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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. ÁREA 1 – ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DO ENSINO E DA

4.1.2. Realização

4.1.2.6. Relação professor-aluno

Enquanto treinador sei bem a importância da relação do treinador com os seus atletas. O professor, tal como o treinador, pode adotar estilos de liderança distintos, que terão impacto na relação com os alunos. De acordo com Dias (2016) professores e alunos estabelecem um tipo de interação que é muito importante para ambos: à medida que o professor afeta os seus alunos, também é afetado por eles, e muda o seu comportamento perante o comportamento dos alunos, e vice-versa.

Enquanto treinador tento adotar uma postura que confira o afastamento necessário à manutenção do respeito e da liderança porém, próximo o suficiente para que as atletas vejam em mim um amigo, alguém com quem podem contar e confiar. Kamtsios e Digelidis (2008) definem bem aquilo que acredito ser a postura ideal de um treinador prante os seus atletas quando referem que este deve ser um amigo, mas ao mesmo tempo manter uma distância de treinador- atleta, uma distância que permita ao atleta abrir-se pessoalmente com ele, mas que este perceba que existe uma relação hierárquica que não pode transpor. Esta relação que criamos é importante para que as atletas se mantenham motivadas ao longo do ano.

A relação que pretendia cultivar com os meus alunos era semelhante a esta. Afastado o suficiente para que eles percebessem que sou eu quem manda, mas perto o suficiente para gostarem de mim. Um bom relacionamento entre professor e alunos traz benefícios para ambas as partes e apresenta muitos resultados positivos em relação ao desempenho e desenvolvimento dos alunos (Fernandez, 2015).

Acredito que para que exista uma proximidade entre o professor e o aluno é necessário que no decorrer das aulas estes estabeleçam algum tipo de ligação. Se a comunicação entre eles se limitar à instrução, à emissão de FB ou às outras interações estritamente necessárias para o desenvolvimento da aula essa relação de proximidade não se cria. Azzi e Silva (2000) dizem, acerca da relação professor-aluno, que esta não pode ser reduzida somente ao processo de transmitir conhecimento, delegar para segundo plano o papel da interação complicará a relação que se estabelece entre eles.

Para isso é necessário que haja um diálogo mais prolongado e conversas informais. Temos de deixar que o aluno conheça a pessoa por trás do professor para que se crie uma ligação afetiva. Os momentos ideias para essas conversas informais são o início e o final das aulas bem como o momento anterior à instrução dos exercícios. Todavia, para que isso aconteça é necessário que o professor se sinta completamente à-vontade com os alunos, algo que não acontecia nos primeiros tempos de lecionação. Falar com os alunos era algo que me deixava nervoso e que me impedia de ter com eles este tipo de conversas, como está bem explícito no excerto que se segue, retirado da reflexão da primeira aula.

“À imagem do que acontece no voleibol, onde o pico máximo do nervosismo se atinge durante o serviço, numa aula, enquanto professor, esse clímax tem lugar no momento em falamos para a turma. Essa tarefa é, pelo menos para mim, a zona de maior desconforto. Movido por esse facto, tenho a tendência de apressar esses momentos, fazer com que eles durem o menor tempo possível.

Foi isso que aconteceu várias vezes durante a aula. Na fase inicial das aulas, antes de explicar aos alunos os exercícios a realizar e de os colocar em atividade, gosto de ter uma breve conversa com eles. Além de ajudar a focalizar os alunos na aula, é o momento ideal para criarmos relações de afeto com eles. A ocasião perfeita para baixarmos a guarda e sermos nós próprios. É o momento de dizer umas piadas e criar um ambiente favorável à aprendizagem. Porém, para que esses momentos se sucedam o professor tem de estar completamente à-vontade perante os alunos. Algo que claramente ainda não acontece. Assim, a conversa inicial restringiu-se ao essencial: a chamada, um breve esclarecimento do que se sucederia na aula e a explicação muito rápida do primeiro exercício. Inconscientemente estava a acelerar aquela conversa o máximo que conseguia e a resumi-la áquilo que era estritamente necessário.”

- Reflexão da Aula 1 de 15 de setembro

Com o passar das aulas fui-me sentindo mais à-vontade com os alunos e, à medida que também os ia conhecendo melhor, fui capaz de baixar a guarda e, por via das melhorias na comunicação, começar a criar uma relação de afetividade com eles.

Conhecê-los melhor permitiu-me ir ao encontro daquilo que eles gostavam, quer nas conversas que íamos mantendo quer nas ações que praticava junto deles. Havia alunos que se interessavam muito por desporto, outros que se preocupavam muito com a escola e outros com os namoros. Saber aquilo por que se interessavam permitia-me ter com eles diálogos do seu agrado, o que nos aproximava emocionalmente. Por sua vez, após conhecer as suas personalidades fui capaz de ir ao encontro daquilo que cada um mais gostava. Alunos que ficavam felicíssimos por receber um elogio e outros que precisavam de ser desafiados para se sentir motivados.

Com o passar do tempo fui capaz de desenvolver o tipo de relação que idealizava, era respeitado mas ao mesmo tempo muito próximo dos alunos. Conseguir ir ao encontro dos seus interesses e necessidades permitiu-me criar uma relação afetiva com eles com resultados claramente positivos na sua