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APELAÇÃO CÍVEL Nº 2005011143335-

No documento 179rdj090 (páginas 163-166)

Apelantes - Carlos Alberto Honorato e outros Apelados - Os mesmos

Relator - Des. Flavio Rostirola Primeira Turma Cível

EMENTA

CONSTITUCIONAL. CIVIL. LEI DE IMPRENSA. NÃO RECEPCIONADA. REPORTAGEM. JORNAL. DANO. NÃO COMPROVADO. INTERESSE PÚBLICO. LIBERDADE DE IMPRENSA.

1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 130, declarou não-recepcionada pela Constituição Federal de 1988 toda a Lei de Imprensa, a Lei nº 5.250/67.

2. Compete ao Poder Judiciário, até a edição de nova lei especial pelo Congresso Nacional que seja compatível com a Carta Ápice vigente, resolver as questões relacionadas à imprensa, com base nos dispositivos de leis gerais - a saber, a Constituição Federal, o Código Civil e o Código Penal.

3. No presente caso, prevalecem os direitos que salvaguardam a atividade jornalística, uma vez que não houve abuso do di- reito de informar, com ânimo de caluniar, difamar e injuriar os autores, mas tão-somente de narrar fatos, que foram levados ao conhecimento do colunista, exercendo de forma legítima o seu direito de manifestação do pensamento e de expressão, diante do interesse público.

4. Apelos dos réus providos para julgar improcedente o pedido inicial, e recurso adesivo dos autores prejudicado.

ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 1ª Turma Cível do Tribu- nal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Flavio Rostirola - Relator, Maria de Fátima Rafael de Aguiar Ramos - Revisora, Natanael Caetano - Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador Natanael Caetano, em proferir a seguinte decisão: conhecer, julgar prejudicado o recurso adesivo e dar provimen-

to ao recurso principal, unânime, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.

Brasília (DF), 15 de julho de 2009.

RELATÓRIO

Cuida-se de apelações interpostas por Carlos Alberto Honorato e pela Gráfica e Editora Jornal de Brasília LTDA, e de recurso adesivo de André de Oliveira Costa e outros, contra a r. sentença de fls. 310/312, proferida nos autos da ação de indenização por danos morais ajuizada pelos últimos em face dos dois primeiros, por meio da qual a d. sentenciante julgou procedente o pedido inicial, in verbis (fl. 312):

“JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para condenar os Réus ao pagamento da quantia de R$ 8.000,00 (oito mil reais), para cada um dos Autores, a título de danos morais, corrigida mone- tariamente desde a presente data, nos termos da Súmula 362, do STJ, e acrescida dos juros de mora, desde a data da publicação da notícia, em 09/06/2005. Por conseguinte, resolvo o mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC. Condeno, ainda, os Réus a publicarem o inteiro teor desta sentença no primeiro jornal a ser veiculado após o trânsito em julgado desta, no caderno ‘Cidades’ com o mesmo destaque da notícia objeto da presente, sob pena de incidir na multa diária de R$ 300,00.”

Em suas razões de apelo (fls. 316/324), Carlos Alberto Honorato, pri- meiro réu, sustenta, em síntese, a existência de fatos modificativos, extintivos do direito dos Autores, em documentação juntada por eles próprios. Aduz que agiu com animus narrandi, diante do interesse público, em torno da matéria (fls. 318/319).

Afirma, ainda, que não declinou o nome dos autores, e que haveria se utilizado da técnica da incerteza, a fim de demonstrar se tratar de suspeitas, de que o fato denunciado estaria sendo investigado (fls. 319/320). Alega, por último, que estaria acobertado pela excludente de ilicitude do artigo 27, inciso VI, da Lei de Imprensa, a Lei nº 5.250/67 (fls. 321/322).

Pleiteia, por fim, pela reforma da r. sentença para julgar improcedente os pedidos da inicial e, caso não seja esse o entendimento, para que seja reduzida a condenação para R$ 500,00 (quinhentos reais), e afastada a determinação de publicação do interior teor do julgado no Jornal de Brasília.

Em idêntico sentido, as razões recursais da Editora Jornal de Brasília

LTDA., acostada às fls. 326/362, que reitera as teses de haver o colunista agido em

animus narrandi e em exercício regular do direito de informação e de crítica, não havendo identificado os analistas. Em acréscimo, argumenta que, à época, haveria tensão entre os métodos de trabalho dos autores e os dirigentes da Codeplan (fls. 341/346). Nessa esteira, sustenta a ausência de injúria, difamação e calúnia (fls. 352/355), bem como da prova dos danos morais alegados (fls. 355/358), afirmando inexistir prática de qualquer ilícito (fl. 358).

Preparo regular à fl. 362.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 385/399.

Em recurso adesivo (fls. 378/382), requerem os autores o aumento do quantum indenizatório para 20 (vinte) mil reais.

Às fls. 404/418, formam acostadas as contrarrazões ao Recurso Adesivo pela Editora Jornal de Brasília Ltda., havendo transcorrido in albis o prazo para Carlos Alberto Honorato, consoante certidão de fl. 427.

É o relatório.

VOTOS

Des. Flavio Rostirola (Relator) - Ab initio, esclareço que os réus

encontram-se patrocinados por diferentes procuradores, de tal sorte que lhes são contados em dobro os prazos para recorrer, nos termos do artigo 191 do Código de Processo Civil, restando, por conseguinte, tempestivos os recursos apresentados pelos litisconsortes passivos.

Com efeito, consoante certidão de fl. 372, a r. sentença hostilizada res- tou disponibilizada no Diário de Justiça Eletrônico em 17.02.2009. Desta feita, considera-se publicada no primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no DJE, conforme parágrafo 3º do artigo 4º da Lei nº 11.419/06, que, no presente caso, deu-se em 18.02.2009.

Iniciando-se a contagem em 19.02.2009, a teor do artigo 184, § 2º, do Código de Processo Civil, o termo final para os litisconsortes recorrerem da r. sentença seria em 20.03.2009, data posterior a interposição do apelo por Carlos Alberto Honorato, e coincidente com a protocolização do recurso da Gráfica e Editora Jornal de Brasília LTDA.

Presentes os demais pressupostos de admissibilidade do recurso, conheço dos apelos dos réus e do recurso adesivo dos autores.

1. DA LEI DE IMPRENSA - LEI Nº 5.250, DE 09 DE FEVEREIRO DE 1.967

Cuida-se, na origem, de ação de indenização por danos morais ajuizada por André de Oliveira Costa e Jose Vitor Akegawa Pierre, em que se discute a responsabilidade do colunista Carlos Alberto Honorato e da Gráfica e Editora Jornal de Brasília LTDA., pelas reportagens “Humilhação e arrogância” e “Cor- regedoria investiga abuso de analistas”, publicada em 09.06.2005 e 10.06.2005, respectivamente.

Prima facie, convém lembrar a recentíssima decisão plenária da Corte Constitucional, na Sessão de 30 de abril deste ano, por ocasião do julgamento da

ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

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