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ARTIGO OU SEÇÃO RELEVANTE Outros Lei de Proteção do Ambiente e de Conservação da

No documento Mestre em Gestão e Políticas Ambientais (páginas 165-182)

135 Tabela 5.3 Continuação

ARTIGO OU SEÇÃO RELEVANTE Outros Lei de Proteção do Ambiente e de Conservação da

Biodiversidade de 1999

- Provisão geral

Emenda ao Regulamento de Proteção do Ambiente e Conservação da Biodiversidade de 2005

- Exceção

Lei sobre Recursos Biológicos do Território Norte da Austrália de 2006

- Definição de “biodescoberta” e “bioprospecção”

Lei de Biodescoberta de Queensland de 2004

- Confidencialidade;

- Definição de “recursos biológicos nativos” incluindo vírus

Seção 301

Regulamento 8A.05

Seção 4 Seção 116 e 117 Seção5

Fonte: adaptado de “Database on ABS Measures” (CBD, 2011c).

iv) Uganda

a) Enquadramento

Devido à sua localização na zona de sobreposição entre as savanas do leste africano e as florestas tropicais do oeste africano, região em que as sete distintas regiões biogeográficas da África convergem, o Uganda torna-se um país com uma diversidade biológica excecional, estando entre os países africanos com que possuem elevada taxa de biodiversidade, e tendo sido classificada como um dos dez melhores países do mundo em termos de diversidade animal e vegetal. No entanto muitos componentes da biodiversidade no Uganda são pouco conhecidos, devido a escassez de fundos de investigação e para a própria conservação da natureza (UNU, 2008; CDB, 2010a; NEMA 2010).

A Biodiversidade é composta por uma infinidade de serviços que são a base dos crescimento económico, subsistência e saúde humana, neste sentido, para alcançar a erradicação da pobreza no país, o Governo tem tentado elaborar estratégias de gestão sustentável e conservação da mesma (Lewis-Lettington & Mwanyiki, 2006; NEMA, 2010). Os seus principais ecossistemas naturais são: florestas, mata/cerrado, pântanos, águas abertas e ecossistemas de montanha; sendo os recursos naturais o principal meio para o desenvolvimento económico e social no país (UNU, 2008; CDB, 2010a).

Tendo em mente todo o potencial que o país tem a oferecer e a sua responsabilidade em conservá-la e utilizá-la de forma sustentável, o Uganda está convicto de que pode enfrentar as ameaças que afetam a sua biodiversidade e neste sentido tem assinado e implementado acordos internacionais e nacionais ambientais, como por exemplo assinou e ratificou a Convenção sobre Diversidade Biológica, respetivamente, em junho de 1992 e setembro de 1993 e é um dos poucos países africanos que desenvolveu regras específicas sobre o acesso aos recursos genéticos e partilha de benefícios.

É de referir que a estrutura institucional de conservação da natureza e da Biodiversidade do Uganda, é considerada por alguns críticos como muito complexa e

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incoerente, pois possui um elevado número de diferentes “players” operando em diferentes

níveis de gestão80, o que termina por aumentar a burocracia e atrasar o processo de tomada de

decisão sobre qualquer matéria da área da conservação da natureza e da biodiversidade (UNU, 2008).

b) Regulamentação sobre ABS no Uganda

A Constituição do Uganda, de 1995, aborda a gestão ambiental em diferentes níveis; a Constituição promove o desenvolvimento sustentável e a consciencialização pública em relação à gestão dos recursos da terra, ar e água; para além disso promove o uso sustentável dos recursos naturais para atender às necessidades de desenvolvimento ambiental da nação, evitando danos e destruição da terra, do ar e dos recursos hídricos causados por diversos fatores.

Ainda é de enfatizar que a Seção XIII e XXVII e o artigo 237(2) especificamente asseguram a proteção dos recursos naturais pelo Estado, em nome do povo do Uganda, garantindo assim a sua soberania sobre os seus RG. A constituição dá poder ao governo para manter e proteger os lagos naturais, rios, pântanos, reservas florestais, parques nacionais e qualquer terreno que esteja reservado para fins ecológicos e turísticos (UNU, 2008).

Estas disposições constitucionais estabelecem o quadro legal para a conservação da biodiversidade e ABS; assim, no Uganda as medidas de ABS existentes são:

 Lei Nacional de Ambiente, 1995;

 Regulamento Nacional de Ambiente para ABS, 2005;

 Guia de Acesso aos Recursos Genéticos e Partilha dos Benefícios Derivados da sua Utilização, 2007 (CBD, 2011b).

Os principais elementos da legislação nacional do Uganda relativa ao ABS estão apresentados na Tabela 5.4.

