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Desempenhos Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Caju

4.3 Cadeia de Suprimentos de Caju Análise dos Parâmetros Operacionais

4.3.3 Desempenhos Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Caju

Após a análise das Práticas e das Capacidades Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju, foi realizada a análise dos Desempenhos Operacionais. Com este Parâmetro Operacional consegue-se verificar quais tipos de resultados operacionais os elos e a Cadeia têm alcançado. Conforme relatado na seção sobre a metodologia adotada neste trabalho, na subseção sobre análise de dados, para esta análise foram utilizados os índices gerados em cada dimensão, nos respectivos elos, a partir das análises dos códigos detectados em cada empresa. Os quadros a seguir apresentam informações quanto ao grau de intensidade das dimensões do Desempenho, a partir do panorama encontrado em cada elo, gerando graus de intensidade comparativos entre eles, além da influência da tecnologia e do relacionamento com a T-KIBS para as referidas dimensões.

Ao analisar os Desempenhos Operacionais, de acordo com os quadros apresentados, verifica-se que o Desempenho de Qualidade se apresentou fraco para os elos agrícolas e moderado a forte para os elos de processamento. Este resultado demonstra que os elos agrícolas não exploram os diferenciais qualitativos dos frutos advindos dos clones de cajueiro anão, que são percebíveis pelo mercado, principalmente quando comercializam

seus produtos como se fossem comodities, sem realizarem classificações, de acordo com os critérios valorizados pelos elos seguintes. Além disso, os frutos apresentam avarias caso não sejam colhidos, acondicionados e transportados seguindo normas de boas práticas. Quando isto acontece, estes materiais chegam às unidades de processamento com características de qualidade aquém do preconizado, prejudicando a qualidade e o rendimento do beneficiamento industrial. Já com relação aos elos de processamento, verifica-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão auxilia, com seus frutos, na obtenção de bons resultados com relação à qualidade, uma vez que estes frutos apresentam melhores índices de desempenho de processamento de acordo com cada tipo de processamento, como textura, coloração, padronização, aroma, rendimento de processamento, entre outros. Além disso, devido a estas características proporcionadas pela tecnologia de clones de cajueiro anão, as referidas empresas posicionam seus produtos de acordo com os atributos de qualidade exigidos por seus clientes. Mesmo assim, percebe-se que ainda há espaços para ampliar os resultados para este desempenho.

Desempenhos Operacionais

Elos da Cadeia de Suprimentos de Caju

Elo VMJ Elo PJP PJG Elo Elo BCP BCG Elo Elo PPP Elo PPG D Qualidade Fraco Fraco Fraco Moderado Forte Moderado Forte

D Entrega Forte Forte Forte / Forte Forte Forte

D Flexibilidade

(Produtos) Moderado Moderado Forte Moderado Forte Forte Moderado D Custos Moderado Fraco Fraco Moderado Forte Moderado Fraco

D Negócio Moderado Moderado Forte Moderado Fraco Moderado Moderado

D Produtividade Moderado Forte Forte Moderado Forte Forte Moderado Quadro 35 – Desempenhos Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju.

Fonte: Elaboração própria.

Desempenhos Operacionais Influência da Tecnologia nos elos Agrícolas Processamentos

D Qualidade Fraca Moderada

D Entrega Forte Forte

D Flexibilidade (Produtos) Moderada Forte

D Custos Fraca Moderada

D Negócio Moderada Moderada

D Produtividade Forte Forte

Quadro 36 – Influência da Tecnologia nos Desempenhos Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju. Fonte: Elaboração própria.

Com relação ao Desempenho de Entrega, verificou-se que esta é uma dimensão que os elos atuam de forma bastante efetiva, principalmente no que diz respeito à flexibilidade quantos aos critérios de entrega, bem como ampliação da disponibilidade de produtos durante todo o ano para, praticamente, todos os produtos. Com relação aos elos agrícolas,

verificou-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão influencia diretamente nestes resultados devido a alguns fatores. Dentre eles, para os viveiristas de mudas de cajueiro clonados, têm-se que a tecnologia proporciona melhor controle da produção da muda em si, com índices de produtividade e prazos para o processo. Com isso as empresas podem realizar a entrega dos produtos com maior previsibilidade. Além disso, para os produtores de caju, pode ser citada a ampliação do período de safra. Com isso, os produtores possuem mais oportunidades de comercialização de seus produtos, atendendo lacunas que antes não eram possíveis sem o uso desta tecnologia. Conforme relatos de campo, o cajueiro comum possui safra concentrada em apenas três meses durante o ano. Já os clones de cajueiro anão apresentam safras que se estendem por cinco a seis meses, além de safras ocasionais fora de época. Além disso, o fato de poderem ser colhidos a mão proporciona pseudofrutos mais íntegros, retardando a degeneração do pedúnculo e proporcionando ampliação no alcance geográfico de entrega. Sem estes clones, os cajueiros comuns têm seus frutos colhidos ao chão, o que amplia o índice de pseudofruto danificados, acelerando sua degeneração, dificultando o desempenho em entrega.

