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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. ÁREA 1 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO ENSINO E DA

4.1.1.4.4. Elaboração das situações de aprendizagem

Após definir o exercício de ativação geral é necessário escolher as situações de aprendizagem da parte fundamental da aula, para isso devemos procurar elaborar exercícios que vão de encontro aos objetivos traçados inicialmente. Para que possamos tirar o máximo proveito deles existem igualmente uma série de critérios que devemos levar em consideração no momento da elaboração do plano de aula.

Gosto de seguir uma lógica da base para o topo no que concerne à escolha dos exercícios, a mesma ideia aplicada na seleção da sequência dos conteúdos. Gosto que exista um continuum entre os exercícios, que comece por se trabalhar uma situação ou técnica básica e de seguida se avance para situações de aprendizagem que incorporem o trabalhado anteriormente realizado numa situação mais complexa ou juntando-lhe outros conteúdos.

Desta forma cria-se uma sequência de exercícios relacionados uns com os outros e com uma complexidade técnica e/ou tática crescente, que culmina com jogo formal.

“Este tipo de exercitação, que parte de um situação analítica e evolui até uma situação de jogo formal acarreta, no meu entender, várias vantagens (…) acredito que os alunos compreendem mais facilmente a forma como a aula foi elaborada e o objetivo dos exercícios. Conseguem interligá-los [aos conteúdos] e perceber de que forma o que está a ser trabalhado pode ser utilizado em jogo formal.”

– Reflexão da Aula 38 de 17 de abril

Além de seguir esta lógica, devemos ter em atenção a elaboração de situações de aprendizagem exaustivas e estimulantes. Exaustivas porque as aulas de EF se afigura, para a esmagadora maioria dos meus alunos, como o único momento de atividade física que têm durante a semana, além de que exercícios pouco fatigantes fariam os alunos mais empenhados perder o interesse pela disciplina a longo prazo.

“A grande maioria dos meus alunos não realizam qualquer exercício físico

semanal à exceção das aulas de Educação Física. Sendo as minhas aulas o único momento de exercitação física que alguns daqueles adolescentes dispõem durante a semana, torna-se fundamental proporcionar-lhes aulas de elevada intensidade. Sobretudo nas aulas de 50 minutos, torna-se imperial oferecer aos alunos o maior número possível de exercícios que exijam uma elevada intensidade na sua realização. Por outro lado, a falta de intensidade pode resultar na perda de interesse de alguns alunos, que não só realizarão os exercícios de forma aborrecida como transportarão essa desmotivação para a aula seguinte”. – Reflexão da Aula 4 de 26 de setembro

Além de exaustivas as situações de aprendizagem também devem ser estimulantes e desafiadoras, caso contrário os alunos perderão rapidamente o interesse nelas.

“Após uma conversa com o professor cooperante e o meu colega de

estágio apercebi-me de que a atitude [incorreta de alguns alunos] tinha por base o facto de não estarem a ser devidamente estimulados. Os alunos gostam de desafios, de exercícios que os testem e os despertem para fazer e experimentar coisas novas. Para aqueles três alunos, mais capacitados que os restantes colegas, aqueles exercícios eram básicos. Fruto dessa facilidade e falta de estimulação, os alunos realizavam os exercícios de forma desconcentrada e displicente”.

– Reflexão da Aula 3 de 22 de setembro

Outra das situações que devemos ter em consideração no planeamento da aula é a não inclusão de situações de aprendizagem que exercitem somente ações técnicas. Esta tipologia de exercício, além de se afigurar muitas vezes como pouco estimulante para os alunos não aproveita da melhor forma possível o tempo disponível. É preferível optarmos por exercícios que trabalhem as ações técnicas subordinadas a alguma movimentação tática e de preferência contextualizadas em alguma fase de jogo. Desta forma rentabilizamos a situação de aprendizagem que exercitará não só as ações técnicas como as táticas.

Como o tempo disponível para a prática é mais curto que o desejado, no momento da elaboração do plano de aula podemos levar em consideração algumas estratégias que nos permitem poupar tempo nas transições entre exercícios. Uma delas prende-se com a manutenção dos grupos de uns exercícios para os outros:

“A constituição dos grupos é uma tarefa que exige sempre algum tempo, sobretudo quando a deixamos ao critério dos alunos. Mantendo os mesmos grupos do início até ao final da aula conseguimos rentabilizar o tempo disponível e tornar a aula mais dinâmica.”

- Reflexão da Aula 38 de 17 de abril

De forma a diminuir ainda mais esses tempos de transição devemos criar exercícios fáceis de montar, que não englobem a utilização de muito material e de preferência que possam ser montados durante a realização do exercício anterior.

À semelhança do que acontece com os restantes planeamentos, o plano de aula não é um documento estanque, pode e deve ser alterado sempre que as circunstâncias assim o exigirem.

“O grupo das raparigas começava finalmente a compreender a movimentação desejada e a troca de exercício naquele momento poderia ser negativo para a consolidação dessa movimentação. Ao passarem para uma situação de jogo poucas seriam as oportunidades para realizarem um ataque organizado a uma defesa, também ela, organizada. Foi visível na avaliação diagnóstica que o jogo formal nesta turma vive muito das transições rápidas defesa-ataque e que raramente assistimos a um ataque organizado. Assim, decidi ignorar o planeado. Em vez de avançar para uma situação de jogo permaneci neste exercício até ao final da aula.”

– Reflexão da Aula 25 de 16 de janeiro

Todas estas estratégias foram desenvolvidas ao longo do ano de estágio através de tentativa e erro, fruto de muita reflexão e desabafos com o PC. O estágio deu-me a oportunidade de errar num ambiente controlado, sob a supervisão de um professor experiente, e a partir daí tirar elações sobre a minha

praxis, perceber o que correu mal e qual a estratégia a seguir para prevenir igual

acontecimento no futuro. Esses erros fizeram-me adotar este conjunto de estratégias, que certamente me farão estar mais preparado para encarar o futuro num contexto profissional.