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Educação formal, não formal e informal: limites e fragilidades

3 O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO MUSEU

3.4 Educação formal, não formal e informal: limites e fragilidades

Havia em Estância um sobradão colonial maltratado pelo tempo e pelo descaso, todo pintado de azul, e o Doutor, na calma da tarde, chamava a atenção de Tereza para aquela maravilha de arquitetura, apontando detalhes da construção, ensinando sem parecer fazê-lo. levando-a a enxergar o que sozinha não saberia reconhecer e estimar.

Jorge Amado, Tereza Batista cansada de guerra.

De acordo com a Série de Estudos e Pesquisas ―Tipologia da educação extra-escolar no Brasil” (1980), o termo extra-escolar14, não equivale a um fenômeno novo; pois sempre existiram formas de educação fora do espaço escolar. O estudo chama a atenção para a diversidade de ações e a relatividade das distinções entre formal e não-formal ou escolar e extra-escolar. A expressão extra-escolar indica um tipo de paradoxo, pois tenta representar a ideia de algo para além do modo de aprender escolar: ―como um tipo de educação exterior a ela‖. (CASTRO, 2013, p. 21). No entanto, de alguma maneira, continua como uma complementação da educação na escola:

O extra-escolar não é um fenômeno novo; sempre existiram formas de educação e de ensino desenvolvidas fora da escola. Mais a escolarização ainda é um fato recente; os sistemas escolares do ocidente existem a mais ou menos 200 anos. Foram estruturados ao mesmo tempo em que se reestruturou a sociedade pela reorganização do trabalho em função da industrialização. Dessa perspectiva, o fundamental não seria a existência de formas escolares e não-escolares; ou formais e não-formais, mas sim o ato da sociedade, em determinado período histórico, ter institucionalizado os sistemas escolares, que passaram a polarizar o educativo. (Tipologia da educação extra-escolar no Brasil, 1980, p.21)

A educação, no âmbito escolar, ou extra-escolar, teve um papel importante na tentativa de construção de um sentimento nacionalista e no reconhecimento de uma identidade nacional, é importante fazer essa leitura atrelada ao momento político, cultural, econômico do País. Em 1930, é criado o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública (MNESP), responsável pelo ―estudo e despacho de todos os assuntos relativos ao ensino, saúde pública e

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Nos anos de 1970, o Internacional Council for Educacional Development (IECD), atendendo a solicitações da UNESCO e do Banco Mundial, e algumas universidades americanas, especialmente a Michigan State Univerty, financiadas pela Aliança para o Progresso, realizou centenas de pesquisas em todo o mundo para descobrir as formas mais interessantes e mais "produtivas" de educação não-formal ou extra-escolar. Período em que a educação escolar, vivenciava a ―crise educacional‖. No Brasil, esses estudos foram pouco divulgados. O Instituto de Estudos Avançados em Educação (IESAE), que abrigava o mestrado em educação da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, realizou seminário sobre a temática, cujos resultados estão publicados em Tipologia da educação extra-escolar no Brasil, editada pelo MEC/INEP em 1980.

assistência hospitalar‖15

. Esse Ministério sofre uma reformulação em 1937, e passa a se chamar Ministério da Educação e Saúde (MES) Todas as instituições federais de ensino desde as escolas até as universidades, e os museus. Estavam sob a tutela do MNESP e subordinadas a um Departamento Nacional de Ensino, responsável pela administração das atividades relativas à educação escolar e à educação extra-escolar. (CASTRO, 2013, p. 21).

O termo extra-escolar apresentava uma estrutura curricular de conhecimento próximo ao escolar. A educação que ocorria fora do espaço escolar, de alguma maneira, estava balizada por uma forma escolar de transmissão de conhecimentos, centrada na mediação. Osmar Fávero (2007) no texto ―Educação não-formal: contextos, percursos e sujeito‖, trata dos paradoxos de conceituar a educação não formal, antes classificada como extra-escolar. Para ele:

O não-formal tem sido uma categoria utilizada com bastante freqüência na área de educação para situar atividades e experiências diversas, distintas das atividades e experiências que ocorrem nas escolas, por sua vez classificadas como formais e muitas vezes a elas referidas. Na verdade, desde há muito tempo classificava-se como extra-escolares atividades que ocorriam à margem das escolas, mas que reforçavam a aprendizagem escolar, nas bibliotecas, no cinema, no esporte, na arte. (FÁVERO, 2007, p.49)

Uma questão importante, digamos que necessária, a ser problematizada nesse momento é pensar alguns limites/fragilidades, entre as diferentes classificações educacionais, do que é formal, não formal e informal. Essa terminologia formal/não-formal/informal, de origem anglo-saxônica foi introduzida no Brasil, a partir dos anos de 1960. Osmar Fávero (2007) destaca a polarização da educação, pela educação formal. Com isso, provoca uma super valorização dos processos educativos que ocorrem no ambiente escolar, e deslegitima outras maneiras de pensar e educar. Nosso intuito não é fazer uma critica simplesmente a essa classificação dos tipos de educação, mas analisar a como essa fragmentação fortalece a forma escolar e desvaloriza outras construções de experiências e conhecimento.

