a douta magistrada de primeiro grau, porquanto o processo de avaliação psicológica por que passou o agravante apresenta critérios objetivos, tendo sido utilizadas, inclusive, escalas para o que a psicologia define como padrões aceitáveis para a recomendação dos candidatos para ocupação do cargo de Agente Penitenciário.

Não por outra razão, esta egrégia Corte de Justiça já editou súmula acerca da matéria, destacando a necessidade de a avaliação psicológica apresentar critérios objetivos. Confira-se:

“Súmula 20 - A validade do exame psicotécnico está condicionada à previsão legal, à exigência de critérios objetivos e à garantia de recurso administrativo.”

Referido enunciado também torna imprescindível a garantia de recurso administrativo. Este, aliás, é o terceiro e último argumento do autor, ora agravante, para o deferimento da liminar.

Conquanto o agravante sustente que a ‘Fundação Universa’, respon- sável pela elaboração do exame psicológico, não tenha apresentado resposta ao recurso administrativo, afigura-se temerário o deferimento do pedido para inclusão do recorrente no curso de formação, sem que sejam esclarecidas as circunstâncias que envolvem o aludido recurso administrativo.

A propósito, cumpre assinalar que o próprio autor pugnou pela ma- nifestação do Distrito Federal antes da apreciação do pedido liminar, assim se manifestando, ‘ad litteris’:

“Devendo o Réu se manifestar, no prazo de 72 horas, sobre o pedido de antecipação de tutela, após o que requer seja deferida a tutela antecipada para suspender os efeitos dos atos administrativos identi- ficados... (fl. 29).

Ademais, a decisão ora hostilizada é clara quanto à possibilidade de reapreciação do pedido liminar após o Distrito Federal apresentar as informações pertinentes sobre o recurso administrativo.

conforme preceitua o art. 558 do Código de Processo Civil, indefiro o efeito suspensivo ativo ao presente agravo de instrumento, mantendo incólume a r. decisão ‘a quo’.”

Mantenho o entendimento firmado inicialmente, uma vez que, a despeito da possibilidade de o Poder Judiciário analisar eventuais ilegalidades ocorridas em concursos públicos, na hipótese vertente não há prova inequívoca quanto à utiliza- ção de critérios subjetivos na avaliação psicológica a que se submeteu o agravante, não havendo, portanto, qualquer mácula capaz de inquinar o certame.

Pelas razões expostas, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento, mantendo incólume a r. decisão de primeiro grau.

É como voto.

Des. João Mariosi (Vogal e Relator Designado) - Peço vênia a V. Ex.a, mas tenho voto escrito em sentido contrário, e uma das coisas da subjetividade do teste psicológico palográfico de Barcelona é justamente porque a parte não pode saber quais os limites da razoabilidade, ou seja, a reprovação, no caso específico, seria abaixo de 25%, e a aprovação seria até 81% de acerto das questões.

Então, não se sabe se esse candidato - e isso é altamente subjetivo, por- que é justamente para não haver “cova” - está justamente no fato de que quem fez 82%, 85% está tão reprovado como se fosse um idiota que tivesse feito 5%, 6%, e é proibido acertar. Poderia até dar uma música de carnaval, que é proibido acertar todas as questões em um concurso público, sem dizer qual a porcentagem que não poderia acertar. Porque se estivesse dito no edital que quem acertasse mais de 82% estaria reprovado, evidentemente o limite seria objetivo e não subjetivo, apesar de ser uma questão altamente subjetiva, porque a pessoa não é obrigada a ser ignorante, embora todos nasçam ignorantes.

Juntarei a decisão, são 19 laudas, com estudo jurídico e técnico sobre o exame palográfico de Barcelona e, com a licença de V. Ex.a, dou provimento ao agravo.

Trata-se de agravo contra decisão que indeferiu o pedido liminar, para que a agravante pudesse participar do curso de formação do concurso público para o cargo de Técnico Penitenciário do Quadro de Pessoal do Distrito Federal, a despeito haver sido considerada inapta no exame psicológico.

A respeito do assunto tenho voto em que abordo não só a amplitude técnica do exame psicotécnico como analiso, também, o conceito de não-reco- mendado, geralmente utilizado pelos profissionais e com base no qual se rejeitam os candidatos a ele submetidos.

“ (...)

No documento 179rdj090 (páginas 46-51)