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LIÇÃO 9 Frase e motivo musical

2.2.6 Definição da turma

Depois de avaliarmos as condições em que o curso funcionaria, decidimos trabalhar com uma turma de seis alunos na Oficina de Violão a Distância. A primeira razão para isso é que, com base em testes prévios que realizamos, percebemos que poderíamos formar turmas de até seis alunos, pois essa era a quantidade máxima de pessoas – devidamente sentadas e segurando o violão – que a filmadora da sala de vídeo conferência do CEFET permitia filmar ao mesmo tempo. De fato, essa foi uma decisão que visou à otimização do espaço e dos recursos e condições. Por outro lado, sabíamos que trabalhar com essa quantidade de alunos seria um desafio, pois na própria Oficina de Violão da UFBA o número máximo de alunos por turma, atualmente, é de cinco alunos, sendo que quatro é a quantidade mais comum e considerada ideal.

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Os alunos assinaram um termo de compromisso, no qual se dispunham a participar do curso até o seu término. Explicou-se a eles que o termo não tinha valor jurídico, mas moral, pois era a palavra deles de que se dedicariam às atividades do curso.

Todos os selecionados para a Oficina de Violão a Distância participaram das duas rodadas de entrevista mencionadas há pouco, com exceção de Erico, que só foi entrevistado na segunda ocasião. Todos os selecionados eram alunos do segundo ano do curso técnico em Informática. Apresentamos, a seguir, um perfil detalhado de cada estudante selecionado para o curso, com o propósito de esclarecer ao leitor sobre as experiências musicais prévias e o nível de conhecimentos musicais de cada um deles antes do início do curso.

a) Teófilo

Na primeira entrevista, disse que seu primeiro contato com o violão tinha acontecido havia pouco mais de um ano. Aprendeu os primeiros acordes com uma prima, que era a dona do violão em que estudava. Afirmou que costumava trocar experiências com os colegas de turma do CEFET. Não possuía violão18, mas estudava com o da prima. Nunca estudou em escola ou com professor porque acreditava que era melhor desenvolver um pouco mais antes disso. Conhecia algumas cifras de acordes maiores e menores, e já havia tentado tocar por revistas de cifras. Também tentava tocar dedilhando, mas sentia muita dificuldade. Não destacou nenhum grupo ou cantor de que gostasse. Apenas disse que gostava de muitos tipos de música. Na parte final da entrevista, tocou uma seqüência de 4 acordes C, Am, F, G, com pestanas nas duas últimas posições. Tocou com batida simples, com bastante dificuldade técnica: Movimentos com o pulso rígido e atacando cordas indevidas em determinados acordes. Por outro lado, demonstrou muita facilidade na transição de acordes.

Na segunda entrevista, disse ter continuado tocando esporadicamente e que havia evoluído um pouco desde a última conversa que tivemos. Assumiu o compromisso de estudar diariamente. Relatou que tinha computador e conexão banda larga em casa, e

18 Apesar de não possuir violão, Teófilo garantiu que o violão de sua prima estava disponível para que ele

que acessava à Internet diariamente. Também possuía TV e DVD player; participava de uma lista de discussão, de chats (via MSN e Skype), mas nunca participara de uma vídeo conferência. Ao final da entrevista, tocou duas seqüências de acordes sem cantar. A primeira foi da música “Que país é esse?”, do Grupo Legião Urbana, com uma batida simples, mas com técnica razoável, pois apesar de os baixos de cada acorde não terem saído de maneira muito nítida, pelo menos não deixava soar outros baixos. Depois tocou uma seqüência de acordes – I, IV, V – com uma batida de Rock. Tratava-se de um trecho parecido com uma seqüência do Grupo Nirvana, bastante conhecida e executada por iniciantes em violão.

b) Clara

Na primeira entrevista, contou que começara a estudar com um primo, cerca de um ano antes. Com ele, aprendeu a ler notas na partitura e algumas posições: C, D, Em. Depois de alguns meses, começou a estudar com o prof. Giann, no CEFET. Relatou que, com o professor, aprendeu a dedilhar um pouco, viu conceitos básicos, como os de harmonia e melodia, aprendeu diferentes posições para sentar, além de ter continuado a estudar partitura. Destacou que já sabia identificar notas no pentagrama. Disse que já conhecia cifras para acordes maiores e menores e tocava acordes com meia-pestana. Sua preferência musical era por bandas e músicos como Kid Abelha, Ana Carolina, Pink e outros que tocavam nos estilos Pop Rock e New Age. Na parte final, tocou a seqüência: Em, D, G, A, C. Apresentou dificuldade razoável para trocar os acordes.

