• Nenhum resultado encontrado

1.7 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO

DIREITO DO TRABALHO

1.7 DIVISÃO DO DIREITO DO TRABALHO

Assim como o Direito divide-se em ramos, o Direito do Trabalho também apresenta uma divisão, que leva em conta a diversidade das normas trabalhistas e a necessidade de agrupá-las de uma forma ordenada em setores específicos, que compõem o todo.

Tradicionalmente e de acordo com grande parte dos doutrinadores, essa divisão se dá em dois grupos: o direito individual do trabalho e o direito coletivo do trabalho.

No entanto, alguns outros doutrinadores afirmam que essa divisão em dois grandes grupos é genérica, sendo necessária uma maior especificidade para que se possa entender todo o conjunto de normas trabalhistas. Nesse sentido, tais autores dividem o Direito do Trabalho também em direito tutelar do trabalho e direito público do trabalho.

Assim, segundo o tipo de relação mantida pelos sujeitos na relação jurídica trabalhista, o Direito do Trabalho se divide em:

Direito Individual do Trabalho.

Direito Tutelar do Trabalho.

Direito Coletivo do Trabalho.

Direito Público do Trabalho.

O objeto do Direito Individual do Trabalho é o estudo das relações individuais de trabalho subordinado mantidas por seus sujeitos (empregado e empregador), analisando os direitos e as obrigações decorrentes do contrato de trabalho.

O Direito Tutelar do Trabalho compõe-se das normas jurídicas que impõem ao trabalhador e ao empregador deveres jurídicos públicos, com vistas à proteção do primeiro, ou seja, normas jurídicas por meio das quais o intervencionismo estatal mostra-se mais acentuado do que em outras áreas da mesma disciplina, com o objetivo claro de conferir maior proteção ao trabalhador.

Neste sentido, compõem o Direito Tutelar do Trabalho as normas relativas a: identificação e registro profissional; limitação da jornada de trabalho; períodos de descanso, incluindo descanso semanal remunerado e férias; proteção ao trabalho da mulher; proteção ao trabalho do menor; e medicina e segurança do trabalho.

O Direito Coletivo do Trabalho tem por base as relações coletivas de trabalho (grupos de empregados e grupos de empregadores), os conflitos delas advindos e os órgãos que representam os grupos respectivos. Além disso, o Direito Coletivo do Trabalho abrange as normas jurídicas derivadas da solução dos conflitos coletivos e que são fonte do próprio Direito do Trabalho.

Portanto, o Direito Coletivo do Trabalho é composto basicamente das normas que regulam: a organização de trabalhadores e de empregadores, no âmbito da profissão e da empresa; as convenções e os acordos coletivos de trabalho; os conflitos coletivos e as formas de solucioná-los.

Por fim, Direito Público do Trabalho é a parte do Direito do Trabalho composta pelo conjunto de normas e princípios que regulam a relação de cada um dos sujeitos da relação de emprego com o Estado. Entre as normas aqui abrangidas estão, por exemplo, as referentes à fiscalização do trabalho, à formação, qualificação e colocação da mão de obra, ao fundo de amparo ao trabalhador, ao seguro-desemprego.

1.8. QUESTÕES

1. (TRT — 1ª Região — 2005) A origem histórica do Direito do Trabalho está vinculada ao fenômeno conhecido sob a designação de “Revolução Industrial”. O desenvolvimento técnico das máquinas acarretou mudanças no setor produtivo e deu origem à classe operária, transformando as relações sociais. Assim, o Direito do Trabalho surge no século XIX, na Europa, em um mundo marcado pela desigualdade econômica e social. Pode-se afirmar como principais causas de sua gênese no cenário da época:

I. O liberalismo político e a liberdade econômica sem limites, com opressão dos mais fracos, gerando uma nova forma de escravidão.

II. O emprego generalizado de mulheres e menores suplantando o trabalho dos homens, já que a máquina reduziu o esforço físico, tornando possível a utilização das “meias-forças” não preparadas para reivindicar.

III. Salários ínfimos, jornadas desumanas e condições de higiene degradantes. IV. As lutas de classes.

V. A Encíclica Rerum Novarum (coisas novas), de Leão XIII, considerando o trabalho como elemento da dignidade humana e preconizando o salário justo.

Analise as proposições supracitadas e assinale a alternativa correta: a) todas as proposições são verdadeiras;

b) todas as proposições são falsas;

c) apenas a primeira proposição é verdadeira; d) apenas a última proposição é verdadeira;

e) apenas as proposições II, III e IV são verdadeiras. Resposta: “a”.

