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Capacidades Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Caju

4.3 Cadeia de Suprimentos de Caju Análise dos Parâmetros Operacionais

4.3.2 Capacidades Operacionais – Cadeia de Suprimentos de Caju

Após a análise das Práticas Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju, foi realizada a análise das Capacidades Operacionais. Destaca-se que tais análises são comparativas entre os elos, tendo em vista as oito dimensões utilizadas nesta pesquisa. Os quadros a seguir apresentam informações quanto ao grau de intensidade destas Capacidades, a partir do panorama encontrado em cada elo, gerando graus de intensidade comparativos entre eles, além da influência da tecnologia e do relacionamento com a T-KIBS para o desenvolvimento das referidas Capacidades.

Capacidades Operacionais Elo VMJ Elo PJP Elos da Cadeia de Suprimentos de Caju Elo PJG Elo BCP Elo BCG Elo PPP Elo PPG

C Cooperação Operacional Fraco Moderado Fraco Moderado Fraco Fraco Forte

C Customização Operacional Forte Forte Forte Moderado Forte Forte Forte

C Resposta Operacional Forte Moderado Forte Moderado Forte Forte Forte

C Melhoria Operacional Moderado Fraco Forte Moderado Forte Forte Moderado

C Inovação Operacional / / Forte / / / Forte

C Reconfiguração Operacional Moderado Fraco Moderado Moderado Forte Forte Forte

C Cooperação Tecnológica Forte Moderado Forte Moderado Moderado Forte /

C Cooperação em Cadeia de Suprimentos Moderado Moderado Fraco Moderado Moderado Moderado Moderado

Quadro 33 – Capacidades Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju. Fonte: Elaboração própria.

Capacidades Operacionais da Cadeia de Suprimentos do Caju Influência da Tecnologia nos elos Agrícolas Processamentos

C Cooperação Operacional Fraca Moderada

C Customização Operacional Forte Forte

C Resposta Operacional Forte Forte

C Melhoria Operacional Moderada Moderada

C Inovação Operacional / /

C Reconfiguração Operacional Moderada Forte

C Cooperação Tecnológica Forte Moderada

C Cooperação em Cadeia de Suprimentos Moderado Moderado

Quadro 34 – Influência da Tecnologia nas Capacidades Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju. Fonte: Elaboração própria.

Ao analisar as Capacidades Operacionais, de acordo com os quadros apresentados, verifica-se que a Capacidade de Cooperação Operacional apresenta mais da metade dos elos com ações “fracas”. Isto demonstra que a relação entre os elos desta Cadeia é frágil e necessita ser melhor trabalhada. As exceções se fazem para o elo Produtores de Caju – Pequeno Porte (PJP), Beneficiadores de Castanha – Pequeno Porte (BCP) e Processadores de Pedúnculo – Grande Porte (PPG). Com relação aos elos Produtores de Caju – Pequeno Porte (PJP), e das empresas Beneficiadores de Castanha – Pequeno Porte (BCP), verificou-se que a Capacidade de Cooperação Operacional está mais aprofundada devido a ações de cooperativismo existente entre algumas empresas do mesmo elo, quanto entre estes dois elos. Conforme explanado na introdução sobre esta Cadeia de Suprimentos, as empresas destes dois elos surgiram, ou se desenvolveram de forma economicamente relevante, com o advento da tecnologia de clones de cajueiro anão. Isto devido às características de produção agrícola e de processamento, respectivamente, além da produtividade, que foram proporcionadas pela tecnologia. Porém, visando obter melhor competitividade, alguns pequenos produtores participam de associações ou cooperativas, dividindo custos e obtendo melhores resultados nas vendas em conjunto. Isto também ocorre com os pequenos beneficiadores de castanha. Nestes dois casos, verifica-se o desenvolvimento de Capacidades de Cooperação Operacional. Porém, algumas destas empresas são advindas de associações ou cooperativas de produtores. Neste caso, além das referidas Capacidades, também foram desenvolvidas Capacidades de Cooperação Operacional entre elos, o que amplia os resultados operacionais da Cadeia de Suprimentos.

