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3.4 HIERARQUIA DAS FONTES NO DIREITO DO TRABALHO

FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

3.4 HIERARQUIA DAS FONTES NO DIREITO DO TRABALHO

A questão referente à hierarquia das fontes fundamenta-se na constatação de que, diante da pluralidade de fontes formais, é possível que mais de uma delas disponha de maneira conflitante sobre a mesma hipótese. Assim, é essencial a disposição ordenada das fontes formais segundo uma preferência.

Como muito bem esclarece Délio Maranhão ao tratar da questão das fontes formais do Direito, “reconhecer que há várias ordens jurídicas na sociedade não importa negar a unidade do ordenamento jurídico na sua expressão total. Dentro da ordem jurídica maior, que é a estatal, incluem-se outras de âmbito menor, e entre estas e aquela há de existir um vínculo de subordinação: é o problema da hierarquia das fontes”.[22]

No Direito do Trabalho, tal como ocorre em relação às fontes do Direito em geral, as diversas fontes compõem uma unidade coerente, havendo uma hierarquia entre elas.

Como é óbvio, a Constituição Federal é a norma fundamental e, nesta condição, coloca-se no topo da ordem hierárquica das fontes formais do Direito do Trabalho.

Executivo, as sentenças normativas, as convenções e os acordos coletivos de trabalho, e os costumes. No entanto, apesar da existência de uma ordem entre as fontes do Direito do Trabalho, a

hierarquia existente entre elas é bastante peculiar, podendo ser chamada de flexível, e difere da regra de hierarquia rígida e inflexível aplicável no Direito Comum.

Esclarece Maurício Godinho Delgado que no Direito Comum há uma “verticalidade fundamentadora” entre as diversas normas jurídicas, de tal sorte que uma encontra respaldo e fundamento na norma que lhe é superior, definindo uma hierarquia rígida e inflexível entre elas.[23]

No âmbito do Direito do Trabalho, porém, a hierarquia de normas não é revestida da mesma rigidez, uma vez que a fonte superior pode ser superada pela inferior, desde que esta seja mais benéfica ao empregado, ou seja, não há uma distribuição estática entre as normas jurídicas, de tal forma que a norma que for mais favorável ao empregado, ou a que lhe garanta condição mais benéfica, prevalecerá sobre as demais.

Assim, no Direito do Trabalho deve ser aplicada sempre a norma que oferecer maiores vantagens ou benefícios ao trabalhador.

Esse critério está fundamentado no princípio protetor do Direito do Trabalho, que traz em seu bojo três ideias: regra do in dubio pro operario; regra da norma mais favorável; e regra da condição mais benéfica.

3.5. QUESTÕES

1. (Magistratura do Trabalho — 1ª Região — 2005) Analise as proposições abaixo relativas à hierarquia/conflitos das fontes do Direito do Trabalho e, a seguir, assinale a resposta correta:

I. A lei é a principal fonte do Direito do Trabalho.

II. A Constituição encontra-se no ápice da pirâmide das fontes, seguida da lei complementar, da lei ordinária, da lei delegada, do decreto legislativo, dos decretos (regulamentos), das portarias, da sentença normativa, do laudo arbitral, da convenção coletiva, dos acordos coletivos, do regulamento interno da empresa e do contrato de trabalho.

III. Havendo conflito entre as fontes estatais (leis) e as internacionais, prevalecem as primeiras.

IV. Se o conflito se estabelece entra as fontes estatais (leis) e a sentença normativa, prevalece esta última.

V. A jurisprudência, embora não se situe entre as fontes formais, pode ser incluída na classificação de fonte informativa ou intelectual, dada a sua importância para o Direito do Trabalho, em particular.

a) todas as alternativas estão corretas; b) todas as alternativas estão erradas; c) as alternativas I e V estão erradas; d) apenas a alternativa V está correta; e) as alternativas III e IV estão erradas. Resposta: “e”.

2. (Magistratura do Trabalho — 16ª Região — 2006) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) Constituem fontes típicas do direito do trabalho a convenção coletiva, o acordo coletivo, a sentença normativa, o regulamento de empresa e o estatuto sindical.

b) Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente.

c) A convenção coletiva tem aplicação sobre toda a categoria econômica e profissional interessada, enquanto a abrangência do acordo coletivo restringe-se a uma ou determinadas empresas.

e) São fontes típicas do direito do trabalho a equidade, a analogia, o contrato, a Constituição e a lei. Resposta: “e”.

[1] Do mesmo modo que a água pode vir de diferentes fontes, o Direto também tem diversas origens possíveis.

[2] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 149.

[3] MAGANO, Octávio Bueno. Manual de direito do trabalho. Parte geral. 4. ed. rev. e atual. 2. tir. São Paulo: LTr, 1993. p. 97.

[4] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 154.

[5] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 155.

[6] Neste sentido, a Lei Complementar n. 103/2000, que autoriza os Estados e o Distrito Federal a instituir o piso salarial a que se refere o inciso V, do art. 7º, da CF.

[7] Conforme esclarece DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho . 9. ed. São Paulo: LTr, 2010. p. 158, trata-se da posição tradicional e dominante.

[8] Posicionamento adotado por Délio Maranhão, in SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho , 22. ed., v. 1, p. 158.

[9] Muitos dos que não consideram a jurisprudência como fonte formal do Direito, têm entendido tratar-se de uma fonte informativa ou intelectual, dada a sua importância para o Direito do Trabalho.

[10] DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho, 9. ed., p. 158.

[11] Eram os chamados folkways ou mores. MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao

direito do trabalho, p. 158.

[12] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 151.

[13] Esta é a opinião de Délio Maranhão, in SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 166.

[14] MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho, p. 157.

[15] DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho, 9. ed., p. 156.

[16] BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 5. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2009. p. 125.

[17] Neste sentido, vide BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho , cit.; DELGADO, Maurício Godinho. Curso de

direito do trabalho, cit.

[18] Este é o entendimento de Délio Maranhão, in SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho , 22. ed., v. 1, p. 155. Nesse sentido, o Decreto n. 3.197/99, que promulgou o texto da Convenção n. 132 da OIT sobre férias e introduziu-a no ordenamento jurídico do país.

[19] DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho, 9. ed., p. 143.

[20] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 164.

[21] MORAES FILHO, Evaristo de; MORAES, Antonio Carlos Flores de. Introdução ao direito do trabalho, p. 159.

[22] SÜSSEKIND, Arnaldo et al. Instituições de direito do trabalho, 22. ed., v. 1, p. 151.

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