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CAPÍTULO 2. FILOSOFIA E ESQUIZOANÁLISE NO PENSAMENTO JUSFILOSÓFICO 61 

2.2 O PROBLEMÁTICO 65 

2.2.3 A anomalia do Capital 93 

Uma das questões graves, que nos parece habitar o mundo jurídico, é tratar a problemática do capitalismo como se fosse restrito ao modelo econômico, seja no sentido de apreendê-lo como relação de sucessão progressiva e inevitável aos modelos anteriores, como uma destinação desenvolvida do mercantilismo, ou como um problema de fluxos de riquezas cujo modelo de sociedade ele não altera; ou, ainda, na representação jurídica de códigos binários produzido/consumido e todos os corolários que daí advém como problemas ambientais, problemas contratuais, problemas financeiros.

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A questão do Capital é muito mais profunda e transformadora do que deixa transparecer sua problemática colocada nesses termos. Assim, o que aqui vai se desenvolver é como a partir do surgimento dessa descodificação tudo se transforma como na advertência célebre de que tudo o que é sólido se desmancha no ar224.

Aqui também haverá que se atentar para o fato de que o capitalismo surge no interior do próprio Estado, mas não como o próprio Estado, e sim uma derivação das relações de forças que perpassam o socius. Além do mais, serão necessários vários encontros e acasos que darão ensejo ao aparecimento de novas desterritorializações, numa acumulação tal do dinheiro que possibilitará o investimento industrial e, portanto, uma nova relação das matérias, das tecnologias e das forças de trabalho.

Não se pode esquecer, por exemplo, do problema que o ouro das Américas colocou para os Estados despóticos na Europa em termos de manutenção de poder e fluxos de riquezas. Aqui se vê bem como os movimentos periféricos podem dar ensejo a transformações no centro e os graus de desterritorialização/reterritorialização que tais dinamismos acarretam.

Mas ainda aí não se está diante da máquina capitalista se ela não se apropria da própria produção, seu principal agenciamento. Já não se trata de uma relação externa de modelo econômico que produza um excedente a partir de um avanço das técnicas ou coisa parecida. É no interior do capital que a transformação ocorrerá. É o que Deleuze e Guattari chamam de capital filiativo, em distinção ao capital de aliança.

(...). Antes da máquina capitalista, o capital mercantil ou financeiro está somente numa relação de aliança com a produção não capitalista; ele entra nesta nova aliança que caracteriza os Estados pré-capitalistas (donde a aliança da burguesia mercantil e bancária com a feudalidade). Em suma, a máquina capitalista começa quando o capital deixa de ser um capital de aliança para devir filiativo. O capital devém um capital filiativo quando o dinheiro engendra dinheiro, ou o valor uma mais-valia. (...). É somente nestas condições que o capital devém corpo pleno, o novo socius ou quase-causa que se apropria de todas as forças produtivas. Já não estamos no domínio do quantum ou da quantitas, mas no da relação diferencial enquanto conjunção, que define o campo social imanente próprio ao capitalismo e dá à abstração enquanto tal seu valor efetivamente concreto, sua tendência à concretização225.  

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“Tudo o que era sólido e estável se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado e os homens são obrigados finalmente a encarar sem ilusões a sua posição social e as suas relações com os outros homens”. MARX, Karl. O manifesto comunista. Karl Marx e Friedrich Engels; trad. Álvaro Pina. São Paulo: Boitempo,

1998. p. 43.

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Dessa relação diferencial, entre o fluxo de trabalho e o fluxo de produção-capital, fluxo este que é derivado de si mesmo (capital filiativo), diferentemente daquele que é um dos substratos de extração da mais-valia, portanto diferença de natureza; é dessa relação que nasce uma nova desterritorialização, exprimindo “o fenômeno capitalista fundamental da transformação da mais-valia de código em mais-valia de fluxo226”. É essa relação que vai trazer à luz o cinismo profundo que habita esse novo sistema, uma vez que o humano passa a ser submetido a este constante movimento de mais-valia de fluxo onde o capital-dinheiro de pagamento (trabalho) nunca se igualará ao capital-dinheiro de financiamento (produção)227.

Como cediço, dessa tensão inerente ao sistema surgiu o problema sempre presente da chamada baixa tendencial. É que o incremento da tecnologia mudaria a relação trabalho/capital, diminuindo os lucros e advindo daí uma crise sistêmica. Ora, somente nos quadros das análises marxistas é que tal conclusão seria verificável, uma vez que há nela um equivalente geral e o pressuposto do capital constante, onde a atividade bancária não é levada em conta como um fator de diferenciação da teoria dos valores, ou seja, a face intensiva da atividade bancária foi o que escapou às análises marxistas, e o pressuposto do capital constante parece não ter apreendido o problema da descodificação dos fluxos e como tal faria com que o capitalismo superasse esse pressuposto, em termos de ultrapassamento de suas crises.

