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Sistemas zonais, mistos e indi viduais

No documento LIVRO HANDEBOL (páginas 195-200)

Sistemas de jogo no handebol

15 Sistemas de jogo na defesa

15.3 Sistemas zonais, mistos e indi viduais

15.3.1 Defesa individual

15.3.1.1 Definição e características

Atualmente, no handebol de alto nível de rendimento, as equipes tendem a praticar as defesas zonais, adotando as defesas individuais em poucas ocasiões. Em momentos muito concretos ou sobre um jogador de grande qualidade, seja de lança- mento ou de armação de jogo o uso de sistemas de- fensivos mistos também é praticado no handebol.

No processo de EAT, ao experimentar a de- fesa individual, em geral, observa-se uma série de carências técnico-táticas individuais que permi- tem justificar a utilização de defesas zonais que, por terem um caráter estrutural mais defensivo, permitem mais ajuda e, desse modo, diminuem-se

os erros e as responsabilidades individuais, mas também se criam novas.

Em sua dissertação no congresso internacio- nal para técnicos de handebol em agosto de 1970, em Estocolmo, Werner Vick, técnico da seleção alemã na época, relatou que não se deve deixar de realçar a importância que possui o trabalho de marcação individual na formação técnica do jo- gador, sua formação em relação ao jogo limpo e ao correto trabalho defensivo, fundamentalmente em relação a aspectos didáticos como:

 Defender sempre sobre o braço de

lançamento.

 A concentração sobre a bola.

 A correta apreciação e evolução da capa-

cidade de deslocamento (timing) do rival. É um sistema no qual cada defensor se encarrega de um atacante e não de uma zona

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concreta, como ocorre nos demais sistemas tra- tados.1 A sua finalidade pode-se resumir nos se-

guintes pontos:

 Dificultar a criação e o ritmo do ataque.  Levar o ataque para zonas não pe-

rigosas.

 Recuperar a posse da bola mediante o

roubo da bola ou a finalização rápida do ataque em zonas desvantajosas. Por isso, é imprescindível o trabalho de marcação individual nas divisões inferiores, nos mini e nos infantis. Atualmente, todo jogador de handebol sabe que as formações defensivas zonais são a base do sistema defensivo. Mas de que serve “um perfeito sistema defensivo se a técnica individual não é realizada com perfei- ção”? Com essa definição, estão praticamente claros e com absoluta precisão o valor, o sentido e a tática da marcação individual. Restaria dei- xar claro, com caráter didático-metodológico, os seguintes aspectos:

 Formas de marcação individual.  Princípios da marcação individual.  Aspectos táticos a levar em conta.  Capacidades táticas básicas do defensor.  Formas de marcação individual.

Pode realizar marcação individual em:

 Todo o campo.

 A partir da metade da quadra.

 Na própria linha de nove metros

(por exemplo, em situações padrões como nos tiros laterais e tiros livre ao realizar o chamado pressing ou, por exemplo, ao aplicar um sistema 1-5 que é, por suas características, um sistema de marcação individual em zona).

15.3.1.2 Classificação

Podemos apresentar diferentes tipos de defesa individual em função do espaço no qual se utiliza:

Defesa individual na quadra inteira

Os defensores têm de encontrar o seu oponente rapidamente e realizar uma marca- ção muito estrita por todo o terreno, indepen- dentemente da zona que ocupa o adversário e mantendo, além disso, certa atenção sobre a bola.

O objetivo estrito é abalar a colaboração do ataque e provocar erros, seja por andadas, três se- gundos, passes ruins etc., ou seja, que o adversá- rio cometa um erro técnico-tático no controle da bola, logo, um erro regulamentado.

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FIgura 15.8 – Defesa individual quadra inteira.

Defesa individual na metade da quadra

A diferença com a anterior é escassa, deven- do fazer-se o emparelhamento partindo de uma defesa zonal ou sobre meia quadra.

A marcação deve ser mais estrita, pelo maior grau de proximidade com o gol, diminuindo-a quando o atacante retrocede ao seu próprio cam- po defensivo.

Os objetivos são os mesmos que na defesa individual quadra inteira.

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Defesa individual por aglomeração

A defesa parte da zona e não se arrisca além dos 10-11 m para, deste modo, não se separar uns dos outros e poder garantir ajuda, assim como evitar as penetrações.

Uma vez estabelecido o emparelhamento, as marcações são mais estritas sobre o jogador com a bola e igualmente sobre os jogadores perigosos (geralmente aqueles mais habilidosos ou com melhor eficiência de lançamento), e a marcação é em linha de passe e vigi- lância quando a bola está mais afastada. Geralmente se utiliza quando a bola se encontra nos pontas e a e equipe contrária está em inferioridade numérica.

Nominal: cada jogador deve saber qual

adversário defenderá de forma concre- ta e direta.

Zonal: a responsabilidade estabelece-

-se em função do posto que o jogador ocupa no ataque, organizando-se um sistema de contagem que se inicia si- multaneamente pelos pontas e que se finaliza no centro.

