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Capítulo 3 – A dinâmica dos investimentos em infraestrutura no Brasil

4.4. Evolução da estrutura do setor de infraestrutura

4.4.1. Produção

De acordo com a Tabela 37, que resume a evolução dos encadeamentos para trás no âmbito da produção, os segmentos de infraestrutura possuem um impacto inferior à média. É interessante notar que, entre o início e fim do período, os encadeamentos para trás decaem nesses setores. Apenas o setor de EESB conquistou uma maior importância nesse aspecto. Os demais oscilaram, mas apresentaram a manutenção de suas posições.

Constata-se, após 2003, uma trajetória de queda dos encadeamentos (o mesmo para toda a economia) até 2010. Para os anos subsequentes, observa-se uma ascensão contínua das ligações intersetoriais, o que proporcionou, no ano de 2015, índices acima da média em todos os segmentos de infraestrutura. Esse aumento ocorreu de forma mais intensa, em Transporte e

0,30 0,50 0,70 0,90 1,10 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Direto Indireto Renda

EESB, que eram dois setores chaves na política pública dos PACs. Observa-se que a atividade de Transporte apresenta o maior poder de arrasto, enquanto Telecom, o menor, no quesito da produção. Tal fato, proporciona consequências para os resultados dos impactos dos investimentos e dos serviços dos segmentos na atividade econômica.

Tabela 37: Encadeamentos para trás (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL BL Ord. BL

EESB 3,41 36 3,19 35 3,05 33 3,43 23 3,22 31,31

Transporte 3,76 17 3,59 20 3,26 21 3,50 17 3,46 20,31

Telecom 3,58 27 3,31 30 3,12 30 3,32 30 3,29 28,44

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). Outro elemento vital para os desdobramentos desses setores na economia são os seus níveis de interação com as demais atividades da economia (Tabela 38). Os encadeamentos (relações entre os setores) estão aglutinados em poucas atividades, visto que, os setores apresentam um coeficiente de variação elevado (Cv BL). Os setores de Telecomunicações e, particularmente, de EESB, demonstram uma demanda por insumos e serviços de pouquíssimas atividades, uma vez que, entre as 40 atividades presentes no modelo, possuem, respectivamente, o oitavo e terceiro maiores coeficientes de variação em 2015. Constata-se uma tendência de elevação da concentração das interações no ínterim, com uma breve atenuação desde 2013, mesmo que incapaz de proporcionar o retorno aos níveis de origem. Assim, há permanência do posicionamento de EESB e de Transporte no intervalo e uma ligeira melhora em Telecom.

Tabela 38: Coeficientes de variação (backward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv

EESB 2,50 3 2,68 3 2,80 3 2,70 3 2,70 3,31

Transporte 2,12 17 2,22 14 2,39 13 2,29 14 2,28 14,25

Telecom 2,39 5 2,52 6 2,63 7 2,43 8 2,53 6,44

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018).

A concentração observada na demanda por investimentos dos setores que compõem a infraestrutura, ao longo do trabalho, reforça esse resultado. A título de exemplo, enquanto o

setor de Transporte apresenta uma maior dispersão dos seus investimentos, possuindo o décimo quarto maior coeficiente de variação, o setor de EESB possui, em 2015, o terceiro maior coeficiente, transladados por uma concentração de 81,8% dos seus investimentos em Construção Civil. Essa aglomeração dos investimentos em poucas atividades, atenua o seu potencial de indutor da demanda agregada no curto prazo, pois a expansão desses investimentos conserva uma amplitude de atuação limitada.

Tabela 39: Poder de dispersão e sensibilidade de dispersão dos setores de Infraestrutura referentes a Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40 2000 2005 2010 2015 Média Pd Sd Pd Sd Pd Sd Pd Sd Pd Sd EESB 0,93 1,65 0,91 1,72 0,94 1,64 1,00 1,72 0,94 1,65 Transporte 1,03 1,62 1,02 1,69 1,00 1,78 1,02 1,85 1,01 1,73 Telecom 0,98 1,73 0,94 1,67 0,96 1,56 0,97 1,32 0,96 1,59

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). De todo modo, tendo em vista o poder de dispersão dessas atividades, os encadeamentos para trás, embora classificados abaixo da zona intermediaria entre os 40 setores, apresentam um impacto em torno da média ao serem normalizados. Sobre a progressividade dos setores de infraestrutura, segundo a Tabela 39, tanto no caso de Transporte como no de Telecom, observa-se uma trajetória estável. Já EESB é o único que se difere, por exibir um constante aumento desse indicador no período, enquanto os demais oscilam em torno de suas médias.

