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Do que os estudantes do Ensino Fundamental Final mais gostam na escola?

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3 UM CAMINHO DE PESQUISA: A INVESTIGAÇÃO COM ADOLESCENTES NAS

4.4.1 Do que os estudantes do Ensino Fundamental Final mais gostam na escola?

As primeiras questões do levantamento organizadas no questionário estão voltadas para opiniões dos adolescentes direcionadas à vida escolar. Nas três perguntas iniciais, eles deveriam se identificar por um pseudônimo, identificar sua escola e informar a idade.

Gráfico 1 - Questão 3: Idade dos participantes. Fonte: dados da pesquisa

Em relação à faixa etária, questão 3 do formulário, a maior parte dos estudantes dos 32 estabelecimentos que respondeu o survey informou que tem 14 anos (35,45%) e 13 anos (33,9%). 15,3% dos participantes estão na faixa dos 15 anos de idade. Dos restantes, 5,8%, estão com 16 anos e 5,7% com 12 anos. Apenas 2,8% afirmaram ter 17 anos.

Nas questões seguintes também é perguntado aos estudantes se exercem alguma atividade remunerada e qual a função em que se ocupam. Na sequência, eles deveriam responder se gostam do ambiente escolar e por qual área do conhecimento mais se interessam.

Com respeito à pergunta sobre exercer ou não atividade remunerada (questão 4), 87,6% responderam negativamente. 12,4% afirmaram trabalhar (88 participantes). Na

sequência (questão 5), associada à resposta da pergunta anterior, os estudantes da pesquisa que responderam afirmativamente destacaram diversas atividades, envolvendo a função, locais ou relacionando algo concreto com que trabalham. Nas funções informadas, com algumas delas se repetindo em mais de uma resposta, aparecem mecânico, ajudante de pedreiro, babá, salgadeiro, entregador de lanche, sapateiro, jovem aprendiz, manicure, cabeleireiro, designer de sobrancelha, ajudante de festas. Em relação aos locais indicados pelos estudantes que exercem atividade remunerada, constam fábrica de meias, limpeza de terreiros, marcenaria, vidraçaria, loja de açaí, lanchonete, hospedagem, comércio, loja, distribuidora, construção civil. Envolvendo indicações concretas com o que trabalham, os adolescentes indicaram manutenção de celulares e computadores, refrigeração, som automotivo, serviços gerais no mercado, lavagem de carro, material de construção, venda de queijo, pipoca, faxina na própria casa remunerada pela mãe. Pelas respostas, algumas funções informadas demonstram ser mais projeções dos estudantes, pela forma como foi respondida, do que a realidade vivida, como modelo/manequim/atriz e delegada federal. Outras, associadas ao esporte, parecem ligadas a aspirações profissionais, como futebol, futsal e basquetebol free style. O tráfico – que infere ser o de drogas – aparece em duas respostas, assim como também registraram “não posso dizer”, levantando a possibilidade de reprovação social sobre a ocupação. A emergente atividade de YouTuber também aparece.

Em relação ao ambiente da escola na sua convivência, a maioria dos estudantes, 44,4%, afirmou que gosta, sendo que, um número igualmente expressivo, de 43,5%, revelou que gosta um pouco. Somente 8,6% dos participantes responderam que não gostam do ambiente escolar. Em 2,3% foi manifestado o sentimento de indiferença pela escola. Levando- se em conta os números dos que afirmam gostarem pouco, dos que não gostam e dos indiferentes à escola, é possível inferir certa insatisfação com a escola ou com o estabelecimento, em contraponto ao número de estudantes que afirmam gostar. Como, no levantamento, não aprofundei sobre tais ressalvas ou em relação ao que tornam insatisfeitos os que assim se manifestaram, fica o registro desse descontentamento, que pode suscitar questões sobre aquilo que os adolescentes do segmento justificariam como motivo desse desapontamento92.

A questão seguinte do questionário online foi sobre a área de conhecimento de que mais gostam na escola.

92

No capítulo de desenvolvimento dos mapas vivenciais com estudantes da rede municipal de ensino, em entrevistas mais aprofundadas, alguns relatos apontam para pistas das críticas e observações dos estudantes em relação à escola.

Gráfico 2 - Questão 7: “Por qual área do conhecimento você mais se interessa?” Fonte: dados da pesquisa.

Em se tratando da área do currículo escolar, a Educação Física fica na frente, perfazendo 23,9% dos participantes. Um dado a considerar do survey é a manifestação dos estudantes de interesse pelas áreas curriculares de exatas, científicas, atrás da popular área de Educação Física. As disciplinas curriculares das áreas de humanas vieram abaixo, se dividindo. A disciplina de Ciências ficou com o segundo lugar (19,1%) e a Matemática com a terceira posição na preferência (16,9%). Embora somando os números, é possível enxergar uma divisão mais equilibrada na preferência dos adolescentes entre as áreas científico- tecnológicas, e as humanidades, já que a soma de História, Artes, Geografia, Língua Portuguesa e Língua Estrangeira perfaz 37,5% em relação a 36% de Ciências e Matemática.