15.3.1.3 Funcionamento do sistema

O funcionamento deste sistema carac- teriza-se por marcar os seus defensores cor- respondentes a todos ou vários jogadores da equipe adversária de forma individual. O tipo de marcação realizada pelos defensores estará relacionado com o sistema de defesa individual utilizado.

15.3.1.4 Função dos jogadores

As funções que têm de desempenhar os jo- gadores da defesa estarão relacionadas com a va- riante do sistema defensivo individual eleito; em geral, as prioridades de atuação defensiva são:

 Oponente direto (evitar ser superado

por ele).

 Bola (evitar o passe, a recepção e bus-

car a interceptação ou tomada da pos- se da bola. 5 2 3 7 6 4 F A B C D E

FIgura 15.10 – Defesa individual por aglomeração ou

defesa individual fechada.

O objetivo fundamental encontra-se em anular os homens mais perigosos, ilhar as coordenações de ataque, garantir as ajudas e impedir as penetrações.

A forma de marcação que será utilizada e seu desenvolvimento se baseiam em duas formas de emparelhamento, previamente definidas e que serão aplicadas:

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 Deslocamentos dos outros atacantes

(dissuadir o jogador com bola, evitar bloqueios etc.).

 Eventuais apoios que possas surgir

(dobra e ajuda).

15.3.1.5 Aspectos táticos

É comum a aplicação da marcação individual quando, nos últimos minutos, uma equipe procura, por meio de retenção de jogo, manter a vantagem no marcador. A equipe na defesa está pressionada pelo tempo e procura, por meio dessa medida, ob- ter a bola. O risco é evidente, a abertura da defesa oferece grandes buracos ao rival, que pode condu- zir ao gol. A vantagem surge na surpresa que pode ocasionar esta medida tática, provocando erros téc- nicos do ataque que aumentam a ansiedade pela posse da bola. Os aspectos que o técnico deverá ter em conta para ordenar a marcação individual são:

 Qualidade individual da equipe para

essa ação.

 O momento: isto depende da relação en-

tre o resultado e o tempo de jogo restante.

 As reservas físicas da equipe.

 O tipo de marcação individual que

deverá fazer: por exemplo, faltam pou- cos minutos, com os seis jogadores, e se está em desvantagem por um gol ou dois. Com cinco jogadores e um líbero, fica-se em superioridade numérica dei- xando livre o rival menos habilidoso.

 A característica dos jogadores que es-

tão no campo e quais são necessárias para a marcação dos adversários.

 A reação que se espera do rival, refletir

se este tem jogadores habilidosos, se tem experiência contra esse tipo de marcação, como se comportaria o goleiro rival etc.

 A reação dos juízes: apitam mais seve-

ramente? Param o jogo?

Com base nesses e muitos outros conceitos, deverá decidir-se desde o banco até a ordem de marcação individual em alguma de suas variantes.

Capacidades táticas do defensor

Para a aplicação da marcação individual, o defensor deve possuir, entre outras, as seguintes capacidades táticas de base:

 Capacidade de percepção de jogo.  Capacidade de antecipação à ação do

rival e a situação do jogo.

 Visão periférica da situação de jogo.  Capacidade de decisão: tomar deci-

sões em velocidade.

15.3.1.6 Princípios para a utilização da mar- cação individual

Apesar de existirem critérios táticos diferen- tes, de acordo com a forma de marcação individual, existem princípios gerais que devem ser respei-

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tados para a conquista do êxito. Esses princípios devem ser transmitidos ao jogador em forma sis- temática, pois fazem a didática e a metodologia da educação. Devem ser exercitados sistemática e metodologicamente por meio de trabalhos espe- ciais em treinamento. Eles são:

 posição frente ao atacante: entre ele e

o gol e orientado sobre seu braço de lançamento.

 atitude frente ao rival: em possessão

da bola, pressionando-o; sem posses- são da bola, em pré-ação.

 adaptar-se à corrida do rival e às suas

mudanças de direção.

 forçar a corrida do rival para posições

desfavoráveis.

 combater a possessão da bola, por

meio do trabalho de braços e pernas, antecipar, interceptar ou pressionar na recepção do rival.

15.3.2 Síntese da estrutura do sistema 1:5

Klaus Feldmann, Pablo Juan Greco, Fernando Lucas Greco

15.3.2.1 Definição e características

Pode ser considerado um sistema defensi- vo ideal para se fazer a transição entre as defesas ofensivas, individuais e os sistemas zonais. É um

sistema defensivo misto, pois existe um jogador que marca individual ao pivô, seus colegas maram em zona avançadas nos 9 metros.

15.3.2.2 Funcionamento do sistema

 É um sistema ideal para a iniciação.  A passagem da marcação individual

para a zonal é facilitada.

 Sistema em que se combate o atacante.  É uma defesa ativa.

 O iniciante descobre regras de com-

portamento tático ao longo do jogo.

15.3.2.3 Função dos jogadores

 Todos os jogadores são responsáveis por

um adversário, sempre em um setor.

FIgura 15.11 – Responsabilidades de cada jogador na

defesa 1:5.

 Defender de forma ativa, atacar o ata- cante! Evitar o jogo de passes rápido.

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