Autores como GOHN (2006), BIANCONI e CARUSO (2005), MARANDINO (2009), GASPAR (1990), FAVERO (2007), LIBÂNEO (2004), entre outros, lidam com os conceitos de educação formal, não formal e informal. Entre os diferentes conceitos dos autores, alguns citados logo abaixo. Existe um tipo de consenso, que versa, sobre a presença ou ausência de uma ―intencionalidade e sistematicidade‖ nos tipos de educação. Para José Carlos Libâneo (2004); a educação não-formal e formal são distinguidas pelo seu caráter intencional e sistemático, Caracterizadas como processos educativos que implicam: ―objetivos

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sociopolíticos explícitos, conteúdos, métodos, lugares e condições específicas de educação, precisamente para possibilitar aos indivíduos a participação consciente, ativa, crítica na vida social global‖ (LIBÂNEO, 2004, p. 87,88). Já a educação informal, é reconhecida pela ausência de intencionalidade e sistematicidade: ―por contar com um processo educativo que ocorre de modo não intencional, não-sistemático, não-planejado, disperso, difuso e de caráter informal‖. (LIBÂNEO, 2004, p. 87,88).

Alberto Gaspar (1990) define a educação formal como um sistema institucionalizado, hierarquicamente estruturado. É cronologicamente graduado, oferecido nas escolas, se dá de forma intencional, com objetivos determinados e reconhecimento oficial. Que vai da Educação Infantil à Pós Graduação, com níveis, graus, programas, currículos e diplomas. Para Libâneo (2004) diferente de concepção de Alberto Gaspar, as atividades educativas formais, podem ocorrer fora do espaço escolar, desde que esteja presente a intencionalidade, e a sistematicidade. Para Libâneo:

Formal refere-se a tudo o que implica uma forma, isto é, algo inteligível, estruturado, o modo como algo se configura. Educação formal seria, pois, aquela estruturada, organizada, planejada intencionalmente, sistemática. Mas isso não significa dizer que não ocorra educação formal em outros tipos de educação intencional (vamos chamá-las de não-convencionais). Entende-se assim, que onde haja ensino (escolar ou não) há educação formal. Nesse caso, são atividades educativas formais também a educação de adultos, a educação sindical, a educação profissional, desde que nelas estejam presentes a intencionalidade, a sistematicidade e condições previamente preparadas, atributos que caracterizam um trabalho pedagógico-didático, ainda que realizadas fora do marco do escolar propriamente dito (LIBÂNEO, 2004, p. 88,89).

Em relação à educação informal, Osmar Fávero descreve-a como a modalidade educativa que ocorre de maneira espontânea, sem lugar específico, horários ou currículos. Os conhecimentos são partilhados em meio a uma interação sociocultural que tem como única condição necessária e suficiente, existir quem saiba e quem queira ou precise saber: ―nela, ensino e aprendizagem ocorrem espontaneamente, sem que, na maioria das vezes, os próprios participantes do processo tenham consciência‖. (FARELO, 2007, p. 43). A transmissão regular e disciplinar desses conhecimentos foi sendo, com o tempo, delegada à escola, ou melhor, à educação formal.

Fávero apresenta uma visão generalista do que é a educação não formal. Ele define como toda atividade sistemática e organizada, que acontece fora do quadro do formal da educação, para promover a aprendizagem, acontecendo em cursos não escolarizados, em

programas de formação, no dia-a-dia, no cotidiano do cidadão. A visão de Martha Marandino (2009) sobre a educação não formal, não difere muito da concepção de Fávero, Bianconi e Caruso:

Considera-se então que a educação não formal é qualquer atividade que, fora do sistema formal de ensino opera separadamente como parte de algo mais amplo que se pretende realizar com públicos específicos e com objetivos pedagógicos específicos. (MARANDINO, apud CASTRO 2013, p. 22).

