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Quando 8: Características da amostra

4.1 Fontes e tipos de suporte no contexto da atividade física

4.1.1 Fontes e tipos de suporte antes da adesão

4.1.1.5 Empresa

A Chesf tem um papel fundamental na mudança de comportamento de seus empregados. Ela atua como uma efetiva patrocinadora de recursos que influenciam profundamente a decisão de iniciar a prática de exercícios. A comodidade é o aspecto mais citado pelos entrevistados:

Aí, o que pesou? Primeiro, a facilidade de fazer. Você está com a academia no seu lugar de trabalho. Não tem um desgaste. Aí eu comecei a pensar nessa possibilidade. (...) provavelmente, se não fosse essa academia aqui, eu não iria na perto da minha casa, não. Posso até ir agora, mas no início provavelmente eu não iria, não. (E13) (...) você fazer academia onde você tem aquela, aqui, é bom pra mim. Foi a melhor coisa que a Chesf já fez. Porque você já está aqui dentro. Você já sai, [melhor] do que você chegar em casa trocar de roupa e ir para a academia... (E9)

Aí, chegou a oportunidade da academia. Aí, eu disse: “Rapaz, eu não preciso nem sair!”. (E5)

Outro fator fundamental entre as influências da empresa é contribuição gerada pela realização anual dos exames médicos periódicos. Com as informações que oferecem, terminam por gerar sinais de alerta. Aqui o foco maior são os próprios resultados dos procedimentos patrocinados pela empresa, não o profissional de saúde que fornece a informação faz o alerta. Funcionam, assim, como uma fonte regular de conscientização e orientação para a atividade física:

(...) eu não tinha assim uma disciplina de caminhar, não. Quando a Chesf disponibilizou essa academia, eu sabia que precisava, até por conta dos resultados dos periódicos. (E11)

(...) até para descobrir doenças que ninguém sabia, ninguém tomava consciência [comenta sobre a utilidade dos periódicos]. De repente faz uma avaliação física daquela e sabe que fulano podia morrer de enfarto, fulano tem num sei quê, tá entendendo? Eu acho que foi muito positivo. Eu acho brilhante esse lado que a Chesf faz. (E10)

Além disso, existe imbricada no oferecimento da estrutura e serviços da academia a informação natural de que ali se encontra uma oportunidade imediata de praticar exercício. A divulgação do patrocínio implica a informação simultânea da oportunidade.

A empresa, portanto, participa com os seguintes suportes: alerta e orientação para a mudança, oferecimento/pagamento de estrutura/serviços e informação sobre oportunidade para fazer exercício.

Fontes de suporte Colegas Familiares Tipo de suporte Médico s Cole ga s de tra balh o Cole ga s de outr os ambi en tes Cole ga s de infâ ncia e

juventude Pais Filho Pes

so as ext ern as à rede de relacionamentos Empresa

Alerta e orientação para mudança X X X X X

Informação sobre oportunidade para fazer

exercício X X

Oferecimento/pagamento de

estrutura/serviços X X

Interesse autêntico X

Encorajamento por perspectiva de

benefícios X

Encorajamento por impulsão X

Encorajamento por companhia X X

Modelo positivo em atividade física X X X X X

Modelo negativo pelo estado de saúde

indesejável X

Quadro 9: Fontes e tipos de suporte na pré-adesão.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base nos dados da pesquisa.

4.1.2 Fontes e tipos de suporte na adesão

As fontes de suporte nesta fase foram os profissionais especializados em Educação Física, colegas em geral, médicos e familiares.

4.1.2.1 Profissionais de Educação Física

Esses profissionais são geralmente chamados de professores de Educação Física ou, ainda, educadores físicos. Representam a fonte de suporte mais comumente citada na fase de adesão. Os relatos sobre sua influência tiveram como cenário, quase sempre, o contexto de uma academia de ginástica, exceção feita a um caso que remonta aos tempos de colégio. Uma considerável diversidade de influências se apresenta através desses provedores de suporte. A começar pelo treinamento inerente aos serviços de treinamento que prestam aos alunos. Em sua forma básica, o treinamento traz a instrução técnica, envolvendo planejamento das atividades segundo as necessidades e objetivos do aluno (“fazer a ficha”), explicação sobre como (e às vezes por que) fazer cada exercício – que pode incluir demonstrações em que o próprio profissional serve de modelo – , além de feedback:

(...) então ele já fez uma ficha bem diferenciadazinha com todo cuidado. Pra mim ele está sendo importante, porque eu tô sendo orientada a fazer uma atividade que melhora o meu caso (...). (E10)

(...) eu ia fazendo o exercício e perguntava: “E tal? E isso aqui? E aquilo ali? Trabalha o quê? Trabalha como? Onde é que faz?”. E ele me dava uma aula (...). (E14)

(...) ele mostra [como deve ser feito o exercício]. Ele vai à máquina... (E11)

(...) se eu fizer errado, ele vai e diz: “Está fazendo errado. Volta, vamos lá, vamos corrigir isso aqui. Isso aqui tem que ser feito dessa forma...”. (E4)

