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Cinquenta Tons Mais Sangrentos

No documento VÁRIOS AUTORES 1 (páginas 115-131)

Por:

Rangel Elesbão

Lori tragou o cigarro com a sua voracidade habitual. Ainda estava deitada na cama, ao lado de Greg, vestindo apenas a parte de baixo da sua lingerie, preta e transparente. Soltava anéis de fumaça do seu Gudang Garam para o alto, enquanto olhava as pás do ventilador de teto girar preguiçosamente, num ruído metálico, monótono.

— Acabou seu tempo! — ela disse — Descansou o suficiente, para recuperar o seu fôlego!

Greg suspirou e sorriu para japonesa seminua ao seu lado. Tinha 25 anos, um belo sorriso e um corpo atraente. Muito atraente.

— Você é insaciável, minha diabinha! — falou, tomando um gole de vinho.

A japonesa apagou o cigarro, no cinzeiro sobre o criado-mudo e ficou em pé sobre a cama; se equilibrando para não cair. Pisou no peito

musculoso de Greg, com seu sapato vermelho; provocando um gemido de dor e prazer com seu salto agulha.

Ele segurou sua perna com firmeza e olhou fixamente, enquanto lambia o sapato, com sua língua, úmida e pastosa. Olhando de baixo para cima, via o rosto malicioso dela, através dos seus seios grandes e rosados.

Lori ofegava, e as gotas do seu suor, escorriam sobre sua pele aveludada.

— Quero a minha taça! — ordenou, cravando o salto no peito dele com mais força.

Com esforço, entregou a taça da bebida para japonesa. Extasiado, percebeu que ela retirava algo preso e pendurado em sua cinta liga; ao mesmo tempo em que bebia o vinho.

— Lori! Não! — murmurou.

— Você é um menino muito mau, Greg! — ela disse, com os olhos cheios de desejo, ainda forçando o salto no seu peito.

— Quer um gole?

— Quero!

— Não é assim que você deve responder!

— Sim, senhora! Eu quero vinho, minha dona!

— Abra sua boca, servo!

Greg entreabriu os lábios, extasiado com a sua submissão. Ela costumava levar seu papel a sério.

Lori ergueu a taça e despejou o vinho, escorrendo pela boca e rosto dele, que quase se engasgou. Sorrindo ao ver o sofrimento do seu servo, ela jogou a taça no chão.

— Menino mau!

— Eu mereço tomar uma lição!

— Merece, sim! — ela sorriu — Tome seu castigo! — dizendo isso, segurou firme o chicote em sua mão, cuspiu uma nódoa de saliva no rosto dele e deu início aos açoites.

Greg se arrepiava, cada vez que seu peito era atingido pelo couro cru do chicote. Sentia sua adrenalina percorrer sua corrente sanguínea, e seu coração acelerar. Cada açoite, era como um pequeno choque elétrico, que fazia seu corpo arder e estremecer de prazer.

Lori rolou o corpo para o lado da cama, exausta. Greg caiu pesadamente ao seu lado, suspirando. Seus corpos ainda ardiam de paixão, seus desejos insaciáveis não foram diminuídos depois do primeiro gozo. Ela estava tão absorta olhando para as paredes, que não percebeu o que ele havia murmurado.

— A pintura está descascando! — ela disse — E essa infiltração...

a umidade estragou tudo com o bolor…

— Está longe, né! Não escutou o que eu estava falando… Disse que precisamos agir!

— Deve haver outra maneira de…

— Não há outra maneira! Essa é a única forma… — ele a beijou demoradamente, depois subiu sobre o seu corpo e a encarou nos olhos —

É a melhor forma de você sair ilesa! — ele a beijou novamente, agora o pescoço; descendo beijando seus seios.

— Tenho medo de algo sair errado…

— Se não quiser perder tudo… — ele passou a língua nos mamilos intumescidos dela, depois deu uma mordidinha — e sair, com as mãos abanando, esse é o jeito!

A japonesa permaneceu em silêncio, enquanto ele ia passando a língua pelo seu ventre, e entreabriu as suas pernas.

— Não posso! — ela disse, sentindo o toque das suas mãos ásperas na sua pele, mas o empurrou para o lado da cama.