Maria da Glória Gohn (2006) em seu texto ―Educação não-formal na pedagogia social‖ destaca a finalidade e os objetivos das diferentes formas de educação. Para a autora, essa classificação, parece clara. Para Gohn:

Na educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados, normalizados por leis, dentre os quais destacam-se o de formar o indivíduo como um cidadão ativo, desenvolver habilidades e competências várias, desenvolver a criatividade, percepção, motricidade etc. A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de se expressar no uso da linguagem, segundo valores e crenças de grupos que se frequenta ou que pertence por herança, desde o nascimento. Trata-se do processo de socialização dos indivíduos. A educação não-formal capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo, no mundo. Sua finalidade é abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais. Seus objetivos não são dados a priori, eles se constroem no processo interativo, gerando um processo educativo. Um modo de educar surge como resultado do processo voltado para os interesses e as necessidades que dele participam. (GOHN, 2006, p. 19)

Esse tipo de concepção demonstra-se limitador, pois o conhecimento não é construído apenas em condições especificadas. Não é apenas na educação formal, que pode-se ―aprender conteúdos historicamente sistematizados‖ ou ―desenvolver a criatividade‖, inclusive, essa modalidade aponta fortes indícios, de ser, a que mais cria, impeditivos, para os processos criativos. A educação não formal também ―desenvolve modos de pensar e se expressar no uso da linguagem‖, e a educação informal, pode sim, ―abrir janelas de conhecimento sobre o mundo que circunda os indivíduos e suas relações sociais‖.

Segundo M. Lucia Bianconi e Francisco Caruso (2005), no artigo, ―Educação não- formal. Ciência e Cultura‖, não existe um fechamento sobre os limites das diferentes modalidades educacionais, que para eles podem ser classificadas, de uma maneira geral, como:

[...] educação formal, educação não-formal e educação informal. A educação formal pode ser resumida como aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, cronologicamente gradual e hierarquicamente estruturado, e a informal como aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos, através de experiência diária em casa, no trabalho e no lazer. A educação não-formal, porém, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino Posto que espaço formal de Educação é um espaço escolar, é possível inferir que espaço não-formal é qualquer espaço diferente da escola onde pode ocorrer uma ação educativa. Embora pareça simples, essa definição é difícil porque há infinitos lugares não- escolares. Qualquer lugar é espaço não-formal de Educação? Há espaços não-formais e informais de Educação? O que define cada um? Da mesma forma que a discussão sobre as conceituações de Educação formal, Educação não-formal e Educação informal estão em aberto. (BIANCONI, CARUSO, 2005, p. 18)

De modo sintético, a partir dos conceitos abordados, podemos dizer que a classificação entre os tipos de educação formal, informal e não formal, seria assim: a educação formal- são os espaços escolares, definidos pela Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o espaço formal diz respeito a um local onde a educação realizada é formalizada, garantida por Lei e organizada de acordo com uma padronização; a educação informal- é a que decorre de processos naturais e espontâneos, transmitida pela família e demais espaços sociais; e a educação não-formal- seriam aquelas práticas educativas estruturadas que ocorrem fora da instituição escolar, em espaços como museus, zoológicos, galerias de arte, jardins botânicos, etc.

A partir destas definições, e das questões já discutidas sobre a forma escolar, percebe- se, uma valorização da educação formal, o que amplia as responsabilidades da escola. As delimitações sobre o que seria cada tipo de educação não parece muito consistente. Claro que essas concepções não são totalmente fixas, e de alguma maneira, uma permeia a outra. Mas uma das problemáticas dessa divisão é uma fragmentação e uma hierarquização dos modos de conhecer.

Museus são espaços com múltiplas dimensões, a educação que acontece nos museus é caracterizada como não formal, mas os limites entre as concepções entre formal, não formal e informal tem aspectos tênues. Não queremos com isso, afirmar, que escolas e museus, ou outros espaços educativos são iguais, mas nos referimos ao modo de construir conhecimento. As diferenciações de categorização não deveriam ser hierarquizadas. A educação que ocorre nos museus pode ser sistematizada, através de atividades educativas intencionais, com metodologias e análises específicas, mas esses dados encaixam-se na definição de educação formal.

Os museus, assim, como outros espaços, para proporcionarem uma experiência de aprendizagem, não precisam necessariamente, ter uma atividade programada intencional. O potencial educativo do museu está nas relações que podem ser construídas, sejam, entre as pessoas, ou entre as pessoas e os objetos, com a arquitetura, ou dependendo da tipologia do museu, de for um museu virtual, de percurso. A educação museal, nesse caso, se enquadraria, em um modelo informal?

Nos últimos anos a ideia ou a definição do que é um museu passou por muitas modificações, houve uma ampliação do seu conceito. Atualmente, abrigam tipologias, temas, plataformas muito diversas. De acordo com o gráfico do Cadastro Nacional de Museus:

Gráfico 01- Porcentagem (%) de museus por tipologia de acervo, Brasil, 2010.