Com relação às empresas de processamento de pedúnculo de caju, de grade porte (PPG), devido à alta demanda pelo pseudofruto, alta perecibilidade e distribuição geográfica dos produtores (principalmente os de pequeno porte), verificou-se que existem mais atividades voltadas para ações de cooperação entre estes elos. Com isso, as empresas do elo Processadores de Pedúnculo – Grande Porte (PPG) visam obter matérias primas de qualidade, com logística de recebimento adequada ao processamento, além de quantidades satisfatórias para o tipo de estrutura que possuem. Estas ações também foram possibilitadas pelas características de produtividade, armazenamento e processamento advindos do pseudofruto de clones de cajueiro anão. Analisando-se a Cadeia de forma ampla tem-se que a tecnologia auxilia no desenvolvimento desta Capacidade. No entanto, ela por si só não é suficiente para proporcionar a força que esta dimensão poderia

apresentar. Assim, tem-se que outros fatores também influenciam no desenvolvimento destas Capacidades Operacionais, tais como o porte das empresas, o tipo de relação entre fornecedores e clientes, o estilo de gestão operacional, dentre outros. Isto é percebido nos outros elos onde a tecnologia possui fraca influencia, apesar de possuir bastante espaço para evolução em ambos cenários.

No que diz respeito às Capacidades de Customização Operacional, Resposta Operacional e Reconfiguração Operacional, tem-se comportamentos bastante próximos e elevados. Estas são Capacidades bastante relacionadas aos processos produtivos, bem como à capacidade de moldarem-se operacionalmente às necessidades de ajustes internos, mediante demandas próprias, de clientes ou de condições externas à Cadeia, respectivamente. Dentre os motivos que auxiliam no desenvolvimento destas Capacidades, pode-se citar as características inerentes à tecnologia de clones de cajueiro anão, principalmente no que diz respeito à sua flexibilidade de ajustes operacionais, tanto nos processos produtivos agrícolas, quanto no processamento de seus frutos (castanha e pedúnculo). Estas adaptações são auxiliadas pela padronização dos frutos (em termos de tamanho, nutrientes e propriedades organolépticas), pela ampliação da safra (proporcionando maior distribuição da oferta, evitando os problemas decorrentes da safra concentrada), pela maior produtividade, pela melhor qualidade dos frutos para processamento (já que são colhidos a mão), pela melhor resistência ao transporte para o processamento (referente ao pseudofruto, que chega às empresas em melhores condições de processamento), dentre outras. Com isso, as empresas possuem margens para realizar adaptações operacionais voltadas tanto para processos, quanto para produtos já existentes ou novos. Esta associação dos benefícios da tecnologia, aliados a características de estratégia operacionais das empresas da referida Cadeia, resultam no desenvolvimento das referidas dimensões de Capacidades, conforme apresentado no quadro anterior.

Com relação à Capacidades de Melhoria Operacional, verifica-se que a Cadeia de Suprimentos de Caju, como um todo, apresenta bons índices de ações voltadas para o aperfeiçoamento de suas atividades operacionais, inclusive com implementação de inovações operacionais. Isto demonstra que a Cadeia possui ações voltadas para evolução em seus processos produtivos, buscando competitividade no setor agroindustrial. A flexibilidade da tecnologia de clones de cajueiro anão, bem como de seus frutos, auxilia no desenvolvimento desta Capacidade, à medida em que permite a realização de ajustes

e melhorias nos processos agrícolas e industriais. A ressalva se faz com relação ao elo Produtores de Caju – Pequeno Porte (PJP), por ser formado, em sua maioria, por propriedades pequenas ou familiares, com baixo índice de oportunidades para alteração em seus processos. No entanto, com relação à Capacidade de Inovação Operacional, somente os elos Produtores de Caju – Grande Porte (PJG) e Processadores de Pedúnculo – Grande Porte (PPG) apresentaram ações voltadas para Inovações Radicais que envolvam buscas por novos tipos de clientes ou novos modelos de negócios. Estes elos estão focando o rompimento de barreiras tecnológicas para buscar reinventar as atividades, com foco no fortalecimento da Cadeia. Para esta Capacidade destaca-se a participação da tecnologia de clones de cajueiro anão que tem se mostrado como viabilizadora de possíveis mudanças, que não foram vislumbradas somente com o cajueiro comum, uma vez que as empresas de ambos os elos já existiam antes da referida tecnologia.

Quanto à Capacidade de Cooperação Tecnológica, destaca-se que os elos têm desenvolvido ações na busca por parcerias que agreguem soluções por meio de tecnologias, capacitações, consultorias ou novos produtos, para ampliar a competitividade das empresas. Este alto índice nos elos demonstra que as empresas reconhecem que a evolução de seus processos, produtos ou equipamentos, pode ser alavancada nas parcerias com agentes externos, via T-KIBS ou outras empresas especializadas (em situações mais incomuns e específicas). A tecnologia de clones de cajueiro anão influencia no desenvolvimento desta Capacidade, no sentido de que contribuiu para que os elos tivessem maior relacionamento com a T-KIBS desenvolvedora da tecnologia. Além disso, este movimento também contribuiu para que outros parceiros tecnológicos, de extensão e capacitação agroindustrial se aproximassem desta Cadeia. Tais fatos contribuem para a competitividade dos elos, uma vez que podem contar com a expertise de agentes externos e concentrarem-se em suas atividades fins de produção e processamento.