Na segunda entrevista, relatou que não vinha estudando regularmente porque teve que se submeter a uma cirurgia para retirada de um cisto no pulso. O cisto havia voltado a aparecer, mas pelo menos não doía. Contou que já havia marcado para fazer outra cirurgia para retirar o cisto no final do ano. Mesmo apresentando esse problema, insistiu em participar do curso, tendo assumido o compromisso de cumprir todas as tarefas

recomendadas. Afirmou que possuía computador e conexão a rádio, costumando acessar a Internet diariamente. Também possuía TV e DVD player. Participava de fóruns de discussão e chats, via MSN, mas nunca participara de uma vídeo conferência. Tocou uma seqüência com os acordes de D, A e Em, acompanhando com uma levada bem simples, mas mesmo assim parou algumas vezes. Não fazia o balanço do braço, o que tornava a levada muito mecânica, sem swing. Apesar de também apresentar dificuldade considerável, tocou alguns acordes com pestana.

Por fim, é bom relatarmos que, diante do quadro descrito, essa era uma aluna que sabíamos, de antemão, que precisaria estudar bastante para acompanhar bem o curso. Um detalhe a ser realçado é que o prof. Giann deu a palavra decisiva para que selecionássemos essa aluna. Como ele já a conhecia e ela havia demonstrado, em situações anteriores, ser muito responsável e interessada, ele pediu que déssemos crédito e aceitássemos Clara no curso a distância.

c) Tayrone

Na primeira entrevista, afirmou que começara a estudar havia cerca de cinco meses, com um amigo do CEFET. Também pontuou que estudava e trocava experiências com os colegas de sala e que nunca pensara em procurar uma escola de música. Já sabia tocar acordes maiores e menores, “sustenidos”, e alguns com 7ª e 9ª. Disse que gostava de aprender com o auxílio dos acordes desenhados no braço do violão, mas não conhecia muitas cifras. Tocava pestanas e “tentava” tocar dedilhado, mas, segundo ele, “o problema era inventar”. Comentou que gostava principalmente de Pop Rock e Rock. Citou somente o grupo Legião Urbana. Tocou e cantou “Exagerado”, de Cazuza, em G. Apesar de ter cantado bastante desafinado, demonstrou segurança em termos rítmicos, tanto na melodia como no acompanhamento. No entanto, a batida foi tecnicamente problemática: Muitos

movimentos na mesma direção e com a gema do polegar. No dedilhado que fez, demonstrou muita rigidez na mão e nos dedos.

Na segunda entrevista, relatou que vinha estudando e aprendera acordes e dedilhados “novos”. Reafirmou o compromisso em participar do curso cumprindo as tarefas recomendadas. Contou que possuía computador e conexão banda larga, costumando acessar a Internet diariamente. Também tinha TV e DVD player. Nunca participara de um fórum de discussão, mas já havia conversado por chat. Nunca tivera a experiência de participar de uma vídeo conferência. No momento final da entrevista, tocou três músicas, sendo que cantou a primeira e a terceira. Cantou bastante desafinado, mas sempre no ritmo. A primeira música foi feita com uma batida simples, e tinha uma seqüência que incluía acordes com pestana e até um acorde diminuto (A#º). A segunda música foi feita com um dedilhado simples, com toques sucessivos. A seqüência também tinha pestanas (Bm, C#m, F#m). A mão direita estava um pouco rígida, mas pelo menos não mexia muito. Por outro lado, apresentava séria dificuldade em tocar com o polegar da mão direita. A terceira música executada foi, novamente, “Exagerado”, de Cazuza, que ele já havia tocado na entrevista anterior. Só tocou e cantou o trecho inicial.

d) Giovanna

Na primeira entrevista, informou que havia começado a tocar cerca de sete a oito meses antes, por interesse próprio, para ajudar na igreja que freqüentava. Várias pessoas a ajudaram, inclusive no CEFET. Mas ela destacou que estudou mais por conta própria mesmo. Contou que sabia tocar acordes maiores e menores, conhecia inclusive as cifras, e que aprendera um dedilhado. Conhecia outras posições de acordes, mas não sabia o nome nem as cifras. Tocava acordes com pestana. Definiu o seu tipo de música predileta como “música agitada”. Citou alguns grupos de que gostava: Legião Urbana, Papas na Língua, Mamonas Assassinas. Segundo ela, esses nem são realmente os grupos que

prefere, mas suas músicas eram mais fáceis, já que “música lenta é mais difícil”. Ao término da entrevista, tocou a música “Eu sei”, do grupo “Papas na Língua”. Apresentou dificuldade razoável para fazer algumas transições de acorde, mas conseguiu tocar a música inteira.

