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As potencialidades investigativas com mapas vivenciais: algumas considerações

No documento sebastiaogomesdealmeidajunior (páginas 138-144)

3 UM CAMINHO DE PESQUISA: A INVESTIGAÇÃO COM ADOLESCENTES NAS

3.10 As potencialidades investigativas com mapas vivenciais: algumas considerações

Nessa incursão investigativa, fundamentada na perspectiva histórico-cultural, eu não tinha a intenção de trazer apontamentos conclusivos relacionados às novas gerações e ao ambiente comunicacional emergente. Por se tratar de uma proposta metodológica em construção, busquei atentar para alguns aspectos que se destacavam enquanto contribuição para minha perspectiva de construção de um instrumento que desse conta de ir ao encontro dos sujeitos.

Com esses quatro sujeitos, generosos em me acolherem para que eu adentrasse em seu mundo particular, pude saber de uma geração pulsante e inquieta, cujas tecnologias estão intimamente imbricadas em práticas e atitudes muito peculiares a cada um.Aproximando-me de suas vivências traçadas nos mapas e pelos que enunciavam de suas relações de mundo, LouryG, whitetuxedoguy, Miau sykes e Zoiaopr se manifestaram, em suas singularidades, um recorte significativo dessa geração para trazer as vozes das novas gerações no contexto das tecnologias emergentes de nosso tempo. Com esses quatro sujeitos vivi um encontro muito profícuo em que cada voz trouxe aspectos bastante singulares sobre o que adolescentes do presente têm vivenciado nas tecnologias.

Nesse encontro, seguindo meu percurso até então, pude vislumbrar com esse recurso metodológico possiblidades animadoras no sentido de estabelecer um diálogo com os pesquisados, expressando graficamente e verbalmente uma série de relações, falando de si, de suas vidas. Essa perspectiva alteritária de interlocução com a potencialidade de explorar o que enunciam e trazer para o debate suas visões de mundo para a pesquisa contando com mapas vivenciais trouxe dados para importantes reflexões sobre sua relação no meio digital. Nesse sentido, refletindo sobre esses adolescentes trago as formulações da perspectiva histórico- cultural que tratam das particularidades constitutivas do sujeito, com respeito da unidade ser meio como elementos da personalidade. Para Vigotski, “na vivência, nós sempre lidamos com a união indivisível das particularidades da personalidade e das particularidades da situação representada na vivência.” (VIGOTSKI, p. 686, 2010).

Apesquisa com mapas vivenciais traz pistas de como os adolescentes expressam suas vivências na cultura digital, tão presente nos seus movimentos cotidianos. A intenção é possibilitar a riqueza de registros de traços e falas que surgem no contato do pesquisador com

essas vozes que expressam suas relações de mundo. As narrativas dos pesquisados trazem muito das suas vivências, revelando as suas aquisições, as suas interações com o meio social e cultural pela mediação tecnológica dos instrumentos e signos da cibercultura.

Os mapas vivenciais se mostram como desencadeadores de relatos impregnados das práticas e relações que os sujeitos constroem no seu dia-a-dia. Com esse instrumento, é possível relacionar uma série de movimentos que os adolescentes estabelecem e, especificamente na minha pesquisa, apontar de que forma os dispositivos tecnológicos digitais e a cibercultura estão presentes nos espaços-tempos de adolescentes, envolvendo pensamento e afetividade.

As possibilidades de emergirem conhecimentos na pesquisa qualitativa de aproximação com o sujeito e seu contexto, envolvendo o ambiente dialógico nas falas que se tecem no encontro de pesquisador e pesquisado, fomentam buscar aprofundamento de estudo de novas metodologias. Sendo assim, os mapas vivenciais podem ser uma rica e expressiva ferramenta de pesquisa.

A investigação com mapas vivenciais se mostrou nesse desenvolvimento do estudo como um importante instrumento para potencializar a perspectiva da escuta, não excluindo, também, a possibilidade de ainda estarem associados a outros procedimentos na pesquisa, para a obtenção de dados e indícios de como os sujeitos expressam suas vivências na cibercultura. Assim, na perspectiva de avançar nas minhas investigações indo ao encontro do lócus do estudo, que são espaços escolares na rede municipal de ensino de Juiz de Fora, nessa primeira incursão com os mapas vivenciais, vislumbrei que tal ferramenta poderia contribuir significativamente para o meu trabalho de campo.