— Qual é? — ele gargalhou — Não estou entendendo você, minha diabinha… Quer desistir? Acabar com tudo, agora?

— Não é isso… — Lori olhou para a parede de músculos, ao seu lado.

— Você mesma repetiu durante todos esses anos, que não suporta mais David…

— E não suporto mesmo! — ela disse pegando a garrafa de vinho e completando a taça de Greg — Cinco anos desprezada e casada com um paspalho; numa vida solitária e infeliz!

Ela bebeu o vinho direto no gargalo da garrafa.

— David dá mais valor ao seu jardim! — continuou — Cultiva o solo, poda as plantas e conversa com elas, acaricia as flores… Mas comigo não conversa, não nota a minha presença. Estou cansada das suas

grosserias…Fala que o jardim é a sua terapia, mas esquece que sou sua mulher...

— Mania de gente velha! Foi se casar com um sessentão metido a jardineiro, deu nisso…

— Odeio esse maldito jardim florido! Se pudesse o destruiria, arrancando planta por planta, mas, não posso me separar de David … Assim eu vou ficar na miséria…

— Por isso precisamos agir! Estamos perdendo tempo, e dinheiro!

— Greg você é amigo de David, trabalha com ele na empresa desde antes de nos casarmos… Sabe como ele é…

— Oh! Se conheço! Anos aguentando seu bafo de café, enquanto senta ao meu lado para conferir os relatórios. Seus ataques ao ver uma mera página borrada… Seu ar de superioridade… Mas é um imbecil! Já falei do seu mau hálito pela manhã?

— Agora ele chupa balas de menta… — ela interrompeu — Me espanta a maneira horrorosa como você se refere a ele…

Greg deu de ombros.

— O fato é que você precisa de alguém, que lhe ame de verdade, não de um jardineiro! E se for alguém com muito dinheiro, melhor ainda!

O que há de errado nisso?

— Ele foi viajar a trabalho agora de tarde, volta só amanhã… Disse que tem duas reuniões importantes, que não pode faltar…

— Livre-se dele, diabinha! — Greg acendeu um cigarro e entregou o outro para sua amante — Sem deixar suspeitas…

— Posso ter traído David com você, durante 3 anos, mas isso não faz de mim uma assassina! Não posso e não vou assassinar meu marido!

Enquanto fumava, Greg deslizou a outra mão pelo corpo de Lori, sentindo seu corpo febril. Tocando sua calcinha, seus dedos foram escorregando para dentro dela.

— Eu não me referi a assassinato — ele disse, sentindo os pelos pubianos com as pontas dos dedos — Essa palavra me dá calafrios, não gosto dela. Mas ninguém está livre de sofrer um acidente… Coisas ruins acontecem com até mesmo com as pessoas boas e queridas, como David!

— e dizendo isso, penetrou seus dedos profundamente.

— Pense em um acidente doméstico — Greg estava deitado entre as pernas de Lori, beijando as suas virilhas.

— Acidente? — ela repetiu, sentindo cócegas da sua barba.

Apertou a sua cabeça, com as coxas, e deitou-se para o lado, obrigando-o a virar-se de pobrigando-osiçãobrigando-o.

Lori levantou surpresa e caminhou até a janela do quarto. Ficou olhando para o imenso jardim que circundava toda a propriedade. Florido e perfumado, ele se estendia até o portão que dava para a rua, passando por um lago ornamental habitado por uma variedade de peixes.

— É a melhor maneira de você receber o seguro e ainda abocanhar a herança do seu velhote. — Greg foi até ela aos tropeços. Estava cambaleando pelo efeito do vinho.

Lori sorriu, parecia estar de acordo. Mas era visível seu receio.

— Ou uma injeção de ar na sua veia, enquanto dorme… — ele a abraçou por trás, beijando a sua nuca — Uma parada cardíaca… Eu mesmo posso vir aqui, enquanto ele dorme, e fazer isso por você! — ele a segurou pela cintura, e ela sentiu a sua excitação — Ninguém descobrirá que foi assassinato, e se isso ocorrer; nunca poderão provar nada contra nós! — e dizendo isso, a puxou com força, e a penetrou.

— Como fica a minha consciência? — Lori falou gemendo, apoiada na janela, sentindo as suas investidas.

