• Nenhum resultado encontrado

4.1 Cadeias de Suprimentos

4.1.3 Cadeia de Suprimentos de Marañón

A Cadeia de Suprimentos de Marañón possui como produto base o caju que, no país onde os dados foram coletados, é chamado de Marañón. Apesar de possuir um produto base já utilizado em outra Cadeia de Suprimentos, preferiu-se, para fins didáticos, utilizar-se o nome que a fruta recebe no país da Cadeia de Suprimentos, para melhor separar as Cadeias. Para esta Cadeia, foi selecionada a tecnologia de clones de Marañón, desenvolvidos pela T-KIBS do referido país. No entanto, devido a limitações operacionais, destaca-se que a implementação e o acompanhamento desta tecnologia não foram realizados pela T-KIBS. Estas etapas foram capitaneadas por um dos produtores regionais que, à época, possuía conhecimento técnico apropriado, porém, não foi devidamente atualizado, acompanhado e aprimorado com ações de Pesquisa e Desenvolvimento. Isto se deu por dois motivos principais. O primeiro se deve ao fato de que a região, onde estavam sendo realizados os desenvolvimentos dos referidos clones, foi alvo de conflitos sociais locais, por volta do final da década de 1990 e início da década de 2000. Estes conflitos inviabilizaram a continuidade dos projetos de pesquisa e desenvolvimento, devido a vários problemas sociais e estruturais, como a invasão de propriedades por parte de manifestantes. Assim, os clones que já haviam sido desenvolvidos foram repassados para um profissional que iniciou pomares na nova região produtora de marañón, que foi alvo desta pesquisa.

O outro motivo se deve ao fato de que a T-KIBS responsável por esta tecnologia atua de forma eco regional. Assim, todas as suas unidades de pesquisas atuam com todos os produtos das regiões nas quais estão inseridas. Com isso, por motivos de decisão

estratégica, a cultura do marañón não figurou entre as prioritárias para pesquisa e desenvolvimento. Assim, somente por volta da década de 2010 é que foi retomado o contato da região com a T-KIBS responsável pela tecnologia. Esta postura difere do comportamento apresentado pela T-KIBS brasileira, uma vez que esta nasceu como centro de pesquisa somente para o caju (com foco principalmente agrícola) e, em seguida, ampliou sua atuação também para a área de processamento da fruta. Com isso, o caju possuía importância estratégica para tal instituição, ao contrário da instituição estrangeira que atua com marañón.

Esta tecnologia tem como objetivo oferecer plantas melhoradas geneticamente, oferecendo padrões de árvore e de frutos, como todo clone melhorado geneticamente. Estes padrões possuem como foco oferecer ao produtor rural a possibilidade de se ter pomares uniformes, auxiliando nos tratos culturais, bem como nos processos e períodos de colheita, uma vez que as árvores tendem a apresentar o mesmo comportamento. Já para as indústrias de beneficiamento, tem-se a oportunidade de se trabalhar com frutos padronizados, o que aprimora os processos, viabiliza padrões para máquinas e equipamentos, bem como de produtos a serem oferecidos ao consumidor final. Vale destacar que, para este país, o produto principal é a amêndoa de castanha de marañón. Devido a questões culturais e organolépticas, não se possui o hábito, difundido, de consumo, em larga escala, de produtos advindos do pedúnculo de marañón, também conhecido como falso fruto ou maçã do marañón. No entanto, verificou-se a existência de algumas ações de processamento deste produto, cuja inserção tem sido realizada em nichos específicos de mercado, procurando sua popularização mercadológica.

Porém, durante a coleta de dados desta Cadeia, verificou-se que havia um outro grupo, em outra região do país, que utilizava pomares de marañón provenientes de sementes crioulas. Estas sementes são conhecidas como aquelas pertencentes a determinada região e que são mantidas, adaptadas e multiplicadas pelos grupos sociais locais, tais como comunidades rurais, indígenas, entre outras (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015). Tal grupo possui estrutura de Cadeia com algumas semelhanças quanto ao grupo que utiliza clones de marañón, apesar de não possuírem relacionamentos entre si, além de estarem em condições geográficas diferentes. Por isso, para esta pesquisa optou por utilizar os dois grupos como forma de se obter percepções distintas dentro de um mesmo

contexto de políticas agrícolas, econômicas, além de costumes de comercialização e consumo, a nível nacional.