Sem ter a intenção de aprofundar de forma polarizada o currículo, mas lendo os dados, é possível ver uma distribuição equânime dessas áreas curriculares, humanas e exatas, agrupando-as dessa forma. Entretanto, a indicação específica da disciplina curricular aponta que momentos fora de sala de aula, predominantemente deatividades corporais e esportivas, têm destaque, assim como os números das matérias envolvendo conhecimentos científicos e saberes matemáticos dos programas escolares da rede municipal de ensino.

A questão seguinte proposta foi que respondessem quanto ao que mais gostam na escola, sendo que foram indicados diferentes interesses.A vida social é a primeira opção para os adolescentes da escola quando se trata de manifestarem o que mais os atrai nesse ambiente, ganhando bastante destaque nas suas respostas.

Assim, das respostas da questão 8, “Encontrar amigos” é o que a maior parte dos estudantes gosta na escola (33,5%).

Gráfico 3 - Questão 8: “O que mais você mais gosta de fazer na escola?”. Fonte: dados da pesquisa.

Seguem outros interesses com algum destaque em números: “Atividades em sala de aula” (15,9%), “Atividades esportivas” (15,7%), “Mexer com tecnologia” (11,5%) e “Paquerar/Namorar" (8,9%). 4,5% marcaram “Jogar: trocar informações sobre videogames”. Poucos escolheram “Atividades culturais” (3,2%). Igualmente, 3,2% optaram pela resposta “Não gosto de nada na escola” e 3,6% marcaram “Outros”. Considerando a paquera/namoro como parte da socialização, a convivência social somaria, com as amizades, 42,4%. Vale destacar, acrescentando a esse dado, que as atividades esportivas na escola envolvem uma socialização concernente às características a essas práticas envolvendo estudantes, que inclusive enfatizaram a Educação Física como disciplina preferida na escola.

O item seguinte trata dos interesses extraescolares dos participantes. Tal como na questão anterior, diferentes alternativas foram apresentadas.

Gráfico 4 - Questão 9: “O que mais você mais gosta de fazer quando não está na escola?” Fonte: dados da pesquisa.

Quanto ao que mais os estudantes gostam de fazer quando não estão na escola, eles responderam no questionário online, em sua maioria, que se dedicam à navegação na internet, explorando aplicativos, jogos, vídeos, etc (40,2%). Conforme é possível ler no gráfico, “Encontrar amigos” também ocupa significativa presença no cotidiano, tendo a segunda posição entre os adolescentes, com 14,1%. Além disso, a convivência social pode estar implícita na navegação na internet e nos aplicativos da maioria das respostas, reforçando a importância da sociabilidade online e offline no seu cotidiano. Outros números, menos expressivos, aparecem sobre seus interesses que também indicam a importância da vida social envolvendo outros adolescentes, como “Praticar Esporte” (13,3%) e “Namorar” (9,1%). “Atividades Culturais” teve um número menor (7,1%). O hábito de assistir a programas de TV, tão presente no passado de outras gerações, aparece em número altamente reduzido (6,8%). 5,1% marcaram “Outros”. Estudar, possivelmente entendido pelos participantes como tarefa escolar ou associado ao aprendizado formal, ficou na última posição (4,3%).

Com esses dados é possível confirmar o maior interesse dos adolescentes pelas tecnologias digitais. Quais seriam suas várias possibilidades de convivência e exploração de recursos em relação à mídia tradicional? Nesses aspectos, além da vida social implícita nesses meios, as potencialidades de relações, aplicações e de elaborações podem ser os motivadores desse destaque dado às tecnologias em relação às demais respostas que aparecem em menor número no levantamento.

Uma pergunta do survey, posicionada mais adiante no questionário (questão 16) indaga se eles consideram que aprendem coisas importantes fora da escola.

Gráfico 5 - Questão 16: “Você acha que aprende coisas importantes fora da escola?” Fonte: dados da pesquisa.

Do total, um expressivo número de 67,6% de participantes afirma aprender muitas coisas fora da escola. Já um contingente menor, cuja soma dá 30,4%, que inclui os que responderam aprender poucas coisas fora da escola e os que aprendem somente na escola.

Embora essa questão não tenha tido desdobramentos, suscita indagações quanto ao que compreendem por aprender e o que seriam os conhecimentos que se relacionariam com aqueles que ocorrem fora do ambiente escolar. Que possibilidades de aquisições acontecem em outros movimentos e ambientes que transitam fora da escola que compreenderiam como conhecimentos/aprendizagens?Pelo gráfico da pesquisa é possível inferir que as tecnologias digitais e o ambiente comunicacional, de acordo com as respostas da questão 9, têm ocupado uma presença relevante nas suas vivências93. Com esse indicador em números, podemos inferir o quanto é significativo o que aprendem na educação não formal e que não estaria contemplado pelo currículo escolar.

4.4.2 O futuro, a convivência social e a percepção da realidade: o que opinam os

No documento sebastiaogomesdealmeidajunior (páginas 157-162)

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