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Desenvolvimento da capacidade de liderança

Capítulo 3 Colaboração e Liderança em contextos escolares

3.1. Colaboração em contextos escolares

3.2.4 Desenvolvimento da capacidade de liderança

Liderar a escola como espaço de qualidade e de valores plurais implica dar ênfase a fatores de estabilidade, de coesão e identidade de grupos e da própria escola. Permitir e promover o desenvolvimento do trabalho de pequenas lideranças através de projetos é uma forma de promover a mudança educacional e encontrar caminhos para solucionar os problemas das escolas, em particular, das práticas dos professores, que se reflete, necessariamente, na qualidade das aprendizagens dos alunos (Sanches, 1996).

Nas escolas e outras instituições educativas quanto maior for o número de pessoas a assumir papéis de liderança melhor, porque aumentam o seu sentimento de compromisso e de responsabilidade que levam a uma melhoria da qualidade na sua atividade (Bryman, 1996; Krainer & Peter-Koop, 2003, Sergiovanni, 2004). Para isso, torna-se necessário desenvolver a capacidade de liderança dos diferentes atores educativos. Porém, como indicam Horsley, Hewson, Love e Stiles (1998), o desenvolvimento da capacidade de liderança é mais complexo do que uma simples melhoraria da prática profissional de um professor. Estes autores apresentam um

conjunto de cinco dimensões que representam os objetivos a atingir no desenvolvimento de líderes:

 Colaboração e voz: líderes eficazes adotam uma definição ampla de comunidade e convidam todos os seus membros a contribuir para ajudar os mais novos a estabelecer padrões elevados. Os líderes escutam e desenvolvem planos que refletem a influência de uma variedade de indivíduos, procurando sempre uma participação abrangente nos aspetos mais importantes da mudança.

 Visão e valores: os líderes ativos estão empenhados no “sonho” do sucesso estudantil gerado pela comunidade. Eles são cuidadosos ao aplicar esses valores e visão em todas as decisões que são tomadas.  Conhecimento e audácia: uma liderança eficaz desenvolve bases de

conhecimento e recursos humanos, aumentando a capacidade do indivíduo e encorajando-o a correr riscos.

 Sensatez e persistência: os verdadeiros líderes conhecem o sistema e sabem trabalhar com ele e à volta dele. Eles podem encontrar resistências mas eventualmente descobrem maneiras de conseguir cooperação. Eles gerem bem e mantêm uma rede de trabalho de apoiantes com quem podem contar

 Qualidades pessoais: os líderes eficazes possuem um apurado sentido de humor e recorrem a uma linguagem que demonstra a sua compreensão, valorização e inclusão de outros. (p. 201)

A escola, enquanto estrutura organizacional, pode ajudar a promover o desenvolvimento desta cultura de aprendizagem profissional e consequente aplicação da mesma. Para isso, considera-se importante que a escola tenha uma visão e uma postura de apoio à realização de ações de formação, assumindo a liderança formal das mesmas. Além disso, a direção da escola deve ter conhecimento e capacidade para acompanhar as reformas curriculares em Matemática, proporcionando no horário dos professores espaço para que estes se reúnam, partilhem e reflitam sobre as suas práticas. E, finalmente, a escola deve contar com o apoio externo de instituições de formação inicial ou contínua de professores, e os professores, os delegados grupo ou coordenadores de departamento devem assumir papéis de formadores, orientadores ou mentores (Horsley et al., 1998).

Os resultados da investigação realizada por Law (1999) indicam que, as escolas que operam efetivamente o desenvolvimento profissional são as que, frequentemente, utilizam cinco elementos organizacionais fundamentais, de forma a gerir uma segura e sustentada cultura de desenvolvimento profissional. Os elementos chave compreendem a gestão efetiva de informação e comunicação fluida. Além disso, uma cultura que

possibilite o desenvolvimento de processos de planificação abertos e partilhados, promovendo a operacionalização de procedimentos claros e de recursos fixos focando alvos e objetivos. E, finalmente, ter capacidade para definir uma estratégia clara de avaliação que serve de suporte ao desenvolvimento e revisão, em ligação com o desenvolvimento de oportunidades de um trabalho articulado como elemento facilitador do suporte mútuo e de reflexão.

Segundo Horsley et al. (1998), num projeto de formação quem toma as decisões pode ser um líder formal ou informal, tal como o orientador de estágio, o diretor da escola, delegados de grupo, o professor ou investigador. Este processo requer uma atenção explícita, expectativas claras e recursos, como tempo e perícia. É neste sentido, que, o papel de um professor líder de um programa de desenvolvimento profissional inclui vários domínios. Um, com o objetivo de desenvolver o professor, durante os programas de desenvolvimento profissional, procurando que estes participem ativamente, conduzindo apresentações ou workshops de novas práticas, para outros professores poderem aprender. Por outro lado, assumam papel do formador ou apresentador de diferentes tipos de grupos de trabalho, planeando e iniciando o desenvolvimento profissional para outros, mesmo sem eles próprios o induzirem.

Outro, é o domínio do currículo, ensino e avaliação, em que os professores podem representar papéis de liderança no currículo, ensino e avaliação. Os professores assumem papéis chave como membros de uma escola, quer na definição e planificação de formas de desenvolver o currículo e sua avaliação, quer na adoção dos manuais escolares e outros materiais curriculares, e na resposta a novas iniciativas, como por exemplo, reformas curriculares ou desenvolvimento de projetos colaborativos com os seus pares. Por fim, os professores podem utilizar o seu conhecimento matemático para uma fonte e um recurso para os seus pares.

Por fim, o domínio centrado no progresso da escola, em que os professores podem assumir papéis adicionais de liderança nas suas aulas, facilitando a comunicação entre os colegas, participando e apoiando em reuniões de liderança e gestão da escola, e assumindo papéis de interlocutores junto dos órgãos de gestão, de problemas administrativos ou de membros da comunidade educativa. Por outro lado, podem participar ou dinamizar redes de trabalho e de comunicação dentro ou entre escolas quer pessoais quer virtuais.

A investigação sobre investigações colaborativas em Educação Matemática, em diferentes domínios de ensino, tem dado um contributo importante para melhor conhecer esta temática, como veremos no ponto seguinte.