Preparação física aplicada aos esportes coletivos: exemplo para o handebol
6.3 Treinamento da força
6.3.1 Níveis de aproximação
Para fazer que uma capacidade básica (força) seja aplicada pelo jogador naquilo que ele quer (por exemplo: lançamento em suspensão), o joga- dor deve ter passado por uma série de fases, cujo processo denominaremos a seguir.
6.3.1.1 Distintos níveis de aproximação
Localizar as investigações e a avaliação. Primeiro nível – força geral
Quadro 6.2 – Detalhes do primeiro nível de trei- namento de força (força geral)
Tarefa: trabalho de carga
Recursos do ambiente
Instrumentos não similares aos do jogo
Próprio corpo Lugar não específico Grupos variados Caracte-
rísticas da contração muscular
Todo tipo de contrações Todos os grupos musculares 0% de trabalho semelhante Distintas velocidades de
contração
Aspectos de sobrecarga
Peso (kg) de acordo com as possibilidades pessoais Variadas colocações da C.G. Formas de contato semelhante Condições
Quantitativas
Nº de tentativas segundo as possibilidades pessoais Pausas variadas segundo
necessidade dos sistemas Gesto: mo- vimento Variações na execução Amplitude Simetrização Coor- denação Combinação de Movi- mentos
Sucessivas uniões, específi- cas e não específicas Movimentos simultâneos
específicos e não específicos Variações
espaciais
Equipamentos distintos Modificações na orientação
Os exercícios gerais podem ser:
compensatórios; orientados;
não orientados (atividades coordenativas
não próprias ao esporte praticado).
fIgura 6.5 – Níveis de aproximação.
Existem quatro níveis de aproximação que permitirão, no momento da planificação, progra- mar e organizar:
Quadro 6.1 – Níveis de aproximação da força no plano de treino Força Geral Força Específica Força Dirigida Força de Competição
Em cada nível de aproximação, dão-se as três categorias de força do handebol: força de luta, força de salto e força de lançamento. Esses níveis de aproximação permitirão:
Desenvolver os aspectos, condicionais e co-
ordenativos
Alcançar estados de forma
Efeito específico Qualidade básica
Manual de handebol
62
Segundo nível – força dirigida
Permite melhorar o rendimento da ação téc- nico-táctica geral da capacidade.
Quadro 6.3 – Detalhes do segundo nível de trei- namento de força (força dirigida).
Tarefa: trabalho da carga Recursos do ambiente Instrumentos parecidos Lugares específicos Grupo estável Caracte- rísticas da contração muscular Contrações parecidas Grupos musculares prota-
gonistas da ação 0% de trabalho parecido Velocidades similares Aspectos de sobre- carga
Peso (kg) de acordo com as necessidades do gesto Colocação ajustada da C.G. Formas de contato adequadas Condições quantita- tivas do tempo Tentativas ajustadas às necessidades do esporte Pausas ajustadas ao sistema
de adaptação ao esporte Gesto: movimento e coordena- ção Variações na execução Diferenciação Amplitude Simetrização (bilateralidade) Combina- ção de mo- vimentos Sucessivos específicos Simultâneos específicos Alternativos específicos e não específicos Variações espaciais e temporais Equipamentos semelhantes Orientação preferencial (em
função da posição específica) Variações no ritmo de
execução (nos permite di- ferenciação e bilateralidade de uma vez)
Adaptação a um ritmo
Os exercícios dirigidos podem ser:
de ação indireta (somente combinam um
elemento coordenativo e um condicional);
de ação direta (combinam vários);
de situação parcializada (criamos uma situ-
ação que simula uma situação real de jogo).
Terceiro nível – força especial
Quadro 6.4 – Detalhes do terceiro nível de treina- mento de força (força especial)
Tarefa: trabalho com carga Recursos do ambiente Instrumentos desenhados Lugares específicos de prática Caracte- rísticas da contração muscular Contrações idênticas Grupos específicos Objetos idênticos reforçados Velocidade específica Aspectos de
sobrecarga
Peso (kg) de acordo com a qualidade específica Colocação da C.G. idêntica Contatos específicos Condições quantita- tivas do tempo Recuperação conjugando sistema e participação específica Gesto: movimento e coordenação Variações na execução Complexidade aumentada do nível 2 (força dirigida) Combina-
ção de mo- vimentos
Complexidade aumentada do nível 2 (força dirigida) Variações
espaciais e temporais
Variações rítmicas criativas Antecipação
Tarefas em estado de fatiga
Por acumulação de tarefas específicas ou não específicas Cansaço fisiológico
PreParação físIca aPlIcada aos esPortes coletIvos 63
Os exercícios especiais podem ser:
de variação espacial;
de controle tátil-cinestésico (relação entre
o tato e a cinestesia, aproveitando a força adversária para próprio benefício);
de hiperestimulação setorial (relação força-
-peso do instrumento).
Quarto nível – força de competição
É aquele que tem de desenvolver, por sua vez, o preparador físico e o treinador, já que se necessitam de componentes táticos.
Quadro 6.5 – Detalhes do quarto nível de treina- mento de força (força de competição)
Tarefa, carga, trabalho
Como os exercícios especiais, mas dificul- tando as condições do ambiente. Gesto:
Movimento coordenação
Iguais às do terceiro nível, incluindo-se: fadiga por excesso de informação, que se necessita para o jogo; dificuldade crescen- te mesclando dois ou três fatores por vez (combinação + tempo + espaço).
Os exercícios competitivos podem ser:
competitivos “especiais” (porque tem uma
sucessão de jogo que não se pode categori- zar nas três categorias de força);
de ação “diferencial” (possibilidade de tro-
car em maior ou menor rapidez os dese- nhos do jogo);
de supercomplexidade tática.
6.3.1.2 Aplicação prática do trabalho de força O quadro seguinte é um resumo dos distin- tos trabalhos que devem ser realizados para chegar aos níveis de aproximação das diferentes manifes- tações da força.
Quadro 6.6 – Detalhes dos distintos trabalhos de treinamento de força
Força Geral Dirigida Especial Competição
Lança- mento Pull over Variações de press Tríceps Munhecas Dedos Multilançamentos Estáticos-Dinâmicos Apoio-suspensão (2 kg + 2 mãos) Multilançamentos Estático-Dinâmico Apoio-Suspensão (2 mãos - 1 kg; 1 mão - 800 g) Lançamentos específicos Distância Velocidade Act. diferencial (400 g) Salto Variações do squat 1\2 squat + salto Pliometria Multissaltos Multissaltos
Encadeados + tarefas específicas Simultâneos + tarefas específicas
Lançamentos em suspensão Saltos, bloqueios sucessivos Modificação da trajetória Luta Arrancada Dois tempos Giros em desloca- mento Rosca Leves (-10 kg) Pesadas (-25 kg) Estático-dinâmico
Exercícios de simulação com sobrecarga (mais ou menos 8-10 kg de acordo com o peso dos jogadores 10%-15% p.c)
Jogo específico: Diferencia do princípio
defesa-ataque
Manual de handebol
64
Os que se encontram na parte final de
sua carreira esportiva eliminam o traba- lho de força geral e de competição, re- alizando um suporte de força dirigida e específica exclusivamente.