É justamente nessa relação diferencial (fluxo de trabalho/fluxo de produção) que desterritorializa o próprio Capital, agora internamente, e empurra os limites dessa baixa tendencial de dentro, que se deve constatar sua potência onde nada se fixa e tudo opera por fluxos internos, onde cada “passagem de fluxo é uma desterritorialização, cada limite deslocado, uma descodificação228”.

E não será diferente com a ciência e a técnica. Isso parece óbvio no mundo atual, em que o conhecimento, a formação do profissional, as gerações tecnológicas se desterritorializam numa velocidade tal que o tempo de sua apropriação em códigos já é impossível, porque enquanto nesse regime os tempos são sincrônicos, o tempo do capital é sempre diacrônico devido à sua própria diferença imanente dos fluxos; e é bem por isso que

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DELEUZE, Gilles. et. al. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. p. 303.

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“(...). Medir as duas ordens de grandeza pela mesma unidade analítica é pura ficção, é uma vigarice cósmica, é como tentar medir as distâncias intergalácticas ou intra-atômicas com metro e centímetros. Não há medida alguma comum entre o valor das empresas e o da força de trabalho dos assalariados”. DELEUZE, Gilles. et. al.

O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. p. 306.

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cada vez mais os fluxos de conhecimento passam por máquinas sociais229, e as técnicas estão submetidas a exigências dos seus efeitos globais sobre a produção, mas agora em suas relações com o mercado e o capital financeiro, onde também os códigos maquínicos são descodificados nos fluxos científicos e tecnológicos da concorrência global, numa verdadeira mais-valia maquínica.

(...). Em resumo: os fluxos de código que o regime capitalista ‘liberta’ na ciência e na técnica engendram uma mais-valia maquínica que não depende diretamente da ciência nem da técnica, mas do capital, e que vem se juntar à mais-valia humana e corrigir sua baixa relativa, de modo que a mais-valia maquínica e a mais-valia humana constituem o

conjunto da mais-valia de fluxo que caracteriza o sistema230. Com os

itálicos no original.

Mas ainda aqui, como seria se a produção atingisse seu próprio limite, que embora seja interno, atingiria uma paralisação no momento em que a força dos fluxos não fosse mais suficiente a gerar mais-valia? É o problema da estagnação, que é diretamente relacionado com o problema da realização da mais-valia.

Para Deleuze e Guattari, o problema deve ser pensado dentro da problemática capitalista e sua relação com a potência esquizofrenizante231. Não seria de supor que tal relação deixasse de fora o próprio Estado, ou melhor, que não se apropriasse também de tudo que lhe é exterior para fazer desse fora um dentro e fazer turbilhonar na produção mecanismos de antiprodução. Assim que, outra característica da axiomática capitalista232 é

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Aqui, como se verá, se erige a problemática social que em um de seus últimos textos Deleuze identificará como sociedades de controle, que diferem das sociedades disciplinares que as análises de Foucault haviam apreendido. Como se verá tal diferença é justamente a desse regime único que o capitalismo institui a partir de seu surgimento, seus agenciamentos e suas efetuações.

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DELEUZE, Gilles. et. al. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. p. 311.

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“(...). Afirmamos que há um processo esquizo, de descodificação e de desterritorialização, que só a atividade revolucionária impede de virar produções de esquizofrenia. Colocamos um problema que concerne à relação estreita entre o capitalismo e a psicanálise, de um lado, e entre os movimentos revolucionários e a esquizoanálise, de outro. Paranóia capitalista e esquizofrenia revolucionária; podemos falar assim porque não partimos de um sentido psiquiátrico desses termos, ao contrário, partimos de suas determinações sociais e políticas, de onde decorre sua aplicação psiquiátrica apenas em certas condições. A esquizoanálise tem um único objetivo, que a máquina revolucionária, a máquina artística, a máquina analítica se tornem peças e engrenagem uma das outras”. DELEUZE, Gilles. Conversações. p. 36.

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“(...). A potência do capitalismo é realmente esta: sua axiomática nunca está saturada, é sempre capaz e acrescentar um novo axioma aos axiomas precedentes. O capitalismo define um campo de imanência e não para de preenchê-lo. Mas este campo desterritorializado encontra-se determinado por uma axiomática, contrariamente ao campo territorial determinado pelos códigos primitivos. As relações diferenciais tais como são preenchidas pela mais-valia, a ausência de limites exteriores tal como é ‘preenchida’ pelo ampliação dos limites internos, a efusão da antiprodução na produção tal como é preenchida pela absorção de mais-valia, constituem os três aspectos da axiomática imanente do capitalismo”. sic. DELEUZE, Gilles. et. al. O anti-

trazer para seu coração também a máquina de antiprodução233 que o Estado possibilita com seus gastos astronômicos e que operam por acréscimo à mais-valia que é produzida no seio do sistema. Daí a importância, por exemplo, de um complexo político-militar-econômico nas economias centrais.

