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Caracterização do perfil Físico-motor do atleta de handebol

No documento LIVRO HANDEBOL (páginas 49-55)

nas categorias júnior e adulto. Por meio da análise das informações deste quadro, observa-se que a maioria dos estudos buscou descrever o padrão an- tropométrico dos atletas participantes de diversas competições nacionais, e o somatotipo foi a estraté- gia mais utilizada para a descrição do perfil corporal do atleta de handebol, sendo que o predomínio da mesomsorfia foi evidente em todas as investigações.

Entretanto, ao se considerar as características antropométricas e de aptidão física para tentar encontrar diferenças significativas entre atletas de níveis competitivos distintos, não foi encontrada uma tendência de determinadas variáveis, ou seja, as características relevantes na diferenciação entre os grupo variavam conforme a amostra adotada.

Com relação a aspectos fisiológicos relacio- nados à prática do handebol, os estudos de Eleno, Barela e Kokubun1 e Barbosa e Oliveira2 sugeri-

ram que componentes aeróbicos e anaeróbicos são relevantes para o desempenho no handebol, fato evidenciado empiricamente no trabalho de Paes Neto,3 que encontrou frequência cardíaca

média entre 158 e 167 durante jogos oficiais. Um aspecto que chama a atenção se refere à predominância de investigações que analisaram atle- tas do sexo masculino, fato que sugere a necessidade e relevância de estudos com atletas do sexo feminino.

Manual de handebol

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Quadro 5.1 – Resumo dos estudos com atletas das categorias júnior e adulto

Autor Objetivo Conclusões

André4 Verificar a influência do handebol na aptidão física.

Aumentos na força de preensão manual e nos períme- tros de braço e antebraço.

Profeta5 Analisar o somatotipo de atletas da Taça Brasil de clubes e seleção brasileira júnior masculina.

Perfil mesomorfo balanceado, não sendo encontradas diferenças significativas entre os postos específicos. Pires Neto,6

Pires Neto e Profeta7

Descrição de características antropométricas da seleção brasileira júnior masculino.

Elaboração de padrões de referência e sugestão de no- vas investigações.

Silva8 Analisar o somatotipo de universitários das re- giões Norte, Nordeste e Centro-sul do Brasil.

Perfil endomesomórfico, não sendo encontradas diferenças significativas entre as posições de jogo e região geográfica. Maia9 Analisar o somatotipo de atletas da primeira

divisão portuguesa. Predominância mesomórfica.

Gonçalves e Dourado10

Descrever o somatotipo e a composição cor- poral de participantes dos jogos abertos pa- ranaenses.

Predominância endo-mesomórfica em todos os postos específicos e não foram encontradas diferenças signifi- cativas na composição corporal.

Gonçalves, Osiec, Tsuneta e Zamberlan11

Determinar o perfil cineantropométrico da seleção brasileira feminina de 1989.

Perfil endomesomórfico, não sendo encontradas dife- renças significativas entre os postos específicos. Araújo,

Andrade e Matsudo12

Comparação de aspectos cineantropométricos de universitários com a média populacional.

Valores superiores dos atletas em todas as característi- cas e sugestão de importância das variáveis na seguinte ordem: força de membros superiores, inferiores e ab- dominal, potência aeróbica e agilidade.

Glaner13

Comparação do perfil morfológico de atletas participantes do x jogos Pan-Americanos por posto específico.

Os melhores atletas do campeonato apresentaram maiores valores em relação aos demais atletas, espe- cialmente na estatura, envergadura, comprimento de membros inferiores e menores valores de percentual de gordura e massa corporal magra.

Paes Neto3

Determinação da intensidade de esforço a partir da frequência cardíaca em atletas do sexo mas- culino participantes do Jogos Regionais de SP.

Caracterização do esforço como misto aeróbico-anae- róbico com a média da frequência cardíaca entre 157 a 168 durante três jogos oficiais.

Gorostiaga, Granados, Ibañes e Izquierdo14

Verificar as diferenças na antropometria e ap- tidão física entre atletas profissionais e ama- dores da segunda divisão da Liga Espanhola.

Identificação de valores superiores dos atletas profissio- nais na massa corporal, massa magra, potência muscu- lar, potência de arremesso parado e apos a progressão. Vasques,

Antunes, Duarte e Lopes15

Comparação morfológica de atletas partici- pantes dos Jogos Abertos de SC.

Os atletas das equipes melhores classificadas apresen- taram valores superiores na na estatura, envergadura, altura troncocefálica e diâmetro palmar.

