• Nenhum resultado encontrado

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3.3. O núcleo de estágio

O núcleo de estágio era constituído somente por mim e pelo Diogo Fernandes. Conheci o Diogo no início do Mestrado, fomos colocados na mesma turma no início do ano e os interesses que temos em comum - tal com eu o Diogo também é treinador de voleibol - levou a que houvesse uma rápida aproximação. Essa aproximação levou a que ficássemos juntos em praticamente todos os trabalhos de grupo ao longo do ano. A dedicação que ambos depositamos nesses trabalhos e o fácil entendimento que tivemos durante as suas realizações despoletou o desejo de realizarmos o EP na mesma instituição. Sabíamos que o bom relacionamento entre os estagiários e o trabalho que conseguem desenvolver em conjunto eram dois aspetos importantes para o bom funcionamento do núcleo e por isso decidimos candidatar-nos à mesma escola. Considero o Diogo uma pessoa extremamente inteligente, perspicaz e com um bom conhecimento de todas as modalidades, a pessoa ideal com quem se discutir um plano de aula e com quem refletir após uma lecionação. Está sempre disponível para ajudar, preocupa-se comigo e com o meu sucesso. Mais que colegas somos amigos e a boa relação que estabelecemos foi determinante para o sucesso deste ano letivo.

Além de nós, o núcleo era ainda constituído pelo PC. A ele coube a tarefa de facilitar o nosso processo de desenvolvimento a nível mais operacional e ao mesmo tempo proporcionar-nos um bom clima relacional que nos permitisse

envolvermo-nos mais ativamente na comunidade educativa. Além disso, auxiliou-nos nas tarefas de reflexão (Alarcão & Tavares, 2003), nos processos de gestão, nos processos de auto conhecimento e nos processos de inovação pedagógica, encaminhando-nos da melhor forma possível (Junior & Alvez, 2002).

O PC, Fernando Cardoso, é o professor de EF com mais dedicação que já conheci. A sua grande preocupação é a aprendizagem dos alunos e o seu desenvolvimento pessoal e social. Através da observação das suas aulas conheci uma postura que até então ainda não tinha visto qualquer outro professor da nossa disciplina adotar. É extremamente ativo, está constantemente a dar Feedbacks (FB) aos alunos, a exemplificar os gestos técnicos e táticos. Enquanto corrige um aluno está a observar o comportamento de outro, sobre o qual vai intervir assim que termine o ciclo de FB com o aluno que está a corrigir no momento. Nunca pára! Esta postura muito ativa, além de assegurar um maior êxito no processo ensino-aprendizagem também garante um maior envolvimento e motivação dos alunos na realização das aulas. Esta preocupação com a motivação dos alunos vai além da sua postura ativa e das correções constantes, existe também uma preocupação constante com o bem- estar dos alunos, sobretudo aqueles que demonstram ter maiores dificuldades. Preocupa-se em dar muito reforço positivo aos alunos menos capazes, incentiva- os e elogia-os perante os pares. É habitual vermos o professor Cardoso a percorrer toda a extensão do pavilhão só para dar um “high five” a um aluno que alcançou o êxito, ainda que mínimo, num qualquer gesto técnico ou tático. Esta preocupação com os alunos resulta num maior empenho por parte destes e reflete-se na relação pessoal que estabelece com eles.

A esta capacidade de trabalho alia um profundo conhecimento de todas as modalidades, muito importante em todos os parâmetros da lecionação.

Além disso, a vasta experiência que acumulou ao longo dos anos permite- lhe evitar ou solucionar muitos dos pequenos problemas da lecionação. Questões como a formação de grupos de trabalho, da atribuição de tarefas aos alunos que não realizam a aula, da comunicação ou da exemplificação, que terei a oportunidade de desenvolver mais à frente.

No que concerne às suas tarefas de PC, o professor Cardoso foi exemplar. Facilitou a nossa relação com a restante comunidade educativa, apresentando-nos a todos os professores e funcionários e incluindo-nos nas conversas que estes iam tendo. Auxiliou-nos nos processos de reflexão, colocou-nos questões e guiou-nos através das soluções das mesmas. Opinou e debateu sobre todos os problemas que foram surgindo na prática, garantindo a nossa evolução em todos os aspetos do processo ensino-aprendizagem.

Todavia, o PC tem uma conceção de EF diferente da minha. Para ele o mais importante são as aprendizagens técnico-táticas dos alunos. A sua grande missão é formar alunos capazes do ponto de vista desportivo, que dominem as ações técnicas e as movimentações táticas de todas as modalidades abordadas e as suas aulas centram-se sobretudo nesse objetivo. No meu entender, como já tive oportunidade de defender anteriormente, o grande objetivo da EF não devem ser as aprendizagens técnico-táticas mas sim assegurar que os alunos disfrutem das aulas de forma a criarem relações afetivas positivas com a prática desportiva, só desta forma poderão ter uma vida ativa fora das aulas e para o resto da sua vida.

Ao definir como grande objetivo a aprendizagem temos inevitavelmente de recorrer, em alguns momentos, a situações de aprendizagem menos agradáveis para os alunos. Concordo plenamente que se eles não dominarem minimamente as ações técnicas e táticas das modalidades abordadas não vão conseguir jogar e consequentemente retirar prazer da prática contudo, estas aprendizagens só deverão ser o foco da aula numa fase inicial da Unidade Didática (UD) e caso seja necessário, se os alunos já tiverem adquirido, em anos anteriores ou fora das aulas de EF, capacidades técnicas e táticas que lhes permitam jogar, então o foco deverá ser oferecer-lhe situações de aprendizagem do seu agrado e que providenciem um grande empenho motor. Assim, não sou apologista da utilização de filas de espera mesmo que estas providenciem melhores situações de aprendizagem nem concordo com a utilização de exercícios analíticos aula após aula para que os alunos consigam exercitar uma determinada movimentação. Mais importante que aprenderem muito, é divertirem-se. Darido (2004) ao verificar os motivos pelos quais os alunos se

afastam das aulas de EF concluiu que os professores que apostam em situações de aprendizagem que não despertaram o interesse dos alunos originam o afastamento destes com a disciplina.

Contudo, o facto de termos conceções diferentes não significa que ele não tenha sido um modelo ao longo deste ano. São inúmeras as aprendizagens que adquiri por via das conversas que fomos tendo e das aulas que observei. A forma apaixonada como leciona as aulas, o cuidado que tem com o planeamento, a preocupação que nutre com os alunos com mais dificuldades e a relação pessoal que estabelece com todos eles são formas de atuar que admiro e que tentei colocar em prática ao longo do ano.

Além do PC, contamos ainda com a ajuda da OE, a Doutora Paula Queirós. De um OE esperava a coordenação e supervisão em conjunto com o PC e ainda ajuda e orientação na elaboração do relatório final do estudante- estagiário (Batista & Queirós, 2013). Tal como o PC, a OE demonstrou-se sempre extremamente disponível e interventiva nas tarefas que lhe diziam respeito. Através dos debates e conversas que fomos tendo ao longo do ano, surgiram ideias e estratégias importantes para o meu desenvolvimento.