Já se pressente o quão indevidas têm sido as análises jurídicas dessa problemática, uma vez que ainda sonha com uma possível emancipação do homem ou da sociedade de um sistema que enxerga como uma mera derivação da ciência econômica, ciência esta ainda inserida naquilo que vimos ser a ciência régia. Mas a problemática é bem outra, como se percebe.

A partir do surgimento do capitalismo todas as relações sociais entram num novo regime que não é mais o dos códigos, mas o da axiomática, e por isso as teorias jurídicas têm que confrontar sua impotência em relação aos limites do Capital, e hoje, pode-se dizer, encontram-se cooptadas por essa mais-valia de fluxo que de todos os lados a integram na máquina do Capital, sem que se possa daí fazer surgir qualquer potência revolucionária. É que o Capital se tornou o socius de toda a formação social. O Direito se transforma em regulamento das disfunções e das dissincronias, por isso também sua produção cancerígena.

Como se viu, a axiomática é esta característica de sempre acrescentar um axioma a mais na sua própria constituição, fazendo com que o sistema nunca entre no colapso total. Mas como a antiprodução também lhe é inerente, para manter seu funcionamento e todas as suas disfunções, faz-se necessária uma crescente produção jurídica que ajusta estas desregulagens trazidas pela axiomática. Nada aqui está no polo negativo, como na dialética hegeliana. Tudo se faz na afirmação da máquina Capital, como processo constante de conjuração da potência esquizofrênica revolucionária, que por lhe ser externa, determina seus limites e ultrapassagens.

Nem mesmo a família escapa ao Capital, e disso é preciso cuidar com mais vagar. Ora, a afirmação do senso comum de que a família é a célula da sociedade, ainda que fosse possível na ordem da representação, ainda que dentro dos quadros de uma mitologia edipiana, tudo isso se torna impossível na axiomática capitalista.

Se, como vimos, o capitalismo tem por uma de suas principais efetuações a de transformar o capital de aliança em capital filiativo, e já aqui se percebe a

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“(...).Encontramos aqui uma nova determinação do campo de imanência especificamente capitalista: não somente o jogo das relações e coeficientes diferenciais dos fluxos descodificados, não apenas a natureza dos limites que o capitalismo reproduz a uma escala sempre maior enquanto limites interiores, mas a presença da antiprodução na própria produção”. DELEUZE, Gilles. et. al. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. p. 313.

utilização nas próprias expressões as ressonâncias de esquemas familiais, é porque disso resultará que o corpo pleno do socius do Capital, de sua produção, é o próprio Capital e não mais a sociedade pensada como esse agregado de seres humanos, sejam nas estruturas primitivas, sejam nas estruturas de Estado despótico, ou ainda no esquema edipiano da psicanálise.

De outro lado, a partir da axiomática capitalista, a mais-valia maquínica se distingue da mais-valia humana numa relação embora imanente, portanto disparatada, mas incomensurável desses fluxos mudando-se a própria mais-valia. Na verdade, para Deleuze e Guattari a mais valia-humana trata-se de refluxo porque relacionada a uma massa de capital que é obtida do rendimento que, por sua vez, é uma sobra residual da massa do capital financeiro que reflui sobre o corpo pleno do Capital.

Não há nessa relação diferencial de fluxos, porém, diferença de valor, uma vez que na axiomática capitalista é a própria moeda que se constitui como equivalente geral desses fluxos que são desqualificados nessa equivalência geral.

Donde a alteração fundamental no regime de potência. Porque, se um dos fluxos se acha subordinado e sujeitado ao outro, é precisamente porque eles não estão elevados à mesma potência (x e y², por exemplo) e porque a relação se estabelece entre uma potência e uma grandeza dada. (...). Mas, assim, os signos de potência deixam totalmente de ser o que eram do ponto de vista de um código: eles devêm coeficientes diretamente econômicos, em vez de duplicar os signos econômicos do desejo e de exprimir por sua conta fatores não econômicos determinados a serem dominantes. Que a potência do fluxo de financiamento seja totalmente distinta da do fluxo de meios de pagamento significa que a potência deveio diretamente econômica. (...) O capital como socius ou corpo pleno se distingue, portanto, de qualquer outro, porque vale por si mesmo como uma instância diretamente econômica, e se assenta sobre a produção sem fazer intervir fatores extraeconômicos que se inscreveriam num código234.

