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Discurso sobre o Estado da União em 29 de janeiro de 2002

2.2 APRESENTAÇÃO DE EXCERTOS DE DISCURSOS DE GEORGE W BUSH

2.2.3 Um ciclo, o mesmo discurso

2.2.3.3 Discurso sobre o Estado da União em 29 de janeiro de 2002

Havia um ano de governo, era chegado o momento de Bush declarar o Estado da União, uma obrigação constitucional, conforme dispõe o artigo 2º da Constituição dos EUA: “O Presidente deverá prestar ao Congresso, periodicamente, informações sobre o estado [sic] da União, fazendo ao mesmo tempo as recomendações que julgar necessárias e convenientes”.303

O primeiro assunto abordado é o terrorismo. Bush relembra os ataques de 11 de setembro, menciona a aliança feita com o Afeganistão contra o terror, comenta as conquistas de liberdade efetuadas pelas Forças Armadas dos EUA naquele país e, após deixar claro que os terroristas não escapariam da justiça dos EUA, Bush faz reverência e dá um recado à viúva de Johnny Micheal Spann, fuzileiro naval considerado o primeiro herói dos EUA morto em guerra contra o terrorismo: “Shannon, garanto a você e a todos os que perderam uma pessoa amada: nossa causa é justa e nosso país nunca se esquecerá da dívida que temos com Michael e com todos os que deram a vida pela liberdade.”304

Mais à frente exalta o ódio do inimigo: “Vimos a profundidade do ódio de nossos inimigos nos vídeos em que eles riem da perda de vidas inocentes. E a profundidade de seu ódio iguala-se à loucura da destruição por eles planejada.” Seguindo, enumera uma lista de armas, planos e todo tipo de ameaça elaborada pelos terroristas e, ao explicar as medidas estratégicas tomadas pelos EUA, faz um apelo às outras nações: “Minha esperança é que todas as nações atendam ao nosso chamado e eliminem os parasitas terroristas que ameaçam seus países e o nosso.”

E, referindo-se à Coréia do Norte, Irã e Iraque, emite a famosa frase: “Estados como esses e seus aliados terroristas constituem um eixo do mal, armando-se para ameaçar a paz no

303

Ibid., A Constituição dos Estados Unidos da América. Disponível em: <http://www.embaixada-americana. org.br/index.php?action=materia&id=630&submenu=inform.php&itemmenu=108>. Acesso em: 10 jun. 04. 304

Doravante as citações desta seção pertencerão ao mesmo discurso. Cf. Ibid., Presidente concentra-se na

guerra contra o terrorismo... Disponível em: <http://terrorismo.embaixada-americana.org.br/?action=artigo&id

mundo.” Porém, “A história convocou305 os Estados Unidos e seus aliados a agirem, e é nossa responsabilidade, assim como um privilégio, travar a batalha da liberdade. (Aplausos.)”.

A partir disso, Bush justifica seus gastos orçamentários com as Forças Armadas como um todo e aproveita o ensejo para relatar o estado da sua política interna, seus feitos e prospectos. Entre os destaques prometidos estão as “formas de encorajamento do bom trabalho das instituições de caridade e dos grupos religiosos. (Aplausos.)”.

É então a vez das inúmeras facetas do povo surgir:

Nestes últimos meses, me senti mais humilde e tive o privilégio de conhecer a verdadeira índole deste país em um momento de teste. Nossos inimigos acreditavam que os Estados Unidos eram um país fraco e materialista, que seríamos destroçados pelo medo e pelo egoísmo. Estavam tão errados quanto são maldosos. (Aplausos.)

O povo norte-americano respondeu de forma magnífica, com coragem e compaixão, força e obstinação. Quando me encontrei com os heróis, abracei as famílias e olhei os rostos cansados dos que trabalhavam no resgate, eu tive grande respeito pelo povo norte-americano.

E mostra que há o que aprender com o mal:

Nenhum de nós jamais desejaria o mal que foi praticado em 11 de setembro. No entanto, depois que os EUA foram atacados, foi como se todo o país se olhasse no espelho e enxergasse o melhor de si mesmo.

Fizeram que lembrássemos que somos cidadãos, com obrigações uns para com os outros, com o nosso país e com a história. Começamos a pensar menos nos bens que podemos acumular e mais no bem que podemos fazer. Por tempo demasiado longo nossa cultura apregoava, "Se lhe dá prazer, faça". Agora os EUA estão adotando uma nova ética e um novo credo: "Vamos começar a agir".

No sacrifício dos soldados, na solidariedade ardente dos bombeiros e na bravura e generosidade dos cidadãos comuns, nós vislumbramos a forma de uma nova cultura de responsabilidade. Queremos ser uma nação a serviço de propósitos maiores do que ela própria. Foi-nos oferecida uma oportunidade ímpar e não devemos deixar que esse momento passe. (Aplausos.)

Mais um apelo:

Meu apelo nesta noite é para que cada norte-americano dedique pelo menos dois anos – 4.000 horas de sua vida – a serviço dos vizinhos306 e da nação. (Aplausos.)

[...] E os EUA necessitam de cidadãos que espalhem a compaixão de nosso país para todas as partes do mundo.

305

No original, a menção do chamado aparece mais nitidamente: History has called America and our allies to

action.

306

E a defesa da liberdade e o papel do seu país são afirmados: “Os EUA se manterão na liderança, defendendo a liberdade e a justiça, porque esses valores são corretos, verdadeiros e imutáveis para todas as pessoas em toda parte. (Aplausos.)” Mostra que o mal é real, mas acima de tudo há Deus:

Passamos a conhecer verdades que nunca questionaremos: o mal é real e deve ser combatido. (Aplausos.) Acima de todas as diferenças de raça e credo, somos um país; juntos choramos nossos mortos e juntos enfrentamos o perigo. No fundo da índole do norte-americano há honra; e esta é mais forte que o ceticismo. E muitas pessoas descobriram outra vez que mesmo na tragédia − especialmente na tragédia − Deus está próximo. (Aplausos.)

Para terminar, a lembrança do chamado e a distinção dos EUA face aos inimigos:

Em um só instante, percebemos que esta será uma década decisiva na história da liberdade; que fomos chamados para desempenhar um papel exclusivo nos eventos humanos. Raras vezes o mundo se defrontou com uma escolha mais clara e influente.

Eles abraçam a tirania e a morte como uma causa e uma crença. Nós representamos uma escolha diferente, feita muito tempo atrás, no dia da nossa fundação. Hoje a confirmamos novamente. Nós escolhemos a liberdade e a dignidade de todas as vidas. (Aplausos.)