Para além dessas medidas, que são as principais, há o envolvimento do Uganda em organizações de cooperação regional, como por exemplo a Iniciativa da Bacia do Nilo (NBI) que visa alcançar o desenvolvimento socioeconómico sustentável a partir da partilha equitativa dos benefícios que advêm da utilização dos recursos comuns da Bacia do Nilo (UNU, 2008). O que revela já uma preocupação com a utilização dos recursos transfronteiriços.

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Os diferentes “players” fazem partes do governo central e local, organizações não-governamentais; sociedade civil e ao nível das instituições comunitárias (UNU, 2008).

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Tabela 5.4 – Principais elementos da legislação nacional do Uganda relativa ao ABS.

LEGISLAÇÃO ANO SEÇÃO TEMAS

Lei Nacional de Ambiente

1995 Artigo 45º, da seção VII, relativa a gestão Ambiental

 Acesso aos RG do UGANDA

Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS 2005  Preâmbulo  Título  Interpretação  Objeto de regulação  Aplicação do regulamento  Arranjos institucionais

 Designação da autoridade competente  Funções da Autoridade Competente  Funções e papel das principais agências  Funções da Autoridade

 Gestão dos RG

 Direito sobre recursos genéticos;  Acesso aos recursos genéticos;

 Proteção de categorias especiais de espécies;  Aplicação de PIC e acordos acessórios;

 Partes do PIC e acordos acessórios sobre as terras comunais.  Acordos de transferência de materiais e Partilha de benefícios

 Acordo de Transferência de material;

 Conteúdo do acordo de transferência de materiais.  Avaliação do impacto ambiental.

 Utilização e transferência dos recursos genéticos, sem autoridade;

 Uso futuro dos RG;  Autorização acesso;  Partilha de benefícios;

 Revogação da autorização de acesso;  Cópias dos acordos,

 RG em trânsito;

 Diretrizes para a exportação de RG;  Confisco;

 Crimes;

 Novas ordens do tribunal  Acesso a

informação

 Documentos considerados de domínio público;  Direito de acesso à informação;

 Proteção de informações confidenciais.  Geral  disposições transitórias.

 Modelos  Pedido de PIC;  PIC;

 Informação para ser incluída no Acordo de Transferência de Material;

 Permissão de Acesso;  Taxas a serem pagas.

Guia de ABS 2007  Introdução;  Objetivo e Âmbito do Guia;  Interpretação;

 Contexto Legislativo Internacional;  Quadro Legislativo Nacional. 

 Gestão dos RG;

 Direito sobre os RG;

 Papel Institucional e Responsabilidade;  Proteção das espécies de categoria especial;  Avaliação de Impacte Ambiental.

 Acesso aos RG;

 Procedimento de Acesso;

 Exceções nas permissões de Acesso;  Acesso aos recursos in situ;  Acesso aos recursos ex situ;

 Acesso aos Conhecimentos Tradicionais;  Exportação, reexportação e reintrodução do RG.

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Tabela 5.4 - Continuação

LEGISLAÇÃO ANO SEÇÃO TEMAS

Guia de ABS  Guia para

stakeholders;

 Guia para UNCST;

 Guia para pessoa singular a procura de RG;  Guia para as principais agências;

 Guia para proprietários de recursos.  Partilha dos

benefícios provenientes do acesso aos RG;

 Benefícios a serem partilhados;  Estrutura das taxas;

 Com quem partilhar os benefícios;  Mecanismos para partilha de benefícios.  Gestão da

informação;

 Aquisição de informação e armazenamento;  Acesso à informação;

 Informação confidencial;  Sistema de monitorização.  Modelos  Formulário de pedido de PIC;

 PIC;

 Acordo Acessório;

 Acordo de transferência de material;  Permissão de Acesso;

 Certificado de origem;

 Espécies da Uganda protegidas pela CITES;  Espécies protegidas pela Lei da Vida Selvagem.

Fonte: adaptado da Lei nacional de Ambiente (1995); Regulamento Nacional de Ambiente para ABS, (2005); Guia de Acesso aos Recursos Genéticos e Partilha dos Benefícios Derivados da sua Utilização (2007).

O artigo 45º, da seção VII – gestão ambiental, da lei Nacional de Ambiente, de 1995,

prevê de forma geral a questão do Acesso aos recursos genéticos do Uganda dentro do seu território e até então era a única referência relativa à matéria, uma vez que era uma questão ainda muito nova e complexa e a qual ainda não se sabia muito bem se seria a melhor forma de gerir o tema ABS.