Num regime como esse, já se verifica que a reprodução social é totalmente independente das formas de reprodução humanas, uma vez que remetem sempre à própria produção de produção. O homem, nessa axiomática é somente matéria de produção. Mas isso não significa que a família desaparece, senão que ela será também matéria para novos usos.

Como se viu, há um componente esquizofrenizante que Deleuze e Guattari identificam como a morada do limite exterior do capital. Se ele não tem limite interno porque é capaz de fazê-lo atingir escalas cada vez maiores, de sua vez a esquizofrenia é seu limite externo, é aquilo que pode destruí-lo de fora. Portanto, a potência revolucionária

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imanente ao desejo! Ora, não é por acaso que a família vai ser um dos fatores chaves da revolução burguesa, porque inserida na ordem da propriedade privada. O que se vê nesse movimento é a privatização da própria família. E é aí que o capitalismo fará seu novo uso, agora não mais como forma de reprodução social, mas como simples componente tático de sua montagem global.

(...). As pessoas privadas são uma ilusão, imagens de imagens ou derivadas de derivadas. Mas, de uma outra maneira, tudo mudou, porque a família, em vez de constituir e desenvolver os fatores dominantes da reprodução social, se contenta em aplicar e envolver estes fatores em seu próprio modo de reprodução. Assim, pai, mãe e filho devêm simulacros das imagens do capital (“Senhor Capital, Senhora Terra” e seu filho, o Trabalhador...) de modo que estas imagens já não são reconhecidas no desejo, determinado a investir apenas seu simulacro. As determinações familiares devêm aplicação da axiomática social. A família devém o subconjunto ao qual se aplica o conjunto do campo social235.

Será por acaso essa referência novamente ao triângulo edipiano? Por óbvio que tal relação é também fundamental ao capitalismo, pois se o seu terror é a esquizofrenia como limite externo, que ele não para de conjurar, a neurose de Édipo será também seu mito de constituição e de chegada, mas só como limite interno que é sempre elevado a escalas inauditas. “Eis toda a série: fetiches, ídolos, imagens e simulacros – fetiches territoriais, ídolos ou símbolos despóticos, tudo é retomado pelas imagens do capitalismo que as impele e as reduz ao simulacro edipiano236”.

Já se vê também porque a psicanálise e o capitalismo têm uma relação tão ambígua quanto fundamental. É que ao mesmo tempo em que a família não passa de um simulacro edipiano das figuras do Capital, ela garante que a máquina desejante da esquiza permaneça exterior e não ameace o coração do sistema, sua axiomática. Ela garante que a figura do Estado, que, como se viu, também está no mais íntimo do sistema como fator de antiprodução, seja também a figura do que despotencializa e reterritorializa todo fator esquizofrenizante do fora, pela castração, no desejo como falta, em suma, a lei! Mas lei, não mais como código, como visto, mas como regulação das falhas, da saturação e dos limites, submetido ele mesmo Estado, ao signo de potência econômica. “(...). A verdadeira polícia do capitalismo é a moeda e o mercado237”.

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DELEUZE, Gilles. et. al. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1. p. 351.

236Idem. p. 355. 237

E é diante dessas condições que nos encontramos hoje, nessa fase bastante adiantada do capitalismo que empurrou seus limites internos a escalas gugolpléxicas, mundiais, com meios desterritorializados ao extremo, como toda a produção imaterial; com o aprofundamento da diferença potencial entre o fluxo de trabalho e o fluxo de capital, integrados na globalização; com o esmagamento da produção desejante no consumismo neurótico da família privatizada; com seus deslocamentos à velocidade da luz, literalmente, tanto da massa de capital quanto da força de trabalho, é aí que se vê o surgimento de um prodigioso teatro de representação, onde só há um papel a cumprir, a axiomática do capital. Não mais univocidade do ser, mas, Pensamento único!

Disso, nos parece, implica uma necessária retorsão que só a esquizoanálise parece possibilitar nesse confronto que está levando o corpo pleno da terra ao exaurimento de suas potências numa crise mundial sem precedentes, não mais rumo ao abismo indiferenciado do caos, mas aos aterros dos lixões e dos campos de refugiados entulhados dos desperdícios e das depreciações nessa axiomática da morte.

E se, mais uma vez, usamos aqui o termo retorsão, é para deixar claro que não se trata de novidade, como algo que não está dado e que viria do céu como uma solução miraculosa. Já vimos que não é essa a rota, uma vez que não há programa com estabelecimento de finalidades, utopias, não é disso que se trata. Trata-se de reencontrar o desejo na produção de inconsciente, esse fora que nos força a pensar, a diferença diferenciante que agencia criações em si mesmas sem saber exatamente no que vai resultar: experimentar no eterno retorno da diferença.

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