Cunha Junior, Cunha, Schneider e Dantas16

Caracterização dermatoglífica, somatotípica, fisiológica e psicológicas de atletas da seleção feminina adulta.

Somatotipo mesomorfo balanceado, limiar ventilató- rio a 90% do consumo máximo de oxigênio e tempe- ramento sanguíneo.

Bezerra e Simão17

Caracterização antropométrica de atletas da Taça Amazônica adulto masculino e compa- rar os valores com a seleção do torneio.

Os atletas da seleção do torneio não apresentaram per- fil antropométrico conforme sugerido pela literatura, com exceção dos extremas esquerda e direita e arma- dor central no percentual de gordura.

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Autor Objetivo Conclusões

Vasques, Mafra, Gomes, Fróes e Lopes18

Caracterização antropométrica de atletas da Liga Petrobrás 2006 e comparar as equipes conforme sua classificação

Os extremas apresentaram valores inferiores nas carac- terísticas (massa corporal, comprimentos, diâmetros e perímetros), e os goleiros apresentaram maior percen- tual de gordura corporal.

Pelegrini e Silva19 Caracterização antropométrica e do somatoti- po da seleção júnior masculina.

Somatotipo meso-ectomorfo e baixo percentual de gordura (9,98%).

O Quadro 5.2 apresenta os trabalhos de in- vestigação que buscaram descrever aspectos antro-

pométricos e de aptidão física em atletas de han- debol nas categorias de base.

Quadro 5.2 – Resumo dos estudos com atletas das categorias de base

Autor Objetivo Conclusões

Gaya, Cardoso, Torres e Siqueira20

Analisar características antropométricas e de aptidão física de atletas participantes dos Jo- gos da Juventude.

Identificação da estatura, altura troncocefálica, peso e resistência abdominal como características relevantes para o handebol.

Szmurchrowski; Menzel21

Avaliar a aptidão física de participantes dos Jogos da Juventude de ambos os sexos.

Estabeleceram padrões de referência nas medidas con- sideradas.

Menzel22 Avaliar características antropométricas de partici- pantes dos Jogos da Juventude de ambos os sexos.

Estabeleceram padrões de referência nas medidas con- sideradas.

Raso, França e Matsudo23

Acompanhar a estabilidade de características antropométricas e de aptidão física de jovens atletas do sexo feminino.

Identificação do peso, estatura, agilidade, velocidade e potencia aeróbica como variáveis que apresentaram estabilidade, e, por esse fato, os autores sugeriram que o talento no handebol feminino pode ser predito a partir de idades precoces.

Rannou24 Avaliar aspectos metabólicos de atletas france- ses do sexo masculino.

Determinação de valores da potência aeróbica, limiar de lactato e potência anaeróbica, com destaque para a rele- vância do componente anaeróbico para o handebol. Eleno e Kokubun25 Avaliar a frequência cardíaca e o lactato san-

guíneo durante a execução do drible.

O drible não representou sobrecarga fisiológica adi- cional ao deslocamento, independentemente do nível competitivo.

Vasques, Antunes, Silva e Lopes26

Comparação do perfil morfológico em fun- ção dos postos específicos ofensivos e defensi- vos de atletas juvenis de SC.

Os extremas apresentaram menor estatura, perímetro de antebraço, massa corporal e massa corporal magra. Já nos postos defensivos, foram observados aumentos nas variáveis quando os atletas atuam nas regiões cen- trais da quadra (posição 3).

Lidor, Falk, Arnon, Cohen e Segal27

Verificar a importância das características mo- toras, físicas e técnicas na formação de jovens talentos de 13 e 14 anos do sexo masculino.

Críticas à utilização das características consideradas na comparação de níveis competitivos diferentes, e os autores ressaltaram a necessidade de procedimento com maior validade ecológica e considerar o nível de maturação biológica dos jovens atletas.

continuação

Manual de handebol

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Autor Objetivo Conclusões

Farto, Perez e Alvarez28

Analisar características antropométricas de atletas cadetes masculino portugueses.

Valorização de um perfil antropométrico em função do posto específico, com a necessidade de pivôs e late- rais altos, sendo os extremas os jogadores mais baixos. Uezu, Paes,

Böhme e Massa29

Verificar quais características antropométri- cas, de aptidão física e nível de conhecimento tático poderiam discriminar atletas federados de escolares na categoria infantil masculino.

Identificação da estatura como fator mais relevante, porém em combinação com a força de membros infe- riores, inferiores e agilidade.

