• Nenhum resultado encontrado

Manejo da bola

No documento LIVRO HANDEBOL (páginas 107-117)

Fundamentos técnico-táticos individuais no ataque

9.3 Manejo da bola

9.3.1 Definição

É o uso geral do braço executor (o braço que adaptou a bola). Pode-se definir como “o conjun- to de todos os movimentos que o jogador tem que realizar com o braço executor desde o momento de controle da bola até que se desprende dela” (Bárcenas e Román Seco).4

A partir do momento em que se recepciona a bola, todo o manejo se realiza com um só braço. Com a adaptação, evitamos que a bola caia; com manejo, realizamos as ações técnicas posteriores. Dado que, no jogo, se utiliza preponderantemen- te com uma só mão, o manejo da bola é um fator essencial da técnica que permite aumentar a efi- cácia ofensiva e a qualidade das ações do jogador.

9.3.2 Objetivos

 Um bom manejo apresenta maior des-

treza e domínio da bola;

 Obter facilidade para trocar o tipo de

gesto;

 Fazer possíveis mudanças de ritmo no

jogo (rápido-lento/lento-rápido);

 Variedade das ações técnicas;

 Permitir um movimento natural e

continuado.

9.3.3 Princípios fundamentais

 Devem-se realizar os movimentos jus-

tos e necessários;

 Realizar os movimentos com destreza

e espontaneidade;

 Todas as ações devem ser contínuas

(coordenar ações técnicas).

9.3.4 Descrição do gesto técnico

O manejo da bola permite todas as possibi- lidades de movimento e amplitude do braço; as- sim, depois de executar um controle com o braço, pode-se realizar:

 elevação do braço (anterior, posterior,

lateral direita e lateral esquerda);

 flexão - extensão do cotovelo;  pronação - supinação do antebraço;  flexão, extensão, abdução e adução do

pulso;

 giro do braço e pulso;  circundução completa etc.

Manual de handebol

108

FIgura 9.7 – Manejo da bola alta.

Um bom manejo consegue-se:

 sem que o braço esteja rígido ou esten-

dido;

 mantendo-se o ângulo no cotovelo e

o braço “armado” para o lançamento;

 não deixando o pulso rígido.

No plano frontal, pode-se falar dos estereó- tipos de manejo denominados armação do braço, diferenciando-se quatro posições:

Alto: o braço segue a prolongação da

linha do corpo e mantém um ângu- lo em relação ao cotovelo; braço não estendido (braço com ligeira flexão). Adaptação da mão com os dedos vira- dos para cima.

fundaMentos técnIco-tátIcos IndIvIduaIs no ataqueI 109

Clássico: é o mais utilizado tanto em passes

quanto em lançamentos. É o mais fácil de assimilar em crianças. Adaptação com a mão virada para cima e o braço e o antebraço formam um ângulo de 90o.

Altura intermediária: o braço prepara-se como continuação da linha dos ombros. Adap- tação com os dedos virados para fora e ângulo de 180o no cotovelo.

FIgura 9.9 – Posicionamento clássico para o manejo

da bola.

FIgura 9.10 – Posicionamento intermediário para o

Manual de handebol

110

Altura do quadril: é mais baixo que o inter-

mediário. Adaptação com os dedos virados para baixo. Dar o passe caracteriza este tipo pelo fato de ter que ser realizado na altura do quadril.

jogador o máximo de possibilidades de progressão espacial com a bola, que amplia as oportunidades de realizar deslocamentos rápidos e de culminar este tipo de ação. Marca a estreita relação sujeito- -bola, tanto em habilidades e destrezas como em recursos fundamentais, em função das faltas re- gulamentares e dos encadeamentos com outros conteúdos técnicos.

FIgura 9.11 – Posicionamento na altura do quadril

para o manejo da bola.

Quando se falar em coordenação, é importan- te levar em conta a cadeia cinética, já que, no mo- mento de lançar, grande parte da força que damos à bola sai dos impulsos coordenados de todo o corpo.

9.4 O dribling

9.4.1 Definição

O dribling define-se como “a ação de lançar a bola contra o chão sem que exista perda de con- trole sobre ela”.3 É a ação técnica que oferece ao

FIgura 9.12 – Dribling.