— Milionária!

Greg a puxou pelo braço e caíram na cama.

— Amanhã quando ele chegar de viagem, podemos agir. Oh!

Minha diabinha! Vamos continuar nossa sessão de torturas! Você já fez isso com seu velhote?

Os amantes gargalharam, e rolaram se beijando vorazmente, emaranhando-se entre os lençóis, e seus acessórios sexuais.

— É claro que não! Uma mera chicotada e eu o mandaria direto para uma enfermaria… — ela levou a mão até o rádio relógio no criado-mudo e o ligou. Começou a tocar uma música dos Ramones. — Somente quando estou com você, percebo o asco que sinto por David.

— Todo esse asco parece não ser tão significativo, continuou casada com ele até hoje…

— O dinheiro dele compensa o sacrifício… — sorrindo sentou sobre Greg. Passou a mão sobre seu chicote, e o olhou com um olhar

severo. Sorriu maliciosamente com os lábios, e lhe açoitou o peito. As tiras de couro, deixando listras vermelhas na sua pele.

Sentia a excitação de Greg, pulsando sob ela. Deu-lhe um tapa no rosto. O volume alto do rock and roll, abafava seus gemidos de dor e prazer.

Greg tateava o criado-mudo em busca de sua taça de vinho.

— Vou na cozinha buscar outra garrafa — disse, empurrando a japonesa para o lado na cama — Combustível para os nossos corpos, que ardem de desejo!

Vestiu um robe de seda preto, que pertencia a David, e parou por um instante na porta.

— Sempre tive vontade de ter um deste… — quando ia girar a maçaneta, sua amante o chamou.

— Ande logo! Preciso ir ao banheiro também!

A japonesa respondeu com um sorriso. Segurava na ponta dos dedos, uma argola com um cordão, composto de cinco bolinhas de silicone, de tamanhos variados.

— Volte logo, menino mau!

Ele mordeu seus lábios e saiu do quarto. Quando passou pela sala, viu na mesa de centro uma pasta preta, com documentos que David esqueceu de levar na viagem. Sentou no sofá e a segurou, indeciso entre abrir ou não.

Por fim decidiu abri-la. Ia franzindo a testa conforme lia a papelada. Havia sido um erro imenso, ter esquecido aqueles papéis. Isso afetaria diretamente o faturamento da empresa.

— Não queria estar na sua pele, quando chegar na reunião sem eles… — pensou em voz alta. — Inútil! Vai cavar a própria sepultura.

Greg jogou a pasta sobre a mesa. Bocejou e se espreguiçou, enquanto caminhava pelo corredor até a cozinha.

Na cozinha escolhia um vinho, para beber com a sua amada.

Olhava com atenção os rótulos escolhendo a melhor safra, entre portugueses, italianos, e chilenos. Levantou-se apoiando nas paredes, rindo sozinho do seu esforço. Decidiu beber somente uma taça, antes que apagasse.

Deixou a garrafa sobre o balcão ao lado de um cepo de madeira com cinco facas afiadas, taças, pistaches, chocolates e o saca-rolhas; e foi o banheiro.

Enquanto isso, no quarto, Lori acabara de fazer uso de suas bolinhas tailandesas. Rolava pela cama se enrolando nos lençóis, arranhando o colchão e mordendo o seu travesseiro. Entorpecida de prazer, pensou ter ouvido passos dentro do seu quarto; mas fechou os olhos e se entregou as deliciosas sensações que recebia.

Ao sair do banheiro, Greg parou olhando-se no espelho. Seu peito e braço estavam marcados pelos açoites, as listras vermelhas pareciam pinturas, tatuando seu corpo de prazer.

Adentrou a cozinha apressado e pegou sua garrafa, ao lado do cepo com quatro facas. Voltou alguns passos, e olhou o balcão, como se algo estivesse fora do lugar. Pegou a taça e o saca-rolhas que havia esquecido, e caminhou pelo corredor, cantando a música do Guns n’ Roses que tocava lá no quarto, em volume alto.

Tropeçando sobre suas pernas, chegou na sala. Parou bruscamente, tomado de imensa surpresa. No chão, ao lado da porta de entrada, estava uma mala pequena de couro, sobre o tapete, quase ao lado da porta entreaberta.

