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Banco de Contribuições da Sociedade Civil: ferramenta para o planejamento participativo

Abordaremos aqui algumas possibilidades a ser consideradas numa próxima experiência de elaboração de Plano Diretor, considerando aspectos teóricos da pedagogia da participação e experiências práticas obtidas a partir da atua- ção do Participa Salvador. A elaboração do Plano Estratégico, do PDDU e da LOUOS, definido aqui como conjunto Plano Salvador 500, foi cuidadosamente acompanhada pela equipe do projeto Participa Salvador, que produziu, além de um site, diversos documentos e relatórios técnicos, entre eles o Banco de Dados para Monitoramento das Contribuições da Sociedade Civil.

Esse Banco de Contribuições foi um esforço da equipe do Participa Salvador para esboçar o que deveria ser a Plataforma Interativa de Controle Social, mas dentro das limitações financeiras, de profissionais e de tempo de atuação dessa equipe. O Banco aglutina as contribuições da sociedade civil durante o restrito processo de interação da Prefeitura com a cidadania so- teropolitana, mesmo que estas não tenham sido levadas em conta no docu- mento final. O Banco de Contribuições trouxe informações levantadas desde a 1a audiência pública, ocorrida em 1o de agosto de 2014 até a 14a até a última

promovida pelo Executivo Municipal, em outubro de 2015 e significou uma iniciativa experimental e pioneira, que demandou muito tempo e dedicação dos profissionais, como qualquer atividade realmente participativa requer.27

O Banco de Contribuições da Sociedade Civil apresenta-se, portanto, como potencial ferramenta de controle social na elaboração de políticas, planos e projetos, podendo ser desenvolvido e transformado em uma plataforma com informações – demandas e contribuições da sociedade civil – georreferencia- das, verdadeiro instrumento de controle social nas ações do poder público na cidade de Salvador e RMS. Sua metodologia poderá ser aproveitada e apri- morada numa próxima experiência de revisão do Plano Diretor, garantindo avanço contínuo na gestão democrática de nossa cidade e contribuindo para a mobilização das camadas menos envolvidas nos processos decisórios que afetam sua urbe.

A ferramenta constitui-se como um panorama sistematizado de contri- buições da sociedade civil, que, ao fim do processo, conseguiu demonstrar em números como a participação popular em Salvador ainda é incipiente. O quadro atual do que podemos chamar de participação burocrática28 só pode-

rá ser alterado a partir de ações continuadas tanto da parte do poder público quanto dos cidadãos soteropolitanos. Destacamos o baixo índice de respostas da prefeitura às contribuições da sociedade civil, como demonstram o rela- tório síntese e o próprio Banco de Contribuições desenvolvido pelo Participa Salvador e entregue ao MP-BA em janeiro de 2016. A não publicação dos Relatórios das Audiências Públicas em prazos estabelecidos no Regimento Interno também dificultou sobremaneira o acompanhamento do processo.

Durante a 12a Audiência Pública, a PMS/FMLF/FIPE comprometeu-se a

responder às contribuições feitas pela sociedade civil à minuta do Projeto

27 Este material foi inspirado na planilha de acompanhamento elaborada para o Plano Diretor de São Paulo, aprovado em 2014, e pode ser acessado no site <http://participasalvador.com.br/>. Infelizmente, a alimentação do Banco de Contribuições da Sociedade Civil não teve continuidade quando da passa- gem do Projeto de Lei do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para a esfera do Legislativo, pois a equipe do Participa Salvador se dissolveu em função dos limitados recursos do projeto.

28 Ver Relatório sobre a Participação Popular e Banco de dados para Monitoramento das Contribuições da

Sociedade Civil ao Plano Salvador 500 – Plano Estratégico, PDDU e LOUOS, produzido pelo Participa

Salvador, que demonstra, dentre outros fatores, que o Executivo Municipal divulgou os documentos a serem discutidos em Audiências Públicas nos prazos definidos legalmente, mas não considerou a real possibilidade dos cidadãos se apropriarem do conteúdo trazido pela Prefeitura/FIPE.

de Lei do Plano Diretor em plataforma única.29 De acordo com o compro-

misso assumido, além de informar sobre a incorporação ou não das propos- tas, deveria a PMS responder a cada questionamento e/ou proposta com as respectivas indicações dos trechos de incorporação. Em caso de rejeição da contribuição por parte da PMS/FMLF/FIPE, deveria ser apresentada justifi- cativa fundamentada pela não incorporação. Essa promessa não foi cum- prida, estando as proposições e suas respostas dispersas, muitas vezes fora dos prazos estabelecidos pela própria municipalidade, entre relatórios e publicações parciais.

A participação pela internet ocorreu pelo site oficial do Plano Salvador 500, em uma seção chamada Contribua com o Plano, na qual era possível postar mensagens, sugestões e tirar dúvidas. A principal crítica em relação à participação pelo site foi quanto à moderação das mensagens por parte da equipe PMS/FIPE/FMLF: parte das mensagens enviadas por alguns cidadãos não foi publicada pela PMS. Além disso, existiu uma falta de registro das informações, como, por exemplo, as datas de respostas postadas pela PMS/ FMLF/FIPE, não sendo possível monitorá-las.30 De certa forma, existe a possi-

bilidade de parte das contribuições dadas pelos cidadãos através do site ter sido incorporadas nos próprios produtos do Plano, mas a PMS não indicou expressamente onde e como, criando essa lacuna e, de fato, uma questão a mais a ser resolvida pelo cidadão e grupos sociais.31

29 Nesse contexto, cabe ressaltar a diferença entre o que era respondido formalmente e o que era de fato incorporado pela PMS/FIPE no contexto do Plano Salvador 500. Essa diferença já foi percebida desde o início do processo, quando apenas eram levantadas questões processuais como Regimento Interno e Atas das Audiências e não tinham ainda sido discutidos produtos entregues pela FIPE.

30 O site não disponibilizava, por exemplo, o espelho da mensagem postada ou e-mail de confirmação, tam- pouco permitia verificar o tempo de retorno da PMS para cada postagem dos cidadãos, ficando prejudica- da a possibilidade de monitoramento e controle social da seção Contribua com o plano do site oficial. 31 Cada cidadão participante deveria buscar nos produtos do Plano Salvador 500, inclusive no conteúdo

do Plano Diretor, no qual estaria a sua contribuição considerada incorporada pela PMS/FIPE/FMLF. Por falta de tempo hábil para fazer esse cruzamento de informações, o Banco de Contribuições da Sociedade Civil não contempla esses casos.

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