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Bob, o Estranho

No documento VÁRIOS AUTORES 1 (páginas 87-95)

Por:

Condessa da Escuridão

O ano era 93, estávamos todos com aproximadamente 20 anos, éramos jovens na época e inexperientes. Nosso grupo era formado por cinco pessoas, eu Mateus, minha namorada Júlia, Bruno e sua namorada Mayara e Carlos, o solteirão da turma.

Estudávamos no mesmo colégio, porém em salas diferentes, eu, Bruno e Mayara em uma sala e Carlos e Júlia em outra.

Éramos considerados os descolados do colégio, aquele do qual todos queriam fazer parte. Até que um dia chegou um garoto de aparência um tanto peculiar, que apelidamos de ‘’O Estranho’’, o nome dele era BOB e vinha de uma cidade afastada do interior, falava engraçado, tinha gostos estranhos, não tinha muitos amigos pelo que sabíamos, era péssimo em jogos olímpicos e sempre parecia estar com pressa e com medo de algo, nunca se manifestava nas aulas, mesmo quando questionado, tinha as melhores notas da turma, e nas sextas feiras, não

comparecia ás aulas e muito menos no colégio, esse era BOB, O Estranho.

De início, achávamos que ele tinha algum tipo de problema mental, ou que agia assim por não conhecer ninguém, parecia solitário demais, morava na última casa da minha rua, porém eu nunca via seus pais e ninguém entrar e sair dali a não ser ele.

Hoje considero o meu grupo como sendo os ‘’idiotas’’ da época, pois pegamos o garoto para cristo, motivo de chacota todos os dias durante meses.

Em uma manhã, após muitas risadas e BOB no chão após alguma travessura minha, O Estranho se enfureceu e no meio do corredor do colégio, ele vociferou: - Seus malditos! Vocês pagarão, eu amaldiçoarei a todos com o poder de Jeff!

Se soubéssemos o que era Jeff ou quem era, jamais zombaríamos do fato que iria acontecer dias mais tarde.

Era uma sexta-feira, convidei os meus amigos para passarem a noite lá em casa, para assistirmos uns filmes de horror e conversar um pouco mais sobre tudo e todos, uma vez que meus pais me deram carta branca para me responsabilizar pelo que o ocorresse enquanto eles estivessem viajando. Por volta das 22h quando eu meus amigos já cansados e esparramados no sofá ouvimos algo, que pareciam ser gemidos, pausei o filme e ficamos prestando atenção quando novamente aconteceu, e não eram gemidos, eram latidos, era Dimmy, meu cachorro, estranhei de imediato, Dimmy costumava ficar dentro da sua casinha

quando começava a escurecer, e os latidos dele vinham do quintal na parte de fora. Me levantei e fui ver o que estava acontecendo, todos fizeram o mesmo que eu e quando abri a porta, me deparei com BOB roubando meu cachorro. Gritei: - Seu filho da puta! Devolva meu cachorro seu imbecil. Corri para dentro de casa e peguei o meu taco de beisebol, estava decidido iria salvar o meu cachorro.

Meus amigos estavam um pouco assustados, porém acharam que fosse brincadeira sem graça do Estranho e resolveram ir comigo.

Andamos até o final da rua, toquei a campainha, nada, toquei mais outra vez, nada, toquei a terceira vez e nada, então comecei a esmurrar a porta até que BOB decidiu abrí-la, empurrei aquele desgraçado e chamei pelo Dimmy que não respondeu, agarrei o braço de BOB e disse: - O que você fez com o meu cachorro seu filho de uma puta? Cadê Dimmy?

BOB sorria e nada dizia então naquele momento eu soube que ele havia matado Dimmy, mas estava enganado, pois segundos depois ouvi um latido rouco de Dimmy, um latido de dor, angústia e de quem implora por ajuda.

Júlia me segurava pelo braço chorando e dizendo que devíamos voltar e chamar a polícia, mas eu estava muito bravo, estava revoltado e só sairia de lá com Dimmy.

