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6. RESULTADOS DOS ESTUDOS EMPÍRICOS: ESPECIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO

6.1. RESULTADOS DOS ESTUDOS QUALITATIVOS

6.1.2. CONCLUSÕES DA ANÁLISE QUALITATIVA

Este estudo partiu da constatação de que o Setor de Telecomunicações no Brasil sofreu modificações estruturais na década de 90. Mas as mudanças continuam a ocorrer, sendo, entretanto, mais recentemente, impulsionadas pela forte evolução tecnológica que o Setor está vivendo. A geração de novos conhecimentos está trazendo oportunidades de inovações tecnológicas que deixam o mercado em constante transformação. O Setor parece estar ainda longe de atingir a estabilização; ao contrário, as empresas introduzem constantemente inovações que obrigam os concorrentes a reagirem prontamente, para manterem suas posições de mercado. O Governo, por meio da Agência Reguladora e do Ministério das Comunicações, parece correr para se manter atualizado, criando normas necessárias para disciplinar o mercado em constante mutação, estimular a competição e oferecer melhores condições à população consumidora. O estudo empírico evidenciou que as inovações tecnológicas permitem que as empresas busquem vantagens competitivas sustentáveis, como forma de manterem suas posições no mercado. Mas, para que essas vantagens sejam conquistadas pelas empresas participantes do Setor, é necessário que os consumidores percebam que os novos serviços convergentes oferecidos pelas operadoras e que os novos aparelhos oferecidos pelos fabricantes apresentam significativo valor agregado. Essa percepção de valor é criada pela convergência digital e por alguns outros fatores ambientais, principalmente os fatores

econômicos, culturais e sociais. A geração de vantagens competitivas sustentáveis é ainda influenciada pelas estratégias empresariais aplicadas pelas operadoras e pelos fabricantes de aparelhos, que buscam constantemente diversificar e reduzir custos, para oferecer novos produtos e serviços a preços sucessivamente inferiores.

Concluída a Análise de Conteúdo, em suas diversas etapas, foi verificar que os objetivos específicos propostos no início do estudo foram atingidos em sua plenitude, como comentários que se seguem.

O primeiro objetivo específico era o de identificar como os agentes usam a inovação tecnológica para desenvolver a convergência digital. O conteúdo das categorias C11 (Digitalização do Conteúdo), C12 (Velocidade de Comunicação) e C16 (Volume de Informação) mostra que, efetivamente, os agentes procuram a convergência digital aplicando inovações tecnológicas A digitalização do conteúdo da comunicação, que é uma aplicação imediata da inovação tecnológica, tem possibilitado que som, texto e imagem possam ser transmitidos através dos canais de um mesmo comunicação, o protocolo IP usando o aparelho celular. A velocidade de comunicação é outra manifestação da inovação tecnológica que viabiliza a convergência digital, como uso crescente da banda larga na Internet e nas aplicações recente em aparelhos celulares. As inovações tecnológicas tornam obsoletos os aparelhos celulares com muita rapidez, pois novas funções são agregadas a eles, ampliando suas possibilidades de uso, extrapolando em grande monta suas funções primordiais de transmissão de voz.

Identificar os aspectos da inovação tecnológica que contribuem para que os consumidores percebam que os produtos e serviços inovadores têm valor agregado era o segundo objetivo específico. Duas categorias contribuíram para que este objetivo fosse atingido: C13. (Volume de Informação) e C14. (Qualidade da Comunicação) - O grande volume de informações que podem ser transmitidas através das redes atuais leva o consumidor a notar que os avanços tecnológicos estão permitindo que as comunicações facilitem sua vida e passem a ter maior importância na satisfação de suas necessidades. A significativa melhoria na qualidade e na velocidade de transmissão de informações através das redes, sem prejuízo do conteúdo e dos detalhes, viabilizada pelos avanços tecnológicos contribui efetivamente para aumentar o nível de satisfação dos usuários.

A identificação do modo com que a convergência digital gera a percepção pelos consumidores de valor agregado nos produtos e serviços inovadores, que constituiu o terceiro objetivo específico pode ser satisfeito por meio de três categorias: C21. (Convergência de Empresas), C22. (Convergência Tecnológica) e C23. (Convergência de Serviços). A

convergência tecnológica, resultante da unificação das bases de comunicação garante a conectividade, a mobilidade e economias de escalas. A convergência de empresas leva a movimentos de fusões e aquisições de empresas, que buscam melhorar suas condições competitivas através da oferta ao mercado de serviços convergentes, resultado das inovações tecnológicas. A convergência de serviços de telecomunicações, ou seja, com os diferentes serviços de comunicação oferecidos por um mesmo contrato de fornecimento que o usuário pode usar um mesmo aparelho, o celular, para acessar de uma mesma plataforma de comunicação, voz, imagem e dados. Assim o consumidor pode notar que a convergência digital permite que ele consuma serviços de valor ampliado, que contribuem para que a ampliar a satisfação de suas necessidades.