9.4.2 Princípios fundamentais

O uso de ambas as mãos, de forma alterna- da, é imprescindível no quicar da bola, atendendo ao princípio do afastamento da bola com respeito ao defensor.

 Basicamente, o jogador não deve olhar

fundaMentos técnIco-tátIcos IndIvIduaIs no ataqueI 111

 Mantém-se o princípio permanente

do “campo visual”;

 Em nenhum caso, o uso do quique

deve provocar a diminuição desneces- sária do ritmo coletivo.

Deve-se proteger a bola ante a um adversário próximo, para o qual o jogador tem que se colocar entre a bola e o adversário. Este recurso técnico só deve ser executado quando estiver plenamen- te justificado, já que seu uso indevido supõe um freio em determinados momentos próprios do es- porte coletivo no qual a velocidade de transição da bola é o nexo mais eficaz entre os atacantes; ou seja, não se pode progredir quicando a bola se existe um companheiro desmarcado e em boa posição para receber a bola.

Não obstante, aparecem situações concretas que requerem a execução e a oportuna utilização do quique usados contextualmente com outros recursos técnicos do jogador para:

 saídas de fintas;  atrair o adversário;  se afastar do oponente;

 evitar a perda da bola, uma vez dados

os três passos regulamentares;

 evitar a retenção da bola;  mudanças (trocas) de ritmo;

 cadenciar o jogo em algumas circuns-

tâncias;

 desdobrar (superar) o adversário;  se aproximar à distância de lançamen-

to (tiro);

 dar tempo para que os companheiros

se situem e organizem o ataque;

 progredir dentro de uma distância es-

timada maior que a dos três passos.

FIgura 9.13 – .

9.4.3 Classificação

Adotando as propostas de Bárcenas e Ro- mán,4 deverá ser:

Em função da distância que tem de percorrer:

 unitário (um só quique ou bote): apli-

ca-se para unir dois ciclos de passos;

 continuado (vários quiques).

Em função da altura:

 alto;  baixo.

Manual de handebol

112

Em função da trajetória da bola:

 vertical;  oblíqua.

9.4.4 Descrição do gesto técnico

Dribling alto vertical:

 Cabeça: erguida, obtendo em todo

momento o campo visual útil;

 Tronco: em posição natural ou ligeira-

mente flexionado (se o quique é baixo, a flexão se acentua mais);

 Braço executor: antebraço ligeiramen-

te flexionado sobre o braço e separado do corpo;

 Pernas: flexionadas, tanto simétrica

como assimetricamente; neste caso, adiantar a perna contrária ao braço executor;

Controle do dribling: o contato da

bola efetua-se com a mão aberta, sendo os dedos e a face média da palma a superfície de contato, com movimento coordenado do braço executor efetuando uma elevação do antebraço e uma flexão-extensão do pulso. É utilizado para deslocamen- tos em forma de marcha ou em caso de botes unitários.

Dribling baixo:

FIgura 9.14 – Dribling baixo.

 Cabeça: tentando obter um campo vi-

sual amplo;

 Tronco: semiflexionados;

 Pernas: em posição assimétrica, adian-

tando a perna contrária ao braço exe- cutor. Em comparação com o bote alto oblíquo, a flexão acentua e am- plia, de forma regulada, a separação das pernas, pois, ao se chegar o tronco no chão colocando o peso do corpo na perna adiantada, produz-se certa descompensação que deve ser corrigi- da abrindo-se o compasso das pernas para manter o equilíbrio;

fundaMentos técnIco-tátIcos IndIvIduaIs no ataqueI 113

FIgura 9.15 – .

Controle do dribling: se a ação é con-

tinuada, devemos manter o indica- do para o bote vertical oblíquo, mas com trajetória menos acentuada, ou se efetua o bote com menor altura e mantém-se reduzida a trajetória da bola. A força do golpe deve diminuir consecutivamente.

 No bote baixo, em que existe uma

grande inclinação do tronco, deve-se evitar um aumento exagerado da fle- xão das pernas, já que isso atrapalharia a velocidade de deslocamento.

FIgura 9.16 – .