Na segunda entrevista, contou que não vinha tocando ultimamente, mas afirmou o seu compromisso em participar da Oficina de Violão a Distância estudando diariamente, de acordo com as orientações do material didático e dos professores. Relatou que tinha computador e conexão discada, costumando acessar a Internet diariamente. Também possuía TV e DVD player. Já havia feito parte de fóruns de discussão e participado de chats, via MSN, mas nunca tivera experiência com vídeo conferência. Para finalizar a entrevista, tocou a seqüência G, D, Em e C, primeiro com uma batida e depois com um dedilhado. A batida era simples, mas foi feita com desenvoltura, um balanço adequado da mão e do braço direito e, apesar de ter tocado muito timidamente, a ponto de não se escutar muitos detalhes, pareceu ter batido sempre nos baixos devidos. Já o dedilhado foi muito problemático: Muito movimento com a mão, dedos esticados demais e toques com repetição de dedo. Depois, ainda tocou alguns acordes com pestana (Bm, F#m, F e G), tarefa que realizou sem maiores dificuldades.

e) Emanuel

À época da primeira entrevista, contou que começara a estudar violão fazia mais ou menos um ano, e que o interesse havia sido despertado por influência dos colegas do CEFET. Começou a tocar sozinho pelo incentivo desses colegas, aprendendo em revistas de cifras. Depois de algum tempo, aproximadamente um mês, procurou o prof. Giann para se aprimorar. Disse que havia aprendido acordes (cifras), dedilhados, e também estudara um pouco de notação. Segundo ele, conseguia ler as notas no pentagrama, mas não sabia como tocar no violão. Permaneceu por volta de dois meses no curso de Giann.

Afirmou que conhecia cifras de acordes maiores e menores e algumas outras – “acordes de 7ª, de 4ª e inversões”. Destacou que gostava muito de Rock. Citou os grupos Scorpions e Catedral. Tocou uma música do grupo “Oficina G3”, uma banda de música Gospel. Apresentou boa postura, tocou com dedilhado e batida bem articulados, e utilizou bastante acordes com pestana. Demonstrou desenvolvimento técnico e musical bem superior aos colegas entrevistados nesse dia.

Na segunda entrevista, relatou que vinha estudando teoria e harmonia (campo harmônico), além de estar atuando como violonista numa banda da igreja que freqüentava. Assumiu o compromisso de participar do curso ativamente, estudando todos os dias e seguindo as orientações dos professores. Contou que tinha computador em casa, mas não possuía conexão com a Internet. No entanto, costumava acessar, em média, quatro vezes por semana. Tinha, também, TV e DVD player. Contou que já havia conversado em chats, via MSN, mas que nunca participara de uma vídeo conferência. Tocou três músicas, a primeira com batida e as outras duas com dedilhado. A primeira era a música “Tempo”, do grupo Oficina G3, a mesma que tocara na entrevista anterior. Não cantou essa música, mas tocou com bastante segurança. A segunda, em dó maior, uma seqüência com baixos descendentes. O dedilhado não foi feito com muita nitidez e nem regularidade, mas a mão direita (inclusive o polegar) estava razoavelmente colocada e estável durante a execução. Na terceira música, ele esboçou tocar uma melodia junto com os acordes, mas com muitos problemas: Notas fora da escala, notas “sujas”19, dedilhado confuso. Parecia estar tocando de improviso.

f) Erico

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Denominam-se de notas sujas aquelas que o violonista não consegue, por algum motivo, executar com nitidez. No caso de Emanuel, o problema maior estava na técnica de mão direita: Como seu dedilhado não era preciso, muitas notas não eram devidamente tocadas.

Esse foi o único candidato selecionado a quem entrevistamos apenas uma vez. Como ele não havia sido entrevistado na ocasião anterior, foram feitas as perguntas daquela primeira entrevista. Relatou que tinha tido o primeiro contato com o violão havia cerca de três anos, mas que havia começado a estudar “mais sério” cerca de um ano antes. Nunca estudara violão com algum professor. Já conhecia bem as cifras de acordes maiores e menores, inclusive com 7ª, e tinha boa noção de campo harmônico (citou Dó maior e Ré maior sem dificuldade). Disse que gostava de Rock e Blues. Citou a banda Gun‟s and Roses. Quanto às perguntas da segunda entrevista, afirmou o compromisso de participar do curso estudando diariamente. Disse que possuía computador, mas não tinha acesso a Internet em casa. No entanto, costumava acessar a Internet, em média, três vezes por semana. Possuía TV e DVD. Nunca participara de lista de discussão, nem de chat ou vídeo conferência.

Na parte final da entrevista, começou tocando uma seqüência com uma levada razoavelmente complexa (E, C#m, A, B7), mas desistiu quando não lembrou de um acorde. Em seguida, começou a tocar uma seqüência em C, primeiro fazendo um dedilhado com toques simultâneos. Apresentou dificuldades na técnica de polegar da mão direita. Depois, começou a fazer uma batida sobre essa mesma seqüência. Tocou acordes com pestana sem dificuldade (F e G). Por fim, tocou uma outra música – que eu não conhecia – e também cantou, razoavelmente afinado. Essa música estava em D e também tinha acorde com pestana (Bm). Não terminou de executá-la porque trocou um acorde e não conseguiu lembrar qual seria o correto.