O quarto objetivo específico tratou da identificação da atuação reguladora do Governo, incentivando a inovação tecnológica e contribuindo para o processo que leva os agentes à busca de vantagens competitivas. As justificativas para tal podem ser encontradas nas categorias C31. (Regulação de Mercado), C32. (Legislação Governamental), C41. (Universalização de Serviços) e C42. (Inclusão Digital). Foi evidenciado o papel exercido pela Agência Reguladora em busca da competitividade entre fornecedores e dos direitos dos consumidores. Foi também encontrada a preocupação do Ministério das Comunicações em relação aos temas relacionados com a legislação específica que define o funcionamento do setor, da estrutura de mercado, das concessões do Governo e que devem traduzir também as políticas de longo prazo do Governo. Os temas relacionados com Políticas Públicas, que objetivem a universalização dos serviços de telecomunicação e que tenham como objetivo ampliar o uso de equipamentos de informática (computadores, Internet, etc.) em todas as camadas da população têm influência forte sobre a busca de vantagens competitivas pelas operadoras e pelos fabricantes de aparelhos celulares.

Identificar como os fatores econômico, sociais e culturais estão influenciando a inovação tecnológica e assim contribuindo para o processo que leva os agentes à busca de vantagens competitivas foi o quinto objetivo , satisfeito pelo conteúdo encontrado nas categorias C51. (Evolução Social do Consumidor), C52. (Evolução Cultural do Consumidor), C61. (Poder Aquisitivo do Consumidor) e C62. (Capitalização das Empresas de Telecom). A evolução social do consumidor, manifestadas através de maior bem estar, maior conforto, maior tempo para diversão e laser, maiores padrões de higiene e saúde, etc. contribui para que os agentes encontrem vantagens competitivas sustentáveis. Da mesma forma, a evolução cultural do consumidor, manifestada pelo maior interesse por cultura, por informações de modo geral, como maior consumo de livros, jornais, revistas, uso de bibliotecas, etc. contribui

para que os agentes encontrem vantagens competitivas sustentáveis. A evolução do poder aquisitivo do consumidor e de sua capacidade de consumir serviços de comunicações representa também fator decisivo para a busca de vantagens competitivas, apesar de as operadoras de celular trabalharem no Brasil com um dos índices de receita por usuário mais baixos do mundo. Entretanto, algumas restrições parecem existir em relação a temas financeiros, principalmente os relacionados com o volume financeiro aplicado pelas empresas no setor de Telecom e de suas expectativas de retorno.

O último objetivo específico foi o de identificar de que forma os agentes podem gerar vantagens competitivas a partir da convergência digital e da percepção pelos consumidores de valor agregado aos produtos e serviços inovadores. As respostas foram encontradas no conteúdo de várias categorias: C15. (Conforto do Cliente), C71. (Valor Atribuído pelo Consumidor aos Serviços Convergentes), C72. (Disposição do Consumidor em Adquirir Serviços Convergentes), C81. (Estratégia de Introdução de Novos Usos), C82. (Estratégia de Customização em Massa) e C91. (Competitividade e Vantagens Competitivas). O conteúdo destas categorias trata de temas relacionados com o valor percebido pelos consumidores de produtos e serviços de telecomunicações, englobando itens como praticidade, conveniência, esforço físico, abrangência geográfica, pequeno sacrifício orçamentário, etc. e da sua percepção da importância para satisfação de suas necessidades. Tratar ainda de temas relativos à disposição que o consumidor manifesta em consumir os serviços convergentes que ele encontra no mercado, de acordo com a sua percepção do valor agregado aos serviços oferecidos. Esses assuntos fazem parte de temas relativos a estratégias de diversificação de usos de produtos e serviços (novos usos para produtos e serviços atuais), visando atender às necessidades dos consumidores de maneira diferenciada e individual, através de processos inovadores (novos produtos, novos usos). Mostram ainda que a atribuição de valor pelo consumidor deve estar relacionada com características desenvolvidas pelas empresas para enfrentar situações competitivas existentes no mercado, criadas por decisões de regulamentação e de estruturação do modelo setorial, típicos de uma economia de mercado, que permitem a busca de vantagens competitivas sustentáveis.

Em suma, as empresas participantes do Setor, sejam operadoras ou fabricantes de aparelhos celulares, fazem uso das inovações tecnológicas para criar serviços convergentes, que devem ser valorizados pelos consumidores, permitindo assim às empresas conquistarem vantagens competitivas. Estas vantagens se tornam sustentáveis na medida em que operadoras e fabricantes conseguem manter ativo o ciclo inovador.