Seu sangue gelou, e os pelos do seu corpo se eriçaram. Começou a tremer, e teve a impressão de sua embriaguez evaporar nesse instante.

Olhou para os lados assustado, e espiou o jardim pela janela.

Estacionado próximo ao lago, estava o carro de David.

— Estamos perdidos! — sussurrou, numa fração de segundo.

Percebeu um movimento às suas costas. Tentou se virar, porém não teve tempo suficiente. Uma mão enrugada encobriu sua boca, impedindo o seu pedido de socorro.

A punhalada nas costas foi forte. Uma estocada rápida e profunda, penetrando e rasgando sua carne entre as costelas; a lâmina afiada da faca entrando e saindo com força, girando entre seus órgãos e raspando em seus ossos.

Greg tentou escapar. Derrubou a garrafa no assoalho, o vinho se misturando com a poça do seu próprio sangue. Tentou balbuciar algumas

palavras, mas sentiu outra estocada, ainda mais violenta e furiosa, entre as omoplatas. Cuspia e engasgava-se com nódoas do seu sangue.

No quarto, Lori ainda rolava na cama, excitada com as bolinhas tailandesas. Parou de repente. Desligou o rádio-relógio, calando a voz do Kurt Cobain e ficou quieta, esperando seu amante.

Ouviu, enfim, o som de algo caindo na sala, com um baque seco.

— Cuidado Greg! Você bebeu demais! — ela riu — Não vá quebrar nada, se não David perceberá ao chegar....

Os minutos foram passando, e ele não voltava da cozinha.

— Venha Greg! Volte para cama, tenho algo lhe esperando!

Mas não houve uma resposta ao seu chamado.

Lori sentou-se na cama, cruzando suas pernas com cuidado. Vestiu sua camisola branca transparente, cobrindo seu corpo nu, e caminhou lentamente, para as bolinhas não escaparem.

— Volte para o quarto, menino mau!

Silêncio total.

Apenas o assovio do vento lá fora, balançando as árvores que arranhavam as vidraças nas janelas.

Seus olhos brilharam maliciosos. Agarrou seu chicote sobre o colchão e parou com a mão na maçaneta.

— Quando o encontrar, darei uma punição! — ela riu, enquanto saia, chicoteando sua coxa.

Penetrando no corredor semiescuro, procurava encontrá-lo escondido entre os móveis; numa brincadeira de esconde-esconde, com final sexy. Um vento entrava pela fresta da janela, esvoaçando sua camisola, emoldurando-lhe seu belo corpo, sedento de prazer.

O procurou pela sala e cozinha. Constatando sua ausência, voltou ao corredor, onde parou petrificada.

Sob a penumbra, conseguia ver uma mancha no assoalho. Uma brilhante poça de sangue. Sentiu seu estômago se revirandode nojo e susto.

— Greg, está machucado?

Arrastou-se pelo corredor, imaginava encontrá-lo caído em algum lugar. Mas o que encontrou lhe deu calafrios, arrepiando sua pele nua.

A mala de viagem de David, estava no chão ao lado da porta. Sentiu que logo desmaiaria, suas pernas pareciam gelatinas. Juntou suas forças tentando tomar alguma atitude. Correu assustada pelo corredor, Greg poderia estar no banheiro; não havia procurado lá. Tinha de estar em algum lugar.

— Não pode ser verdade! — pensava, enquanto corria pelo corredor — Se Greg tivesse visto a mala, teria me avisado, ou se David nos tivesse flagrado, teria tomado alguma atitude. Droga! Era impossível ele ter voltado tão rapidamente de viagem… Para que isso acontecesse, ele deveria ter retornado na metade do seu trajeto.

Sua mente fervilhava de possibilidades e delírios etílicos.

Quando adentra o banheiro, se detém e respira aliviada. O ar entrava e saía dos pulmões, mais calmamente. Mas sentia ainda seu coração desenfreado. Viu sua imagem refletida no espelho da parede e sorriu. Seu rosto estava rubro e suado. Despenteada, os olhos arregalados.

Greg estava sentado na banheira, de costas para a porta. Aparentava estar adormecido, talvez pelo excesso de vinho.