No entanto, os elos Beneficiadores de Castanha – Pequeno Porte (BCP) e Processadores de Pedúnculo – Grande Porte (PPG) apresentam características distintas dos demais elos, uma vez que o elo BCP é formado, na sua maioria, por empresas pequenas que estão envolvidas diretamente nos processos produtivos. Isto faz com que elas se fechem em si mesmas, não oportunizando interações ou participações em atividades com T-KIBS. Porém, a exceção se faz com as empresas do elo Beneficiadores de Castanha – Pequeno

Porte (BCP) que fazem parte de cooperativas ou ações. Estas possuem maior atuação com T-KIBS. Já o elo Processadores de Pedúnculo – Grande Porte (PPG) é formado por empresas de grande porte, com recursos para desenvolvimento interno de soluções ou contratação direta junto a outras empresas, principalmente as de máquinas, equipamentos ou certificadoras. Contudo, os demais elos demonstram exercer, na maioria, consideráveis atividades com a empresa de T-KIBS, o que demonstra que buscam estreitar relacionamento para obtenção de tecnologias, capacitações e soluções de problemas. Assim, verifica-se a contribuição da tecnologia de clones de cajueiro anão para o desenvolvimento desta Capacidade Operacional é bastante intensa nos elos agrícolas, mas é moderada nos elos de processamento, devido à ausência em um dos seus elos.

Com relação à Capacidade de Cooperação em Cadeias de Suprimentos, verifica-se que os elos possuem os mesmos níveis de atuação, com exceção do elo Produtores de Caju – Grande Porte (PJG). No entanto, isto não quer dizer que as atividades estejam satisfatórias, haja vista os índices relativos a ações voltadas para clientes e fornecedores, além dos apresentados para as Práticas de Orientação para o Cliente e Relacionamento com Fornecedores. Apesar de apresentarem ações voltadas para Cooperação em Cadeia de Suprimentos, verifica-se que estas podem ser ampliadas, visando melhor desenvolvimento de relações e parcerias. Porém, com relação à tecnologia, verificou-se que ela contribuiu para estes indicadores, uma vez que estas interações e cooperações entre os elos possuem como base a produção e comercialização dos produtos advindos da tecnologia, bem como da necessidade que estes elos possuem de ações em conjunto para estas relações. Além disso, destaca-se que as empresas do elo Produtores de Caju – Grande Porte (PJG), devido ao seu porte e recursos financeiros e estruturais, tendem a atuar de forma mais independente em relação aos outros produtores, bem como em relação aos demais elos. Outro ponto que favorece este tipo de atuação mais isolada se deve à quantidade de frutos produzidos, em decorrência do tamanho das áreas cultivadas. Logo, estas empresas possuem poder de barganha para negociar seus volumes de produtos de forma comercial mais efetiva, dado ao fato de que o mercado de processamento possui alta demanda. Tais circunstâncias operacionais interferem mais fortemente neste elo, do que a tecnologia de clones de cajueiro, quanto a esta Capacidade.

Com isso, verificou-se que a tecnologia de clones de cajueiro anão contribuiu para o desenvolvimento de Capacidades Operacionais da Cadeia de Suprimentos de Caju. Estas

Capacidades, conforme apresentado, são reflexo da influência exercida pela tecnologia nas Capacidades Operacionais dos elos, bem como nas Práticas Operacionais, que se mostram como antecessoras do desenvolvimento de Capacidades. Destaca-se a Capacidade de Cooperação Tecnológica que não estava prevista na proposta inicial desta pesquisa, mostrando-se como relevante Capacidade para auxiliar na compreensão dos diferenciais competitivos proporcionados pela interação com a T-KIBS pesquisada ou com outras empresas de tecnologia. No entanto, destaca-se que duas Capacidades apresentaram resultados menos expressivos que as demais. A Capacidade de Cooperação Operacional chamou atenção para oportunidades de desenvolvimento de ações no sentido de se inter-relacionar melhor as empresas e os elos da Cadeia, principalmente nas relações com fornecedores e pares. Além disso, a Cadeia mostrou-se deficitária na Capacidade de Inovação Operacional, o que também traz oportunidades de desenvolvimento de ações para esta área.