A principal causa que despoletou o processo de elaboração de um regulamento nacional sobre ABS foi a descoberta, em 1997, por parte do Governo, de uma investigação que uma Universidade dos EUA desenvolveu em colaboração com alguns académicos do Uganda. A investigação consistia na recolha e refinamento de amostras de plantas medicinais utilizadas

por comunidades locais no Uganda81. Após o refinamento das amostras e uma análise

pormenorizadas do material, estes eram enviados para os EUA. Cada amostra era taxada por 50 dólares americanos. Infelizmente o Governo não conseguiu levantar dados sobre quantas amostras foram entregues aos EUA, mas há suspeitas de que foram realizadas centenas delas (Lewis-Lettington & Mwanyiki, 2006).

Em consequência do acontecimento acima descrito a Agência Nacional de Gestão Ambiental do Uganda iniciou um trabalho junto das principais agências de cooperação para adaptar a estrutura existente do Conselho Nacional do Uganda para a Ciência e Tecnologia (UNCST), este processo levou a realização de consultas aos principais stakeholders com o intuito de desenvolver um sistema regulatório específico para ABS. Este trabalho que começou

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formalmente em 1999, elaborou um projeto de Regulamento do Ambiente sobre ABS que foi apresentado em 2002, tendo o mesmo sido aprovado em 2004 e entrou em vigor em maio de 2005. O Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS foi desenvolvido no âmbito do capítulo 153 da Lei Nacional do ambiente (National Environment Act Cap 153) que regula a gestão sustentável do ambiente (Lewis-Lettington & Mwanyiki, 2006; UNU, 2008).

O regulamento nacional de ABS do Uganda foi elaborado tendo em conta os princípios e os acordos que este país faz parte, dentre eles a Convenção sobre Espécies Migratórias e Animais Selvagens - 1979; Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional

(Convenção Ramsar) – 1988; Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da

Fauna e Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (Convenção CITES) – 1991, dentre outros.

Introduzida em 2005, como parte da lei nacional de ambiente, a regulamentação sobre ABS estabelece procedimentos para o acesso aos recursos genéticos (investigação científica, uso comercial, bioprospecção, conservação ou aplicação industrial), prevê a partilha de benefícios derivados da utilização dos RG e promove a gestão e o uso sustentável dos RG, contribuindo, desse modo, para a conservação dos recursos biológicos no Uganda. (SCDB, 2010).

O Uganda possui como ponto focal nacional ABS um funcionário da Autoridade Nacional de Gestão Ambiental (NEMA), sendo o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia a Autoridade Nacional Competente em ABS, que foi designado pelo Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS82.

Quanto à gestão dos RG, o Regulamento aborda a questão do direito sobre recursos genéticos; acesso aos recursos genéticos; proteção de categorias especiais de espécies83, aplicação de PIC e acordos acessórios e com as comunidades locais ou indígenas.

Apesar de existir um Regulamento ABS não há uma clara especificação sobre o estatuto jurídico dos RG relativamente sobre quem é o seu proprietário e ainda não há um esboço jurídico sobre o Estado regular este direito, nem mesmo em qualquer outra lei que esteja em vigor no Uganda; contudo, por ser um país que adota a Common Law, o Governo- geral interpreta que regula o ABS, independentemente do seu estatuto de propriedade (Lewis- Lettington & Mwanyiki, 2006).

A propriedade dos RG no Uganda representa uma questão bastante complexa, há estudos que indicam que a definição do proprietário deverá variar de acordo com o sistema de posse da terra aplicável à terra no qual um determinado recurso é encontrado (idem).

O regulamento nacional de ambiente sobre ABS, no seu artigo 4º apresenta o âmbito de aplicação que é o acesso a recursos genéticos ou partes deste, de origem natural ou naturalizado, incluindo RG criados para/ou destinados a fins comerciais no Uganda ou para exportação, seja em condições in situ ou ex situ. Em seu parágrafo 2º informa que o mesmo

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O Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS designa a Autoridade Nacional Competente, a sua função; bem como a função e papel das principais agências.

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A autoridade competente e as principais agências não podem aprovar pedidos de acesso aos recursos genéticos de listas protegidas ou ameaçadas, ao menos que obtenham aprovação da Autoridade de Gestão CITES (CITES Management Authority).

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não é aplicado para trocas entre comunidades locais ou para consumo próprio; RG em trânsito no Uganda; derivado de sementes de plantas, uma vez que há leis próprias para sementes e variedades de plantas; recursos genéticos humanos; atividades educacionais realizadas por instituições nacionais; e por fim, para que não haja dúvidas, o regulamento ainda comunica que a licença concedida para a utilização ou exportação dos RG sob qualquer outra lei deve ter em consideração as disposições deste regulamento ABS.