— Feriu-se? — ela perguntou ainda parada — Por que a mancha de sangue no assoalho e no tapete? Quebrou a taça e se cortou? Viu a mala na sala? Não vi que tinha ficado lá... David deve ter esquecido, saiu tão apressado...

Ele não respondeu. Sua silhueta por detrás da cortina do banheiro, não se moveu.

— Seu bêbado tolo! Adormeceu?

Rodeou a banheira lentamente. Precisava avisá-lo sobre a mala encontrada na sala. Segurou a cortina, e o via estava deitado amontoado.

— Feriu-se e dormiu... — concluiu.

Lori sorriu com ternura e puxou a cortina lentamente. Tocou o rosto do amante, inerte. Nenhuma reação. O sacudiu pelo ombro com firmeza.

Foi nesse instante, que a cabeça dele se desprendeu do pescoço, e tombou para o lado. Rolando para dentro da banheira.

A japonesa gritou, saltando para trás numa fração de segundo, como se fosse disparada por uma mola. Somente agora, percebia que o corpo estivera o tempo inteiro decapitado, sobre uma poça de sangue dentro da banheira.

Lori não sabia o que fazer ou pensar. Não conseguia raciocinar, estava em estado de choque pela sua macabra descoberta. Apenas gemia em desespero, agoniada. A cabeça formigando, as imagens rodopiando na sua mente, e suando frio. Suas pernas estavam ficando pesadas e a visão turva.

De repente, teve a nítida impressão, de que alguém estava parado as suas costas. Pensou ter ouvido passos no piso, e também o som do seu coração batendo, da sua respiração. Suas pálpebras foram ficando pesadas, e ela sabia que desmaiaria.

Mas quando sentiu um bafo quente na sua nuca, com um refrescante hálito de menta, tentou se virar. Mas alguém foi mais rápido.

Tudo o que viu pelo espelho, através da sua visão turva, foi uma lâmina brilhante, atravessando a sua garganta, como uma manteiga;

esguichando um jato borbulhante de sangue, borrifando a parede branca e fazendo pinturas em forma de leque. Houve uma estocada forte no seu ventre, entre as virilhas, e a lâmina subiu cortando-a até o peito, abrindo-a como um zíper.

A japonesa caiu de joelhos, gorgolejando com o sangue que saía do corte aberto no pescoço, tal qual, a água esguichando de um cano quebrado, transformando o banheiro em um matadouro. Momentos depois, sua cabeça decapitada se juntaria com a de Greg, dentro da banheira.

Amanheceu.

Os raios de sol começavam a surgir no horizonte. O casarão imponente e austero, contrastava com a floresta de pinheiros, e o extenso jardim que circundava grande parte da propriedade. O lago ornamental metodicamente construído, possuía uma pequena ilha artificial no centro, ligando o jardim através de uma rústica ponte de madeira. Em sua água cristalina, cardumes coloridos nadavam despreocupadamente entre plantas aquáticas.

David estava sentado em sua cadeira de balanço, sobre a ponte.

Costumava ficar lá nos seus momentos de lazer. Lá também, Lori servia o seu café da manhã e sentava ao seu lado, naquele seu pequeno pedaço do paraíso.

Mas ele estava sozinho lá.

Lori cuidava agora, do seu jardim; não mais ao seu lado. Ele espreguiçou-se e os ossos estalaram. Seu corpo estava tenso, após uma noite de trabalho intenso e forçado; que apesar da sua idade, fora feito com perfeição e seria digno de elogios.

Olhou amargurado, para o objeto que segurava entre os dedos com as unhas sujas de terra. Eram as bolinhas tailandesas de sua esposa japonesa. Num movimento rápido, jogou o acessório no fundo do lago.

Pensou por um momento, que nunca poderia conhecer as pessoas como elas são, verdadeiramente.

David tomou um gole de café com whisky e colocou a xícara sobre mesinha com seu desjejum. Pegou seu livro “Como lidar com pessoas difíceis” e continuou a leitura no capítulo onde havia parado.

De tempos em tempos, levantava os olhos sobre o livro e olhava como bonito estava seu jardim. Florido e viçoso; com a terra ainda fofa e revolta.

E muito bem adubado...

No documento VÁRIOS AUTORES 1 (páginas 115-131)