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Práticas Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Marañón

4.5 Cadeia de Suprimentos de Marañón Análise dos Parâmetros Operacionais

4.5.1 Práticas Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Marañón

De acordo com o apresentado, seguem as análises das Práticas Operacionais para a Cadeia de Suprimentos de Marañón, levando em consideração as sete dimensões utilizadas nesta pesquisa, bem como os elos trabalhados. Os quadros a seguir apresentam informações quanto ao grau de intensidade das Práticas, a partir do panorama encontrado em cada elo, gerando graus de intensidade comparativos entre eles, além da influência da tecnologia e do relacionamento com a T-KIBS para o desenvolvimento das referidas Práticas.

Práticas Operacionais Elo PMP Elo PMG Elos da Cadeia de Suprimentos de Marañón Elo PMC BMM Elo Elo BMC

P Qualidade Fraco Forte Forte Moderado Fraco

P Fluxos de JIT Fraco Moderado Forte Moderado Fraco

P Orientação para Cliente Fraco Fraco Forte Moderado Moderado

P Relacionamento com

Fornecedores / / Forte / Forte

P NPD Integrado Moderado Moderado Forte Fraco Moderado

P Desenvolvimento de Força de

Trabalho Fraco Moderado Forte Moderado Forte

P Liderança / / Forte / /

Quadro 43 – Práticas Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Marañón. Fonte: Elaboração própria.

Práticas Operacionais da Cadeia de

Suprimentos de Marañón Influência da Tecnologia nos elos Agrícolas Processamentos

P Qualidade Fraca Forte

P Fluxos de JIT / /

P Orientação para Cliente / /

P Relacionamento com Fornecedores / /

P NPD Integrado Fraca Fraca

P Desenvolvimento da Força de Trabalho / /

P Liderança / /

Quadro 44 – Influência da Tecnologia nas Práticas Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Marañón. Fonte: Elaboração própria.

Com relação às Práticas de Qualidade, verifica-se que os elos Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) e Produtores de Marañón Crioulo (PMC) apresentam maior grau de intensidade para esta dimensão. Isto se deve ao fato de que estes elos possuem mais atividades voltadas para manutenção da qualidade dos processos produtivos, por meio de controles e melhorias das atividades, entre outras ações. No caso do elo Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG), tais propriedades,

devido ao seu porte e estratégia gerencial, optaram por atuar com outras culturas além do marañón. Tais culturas exigem, por parte dos mercados compradores, que as unidades agrícolas possuam controles de processos e garantias de qualidade, o que repercute na cultura do marañón. Além disso, elas possuem mais recursos financeiros, humanos e operacionais para executar melhorias em seus processos. Já no caso do elo Produtores de Marañón Crioulo (PMC), todas as empresas fazem parte de cooperativas que direcionam mais de 90% de sua produção para um único cliente. Uma vez que tal cliente possui critérios de qualidade bem definidos, estes critérios e controles também são exigidos dos produtores agrícolas. Além disso, a referida empresa compradora também atua na capacitação e apoio no desenvolvimento de atividades de qualidade, controles operacionais e melhorias de processos, o que afeta diretamente tal dimensão. Outro ponto analisado é que estes resultados colocam em paridade elos que utilizam e não utilizam a tecnologia de clones de marañón. Este fato demonstra que, conforme as análises apresentadas para cada um destes elos, presentes nos apêndices deste trabalho, os resultados referem-se mais às ações gerenciais operacionais implementadas pelas empresas do que pela influência da tecnologia em si, mesmo em empresas de portes diferentes, como é o caso dos elos Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) e Produtores de Marañón Crioulo (PMC).

Já para os elos de processamento, apesar de apresentarem índices de qualidade mais baixos, tem-se que a tecnologia de clones de marañón influenciou no desenvolvimento desta dimensão, conforme apontado pelas análises feitas nos elos. Estes elos de processamento apresentam índices mais baixos devido a dois motivos principais. O primeiro refere-se ao impacto da tecnologia em si. Por se tratar de uma tecnologia agrícola, seus benefícios tendem a ser mais intensos no elo agrícola do que nos elos de processamento. Para estes elos os efeitos da tecnologia são secundários, uma vez que os frutos advindos da tecnologia irão ser processados e alguns benefícios podem não ser tão significativos quanto são para os elos agrícolas. O segundo motivo principal para esta assimetria entre os elos diz respeito ao fato de que, neste país, as empresas de processamento de marañón ainda estão em fase inicial ou carecem de melhorias em tecnologias e processos. Uma das razões para este cenário das indústrias se deve à “recente” utilização da cultura para fins de processamento (aproximadamente na década de 2000). Ao contrário do que ocorre com o Brasil, por exemplo, onde o processamento do caju (marañón) ocorre desde o início do século XX. Porém, mesmo com estes

panoramas, as empresas do elo Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM) apresentaram maior intensidade nas Práticas de Qualidade, quando comparado com as empresas do elo Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC), devido ao uso da referida tecnologia. Isto, advém do fato de que os frutos advindos de marañón melhorados possuem atributos de qualidade que interferem na qualidade do processamento e do produto final, tais como características organolépticas, padrão, produtividade agrícola e rendimento industrial, por exemplo.

Para as Práticas de Fluxos de JIT, conforme apresentado nas análises dos elos, a tecnologia de clones de marañón não apresentou influência para esta dimensão. Assim, tem-se que os resultados apresentados são influenciados pelas a atividades de gerência operacional das empresas. Com isso, o destaque vai para o elo Produtores de Marañón Crioulo (PMC) com mais intensidades de atividades voltadas para rotinas estruturadas para eliminação de todo e qualquer tipo de desperdício. Em seguida, aparecem os elos Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) e Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM), os quais estão focados em atividades operacionais estruturadas e controladas para redução de desperdícios.