2. (TRT — 3ª Região — 2007) Leia as afirmações abaixo e, em seguida, assinale a alternativa correta:

I. A flexibilização do Direito do Trabalho aumenta o risco de desregulamentação e de precarização das relações de trabalho.

II. No Brasil, a fase de participação, na evolução do Direito do Trabalho, ainda é nascente, entre outros motivos, porque o índice de sindicalização não é alto, a taxa de cobertura convencional é baixa e a cogestão é excepcionalmente praticada, apesar de a Constituição Federal de 1988 ter aumentado o campo de atuação dos sindicatos.

III. Em se tratando de conceito de Direito do Trabalho, a posição objetivista defende o campo de aplicação da disciplina como sendo o das normas do trabalho; já a posição subjetivista, com caráter finalista, se preocupa com a melhoria da condição social do trabalhador.

IV. Uma das características do Direito do Trabalho é a restrição da liberdade contratual, que impõe limites à autonomia da vontade, através de normas cogentes e de garantias sociais.

V. Para os defensores da posição privatista da natureza jurídica das normas do Direito do Trabalho, o núcleo é o contrato, porque as relações jurídicas ocorrem entre pessoas singulares, nas quais predomina o interesse particular; já para os defensores da posição publicista, o Direito do Trabalho é produto do intervencionismo, onde a autonomia da vontade é exceção.

a) As afirmativas I e II estão corretas. b) As afirmativas I, II e IV estão corretas. c) As afirmativas I, III e V estão corretas. d) As afirmativas I, III e IV estão corretas. e) Todas as afirmativas estão corretas.

Resposta: “e”. O item I indica posicionamento específico adotado pela Banca Examinadora do Concurso, não necessariamente seguido de forma unânime ou majoritária pela doutrina e pela jurisprudência.

3. (TRT — 8ª Região — 2008) Por que surgiu o Direito do Trabalho?

Resposta: O Direito do Trabalho surge da necessidade de intervenção do Estado na relação entre trabalhador e empregador, como forma de evitar a exploração do primeiro pelo segundo. Para tanto, o Direito do Trabalho passou a regular de forma ampla a relação entre os sujeitos da relação de emprego, limitando a vontade das partes, que não poderiam mais negociar livremente as condições de trabalho. O Direito do Trabalho substitui a igualdade pura pela

igualdade jurídica, como regra de direito que impõe o interesse geral sobre o particular sem que, entretanto, anule-se o indivíduo.

[1] CESARINO JUNIOR, A. F.; CARDONI, Marly. Direito social. 2. ed. São Paulo: LTr, 1993. v. I, p. 27.

[2] GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho . 17. ed. rev. e atual. por José Augusto Rodrigues Pinto e Otávio Augusto Reis de Souza. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 10.

[3] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito do trabalho. 24. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 196.

[4] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho. 22. ed. atual. São Paulo: LTr, 2005. v. 1, p. 39.

[5] Antes de 1917, algumas Constituições já haviam inserido direitos do trabalhador em seu texto, tais como a Constituição Suíça de 1874, emendada em 1896, e a Constituição Francesa de 1848. No entanto, somente em 1917 a Constituição Mexicana o fez de forma mais ampla e sistemática.

[6] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 60.

[7] A Constituição Federal de 1891 limitou-se a prever a liberdade de exercício de profissão (art. 127, § 24).

[8] Conforme afirma Arnaldo Süssekind, apesar do forte conteúdo social da Carta Política de 1988, existe em seu texto uma contradição: ela não é rigorosamente liberal-democrática, mas também não chega a ser social-democrática. Direito constitucional do tra balho. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. p. 55.

[9] MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: LTr, 2000. p. 52-59.

[10] Nesse sentido, o parágrafo único do art. 8º, da CLT, estabelece: “O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste”.

[11] A Constituição Federal de 1988 reflete de forma inequívoca esse ideal: no art. 1º, estabelece que a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito e indica entre seus fundamentos a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; no art. 3º, indica, entre os seus objetivos fundamentais, o de construir uma sociedade livre, justa e solidária e o de reduzir as desigualdades sociais. Além disso, contém um capítulo (II) referente aos direitos sociais e, no art. 170, estabelece que a ordem econômica deve ter por fundamento os ditames da justiça social.

[12] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Teoria geral do direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1998. p. 58.

[13] NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 34. ed. São Paulo: LTr, 2009. p. 74.

2