• Nenhum resultado encontrado

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.2. ÁREA 2 – PARTICIPAÇÃO NA ESCOLA E RELAÇÕES COM A

4.2.1. Desporto Escolar

De acordo com o Documento orientador do desenvolvimento do desporto escolar (2003) “o Desporto Escolar é a atividade de complemento curricular, voluntária, que permite aos alunos a prática de atividades desportivas, em ambiente educativo, sob a orientação de professores, podendo-se configurar como a principal possibilidade para a maioria dos nossos jovens poderem participar em quadros competitivos, de forma regular” (p. 4).

informação relativa ao DE e acompanhar não só a sua atividade, como também acompanhar a época desportiva num dos desportos apoiados pela escola (Matos, 2015a). Na escola onde realizei o EP os alunos tinham à sua disposição as modalidades de basquetebol, dança moderna, natação, voleibol e tiro com arco. A escolha da modalidade a integrar foi deixada ao nosso critério e foi feita poucas semanas após o início das aulas. Por essa altura as lecionações não estavam a correr bem, não retirava qualquer prazer das aulas nem me sentia competente no papel de professor. Das modalidades disponíveis só havia uma que eu dominava, e a necessidade de me sentir realizado e competente em contexto escolar levaram a que optasse pelo voleibol.

A equipa de voleibol treinava duas vezes por semana no pavilhão da escola e era constituída por vinte alunas entre os dezasseis e os dezoito anos. O professor responsável pela equipa tinha como modalidade de eleição o andebol, da qual foi jogador e treinador durante vários anos. O seu conhecimento sobre voleibol resumia-se à experiência que obteve de anos de lecionação da modalidade em contexto de aula. Assim que soube que eu era treinador de voleibol pediu-me que assumisse as rédeas da equipa, dando-me total liberdade no planeamento e orientação dos treinos. Os jogos, marcados sempre para os sábados de manhã, acabaram por coincidir muitas vezes com as minhas responsabilidades no desporto federado porém, sempre que me foi possível ir, assumi o papel de treinador principal, totalmente responsável pela elaboração das formações e orientação dos jogos.

As atletas eram extremamente interessadas e empenhadas o que, aliado ao facto de terem um nível de capacidade muito baixo no início do ano, fez com que evoluíssem muito nos primeiros tempos. Esta evolução fez-se notar nos resultados dos jogos que só não foram melhores pela presença de muitas atletas federadas em algumas das equipas adversárias. Esta situação fez com que debatêssemos várias vezes durante o ano a possibilidade de atletas federados integrarem equipas de DE. Fruto de uma carga de treinos maior e de melhores condições de exercitação os atletas federados apresentam um nível competitivo superior aos atletas de DE, pelo que a sua utilização em jogos de

DE pode ser vista como uma injustiça. Por muito bem que uma equipa de DE trabalhe, se não tiver na sua constituição atletas federados, muito dificilmente conseguirá ganhar a uma equipa que se apresente com alguns atletas deste tipo. Por outro lado, a presença de atletas federados em equipas de DE atrai a participação de colegas que se sentem motivados pela possibilidade de treinar e jogar ao lado de atletas de elevada qualidade, o que significa que a sua presença contribui para o aumento de alunos a praticarem desporto. Além disso, esses atletas ajudam a aumentar a qualidade do treino o que possibilita um maior desenvolvimento dos seus colegas não federados. Assim, a possibilidade de atletas federados poderem integrar equipas de DE tem os seus prós e contras. Na minha opinião, a participação destes atletas não deve ser negada, pelas possibilidades que a sua presença oferece porém, por uma questão de justiça, a sua utilização nos jogos deveria ser regulamentada. Não deveria ser possível apresentar em campo uma equipa constituída totalmente por atletas federados. No caso do voleibol, acredito que uma boa regra seria limitar a presença destes atletas a um total de dois jogadores por set. Desta forma eram conservadas todas as vantagens da presença de atletas federados e simultaneamente era reduzida a injustiça da sua utilização, oferecendo às equipas totalmente constituídas por atletas do DE a oportunidade de se debaterem de igual para igual com equipas que contem com atletas federados.

Aparte esta situação, considero que a competição está muito bem organizada. Os quadros competitivos são revelados com muita antecedência bem como a marcação dos jogos. Em grupos de três equipas, a equipa da casa é a primeira e última a jogar, desta forma as equipas visitantes fazem sempre os seus dois jogos seguidos, o que permite a chegada de uma delas mais tarde e a ida embora da outra mais cedo, assegurando que passam o menor tempo possível no pavilhão.

A oportunidade de todas as equipas do grupo jogarem em casa bem como a possibilidade de repescagem após a fase de grupos, garantindo que nenhuma equipa é prejudicada por pertencer a um grupo difícil, configura justiça à competição.

A presença de uma equipa inteiramente constituída por atletas federadas fez com que não conseguíssemos passar o nosso grupo em primeiro lugar, embora tivéssemos conseguido terminar à frente de uma equipa que contava com três atletas deste tipo, o que demonstra bem o nível de jogo que conseguimos alcançar durante o ano. Ficando em segundo lugar fomos selecionados para a repescagem e colocados em novo grupo com equipas essencialmente constituídas por atletas federadas, o que nos impossibilitou de seguir para o grupo dos primeiros. A partir do momento em que fomos colocados no grupo dos últimos conseguimos vencer todos os jogos porém, por via da classificação anterior, já não foi possível alcançar um lugar de eleição.

Do ponto de vista das metodologias e do entendimento da modalidade, como tenho a experiência do desporto federado, a presença no DE acabou por não surtir aprendizagens significativas. Durante os treinos assisti várias vezes ao professor responsável pela equipa a registar exercícios e ideias que eu utilizava, garantindo que os iria colocar em prática no ano seguinte, quando já não tivesse a nossa ajuda. As principais aprendizagens desta experiência vieram essencialmente do entendimento teórico do DE, da forma como é estruturado e organizado.

Por ser gratuito e praticado na escola, o DE oferece aos alunos uma excelente oportunidade de praticarem desporto, com todas as vantagens que essa prática tem inerente e afigura-se como uma excelente rampa de lançamento para o desporto federado, “tem também uma função formativa

específica, insubstituível, que se desenvolve em termos diferentes da atividade curricular e desempenha uma outra função na vida do aluno” (Carvalho, 1987,

p. 150). Além disso, possibilita aos alunos viverem uma época desportiva, o que certamente os torna mais literatos e interessados pelo desporto.