Bruno e Carlos avançaram dentro da casa de BOB assobiando para que pudessem encontrá-lo, foram para a parte de baixo. Mayara ainda estava paralisada na porta e em um momento de surto, decidiu voltar para a minha casa. Gritei para ela: - Caso não volte em até 2 horas ligue para

a polícia. Subi as escadas e meu coração parecia saltar para fora da caixa torácica, Júlia me agarrava com força. Entrei no primeiro cômodo que parecia ser um quarto infantil, mas BOB não tinha irmãos (era o que eu pensava), assobiei baixinho dizendo ‘’Dimmy, venha aqui garoto’’, mas nada.

Decidimos seguir pelo corredor, entramos em outro quarto, este sendo de casal, suponho que dos pais de Dimmy, chamei outra vez e nada, chegamos então no quarto que seria de BOB, porém estava trancado, chamei pelo lado de fora por Dimmy e mesmo assim não obtivemos respostas. Resolvemos descer e voltar para a sala de onde viemos.

Ao chegarmos ao último degrau, Bruno estava com uma cara assustada então Carlos disse: - Cara acho que o seu cachorro está no porão, senti um cheiro fétido e metálico, e vi algumas manchas arrastadas de sangue em direção ao porão o que vai fazer?

De imediato eu respondi: - Oras, irei até lá salvar meu cachorro.

Fomos em direção ao porão que ficava no final do corredor dos cômodos do andar de baixo da casa de BOB, O Estranho.

Mexi na maçaneta, trancado. MERDA! Pensei. Usei toda minha força e chutei o trinco, Bruno e Carlos repetiram meus atos até que o trinco estourou e a porta abriu, descemos as escadas e o que vimos, jamais iremos esquecer.

Assim que chegamos ao porão fomos recebidos por uma TV pequena, da qual rodava uma fita cassete com várias cenas de torturas e muita violência.

Fui interrompido do transe pelas palmas sarcásticas de BOB descendo as escadas sorrindo e dizendo: - Vejo que gostaram do meu quarto e da minha fita cassete, ah claro, estavam procurando por... Como é mesmo o nome daquele maldito cão? Ah claro! Dimmy! ‘’Dimmy, Dimmy, meu cachorro, devolva meu cachorro e blá,blá, blá’’, bando de babacas egocêntricos. O seu precioso cachorro está aqui. E dizendo isso levantou o corpo desfalecido do meu cachorrinho, não agüentei e caí de joelhos, ele havia matado meu cachorro de uma forma tão cruel que meu coração quis parar.

Bruno e Carlos estavam estáticos, Júlia tentou correr, porém era tarde demais, BOB a agarrou pelos cabelos e em um movimento rápido e certeiro, cortou-lhe a garganta.

Sangue de Júlia inundava o local, descia lentamente alguns degraus da escada até pararem em nossos pés.

Bruno foi para cima dele, conseguiu derrubá-lo da escada e os dois começaram uma luta corporal, Bruno acertou um golpe bem no nariz, que quebrou na hora, BOB enfurecido, pegou uma serra daquelas de serrar madeira, e passou no rosto de Bruno, os dois se banharam em sangue, mas o de Bruno acabara de ser derramado até a última gota, pois o corto profundo, além de ceifar sua vida, deformou também o seu rosto.

Eu e Carlos fomos obrigados a nos sentar nas cadeiras que havia ali, BOB então foi até a TV, e pegou uma foto que estava embaixo dela, trouxe até nós e disse: - Agora, apresentem-se a Jeff — The Killer. Deixe-o entrar.

A imagem que ele nos mostrou era de um jovem com os olhos esbugalhados e com a boca cortada de canto a canto em um sorriso permanentemente macabro.

Os olhos de BOB, o estranho, estavam negros como petróleo, um sorriso macabro estampava o seu rosto e então ele pegou uma faca dizendo: - Preparem-se os próximos serão vocês.