Diante deste contexto, para análise dos Parâmetros Operacionais, a Cadeia de Suprimentos de Marañón foi dividida em dois grandes grupos. O primeiro grupo refere- se ao setor de produção agrícola de Produtores de Marañón (PM). Conforme abordado, este setor foi dividido em dois: Produtores de Marañón Melhorados Geneticamente e Produtores de Marañón Crioulo (PMC). Os Produtores de Marañón Melhorados Geneticamente foram subdivididos em dois grupos: Produtores de Marañón Melhorados – Pequeno Porte (PMP) e Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG). Esta divisão entre PMP e PMG ocorreu com percepções, ainda na fase de coleta de dados, de que o porte das empresas as diferenciava significativamente em relação aos Parâmetros Operacionais. Assim, optou-se por considera-las em separado, respeitando os diferentes perfis. Para o grupo dos Beneficiadores de Marañón (BM), tem-se as empresas que trabalham com o beneficiamento da castanha e do pseudofruto e que foram divididos em dois grupos: Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM) e Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC).

Todas estas divisões da Cadeia de Suprimentos de Marañón são representadas na figura a seguir, para melhor compreensão da distribuição dos elos. Vale destacar que foi considerado o cenário nacional do país estrangeiro pesquisado. Com isso, apesar de estarem em mesmos grupos, para fins de análises operacionais, as empresas, agrícolas e de beneficiamento, que utilizam marañón melhorados geneticamente não possuem contato com as empresas, agrícolas e de beneficiamento, que utilizam marañón crioulo.

Figura 10 – Cadeias de Suprimentos de Marañón – Elos. Fonte: Elaboração própria.

Diante desta breve contextualização a respeito de como os diferentes elos utilizam ou não a tecnologia escolhida como recurso operacional para esta pesquisa, as seções seguintes apresentam análises dos Parâmetros Operacionais, de acordo com cada elo apresentado. Estas análises permitem melhor compreensão sobre como os elos geraram ou desenvolveram tais parâmetros, dada a inserção da tecnologia na Cadeia de Suprimentos, bem como possíveis alterações nos resultados das dimensões operacionais que o acesso à tecnologia pode ter causado. O quadro a seguir traz um resumo do quantitativo das empresas analisadas para os referidos elos.

Ressalta-se que, por questões logísticas, para a região de marañón crioulo, os produtores foram entrevistados em grupos focais. O primeiro grupo focal foi formado apenas por produtores agrícolas. Estes estão agrupados em uma associação local, onde todos possuem a mesma área plantada, bem como características muito próximas entre si. Por isso, tais produtores foram analisados em conjunto. Esta associação possui uma unidade de processamento de marañón, voltada para castanhas, onde são beneficiadas as produções de todos os produtores locais. Com isso, o segundo grupo focal foi resultado de uma reunião entre os membros da unidade de beneficiamento com um grupo de empresas compradoras dos produtos. Assim, a unidade de beneficiamento foi analisada como um conjunto, resultante das informações repassadas pelo grupo. Além disso, foram

realizadas entrevistas em separado, com dois outros beneficiadores locais, de menor porte. Este segundo grupo focal também apresentou informações dos produtos agrícolas que estavam presentes. Assim, este grupo, também, aparece nas análises em dois momentos diferentes, no elo agrícola e no elo de processamento. Já na região que utiliza os clones de marañón, existe a característica na qual os beneficiadores de marañón também são produtores agrícolas. Com isso, este grupo que atua nos dois elos foram analisados nas duas situações. Por conta disso, tais empresas irão figurar nas duas análises, o que geraria duplicidade na contagem final. Por isso, considera-se, na contagem final, somente a contagem unitária de entrevistas, retirando-se as duplicidades.

Elos da Cadeia de Suprimentos de Marañón Quantidade de Empresas Analisadas

1. Produtores de Marañón (PM) 12

1.1 Produtores de Marañón Melhorados – Pequeno Porte (PMP) 03 1.2 Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) 07 1.3 Produtores de Marañón Crioulos (PMC) (Grupos Focais) 02

2. Beneficiadores de Marañón (BM) 06

2.1 Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente

(BMM) 03

2.2 Beneficiadores de Marañón Crioulos (BMC) 03

Total de empresas analisadas * 14

Quadro 17 – Empresas dos elos da Cadeia de Suprimentos de Marañón. Fonte: Elaboração própria.