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CITY KIT E SIMPLE CITY

No documento Urbanismo entre pares: cidade e tecnopolítica (páginas 164-171)

URBANISMO ENTRE PARES

3.2 CATEGORIAS E EXEMPLOS

3.2.4 PRODUÇÃO DE MODELOS E SIMULAÇÕES

3.2.4.1 CITY KIT E SIMPLE CITY

Desenvolvido pelo escritório Hybrid Space Lab483 para o departamento de habitação de Hong Kong, o projeto tem como público-alvo jovens bastante familiarizados com jogos de computador, mas muito menos envolvidos com o contexto urbano. Uma interface de jogo permite que o usuário intervenha num modelo digital de seu bairro, incorporando equipamentos e serviços a partir da fragmentação do ambiente urbano em elementos simples, que podem ser facilmente copiados, colados e modificados, dando origem a novas configurações espaciais. Propõe-se criar uma ponte entre residentes e profissionais de planejamento, que se tornam mais conscientes dos anseios dos habitantes por meio de suas ações na plataforma.

Os idealizadores do jogo acreditam que a interação no espaço digital ajuda os participantes a desenvolverem uma nova percepção do ambiente físico e a se engajarem mais em sua organização, criando camadas informacionais imaginárias que intervêm na experiência da vida urbana. Por meio de

smartphones, etiquetas RFID ou sistemas de GPS, jogadores podem apontar o local exato da cidade

onde gostariam que as intervenções propostas fossem implementadas. O concurso CITY_KIT of the Day submete as ideias desenvolvidas aos usuários e residentes locais, permitindo que versões “analógicas” dos projetos vencedores sejam construídos.484 Dessa maneira, a interação lúdica possibilitada pelo jogo ajuda a disparar a constituição de microinstâncias de decisão e diálogo, mais distribuídas entre os moradores. Não fica claro, no entanto, em que medida essa dinâmica se converte em políticas públicas efetivas, nem por meio de quais intrumentos (caso isso de fato ocorra).

Um exemplo de desdobramento do CITY_KIT é o DIY Pavillion, apresentado na Bienal de Urbanismo e Arquitetura de Hong Kong e Shenzen de 2009-2010, posteriormente transferido para o Jockey Clube de Artes Criativas de Hong Kong. A estrutura modular e flexível do pavilhão, feita de placas triangulares de compensado, permite envolver os usuários na sua co-criação, construção e transformação. As placas podem ser desmontadas e remontadas em novas configurações, de acordo com as exigências do local e do uso escolhidos.485

                                                                                                               

483< http://hybridspacelab.net/>

484Fonte: <http://www.platform21.nl/page/241/en>. Acessso em 01 set. 2015.

Fig. 32– interface do CITY_KIT. Fonte:

Fig. 33– DIY Pavillion. Foto de Andy Tam. Fonte:< http://ecosistemaurbano.org/english/hybrid-cities-and-networked- participatory-design-systems-hybrid-space-lab/>. Acesso em: 01 set. 2015.

Fig. 34– DIY Pavillion. Foto do modelo de Julian Roeder. Fonte:< http://ecosistemaurbano.org/english/ hybrid-cities-and-networked-participatory-design-systems-hybrid-space-lab/>. Acesso em: 01 set. 2015.

3.2.4.2 STREETMIX

Não resta dúvidas sobre quanto a conformação das ruas das cidades e dos equipamentos que compõem seu contexto imediato (passeios, vegetação, bancos, marquises, lojas, bancas de jornal) desempenha um papel fundamental para a vitalidade do ambiente urbano e para o enriquecimento da escala humana.

A plataforma Streetmix486 ilustra como uma interface extremamente simples pode auxiliar na simulação de transformações no nível das ruas: parte-se de uma seção transversal típica de uma via – cuja largura e entorno são determinados pelo usuário –, à qual se pode acrescentar e remover elementos: faixas de circulação de veículos e de estacionamento, ciclovias, calçadas, árvores, mobiliário urbano, faixas de transporte público, etc. Com poucos cliques e de maneira intuitiva, é possível observar os impactos da incorporação de cada um desses componentes e imaginar as ruas pelas quais se deseja passar. A princípio, é possível gerar apenas a visualização gráfica das situações criadas, mas ajustes na plataforma (que tem código aberto), poderiam facilmente incluir aspectos orçamentários ou de uso do solo, dentre outros, possibilitando decisões melhor informadas sobre as alternativas de transformação viária.

Fig. 35– Simulação produzida com a plataforma Streetmix. Fonte: <http://streetmix.net>.

Observa-se a ausência de mecanismos de interação que possibilitariam a construção de modelos por vários usuários, simultaneamente, o que também poderia ser incorporado como um recurso valioso. No entanto, o blog streetmixology,487 espaço onde os desenvolvedores da plataforma reúnem registros

                                                                                                               

486 Disponível em: <http://streetmix.net/> 487<http://blog.streetmix.net>

de sua aplicação em diferentes contextos, aponta vários casos em que simulações produzidas por usuários foram utilizadas como dispositivos para fomentar o diálogo e orientar a tomada de decisões a respeito de situações reais. Foram identificados modelos postados em outros blogs propondo ciclovias protegidas em uma rua de San Francisco, nos EUA; sugerindo o estreitamento das pistas de uma rodovia em New Jersey, EUA para abrigar calçadas e ciclistas; contestando a decisão do governo local sobre uma via de Washington, EUA, que suprimia uma ciclovia a favor de mais espaço de estacionamento, e dai por diante.488 Em todas as postagens há várias respostas de visitantes e bastante controvérsia, demonstrando a eficácia do Streetmix para incentivar a discussão acerca de assuntos urbanos. Curiosamente, percebe-se que a ferramenta foi largamente adotada por adeptos do transporte cicloviário, que encontraram nela uma maneira simples de criar visualizações de alternativas para ruas mais amigáveis às bicicletas.

                                                                                                               

488 Ver: <http://urbanlifesigns.blogspot.com.br/2013/08/in-polk-street-world-with-protected.html>; <http://blog.tstc.org/2013/08/09/what-route-35-could- look-like-if-njdot-followed-its-own-complete-streets-policy/>; <http://greatergreaterwashington.org/post/19885/why-ddot-chose-no-cycletrack-for-one- block-of-m-street/>. Acesso em: 01, set. 2015.

Fig. 36– Entrada do blog Urban Life Signs. Fonte:<http://urbanlifesigns.blogspot.com.br/2013/08/in-polk-street- world-with-protected.html>. Acesso em: 01 set. 2015.

Fig. 37 – Entrada do blog Mobilizing the Region. Fonte: < http://blog.tstc.org/2013/08/09/what-route-35-could-look- like-if-njdot-followed-its-own-complete-streets-policy/>. Acesso em: 01 set. 2015.

No documento Urbanismo entre pares: cidade e tecnopolítica (páginas 164-171)