Carlos aterrorizado e perturbado com tudo aquilo, tentou correr, mas tropeçou no corpo de Dimmy, bateu a testa no degrau da escada e ali mesmo ficou.

Ouvi BOB dizer olhando para mim:- Aff mais que garoto inútil, bom, já que esses dois ‘’fracotes’’ morreram me resta apenas o babaca aqui, hora da diversão, vamos brincar.

Pegou o corpo de Júlia e fez um corte em formato de ‘’Y’’ em seu tórax, pegou um equipamento cirúrgico e comentou que seu pai era necropsista antes de ser aberto com essa mesma ferramenta pelo seu próprio filho, então sabia manejar aquele aparelho para que fosse possível quebrar as costelas para assim abrir espaço para retirar os órgãos inteiros.

BOB de repente, virou-se para mim e perguntou: - Cara, você não acha que sua namoradinha está muito séria?

Antes de abrir a boca para dizer algo, ele continuou: - Ah, eu concordo ela precisa de um sorriso.

E em um eficiente movimento, cortou-lhe a boca de canto a canto.

Gritei profundamente como se minha garganta fosse explodir, minha Júlia, minha amada Júlia. Eu chorava pedindo para que ele me

perdoasse por todas as brincadeiras de péssimo gosto que eu havia lhe feito, mas eu sabia no fundo eu sabia que era tarde demais para se desculpar, assim como era tarde para Bruno, Carlos, Júlia e Dimmy.

Ele gargalhava quando se aproximou de mim e repetiu as seguintes palavras enquanto aplicava a injeção que me apagaria: - Você propagará o meu nome, você será o culpado por todo esse derramamento de sangue e todo o mal que já me fez em vida. Eu te amaldiçoei em nome de Jeff, the killer. Agora, vá dormir. ‘’Go to sleep’’.

Meu corpo doía, meus olhos começaram a se fechar, mas antes de apagar por completo, eu pude vê-lo cortando os cílios, a boca e a própria garganta e engasgando com o próprio sangue e então apaguei.

Acordei semanas depois em um hospital psiquiátrico para menores infratores e quando perguntava o que aconteceu, disseram que havia sido um acidente, mas que acidente?

Por fim, roubei a minha ficha da recepção e li tudo o que estava escrito ali com o detalhe que eu não me recordava, após eu presenciar o

‘’suicídio’’ de BOB.

Conforme demoramos todos para voltar para casa, Mayara esperou até 3h para ligar para a polícia, que quando chegou ao local, já encontrou o lugar todo banhado de sangue com apenas um único sobrevivente, no caso, eu.

Fui autuado por homicídio doloso, disseram eles que eu tive a intenção de matar e matei todos os meus amigos e até Dimmy, meu

cachorro em um acesso de conflito mental e ainda havia cortado a minha própria boca de canto a canto e cortado os meus cílios.

Isso é tudo o que me lembro, enquanto volto para a casa da qual se tornou meu pior pesadelo, ou talvez o pior pesadelo tenha sido na instituição de psiquiatria para menores infratores.

Não sei o que será de mim daqui para frente, não sei como será quando eles descobrirem os corpos na ala 13, não sei como minha família irá agir.

Mas por hora é isso, eu preciso ir, sinto que ele está voltando, sinto o poder percorrendo minhas veias, sinto que meu corpo vai desligar.

Aqui nessa cidade onde tudo aconteceu, ele é mais forte do que eu, enquanto todos dormem, eu acordo, ele acorda.

Essa noite terá mais um banho de sangue, posso sentir, fui amaldiçoado e a quem estiver lendo isso, peço-lhes que tenha cuidado, pois eu posso ir visitá-los a qualquer momento.

Quem sou? Jeff, The Killer, agora ‘’go to sleep’’, vá dormir.

No documento VÁRIOS AUTORES 1 (páginas 87-95)