Já com relação aos elos de processamento, como consequência da ampliação do período de safra, da melhoria dos índices de qualidade da matéria-prima refletindo em aumento de produtividade de processamento, além da maior oferta de frutos advindos de clones de cajueiro anão, as empresas processadoras conseguiram aprimorar seus processos de entrega. Isto refletiu em perenização e regularidade da oferta de produtos (apesar da matéria prima ser sazonal), possibilitando a negociação por contratos fixos. Além disso, as empresas destes elos também passaram a desfrutar de maior flexibilidade nas entregas, uma vez que houve maior oferta de matéria prima para processamento e melhor distribuição destas durante o ano. A exceção se faz para o elo das empresas Beneficiadores de Castanha – Pequeno Porte (BCP). Para estas, a dificuldade, em manter bom desempenho e confiabilidade nas entregas, está associada a problemas com capital de giro. Com isto, estas empresas possuem dificuldades em comprar matéria prima para estocar e processar durante o período da entressafra. Assim, ficam sujeitas a adquirir castanhas após o período de produção, o que torna o produto mais caro, trazendo ainda mais dificuldades financeiras para o fluxo operacional, repercutindo na dificuldade em obter bom desempenho nas entregas. Diante disso, verifica-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão e seus frutos possuem forte influência para os resultados da dimensão de despenho de entrega.

Para o Desempenho de Flexibilidade de Produtos, verificou-se que todos os elos apresentam bons resultados, de moderados a fortes. Para os elos agrícolas, este Desempenho está diretamente ligado à característica de flexibilidade da tecnologia de clones de cajueiro anão, que possibilita a escolha de clones de acordo com características edafoclimáticas da região produtora, bem como para o objetivo de mercado desejado (se mercado de pedúnculo para processamento, para consumo in natura, para castanha ou misto). Com isso, pode-se ofertar, para os elos processadores, produtos que sejam mais específicos para o mercado alvo. Já para os elos de processamento, os frutos (castanha e pedúnculo) oferecem ampla variedade opções de produtos, tanto para processamento de pedúnculo (com variedades de bebidas e alimentos processados à base do pseudofruto), quanto para o processamento da castanha (com variedades de apresentações, tipos de torragem e produtos processados à base de amêndoa). Estas ações repercutem na melhor adequação de produtos, atendendo a diferentes demandas de mercado. Assim, para esta dimensão, percebeu-se a influência direta da tecnologia de clones de cajueiro anão, que proporcionou flexibilidades de produtos ao longo de toda a cadeia, que não eram possíveis ou tão aprimoradas com o uso de cajueiros comuns.

Com relação ao Desempenho de Custos, tem-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão apresenta resultados diferentes para os elos agrícolas e de processamento. Para os elos agrícolas, verificou-se que há elevação nos custos de produção, uma vez que as árvores advindas da tecnologia demandam mais tratos culturais (podas, adubação, limpeza, controle de pragas e doenças, por exemplo). Além disso, há maior demanda por mão de obra para a colheita, uma vez que os frutos são colhidos a mão e de forma rotineira, para melhor aproveitamento comercial. Assim, apesar dos benefícios gerados com a tecnologia, para obtenção de seus resultados são necessários investimentos maiores em custos operacionais. Já para os elos de processamento, verificou-se que, apesar do custo maior de aquisição de matéria prima, os custos finais de processamento são reduzidos, devido aos fatores de qualidade e rendimento. Com isso, consegue-se obter melhores resultados de produtividade industrial, dentro dos padrões de processamento e consumo. A exceção se faz com relação ao elo processadores de pedúnculo de caju, de grande porte (PPG), devido aos custos logísticos para aquisição e transporte de pedúnculo em tempo hábil e em condições físicas e químicas aceitáveis para o processamento. Isto se deve à perecibilidade da matéria-prima que, para processamento, deve estar disponível

em, aproximadamente, 24 horas após o descastanhamento. Mesmo assim, estes custos de logística e processamento ainda são menores com os clones de cajueiro anão, uma vez que possuem maior resistência a estes processos, quando comparados ao cajueiro comum.