Modificando a perspectiva de análise para os encadeamentos para frente da indústria de infraestrutura, observa-se, conforme esperado, fortes repercussões nas demais atividades, uma vez que os setores de EESB, Telecom e Transporte são excepcionais fornecedores de insumos e serviços. O indicador de sensibilidade de dispersão (Sd), confirma tal resultado (Tabela 39), especialmente para os setores de EESB e Transporte, que estão significativamente acima da média da economia, em 2015. Logicamente, a sensibilidade de dispersão possui uma dinâmica semelhante aos encadeamentos para frente. Como consequência, os segmentos de infraestrutura percorreram as mesmas trajetórias em ambos indicadores.

No período, enquanto o segmento de Telecom exibe um curso declinante no âmbito da produção, principalmente a datar de 2010, o setor de Transporte apresentou uma dinâmica ascendente (Tabela 40). Essa situação elevou o posicionamento de Transporte nos maiores indicadores, passando, de 2000 para 2015, de décimo, para oitavo, enquanto Telecom decaiu

para décimo (era sétimo). No que diz respeito a EESB, a manutenção de seu patamar no início do período vigorou até 2006, tendo, posteriormente, sua relevância atenuada. A partir de 2010 tal curso foi alterado, com recuperação das relações intersetoriais (embora de forma oscilante)139. Assim, o setor de EESB manteve sua colocação no decorrer do ínterim.

Tabela 40: Encadeamentos para frente (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL FL Ord. FL

EESB 6,03 9 6,02 8 5,35 9 5,91 9 5,63 8,81

Transporte 5,93 10 5,94 9 5,80 7 6,36 8 5,89 8,44

Telecom 6,32 7 5,88 10 5,09 10 4,53 10 5,45 9,25

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). No que concerne ao coeficiente de variação (FL) obtido, esse aponta uma descentralização das relações entre os setores de infraestrutura com a atividade econômica. Em outros termos, indica um elevado grau de interação dos setores com os demais, acarretando maior difusão das externalidades positivas que a infraestrutura proporciona na economia. O setor de Transporte é aquele que demonstra uma maior interação com as demais atividades econômicas entre os setores de infraestrutura, seguido por EESB e Telecom, em 2015. Em relação ao desenrolamento das atividades no intervalo, para os casos de Telecom e EESB, segundo a Tabela 41, ambos demonstraram uma piora desse indicador, especialmente, o primeiro.

Tabela 41: Coeficientes de variação (forward linkages) dos setores de Infraestrutura referentes à Produção. Média referente ao período de 2000 a 2015.

Descrição da atividade nível 40

2000 2005 2010 2015 Média

Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv Cv Ord. Cv

EESB 1,29 32 1,31 31 1,49 32 1,45 32 31,31 31,31

Transporte 1,17 34 1,17 34 1,19 35 1,09 35 34,44 34,44

Telecom 1,19 33 1,28 32 1,46 33 1,60 31 32,38 32,38

Fonte: Elaboração própria; com base nos dados fornecidos por Miguez (2016) e Passoni e Freitas (2018). De fato, isso é perceptível pela evolução de sua colocação. Em EESB, o seu posicionamento não é modificado, embora haja piora no indicador. Quanto o segmento de Transporte, sua melhora é nítida, com o aumento de sua capacidade de difusão e ligeira elevação de seu ordenamento. Dessa forma, enquanto o setor de Telecom exibiu uma

evolução negativa de certos indicadores, Transporte e EESB apresentaram melhoras, o que pode apontar para uma possível maturação de seus investimentos140 e expansão dos serviços prestados por esses segmentos. O setor de Transporte contém os maiores encadeamentos para trás e para frente na produção, bem como uma maior homogeneidade de suas interações com os outros setores, tanto enquanto demandante como fornecedor de insumos e serviços, antagonicamente ao setor de Telecom que, por sua vez, é aquele que possui os menores indicadores entre os setores de infraestrutura. Esses resultados não são irrelevantes, conservando elevada consonância com os resultados dos choques exógenos, especialmente nos efeitos indiretos. De todo modo, os resultados fortalecem a importância do setor de infraestrutura para o sistema produtivo da economia, especialmente como fornecedor de insumos e serviços.