Dribling oblíquo:

 Cabeça: ligeiramente flexionada;  Braço executor: produz-se uma maior

extensão do antebraço e a bola proje- ta-se para frente;

 Pernas: de acordo com a corrida;  Controle do dribling: o impulso da

bola deve ser elevado para assegurar uma trajetória suficientemente oblí- qua e regulada, na direção em que se desloca o jogador e que melhor permi- ta a progressão;

Este tipo de dribling pode regularizar-

-se em benefício da velocidade, com intervalos amplos que permitam in- tercalar vários passos entre cada con- tato com a bola.

Manual de handebol

114

Mudança de direção no dribling:

 Jogador destro que modifica sua dire-

ção para o lado direito: toma impul- so com a perna esquerda, muda de orientação, dirige a bola para a nova direção, mantendo o dribling. Segui- damente, volta a utilizar a mão do princípio;

 Jogador destro que modifica sua di-

reção para o lado esquerdo: impulso dado com a perna direita, mudando de orientação e dirigindo a bola para a nova direção sem trocar de mão.

Mudança de sentido no dribling:

 Giro para o lado direito: impulso com

a mão esquerda mudando de orien- tação, dirigindo a bola para a nova trajetória, ajudando-se com a mão esquerda e golpeando em ação de dri-

bling contínuo. Seguidamente, volta a

utilizar a mão do início;

 Giro para o lado esquerdo: impul-

so sobre a perna direita trocando de orientação e dirigindo a bola para a nova trajetória sem trocar de mão;

 As indicações específicas anteriores

são válidas para os jogadores canho- tos, tendo em conta que o bote se rea- liza com a mão esquerda.

9.5 O desmarque (jogar sem bola)

9.5.1 Definição

O desmarque define-se como a “ação suces- siva que persegue a ocupação de um espaço eficaz antes que o defensor eluda sua marcação” (Trosse).8

Desmarcar-se é “escapar” das possibilidades de intervenção dos defensores, com o fim de se encontrar livre para atuar, mas, também, deve resultar acessível a outro colega para participar na conservação e na pro- gressão da bola ou na realização de um gol. Esta ação está intimamente ligada à recepção, já que o desmar- que é fundamental para poder receber a bola. Para se desmarcar, o jogador realiza duas ações: oferecer-se no espaço e se orientar em relação à situação de jogo, gol adversário, companheiros de time.

9.5.2 Objetivos

 Esquivar-se da marcação ou, em seu

efeito, reduzi-la para eficácia pela ob- tenção de uma ligeira vantagem den- tro dos espaços de manobra mais vari- áveis em função da distância.

 Superar a vigilância de um ou vários

adversários para provocar, coletiva- mente, uma situação de superiorieda- de numérica que facilite a conclusão do ataque e crie as condições favorá- veis para a ação final.

fundaMentos técnIco-tátIcos IndIvIduaIs no ataqueI 115

 Buscar espaços livres no jogo de ata-

que, bem como para receber a bola ou facilitar a ação dos companheiros.

 Oferecer-se como opção de passe ao

colega com bola.

9.5.3 Princípios fundamentais

O desmarque terá êxito se conseguirmos certa vantagem sobre o defensor para poder re- ceber a bola, para o qual devemos nos afastar da zona de atuação deste.

O campo visual deve concentrar-se em um lugar alheio ao objetivo previsto, com o fim de conseguir maior informação global do jogo e não dar pistas ao oponente.

Realizá-lo no momento oportuno e à velo- cidade conveniente; recomenda-se a realização de troca de direção e de velocidade da ação.

A chave do desmarque reside em observar a distância adequada, evitando o contato físico com o defensor.

9.5.4 Classificação

Em função da situação do defensor:

 desmarque direto, buscando-se a pene-

tração ante ao desequilíbrio do defensor.

 desmarque com mudança de direção,

quando o desequilíbrio inicial do defensor não é tão grande e, portanto, insuficiente.

Em função da trajetória empregada:

 desmarque em profundidade: deslo-

car-se para o objetivo, o gol, ou espa- ços vários próximos a este, utilizando-se trajetórias retilíneas e curvilíneas;

FIgura 9.17 – Desmarque em profundidade com tra-

jetória retilínea.

 desmarque em apoio: deslocando-se

para assegurar a conservação da bola e criar espaços para os companheiros, utilizando-se trajetórias retilíneas e cur- vilíneas, mas com mudanças de direção.

