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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.1. O PROBLEMA E OS OBJETIVOS DE PESQUISA

A destruição criativa, na análise schumpeteriana do desenvolvimento do capitalismo (SCHUMPETER, 1942), parece ter revolucionado a Indústria de Telecomunicações brasileira a partir de seu interior, destruindo uma estrutura que, no passado, fora razoavelmente bem sucedida e criando uma nova estrutura, que ainda não é bem conhecida e merece ser estudada em mais profundidade. A nova estrutura traz em seu bojo novos modelos de negócios para as empresas participantes, baseados na liberalização do mercado, o que permitiu que a competição passasse a determinar as relações entre as empresas e entre elas e seus consumidores. Galina (2003) relata que as prestadoras de serviços, muitas vezes se confundem com as operadoras de redes ou são empresas de setores contíguos que diversificaram suas atividades, como os provedores de acesso à Internet, as empresas de TV aberta ou por assinatura e mesmo editoras de jornais e de revistas. Assim, as operadoras de telefonia de longa distância passam a atuar como fornecedores de seus próprios concorrentes. Entre as novas possibilidades de modelos de negócio, a inovação, que já tinha papel preponderante nas atividades das empresas da Antiga Indústria de Telecomunicações, segundo a mesma autora, parece ter sua importância ampliada. As inovações tecnológicas continuam sendo desenvolvidas em grande parte nas matrizes das empresas multinacionais, fabricantes de equipamentos para telecomunicações e trazidas para suas filiais brasileiras. Stern (2006) afirmou que as inovações tecnológicas trazidas do exterior ao Brasil pelas subsidiárias das grandes fabricantes de equipamentos e pelas operadoras de serviços de telecomunicações estão revolucionando as estruturas vigentes no Brasil. Entretanto, nas

publicações acadêmicas disponíveis, apesar de evidenciarem a existência da relação causal entre a inovação tecnológica e as vantagens competitivas sustentáveis, ainda não foi suficientemente estudada de que forma as empresas usam a inovação tecnológica de modo a gerar vantagens competitivas e sustentá-las no tempo. Por isso, neste estudo, procurou-se responder ao seguinte problema de pesquisa:

Como a inovação tecnológica leva as empresas do Setor de Telefonia Celular no Brasil à obtenção de vantagens competitivas sustentáveis?

Santos e Parra (1998) definem que o objetivo geral deve ser o ponto central do trabalho, sendo que, dentro de uma idéia geral, devem-se ressaltar idéias específicas a serem desenvolvidas. O objetivo geral desta pesquisa é o de identificar e validar um Modelo que evidencie como se processa a relação entre a inovação tecnológica aplicada pelos agentes do Setor de Telefonia Celular no Brasil e a conquista e manutenção de vantagens competitivas. Deve-se entender como sendo os “agentes” do Setor de Telefonia Celular as empresas fabricantes de aparelhos celulares e as operadoras de serviços de comunicação celular. Apesar de o foco da pesquisa estar voltado para a telefonia celular móvel, não se pode perder de vista sua inserção na Indústria de Telecomunicações e da interveniência da convergência digital, que é um processo amplo, abrangente e que permeia toda a Indústria e que, portanto, podem envolver outros agentes, como distribuidoras de serviços de TV paga, de Internet, produtoras de conteúdo (audio, video e dados), além das próprias agências governamentais reguladoras.

Para que o objetivo geral fosse atingido, os objetivos específicos foram buscados: (1) Identificar como os agentes usam a inovação tecnológica para desenvolver a

convergência digital.

(2) Identificar que aspectos da inovação tecnológica contribuem para que os consumidores percebam que os produtos e serviços inovadores têm valor agregado. (3) Identificar de que modo a convergência digital pode gerar a percepção pelos

consumidores de valor agregado nos produtos e serviços inovadores.

(4) Identificar como a atuação reguladora do Governo está incentivando a inovação tecnológica e assim contribuindo para o processo que leva os agentes à busca de vantagens competitivas.

(5) Identificar como os fatores econômicos, sociais e culturais estão influenciando a inovação tecnológica e assim contribuem para o processo que leva os agentes à busca de vantagens competitivas.

(6) Identificar de que forma os agentes podem gerar vantagens competitivas a partir da convergência digital e da percepção pelos consumidores de valor agregado aos produtos e serviços inovadores.

Deve-se ressaltar que os objetivos (1), (2), (3) e (6) relacionam-se a fatores endógenos ao Modelo e que os objetivos (4) e (5) relacionam-se a fatores exógenos ao Modelo, mas integram as relações consideradas no Modelo, pois contribuírem diretamente para o objetivo geral da pesquisa e, portanto serão considerados na sua constituição.

Para que os objetivos fossem atingidos, foi realizada uma pesquisa descritiva pesquisa, desenvolvida em duas fases: a primeira, de natureza qualitativa, em que o modelo foi especificado a partir de informações colhidas junto a especialistas do Setor; a segunda fase, de natureza quantitativa, em que o modelo foi validado do ponto de vista estatístico, a partir de dados colhidos junto aos consumidores.

Segundo Richardson (1999), os dois métodos para a elaboração do trabalho de pesquisa, o qualitativo e quantitativo, diferenciam-se principalmente pela forma de abordar o problema. Para a primeira fase, a opção por uma metodologia qualitativa foi baseada na afirmação de Godoy (1995a, p. 63): “Quando o estudo de caráter descritivo que se busca é o entendimento do fenômeno como um todo, na sua complexidade, é possível que uma análise qualitativa seja a mais indicada”. A aplicação de um método qualitativo justifica-se, ainda segundo Godoy (1995b. p. 21), pois “através dele, pode-se compreender melhor o fenômeno no contexto em que ele ocorre e do qual ele é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada”. O objetivo da pesquisa qualitativa, segundo Maykut & Morehouse (1994) é descobrir padrões que emergem de observações cuidadosas e de análises profundas dos assuntos pesquisados. Pádua (1996) relata que toda atividade voltada para a solução de problemas (atividades de busca, indagação, investigação) permite, no campo da ciência, elaborar um conhecimento ou um conjunto de conhecimentos, que auxilie na compreensão desta realidade e que oriente as ações a serem tomadas.

A aplicação da pesquisa de natureza quantitativa, na segunda fase, justifica-se para validar as relações identificadas entre as variáveis contidas no enunciado do problema de pesquisa, a inovação tecnológica e a geração de vantagens competitivas sustentáveis, bem como das eventuais variáveis intervenientes também identificadas no estudo qualitativo. Chizzotti (1995) destaca que as pesquisas quantitativas nas quais, os dados são obtidos de um grande número de respondentes, têm como objetivo a mensuração de variáveis pré- estabelecidas, objetivando a verificação e explicação de sua influência sobre as outras variáveis mediante a análise de incidências e de cálculos estatísticos. Assim, pelo estudo

quantitativo pretende-se quantificar opiniões e dados, nas formas de coletas de informações, bem como, o emprego de recursos e técnicas estatísticas a partir das mais simples, como percentagem, média, desvio padrão, até as de uso mais complexo, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc. (OLIVEIRA, 1999).