Nesse sentido, refletindo sobre as formulações que tratam das particularidades constitutivas do sujeito (VIGOTSKI, 2010), ressalto que a pesquisa com mapas vivenciais traz pistas de como os adolescentes expressam suas vivências na cultura digital, tão presente nos seus movimentos cotidianos.

Ao concluir o piloto e me debruçar sobre os dados apresentados, a intenção foi a de possibilitar a riqueza de registros de traços e falas que surgem no contato do pesquisador com essas vozes que expressam suas relações de mundo. Assim, as narrativas dos pesquisados trazem muito das suas vivências, revelando as suas aquisições, as suas interações com o meio social e cultural, as potencialidades de ações no mundo dos adolescentes na apropriação dos instrumentos e signos da cibercultura.

Os mapas vivenciais se mostram como desencadeadores de relatos impregnados das práticas e relações que os sujeitos constroem no seu dia-a-dia. Com esse instrumento, é

possível relacionar uma série de movimentos que os adolescentes estabelecem e, especificamente na minha pesquisa, apontar de que forma os dispositivos tecnológicos digitais e a cibercultura estão presentes nos espaços-tempos de adolescentes, envolvendo pensamento e afetividade.

As possibilidades de emergirem conhecimentos na pesquisa qualitativa de aproximação com o sujeito e seu contexto, envolvendo o ambiente dialógico nas falas que se tecem no encontro de pesquisador e pesquisado, fomentam buscar aprofundamento de estudo de novas metodologias. Sendo assim, os mapas vivenciais podem ser uma rica e expressiva ferramenta de pesquisa.

A investigação com mapas vivenciais revela-se um importante instrumento para potencializar a perspectiva da escuta, não excluindo, também, a possibilidade de ainda estarem associados a outros procedimentos na pesquisa, para a obtenção de dados e indícios de como os sujeitos expressam suas vivências na cibercultura. Assim, na perspectiva de avançar nas minhas investigações indo ao encontro do lócus do estudo, que são espaços escolares na rede municipal de ensino de Juiz de Fora, essa primeira incursão de estudo com os mapas vivenciais fez-me vislumbrar que os mesmos poderiam contribuir significativamente para o meu trabalho de campo.

Por que a Polegarzinha se interessa cada vez menos pelo que diz o porta-voz? Porque, diante da crescente oferta do saber, num imenso fluxo, por todo lugar e constantemente disponível, a oferta pontual e singular se torna derrisória. A questão se colocava de forma cruel quando era preciso se deslocar para ouvir um saber raro e secreto. Agora acessível, esse saber sobeja, próximo, inclusive em objetos de pequenas dimensões, que Polegarzinha carrega no bolso, junto ao lenço. A onda de acesso aos saberes sobe tão alto quanto a da tagarelice.

Polegarzinha, Michel Serres

gir como “mendigo de like”, seguir a youtuber Dani Russo, conversar com crushs74 nas redes sociais, considerar que o celular “é a melhor coisa”, “ser revolucionário”, se ver como VASP75

, entre outras, são extratos de falas que reúnem expressões, práticas, opiniões e atitudes que somente a pesquisa com adolescentes em seu contexto poderia revelar. Esses exemplos, extraídos de um mosaico amplo da inserção desses representantes das novas gerações na cultura digital, não seriam acessados sem um processo de pesquisa que possibilitasse formas de conhecer mais sobre o que eles sentem, fazem e pensam nos seus espaços-tempos em meio às tecnologias, nas suas vidas.

No entanto, antes que eu relacionasse aspectos a serem descritos e analisados neste capítulo de estudo, tão específicos das novas gerações que constroem vivências nas tecnologias, foi fundamental traçar um caminho, elaborar meios, tanto em alcance e amplitude, mas ao mesmo tempo, de aproximação e detalhamento. Como construir instrumentos para ir ao encontro ao que há em comum e ao que há de singular entre adolescentes pesquisados? Propor a pesquisa na perspectiva da alteridade é conceber que esses sujeitos muito podem dizer dessa cultura emergente, das suas vivências, desvelando todo esse movimento nos seus tempos-espaços falando de si, de suas práticas e dos sentidos que constroem nas tecnologias digitais, mergulhados nas suas relações envolvendo esses instrumentos e signos culturais.