No que diz respeito às Práticas de Orientação para o Cliente, os elos que mais se destacaram foram Produtores de Marañón Crioulo (PMC), Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM) e Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC). Para os elos Produtores de Marañón Crioulo (PMC) e Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC) tem-se que as atividades de orientação para o cliente são muito claras, uma vez que tais produtores estão todos agrupados em associações, que possuem unidades de beneficiamento de castanha crioulas (BMC) que, por sua vez, possui em torno de 90% de sua produção vendida para um único grupo empresarial. Logo, esta simbiose entres os elos proporciona o desenvolvimento de tais atividades para esta dimensão. Já o elo Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM) se destaca por buscar espaço para seus produtos, principalmente os derivados do pseudofruto, em novos mercados, para ampliação de demanda. Para isso, possuem atividades voltadas para os clientes, visando o atendimento das necessidades de mercado. Ressalta-se que, para esta dimensão, conforme apresentado nas análises dos elos, não há influência da tecnologia de clones de marañón para o desenvolvimento das atividades.

Quanto às Práticas de Relacionamento com Fornecedores, a maioria dos elos não apresentou atividades relevantes, quando feita a comparação para toda a cadeia. O destaque vai para os elos que trabalham com marañón crioulo, Produtores de Marañón Crioulo (PMC) e Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC). Isto se deve ao fato de que, conforme já apresentado, estes elos atuam em forte associativismo, buscando o desenvolvimento dos elos em conjunto. Com isso, são realizadas atividades de desenvolvimento de fornecedores, entendendo que isto gera resultados positivos para os demais elos, repercutindo em todos aqueles que atuam ao longo dos processos de produção e beneficiamento dos produtos. Conforme apresentado nas análises dos elos, para esta dimensão, não foi verificada influência da tecnologia para o desenvolvimento desta dimensão.

Para as Práticas de NPD Integrado, tem-se que os elos agrícolas apresentaram maior intensidade de atividades do que os elos de processamento. Para o elo Produtores de Marañón Crioulo (PMC) estas atividades referem-se, principalmente, à participação no desenvolvimento de novos clones de marañón, juntamente com a T-KIBS, voltados para as demandas daquela região. Já os elos Produtores de Marañón Melhorados – Pequeno Porte (PMP) e Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) atuam na diversificação das atividades, em conjunto com o marañón, para melhor utilizar o espaço produtivo e a mão de obra disponível, oportunizando outras fontes de renda. Já o elo Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC) também apresentou ações moderadas, voltadas, principalmente, para participação na avaliação de processamento dos clones em desenvolvimento pela T-KIBS. Assim, conforme apresentado nas análises anteriores, tem-se que a tecnologia influenciou no desenvolvimento desta dimensão, porém, com baixa intensidade.

Com relação às Práticas de Desenvolvimento da Força de Trabalho, tem-se que os elos com maior intensidade de atividades são Produtores de Marañón Crioulo (PMC) e Beneficiadores de Marañón Crioulo (BMC). Isto deve-se ao fato de que, conforme já apresentado, tais elos atuam em forte coesão de associativismo. Com isso, a força de trabalho é formada pelos próprios associados e familiares. Assim, eles buscam se desenvolver constantemente em prol do benefício mútuo. Tais atividades são menos percebidas nos elos Produtores de Marañón Melhorados – Grande Porte (PMG) e Beneficiadores de Marañón Melhorados Geneticamente (BMM) que focam o

desenvolvimento da mão de obra para aprimorar a execução das atividades operacionais nas empresas. Já o elo Produtores de Marañón Melhorados – Pequeno Porte (PMP) apresenta menor intensidade, por ser formado, principalmente, por pequenas propriedades onde a mão de obra é essencialmente familiar, o que dificulta ações desta dimensão. Para esta dimensão, conforme já analisado nos elos, a tecnologia não apresenta influência no desenvolvimento das atividades.

Para as Práticas de Liderança, somente o elo Produtores de Marañón Crioulo (PMC) apresentou atividades, justificado pelo trabalho em associativismo realizado pelos produtores. Tal fato contribui de forma intensa para a existência de atividades para esta dimensão, uma vez que o fortalecimento de atividades de lideranças entre os participantes, contribui para o desenvolvimento de todos os envolvidos. Conforme apresentado nas análises anteriores, a tecnologia de clones de marañón não influenciou no desenvolvimento das atividades desta dimensão.

Assim, verifica-se que a tecnologia de clones de Marañón, bem como o relacionamento com a T-KIBS, influenciaram o desenvolvimento de Práticas Operacionais nas dimensões de Qualidade e NPD Integrado, tanto para os elos agrícolas quanto para os de processamento, guardadas as devidas proporções e diferentes impactos nos elos. Estas Práticas da Cadeia de Suprimentos podem ser entendidas como reflexo das Práticas adotadas pelos elos, conforme apresentado nas análises anteriores. No entanto, conforme verificado, para esta Cadeia de Suprimentos a tecnologia não é o fator mais relevante para o desenvolvimento de Práticas, mesmo quando a influência é de forte intensidade. Isto se deve ao fato de que as Práticas Operacionais, para esta Cadeia de Suprimentos, dependem mais dos recursos (tecnológicos, financeiros, estruturais, humanos, entre outros) e das ações gerenciais na condução das atividades, tendo em vista o alcance de estratégias, do que da tecnologia em si.