O Regulamento ABS não faz discriminação relativamente à natureza ou identidade dos requerentes, ou sobre a localização ou fonte dos RG. O pedido de acesso é feito à Autoridade Nacional Competente em ABS, conforme a Figura 5.5, acompanhado de uma taxa administrativa e do cronograma de trabalho, o qual deve conter as seguintes especificações: a) título do projeto; b) objetivo principal do acesso; c) breve descrição da metodologia de acesso; d) a localização geográfica do acesso pretendido; e) o custo estimado e fonte de recursos; e f) duração do acesso.

Figura 5.5 – Passos para aceder um RG no Uganda. Fonte: adaptado de MWE (2007, p. 13).

O 1º pontode contactopara qualquer pessoa que queira ter acesso a RG no Uganda é UNSCST

Requerente apresenta o formulário ao proprietário dos RG para PIC e.g. UWA; NFA, CIL, etc.

Requerente entra em Acordo Acessório com o proprietário dos RG

Proprietário dá o PIC sob um pagamento de uma taxa

Requerente deverá entrar num MAT com a Agência Líder relevante – UWA, NFA, CIL,

etc. - sobre o pagamento de uma taxa

Requerente deverá solicitar um UNCST para Acesso Permitido (indicar se os RG são para exportação)

Requerente obtém um Acesso Permitido da UNCST através de um pagamento de uma taxa

Acesso aos RG

Uso dos RG no Uganda

Legenda:

AIA – Avaliação de Impacte Ambiental;

CIL – Comunidades Indígenas e Locais;

PIC – Consentimento Prévio Informado;

NFA – Autoridade Florestal Nacional;

RG – Recursos Genéticos UNCST – Conselho Nacional do Uganda para a Ciência e Tecnologia;

UWA – Autoridade do Uganda para a Vida Selvagem.

Se o acesso ao RG resultar num impacto ambiental significativo, o proprietário deverá executar o AIA

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A autoridade competente ao receber o pedido irá considerar o pedido e o encaminhar para as agências relevantes para darem o seu parecer, conforme o artigo 10.3. A seguir as agências dirão se deve ou não ser concedido o acesso e as suas opiniões relativamente a tal pedido. Na sequência, a ANC irá aconselhar sobre a necessidade ou não de acordos acessórios, de acordo com o artigo 11º. Caso o pedido seja indeferido a ANC poderá aconselhar a melhorar as deficiências que encontraram no referido pedido.

O próximo passo será a negociação do MAT com a ANC. O MAT deve ser composto por uma série de requisitos padronizados no Uganda, que são: a) deposição de amostra em duplicado; b) incluir a partilha de benefícios que sejam satisfatórios para a ANC; c) taxa administrativa prescrita; d) incluir a referência de acordos acessórios quando os houver; e) obrigações por parte do coletor, como por exemplo detalhe sobre o RG; f) orientações não vinculantes.

Após a validação do MAT a ANC poderá emitir a autorização para realizar o acesso ou coleta e exportação do RG específico. É de referir que para fazer a exportação do RG será necessário apresentar informações adicionais, mas estas ainda não são muito claras (Lewis- Lettington & Mwanyiki, 2006). Para qualquer novo acesso, que seja diferente do que está citado no pedido, será necessário fazer novamente todo o processo, desde o início.

Estima-se que o Conselho Nacional do Uganda para Ciência e Tecnologia receba por ano uma média de 20 pedidos de investigação por mês, sendo que um quarto dos pedidos estão ligados às questões de acesso aos RG, sendo que 95% dos pedidos são de investigadores estrangeiros.

c) Principais Constrangimentos no Uganda

Para suprir as carências do Governo, algumas ONG internacionais como é o caso da CARE (Assistência em Toda Parte para Cooperação e Ajuda), IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e WWF (Fundo Mundial para a Natureza) têm desempenhado um importante papel na implementação das diversas convenções ligadas ao ambiente, inclusive a CDB. As ONG têm se envolvido com a promoção da participação pública e a capacitação da sociedade civil para garantir que tenham consciência da importância dos três objetivos da CDB, principalmente o terceiro objetivo, que está intrinsecamente ligado com os seus conhecimentos tradicionais associados aos RG, que poderá potencialmente gerar benefícios económicos e conhecimento para os seus elementos (UNU, 2008).

Foi verificado, tendo por base os relatos de técnicos, peritos da área de ABS e ONG que as necessidades críticas de capacitação estão ligadas às questões de educação e consciencialização pública, aquisição de informação e gestão, desenvolvimento de tecnologia sustentável, financiamento nacional, apoio à conservação ex situ, e desenvolvimento da parceria para a gestão eficaz dos recursos genéticos do Uganda.