São Instituições com perfis e propostas museológicas variadas, pensar a educação museal, nesses diferentes contextos, é um exercício complexo. Cada museu representa um saber, uma tipologia, uma constituição diferente.

Além das instituições designadas como ―Museus‖, incluem-se também nesta definição: os sítios e monumentos naturais, arqueológicos e etnográficos; as instituições que conservam coleções e exibem exemplares vivos de vegetais e animais - como os jardins zoológicos, botânicos, aquários e vivários, os centros de ciência e planetários; as galerias de exposição

não comerciais; os institutos de conservação e galerias de exposição, que dependam de bibliotecas e centros arquivísticos; os parques naturais; as organizações internacionais, nacionais, regionais e locais de museus;

Os ministérios ou as administrações sem fins lucrativos, que realizem atividades de pesquisa, educação, formação, documentação e de outro tipo, relacionadas aos museus e à Museologia; os centros culturais e demais entidades que facilitem a conservação e a continuação e gestão de bens patrimoniais, materiais ou imateriais. Qualquer outra instituição que reúna algumas ou todas as características do museu, ou que ofereça aos museus e aos profissionais de museus os meios para realizar pesquisas nos campos da Museologia, da Educação ou da Formação. IPHAN/MinC- (2005). A diversidade das plataformas e instituições que podem ser compreendidas como museu generalizou o conceito do que pode ser um museu. Esse fator traz várias questões para o campo museal.

Na perspectiva de Martha Marandino (2005) as instituições museais devem ser analisadas por seu viés cultural, para ela seria muito mais promissor e produtivo do que entendê-las apenas pela perspectiva da racionalidade técnica, pois a cultura funciona como produto e produtora das relações, a cultura é dinâmica e continua. Assim como os processos educativos, a educação transmite parte da cultura, refletir sobre uma é inevitavelmente remeter a outra.

Nossa reflexão sobre educação museal, parte do pressuposto que existe um potencial educativo no museu, mas que essa dimensão para ser educativa, não precisa ou deva se assemelhar à escolar. Assim como Kramer acreditamos que:

(...) para ser educativa, a arte precisa ser arte e não arte educativa; do mesmo modo, para ser educativo, o museu precisa ser espaço de cultura e não um museu educativo. È na sua precípua ação cultural que se apresenta possibilidades de ser educativo. O museu não é lugar de se ensinar a cultura, mas, sim, lugar de cultura. (KRAMER, 1998, p. 20 apud LEITE, 2005, p. 36)

O museu precisa ser museu, não um museu educativo, predomina a ideia da educação sempre mediada, como se a própria composição da exposição não fosse educativa. Para proporcionar uma experiência com o conhecimento o museu não precisa ser educacional. Não queremos dizer para ignorar as atividades sistematizadas, ou abolir os setores educativos dos museus, mas que esses deveriam estar preocupados em fornecer uma experiência menos escolarizada. Neste contexto, é importante a refletir sobre o tipo de experiência que os espaços escolares estão filiados.

Em nosso contexto social existe a super valorização de uma modalidade educativa, a formal, essa divisão burocratiza e reforça o distanciamento entre educação e a vida. Como um ato de poder em prol de uma episteme que proporcionaria segurança. Há uma relação nem sempre explicitada entre a construção de determinada topografia do social, que passa pela institucionalização e delimitação hierarquizante das práticas educacionais:

(...) Percebe-se que essas classificações foram elaboradas sobre aqueles objetivos que dão peso maior ao "aumento de produtividade", em detrimento de uma "mudança de atitudes". Essa posição traduz uma conformidade com a estrutura atual da sociedade, em geral, e do sistema educacional em particular — que leva a considerar o extra-escolar como mero complemento do escolar. (Tipologia da educação extra-escolar no Brasil, 1980, P.22)

Essa breve análise da relação entre educação e museus, aponta para a proximidade dos espaços museais com uma dimensão educativa; muito próxima de uma dimensão pedagógica, o que de alguma maneira afasta a educação museal de um processo educativo digamos museológico. O próximo capítulo tem o objetivo de fazer uma reflexão sobre as diferentes noções que acompanham a concepção de educação museal. Com destaque para as especificidades da experiência educativa museal brasileira. O intuito é entender melhor o que significa o processo museológico como ação educativa. Para isso, vamos fazer uma análise de alguns conceitos sobre educação museal.

4. NOÇÕES SOBRE A DIMENSÃO EDUCATIVA DO CAMPO MUSEAL