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Barreiras para a Implementação do Planejamento de Marketing

O Processo de Planejamento de Marketing

6.3 Barreiras para a Implementação do Planejamento de Marketing

A literatura tem destacado uma gama de barreiras que impede a implan- tação de um efetivo planejamento de marketing.6, 12, 13, 14, 15, 16, 17 Assim, o pri- meiro passo é conhecer essas barreiras, para que possam ser evitadas ou tomadas ações corretivas:

 Pouca compreensão do conceito de marketing, em geral.

 Conhecimento ou habilidade de marketing insuficiente.

 Confusão sobre o processo e os termos.

 Pouca compreensão da distinção entre o processo de planejamento de marketing e seus resultados.

 Falha em relacionar o planejamento corporativo com o de marketing.

 Isolamento do planejamento de marketing de outras áreas de negócios.

 Falta de objetivos claros de marketing.

 Excesso de ênfase em planejamento de um ano, detalhando o progra- ma de ação de curto prazo, mas carecendo de visão de longo prazo.

 Provisão financeira, de pessoas e de outros recursos, inadequada.

 Planos inadequados para levar o processo adiante.

 Falta de conhecimento e apoio da alta administração.

 Falta de apoio ou hostilidade em todos os níveis da organização.

 Baixo nível de comunicação interna, tanto na área de marketing quan- to em outras áreas.

 Inteligência de marketing inadequada e/ou falta de sistemas de inte- ligência de marketing.

 Análise inadequada do consumidor, da concorrência e do ambiente de transação, levando a escasso conhecimento desses.

 Programas e estratégias de marketing isolados, em vez de baseados em análise de marketing.

 Detalhamento insuficiente dos programas de marketing ou imple- mentação do plano.

 Falta de convicção nos resultados do planejamento.

 Inabilidade em quebrar a forma já existente de a organização fazer as coisas.

 Dificuldade da gerência em equilibrar atividades de planejamento com suas demais responsabilidades; dessa forma, o processo não é totalmente implementado.

A literatura tem identificado inúmeros problemas enfrentados pelas or- ganizações na implementação do planejamento de marketing e na confecção do plano. A seguir, são apresentados alguns deles.

Freqüentemente, há barreiras psicológicas e problemas de comportamento associados às atividades de planejamento. Entre as limitações psicológicas ao planejamento, destacadas por Piercy e Giles,15 encontram-se:

 Conflito de autoridade — discordância dos gerentes contra uma situa- ção diretamente imposta a eles.

 Medo da incerteza — ansiedade criada pela incerteza inerente ao planejamento do futuro, produzindo slogans contra os planos ou es- tabelecendo metas mínimas.

 Medo de falhar — a prontidão dos gerentes em querer desassociar-se dos erros, ou então, do planejamento que obriga quem o está execu- tando a assumir riscos.

 Conflitos de indecisões — ansiedade associada às implicações para as estratégias futuras em relação ao papel do indivíduo, no sentido de repensar os objetivos do momento presente.

Simkin17 aponta algumas barreiras organizacionais para o efetivo plane- jamento de marketing. São elas:

 Envolvimento — os profissionais de marketing sozinhos não desenvol- vem planos; é preciso haver integração de outras áreas e de vários níveis gerenciais. A força de vendas, por exemplo, é essencial, pois fornece informações sobre o mercado e conhece o cliente (é preci- so vender a idéia do plano para eles). O pessoal de pesquisa e desen- volvimento (P&D) também auxilia, fornecendo informações durante o estágio de análise.

 Formatos e estrutura de tempo — essas questões somente tornam-se aparentes quando crises de comunicação interna causam problemas. Os gerentes raramente consideram o tempo requerido para uma ta- refa imediata; a definição da duração dos ciclos de planejamento é superficial.

 Recursos adicionais — quando não há suporte adequado.

 Expectativas de participação dos gerentes — quando há ambigüida- des e disputas.

 Nível de comando — quando falta definição.

 Problemas operacionais e gerenciais.

 Pré-programa de trabalho, feedback e resultados.

 Desenvolvimento de relacionamentos e comunicação — muitos dos pro- blemas relativos ao efetivo processo de planejamento de marketing são as próprias pessoas, a comunicação ou as questões de relacionamento.

Wilson e McDonald18 agrupam as barreiras em seis grupos:

1. Papéis que as pessoas desempenham, sendo essencial o envolvimento da administração sênior e de outras áreas.

2. Cognitivo, uma vez que algumas organizações não têm o conheci- mento adequado e habilidade, ou, ainda, há falta de inovação e não- reconhecimento de estratégias alternativas.

3. Sistemas e procedimentos, que podem ser inapropriados. 4. Falta de recursos, como tempo, capital e outros.

5. Cultura organizacional, que pode ser contra o planejamento.

6. Falta de informações relevantes, o que pode fazer que o planeja- mento não tenha significado.

Buttle,19 por sua vez, aponta as falhas que existem na comunicação do conteúdo do plano de marketing. Para ele, um plano de marketing não deve- ria ser somente uma chamada para ação ou um benchmark pelo qual a eficiên- cia e a efetividade das decisões são julgadas; o plano também deveria servir como um método para comunicar a estratégia de marketing àqueles que devem implementá-la ou autorizá-la.

Assim, conclui-se que, para a efetiva implantação do planejamento, é necessário transpor essas e outras barreiras, o que faz dessa atividade um grande desafio. Provavelmente, a existência dessas barreiras é o que mais contribui para que muitas empresas prefiram a posição cômoda de não fazer um planejamento de marketing e muito menos um plano.

6.4 Críticas

São muitas as críticas ao processo de planejamento de marketing. O Quadro 6.2 revela algumas delas.