Verifica-se também que é necessário ocorrer mais reformas no quadro político e institucional, mais esforços na conservação ex situ e in situ, racionalização de estratégias de gestão de informação, capacidade de desenvolvimento, incluindo a diversificação do

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financiamento de base e a adoção de mecanismos adequados e orientados para a mobilização da comunidade sobre a importância da conservação e uso sustentável dos recursos genéticos.

Face ao estado da arte do Uganda, verifica-se que os principais constrangimentos que o Uganda passa atualmente neste setor são:

a. Gestão dos recursos naturais de forma descentralizada; b. Falta de uma estrutura jurídica e política de biotecnologia;

c. Ausência de diretrizes para promover a implementação da legislação nacional de ABS;

d. Não há um inventário nacional sobre as instituições e suas coleções ex situ; e. Falta de uma maior integração das questões relativas à biodiversidade nas

diversas políticas do país, ou seja, a matéria ainda não é vista de forma transversal;

f. Falta de conhecimento aprofundado e experiência dos técnicos que trabalham na área da biodiversidade;

g. O ambiente e os recursos naturais são ignorados ou de pouca importância nos planos de trabalho do Governo;

h. Área de investigação com baixa infraestrutura e falta de incentivo científico;

i. Falta de diálogo entre os gestores das áreas protegidas e unidades de conservação com as CIL e o setor privado tem gerado conflitos sobre a utilização dos RG nestas áreas. Necessidade de se determinar cotas sustentáveis para serem utilizadas pelo setor privado e CIL, uma vez que estes recursos são muitas vezes a principal fonte de subsistência e de rendimento destes;

j. Baixo nível de monitorização e investigação da biodiversidade, não tendo assim informações suficientes para a tomada de decisão no que diz respeito a conceder uma autorização de acesso aos RG nacionais;

k. Má fiscalização das áreas protegidas e unidades de conservação o que tem tido como consequência a apropriação indevida dos conhecimentos tradicionais e de RG por investigadores e bioprospectores que entram no país como simples investigadores;

l. Necessidade de atualizar o sistema de propriedade intelectual e a lei de patentes do Uganda que são do início da década de 1990 e ainda não faz nenhuma ligação relativa à utilização dos RG e portanto não há preocupação sobre a origem dos RG utilizados em determinados produtos, como medicamentos e cosméticos, logo não há partilha de benefícios;

m. Nível de consciencialização do público, tanto em áreas rurais, como urbanas, relativamente às exigências da CDB, linhas orientadores de Bona e agora do Protocolo de Nagoia muito baixo;

n. A capacidade das comunidades indígenas e locais são muito baixas e não possuem estratégias, planos e programas concertados para o fortalecimento das

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mesmas na gestão do ABS em suas propriedades ou relacionados aos seus conhecimentos tradicionais associados aos RG;

o. Necessidade de capacitação jurídica, política, científica e técnica sobre a conservação e utilização sustentável da natureza e da biodiversidade, bem como o acesso aos RG e partilha justa e equitativa dos benefícios que advêm da sua utilização.

Apesar do trabalho que vem sendo desenvolvido no âmbito do ABS, o Governo do Uganda, e os stakeholders que atuam no campo da gestão dos recursos naturais, têm colocado mais enfase na conservação da biodiversidade do que sobre o ABS, transferência de tecnologia e Direito de Propriedade Intelectual para as inovações na área da conservação biológica (UNU, 2008), tal fato é comprovado ao analisar as leis, políticas e programas nacionais que vêm sendo desenvolvidos e implementados ao longo dos últimos anos. A política macroeconómica do Uganda prevê a integração do ambiente e da gestão dos recursos naturais na política e estratégias de erradicação da pobreza.

Para finalizar, a Tabela 5.5 apresenta os elementos de ABS regulamentados pelo Uganda.

Tabela 5.5 - Elementos de ABS regulamentados pelo Uganda.

ELEMENTOS ABS MEDIDA

- DESCRIÇÃO

ARTIGO OU SEÇÃO RELEVANTE Autoridade

Nacional Competente

Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS de 2005

- Conselho nacional para ciência e tecnologia; - Papel.

Artigo 5º Artigo 6º

Âmbito Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS de 2005

-Aplicação do regulamento e exceções Artigo 4º

Procedimento de PIC

Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS de 2005

- Requisitos para acesso Artigo 10º - 13º

MAT Regulamento Nacional de Ambiente sobre ABS de 2005

No documento Mestre em Gestão e Políticas Ambientais (páginas 165-182)