Para o Desempenho de Negócios, verificou-se, de forma geral, que a tecnologia contribuiu de forma moderada para o resultado desta dimensão. Para os elos agrícolas esta contribuição se dá principalmente no que diz respeito ao aumento do faturamento com o uso da tecnologia de clones de cajueiro anão. Dentre alguns fatores, pode-se destacar a maior produtividade dos clones de cajueiro anão, que podem produzir três vezes mais que o cajueiro comum, dependendo dos tratos culturais utilizados nos pomares. Outro ponto que favorece esta dimensão diz respeito ao maior valor pago pelo produto quando de sua comercialização. Esta diferença reside na percepção, por parte dos clientes, dos atributos de qualidade nos frutos e nos produtos processados, quando advindos dos clones de cajueiro anão. Outro ponto que favorece esta dimensão está no fato de que, devido às características organolépticas e de processamento do pseudofruto de clones de cajueiro anão, ampliou-se as possibilidades de consumo do fruto, bem como de processamento, gerando mais oportunidades de negócios, que antes eram mais restritas à castanha. A exceção se faz ao elo Beneficiadores de Castanha – Grande Porte (BCG). Para este elo, a castanha de caju do cajueiro anão possui baixa representatividade frente ao volume total processado. Com isso, não se tem conseguindo interferir de forma relevante com relação ao Desempenho de Negócios, para este elo. Mesmo diante dos bons resultados para esta dimensão, verificou-se que a influência da tecnologia foi moderada, uma vez que o desempenho de negócios também variou de acordo com outros fatores, como estratégia e gestão, mesmo entre empresas do mesmo elo.

Por fim, quanto ao Desempenho de Produtividade, verificou-se que os resultados também foram satisfatórios quanto a esta dimensão, tanto para os elos agrícolas quanto de processamento, com índices moderados e fortes. Com relação aos elos agrícolas, dentre os fatores que contribuíram para estes resultados têm-se maiores índices de produtividade de campo dos clones de cajueiro anão quando comparado aos cajueiros normais, com índices que ultrapassam duas ou três vezes a produtividade tradicional, sendo relatados casos acima destes valores, de acordo com o tipo de manejo cultural adotado. Além disso, devido ao baixo porte da planta, os frutos podem ser colhidos a mão, o que proporciona produtos em melhores condições para consumo (pseudofruto) e comercialização

(pseudofruto e castanha), evitando desperdícios. As ressalvas se fazem quanto ao elo de viveiristas de mudas de cajueiro (VMJ), que possui limitações biológicas quanto ao aumento da produtividade, uma vez que seus processos dependem da resposta vegetativa dos materiais. Ainda assim, os relatos apontam que a tecnologia de clones de cajueiro anão proporcionou redução no tempo de produção das mudas, o que otimizou o processo final e ampliou a capacidade produtiva destas empresas. Para os elos de processamento, a tecnologia de clones de cajueiro anão, por meio de seus frutos, também viabilizou a melhoria dos índices de produtividade. Estes resultados são influenciados pela padronização dos frutos, o que proporciona melhor rendimento industrial, além da qualidade da matéria prima que chega para processamento, em virtude das melhorias dos processos de colheita e descastanhamento, por exemplo, que são viabilizados pelos clones. Além disso, os relatos de campo, apontam para maior rendimento industrial (tanto da castanha quanto do pedúnculo) dos frutos advindos de clones de cajueiro anão. Apesar disso, para o elo Beneficiadores de Castanha – Pequeno Porte (BCP), verificou-se que as limitações de produtividade passam por questões de limitações de recursos financeiros e acesso a tecnologias de processos, envolvendo máquinas e equipamentos que sejam mais produtivos, uma vez que existem processos muito demandantes de mão de obra. Quanto ao elo de processadores de pedúnculo de caju, de grande porte (PPG), tem-se que sua produtividade é limitada à oferta de matéria prima e às condições em que chegam para processamento. Apesar das melhorias proporcionadas pelo pedúnculo de clones de cajueiro anão, ainda existem gargalos quanto à perecibilidade dos frutos, bem como a distância entre as unidades produtivas e de processamento, além dos transportes. Tais elementos dificultam o processo e reduzem a produtividade final, devido à existência de produtos fora dos padrões de conformidade, necessitando de melhorias nos processos de colheita e transporte deste material. Assim, verificou-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão influencia diretamente na obtenção dos resultados positivos para esta Cadeia, no que diz respeito às dimensões de Desempenho Operacional.

Diante do exposto, verifica-se que o uso da tecnologia de clones de cajueiro anão contribuiu para os Desempenhos Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju, tanto nos elos agrícolas quanto de processamento. Estes resultados são reflexo das Práticas e Capacidades Operacionais desta Cadeia de Suprimentos, que refletem os resultados das Práticas, Capacidades e Desempenhos de seus elos, bem como da influência da adoção da tecnologia em seus processos. Ressaltam-se os resultados das dimensões de Negócios

e Produtividade, que não estavam previstas no planejamento inicial desta pesquisa. No entanto, durante as análises, estas dimensões e seus resultados se mostram relevantes para compreensão dos resultados obtidos pelas empresas, pelos elos e pela Cadeia, com o uso da tecnologia pesquisada.

4.4 Cadeia de Suprimentos de Envase de Água de Coco - Análise dos Parâmetros