Buscando trilhar um percurso de pesquisa na possibilidade de conhecer adolescentes de uma rede escolar de alcance tão amplo como a das escolas municipais de Juiz de Fora, como traçar as estratégias para conhecer essa nova geração de estudantes em relação às tecnologias digitais? Como estabelecer essa aproximação para conhecer adolescentes em seu contexto que possam contribuir com o processo investigativo? Para fundamentar essa perspectiva, conto com contribuições teóricas sobre os grandes levantamentos de estudo como

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Muito difundido entre os mais jovens, “crush” significa “ter queda” por alguém ou estar paquerando. 75 Sigla, cujo significado é “vagabundo anônimo sustentado pelos pais”.

instrumento investigativo com suas raízes na pesquisa qualitativa e seus embasamentos (BOGDAN e BIKLEN, 1994), aliando-as com o referencial histórico-cultural no estudo com adolescentes envolvendo o universo cibercultural do presente.

É importante considerar o que esses autores sublinham sobre a consolidação da pesquisa sociológica como pioneira nos estudos dos problemas urbanos da sociedade76, repercutindo no avanço da investigação social. Nesse processo de fortalecimento do campo, grandes levantamentos mergulharam nos contextos sociais no conhecimento das culturas ali expressas, vindo a se consolidar como campo de estudo e em reconhecimento científico77. Essa perspectiva investigativa da pesquisa qualitativa interpretativa foi se construindo na compreensão de dados em seu contexto social, seja com indivíduos, com grupos sociais e ou com comunidades. Essa abordagem de interação com a realidade, conhecendo, a partir da ótica dos sujeitos pesquisados, sua dimensão humana, também contribui com apontamentos para superação dos problemas sociais.

Bogdan e Biklen (1994) destacam que a pesquisa qualitativa em educação, em seus movimentos históricos de tensionamentos e disputas, se fortaleceu como campo científico78 dada a importância e o reconhecimento dos instrumentos investigativos que contribuem para a solução de problemas da realidade estudada. Assim, os autores destacam a relevância dos levantamentos sociais, que se situam no cerne de investigações sociológicas e que estão voltados para as questões concernentes aos contextos culturais e sociais, e trazem subsídios para possíveis mudanças.

Especificamente, em minha pesquisa no contexto dos adolescentes de hoje, considerando a sua presença em espaços escolares no qual eu planejava uma aproximação,

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Os autores referenciam estudos dos problemas sociais da sociedade norte-americana iniciados no final século XIX e que foram se adensando nas primeiras décadas do século XX.

77 Grandes levantamentos sociais foram fundamentais no percurso inaugural da pesquisa qualitativa, os quais contaram com estudos descritivos, como desenhos, fotografias, entrevistas, etc. Essas abordagens de caráter sociológico foram cruciais para fortalecer a tradição dessa metodologia pesquisa, revelando realidades na perspectiva de provocar mudanças diante de problemas sociais enfrentados.

78 A pesquisa sociológica norte-americana em educação, com suas bases na Escola de Chicago, durante as primeiras décadas do século XX, se afastou da abordagem social da realidade, voltando-se para as avaliações quantitativas. Somente nos anos 60, as pesquisas qualitativas em educação começaram a se estabelecer com representatividade no intuito de estudar os problemas educacionais. Os trabalhos de campo envolvendo as questões sociais na pesquisa educacional começaram a avançar revelando mais sobre a atuação dos estabelecimentos escolares urbanos e a realidade dos estudantes pertencentes aos contextos socioeconômicos de comunidades menos favorecidas. Nos anos 70, a investigação qualitativa ganhou maior espaço e importância entre os pesquisadores, notadamente entre estudiosos em pesquisa quantitativa, que passaram a rever seu desprezo pelas metodologias qualitativas. O diálogo entre os dois grupos começa a surgir, repercutindo na contribuição crescente das metodologias emergentes.

procurei elaborar osmeiose modos para que eu pudesse compreender mais a realidade dessas novas gerações, adentrando, por intermédio de um instrumento de pesquisa, nos estabelecimentos de ensino, para conhecer o quanto estão imersos na cultura digital, tanto na escola, como em suas vidas.

4.1 O contexto da pesquisa: conhecendo os estudantes das séries finais dos

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