Manual de handebol

116

9.5.5 Descrição do gesto técnico

A realização do desmarque depende, fun- damentalmente, dos deslocamentos sem bola do possível atacante receptor; para isso, deve situar-se oportunamente sobre o campo de jogo, fazer pos- síveis transmissões e facilitar, assim, a circulação da bola e sair das zonas possíveis de interceptação e de oposição ocorridas pela vigilância dos adver- sários. Não se deve adotar a imobilidade, mas, com seus deslocamentos, tem de se situar em uma zona favorável para a transmissão da bola. Deve consegui-lo descentrando-se, momentaneamente, da bola para se informar sobre as zonas nas quais ele poderá desenvolver a sua ação (espaços livres). A esse conjunto de ações prévias ao recebimento da bola denomina-se corrida de desmarcação. Es- tas dependerão de uma trajetória específica que o atacante sem bola empregue para ocupar as possí- veis zonas de recepção e ajustar-se aos princípios dos deslocamentos.

9.6 O passe

9.6.1 Definição

O passe é “a ação de transladar ou enviar a bola de um jogador a outro” (Trosse),8 assim

como “o gesto/forma apropriado que se pode empregar” para transportar a bola de um local a outro da quadra.

É considerado uma das habilidades funda- mentais para o jogo, já que permite a comunicação entre jogadores que estão realizando ações coleti- vas. Este elemento é fundamental ou se concreti- za no vínculo de relação entre os jogadores. Deve realizar-se sempre com as máximas garantias de se- gurança para alcançar a continuidade no jogo.

9.6.2 Princípios fundamentais

Deve ser realizado sobre o jogador situado nas condições mais favoráveis para que a ação pos- terior adquira a maior eficácia.

Deve-se dominar o maior número de tipos de passe, selecionando o mais adequado a cada situação de jogo.

Tem de ser realizado com suficientes garan- tias de posse. Recomenda-se ao jogador com posse de bola que comprove previamente e com rapidez a situação dos oponentes mais próximos ao recep- tor e suas possibilidades de cortar a trajetória do passe. Antes de se realizar um passe deficiente ou inútil, em que a bola não chegará ao seu destino, é preferível trocar sua direção, ainda que esta nova ação não tenha maior transcendência.

Durante a sua execução, não se fixa o olhar para o possível receptor, ainda que previamente tenha de se estabelecer contato visual com ele.

Deve realizar-se com tensão adequada. A força deve regular-se em função da distância exis- tente entre o passador e o receptor. Não devemos nos esquecer de que a bola no ar não prejudica o defensor e é totalmente necessário que, além do

fundaMentos técnIco-tátIcos IndIvIduaIs no ataqueI 117

seu translado, chegue ao seu destino no tempo mais breve possível.

Deve fazer-se com precisão. Um passe mal- dirigido obriga a modificar posições adotadas, atrasando a intervenção do jogador e, como con- sequência, a da equipe. Geralmente, se o receptor é marcado próximo, a direção é ao ombro do bra- ço executor. Se for marcado à distância, o passe será feito ao espaço livre de marcação. Se o recep- tor está em deslocamento, a direção será sempre ligeiramente por diante do receptor.

Com oponente próximo, deve-se proteger a bola colocando-se entre ela e o adversário.

A utilização de um tipo de passe ou outro está determinado pelo(a):

 altura da recepção;  situação do adversário;  tipo de ação posterior;

 velocidade de execução coletiva;  posição do corpo em relação ao braço

dominante.

9.6.3 Classificação

Em contato com chão (com uma mão):

 clássico (frontal e lateral).

 altura intermediária ombro-quadril

(frontal e dorsal).

 altura baixa (frontal e lateral).

 em pronação (frontais, laterais, e para

trás).

 por trás do corpo (frontais e laterais).

 por cima do ombro do braço executor.  deixada.

 retificado.  entre as pernas.

Em contato com o chão (com as duas mãos):

 de peito;

 por cima da cabeça.

Em suspensão (com uma mão):

 frontal;  lateral.

9.6.4 Descrição do gesto técnico

Suporemos que o jogador executante seja destro.

Passes em com contato com o chão (Com uma

No documento LIVRO HANDEBOL (páginas 107-117)