Os estudos realizados com atletas das cate- gorias de base buscaram identificar característi- cas antropométricas e de aptidão física relevantes para o handebol, assim como uma caracterização geral e em função dos postos específicos.

Lidor et al.27 criticaram a maneira como as

medidas antropométricas vêm sendo utilizadas e reforçaram a necessidade de procedimentos com maior validade ecológica, destacando a importân- cia dos aspectos de maturação biológica e sua in- fluência nos resultados encontrados.

Já Uezu et al.29 destacaram a importância de

procedimentos multidisciplinares para o entendi- mento dos fatores que podem discriminar jovens atletas de níveis competitivos diferentes, ao com- parar atletas federados com escolares que disputa- vam competições escolares oficiais.

Os federados eram mais altos do que os esco- lares, o que pode sugerir que, quanto maior o ní- vel competitivo, maior a estatura dos atletas. Esses resultados corroboram Glaner,13 que realizou um

estudo com 96 atletas adultos que disputaram um campeonato pan-americano de seleções e compa- rou a média das equipes com os valores dos atletas considerados os melhores da competição, ou seja, a seleção do campeonato. Os resultados obtidos

indicaram que os jogadores da seleção do campe- onato (189,51 ± 6,38) eram mais altos do que a média das equipes (184,42 ± 6,78).

Foram verificados valores de estatura acima da média tanto na escola (valor máximo de 182 cm) quanto no clube (valor máximo de 187,50 cm). Em relação aos valores mínimos, o escore apresentado pelo clube (154,40 cm) foi inferior ao da escola (155,60 cm), ou seja, o menor atle- ta da escola era maior do que o menor atleta do clube. Esse fato questiona a afirmação de que a es- tatura representa um fator relevante na seleção de jovens para o esporte de rendimento, uma vez que a média do clube foi significativamente diferente. Ao analisar sua amostra, foram encontrados atletas na escola com estatura mais elevada quan- do comparados aos atletas federados. Porém, pa- rece que a estatura considerada de maneira isolada pode levar a tomadas de decisão equivocadas ao padronizar um perfil dessa variável na seleção de seus praticantes.

Já a análise do somatotipo classificou os federados como ectomesomorfos (3,25 – 4,42 – 3,79) e os escolares como endomesomorfos (3,37 – 5,07 – 3,14), ou seja, com características corpo- rais diferenciadas quando observado o conjunto.

caracterIzação do PerfIl físIco-Motor do atleta de handebol 53

Nesse sentido, quando as características dos in- divíduos foram analisadas de forma isolada, não foram encontradas diferenças significativas; en- tretanto, quando ao se analisar maneira integra- da, como no somatotipo, a constituição corporal passou a ser diferente.

Hoje, um dos grandes desafios dos pesquisa- dores da área do talento e desempenho esportivo e dos técnicos consiste a compreensão da natureza heterogênea do padrão apresentado por atletas de alto desempenho esportivo, ao se considerar que não existe necessariamente um padrão ideal, mas, talvez, vários padrões ou até mesmo a inexistência de um perfil, já que os atletas não apresentam ne- cessariamente as mesmas características.

Nesse sentido, cabe ressaltar que grandes atletas de handebol, como Vranjes, ou Swensson (Suécia), Balic (Croácia), Duschebaiev (Rússia, naturalizado espanhol posteriormente) e Richards- son, ou Gille, ou Karabatic (França), Kehrmann, Schwarzer, ou Lenz (Alemanha), entre outros atletas, não apresentavam características físicas e motoras acima da média encontrada em atletas de handebol, porém sempre se destacaram por suas atuações em competições internacionais, sendo alguns deles considerados os melhores do mundo em suas posições.

Acredita-se que, por mais que sejam enten- didos os fatores que diferenciam níveis competi- tivos diferentes na combinação das variáveis que seriam relevantes, não apresentam um padrão en- tre si, existindo, assim, várias composições indi- viduais a partir de características individuais dis- tintas. Escores individuais considerados inferiores

podem ser compensados por outras variáveis de maneira individual ou integrada.

Por se tratar de um esporte coletivo, existe ainda um agravante referente ao ajuste dos dife- rentes padrões de composição e comportamento para a montagem de uma equipe, que apresenta a necessidade de uma interação entre as caracte- rísticas pessoais para um desempenho individual, além da necessidade de integração com os outros indivíduos que compõem o grupo.

Preparação física aplicada aos esportes

No documento LIVRO HANDEBOL (páginas 49-55)