Insuficiente consideração da realidade organizacional e Piercy e Giles (1989) e humana por parte do planejador. Giles (1991) Natureza rígida e seqüencial do processo de planejamento Piercy (1991) de marketing.

O planejamento de marketing precisa ser específico da McKee (1990) organização.

Pouco pensamento estratégico. Winer (1965) Insuficiente consideração de planos de várias empresas. Greenley (1983, 1986) As empresas tendem a escolher os elementos do processo Cousins (1991) de planejamento que consideram mais atrativos.

Uma cultura de não elaborar planejamento de marketing Saker e Speed (1992) é freqüentemente confundida com cultura de eficiência.

A falta de competência em planejamento de marketing leva Greenley (1983) a dificuldades de adoção e implementação.

Evidências de falta de confiança administrativa nas ferramentas Day (1992) analíticas e matrizes de portfólio usados no processo de

planejamento de marketing.

A administração julga o processo de planejamento de marketing Day (1992) como intrusiva e irrelevante para os negócios.

Críticas feitas ao processo de planejamento de marketing

Quadro 6.2

Fonte: Adaptado de HILL, Jimmy; McGOWAN, Pauric. Developing marketing planning skills: combining

theory and practice. Journal of Marketing Practice, Applied Marketing Science, v. 4, n. 3, 1998. p. 72.

Referências

1 AAKER, David A. Administração estratégica de mercado. Porto Alegre: Bookman, 1998. p. 292.

2 DIBB, Sally. Marketing planning best practice. The Marketing

Review, v. 2, n. 4, p. 441-459, 2002.

3 McDONALD, Malcolm. Marketing plans. Oxford: Butterworth- Heinemann, 2003.

4 DIBB, Sally; FARHANGMEHR, Minoo; SIMKIN, Lyndon. The marketing planning experience: a UK and portuguese comparison.

Marketing Intelligence & Planning, v. 19, n. 6/7, p. 409-417, 2001.

5 JAIN, S. C. Marketing planning and strategy. Cincinnati: South Western, 2000.

6 DIBB, Sally; SIMKIN, L. Marketing and marketing planning: still barriers to overcome. European Marketing Academy Conference

Proceedings, v. 4, Warwick, p. 1.636-1.645, 1997.

7 GILES, W. Marketing planning for maximum grouth. Marketing

8 BONOMA, Thomas V. Making your strategy work. Harvard Business

Review, v. 62, n. 2, Mar./Apr. 1984.

9 BOWEN, John. Benefits of marketing plan. UNLV Gaming Research

& Review Journal, v. 6, n. 2, 2002.

1 0 PERREAULT Jr., William D.; McCARTHY, Jerome E. Basic marketing: a global managerial approach. Boston: McGraw-Hill, Irwin 2005.

1 1 COUSINS, Laura. Marketing plans or marketing planning? Business

Strategy Review, v. 2, n. 2, p. 35-55, Summer 1991.

1 2 GILES, W. Making strategy work. Long Range Planning, v. 24, n. 5, p. 75-91, 1991.

1 3 GREENLEY, Gordon E. An overview of marketing planning in UK manufacturing companies. European Journal of Marketing, v. 16, n. 7, p. 3-15, 1982.

1 4 HULBERT, J. M.; BRANDT, W. K.; RICHERS, R. Marketing planning in the multinational subsidiary: practices and problems. Journal of

Marketing, v. 42, n. 2, p. 7-14, 1980.

1 5 PIERCY, Nigel; GILES, William. The logic of being illogical in strategic marketing planning. The Journal of Services Marketing, v. 4, n. 3, p. 27-37, Summer 1990.

1 6 McDONALD, Malcolm. Ten barriers to marketing planning. Journal

of Business & Industrial Marketing, v. 7, n. 1, p. 5-18, 1992.

1 7 SIMKIN, Lyndon. Delivering effective marketing planning. Journal

of Targeting, Measurement and Analysis for Marketing, v. 8, n. 3,

p. 1-16, 2000.

1 8 WILSON, Hugh N.; McDONALD, Malcom. Computer-aided marketing planning: the experience of early adopters. Journal of Marketing

Management, v. 12, n. 5, p. 391-417, July 1996.

1 9 BUTTLE, Francis. The marketing-strategy worksheet: a practical tool.

Cornell Hotel and Restaurant Administration Quarterly, v. 33,

O plano estratégico é a formalização do planejamento estratégico de uma organização contendo sua filosofia, missão, visão e ideais ou objetivos de longo prazo com diretrizes gerais.

O plano de negócios (Business Plan) é a formalização do plane- jamento das atividades do negócio da organização, seguindo as diretri- zes do planejamento estratégico. Contém atividades propostas refe- rentes à produção, à pesquisa e ao desenvolvimento, as necessidades de investimentos em recursos materiais e humanos, além de defini- ções sobre o mercado de interesse.

Já o plano de marketing, objeto deste livro, é, em geral, um docu- mento que estabelece os objetivos de uma organização, referente a um próximo período de atividades, e define programas de ação necessá- rios para atingir esses objetivos. Ele é a consubstanciação do resultado do planejamento formal. É subordinado ao planejamento de marketing e segue o plano de negócios.

Pelas suas características, pode-se conceituar plano de marketing como uma comunicação organizada, documentada e formal.

O plano tem por finalidade explicar a situação passada, a atual (com o diagnóstico ou a análise da situação interna e externa) e a futura (programa de ação). Entendendo o passado e o presente da or- ganização, é possível antever o futuro e preparar-se para ele, nas suas possibilidades.

7

Capítulo

Proposta para a Confecção