Além disso, proteger o aluno faz parte da orientação técnica oferecida no treinamento. Assim se evitam danos corporais decorrentes de erros ou exageros nos exercícios:

Então, sempre que muda, eu erro. Aí ele vai, orienta, ele mostra mesmo. Às vezes quando ele se afasta ou vai tomar uma água ou algo do tipo, quando volta, que eu estou fazendo e a mão está posicionada de uma forma que não é para estar, e aí o punho dói, aí ele corrige de novo. (E7)

Às vezes eu era meio atrevida. [Professora:] “Calma, desse jeito vai prejudicar a coluna!” (E10)

Ela [professora] diz: “Olha, lembra do teu problema? Isso aí não é bom para você, não.”. (E5)

Por vezes a orientação também envolve informações sobre uma área de conhecimento afim:

(...) então ele começou a dar dicas, algumas dicas, sobre como manter [a forma], algumas orientações sobre a alimentação, o que comer no café da manhã... (E7) O treinamento envolve uma progressão e diversidade de esforços que muitas vezes representam um desafio para o aluno. Superado o desafio, o aluno percebe a evolução e se estimula com o resultado:

Ele fez assim: tinha algumas máquinas em que ele colocava o peso maior. Aí eu não conseguia. Quando eu levantava, eu tremia muito. (...) Depois de algum tempo, então, eu fui e coloquei o peso que ele colocou. Aí ele olhou, porque viu que depois de alguns dias, algumas semanas de adaptação, eu coloquei o peso que inicialmente ele tinha colocado. Ou seja, sem ele insistir novamente, naturalmente eu fui e coloquei (...). É, [ele estava testando] se eu iria conseguir. (E7)

(...) então aí, eu fazendo as caminhadas na esteira, aí a professora, (...), de lado dizia assim: “Agora você vai correr um minuto e andar dois.”. Aí eu dizia: “Mas eu não consigo correr”. [Professora:] “Não consegue por quê? Você consegue.”. E de repente você se vê correndo. E de repente você vai progredindo de fato. (E3)

Há um cuidado especial para evitar a perda de ritmo, o esmorecimento. Assim, os professores buscam prevenir lapsos na sequência das atividades, evitando possíveis recaídas:

Ele tem preocupação que a gente perca o interesse por se tornar rotineira [a série de exercícios]. (...) Houve um período que eu deixei de ir ai encontrei com ele aqui fora. Aí ele: “Rapaz, cadê você? Não aparece mais, não? Vá lá!” Eu disse: “É que eu tô muito a fim, não”. Ele disse: “Vá lá e ande pelo menos na esteira. Você não precisa fazer a carga de exercício, não. Vá lá dar uma carreirinha de meia hora e depois vá embora.”. (E13)

(...) a gente teve um feriado – que eu faço... meus dias são segunda, quarta e sexta –, acho que foi o feriado de 7 de setembro. Foi o que caiu na segunda-feira. Então na sexta-feira ele chegou: “Olha, rapaz, na segunda-feira, que é feriado, vá correr na Jaqueira22. Faça alguma coisa para não... [esmorecer]. Não perca [o ritmo], não.”. (E13)

Se o pessoal faltar, ele diz: “Rapaz, por que você faltou ontem na aula?”. Ele se preocupava quando o pessoal estava faltando. E isso é um incentivo muito bom. (E2)

O professor também fornece informação sobre oportunidade para aumentar a frequência de exercícios, diversificando as atividades:

(...) ele [o professor] ligou pra mim: “Olha, tem uma vaga para você aqui [para uma nova modalidade de exercício]”. Aí eu fui lá, ele fez a inscrição. Ele também foi um dos incentivadores meus nessa academia aí. (E2)

Independentemente de sua condição física, de seu nível de aptidão ou de seu estado emocional, os alunos recebem dos professores um acolhimento carregado de estímulo. O que aqui se destaca é a presença da já referida (ver 4.1.1.3) preocupação legítima, um interesse autêntico em contribuir para o sucesso do aluno:

(...) o respeito que ele tem pela pessoa não estar fazendo o exercício, vir muito tempo parado, e ele saber que aquela pessoa, como no meu caso, eu estava muito tempo parado. E ele disse: “Não, você vai voltar a ser o que era. Não se preocupe, não.”. Isso ele sempre demonstrou. (E2)

(...) eu ficava desanimada, eu descia e, sentada, [dizia:] “Eu não vou mais fazer, eu não consigo, eu vou ficar gorda mesmo e pronto (...)”. Então eles [professores], a partir do momento em que eu esquentava a cabeça ou me desanimava, eles chegavam junto: “Não, não é assim... Vem para cá. Vamos fazer. Eu vou ficar com você. Coloque um colchonete aí. Vamos começar a fazer esse alongamento e daqui a pouco você vai voltar, (...) está certo?”. (E7)

O que ele fala pra mim tem uma importância muito grande. (...) É um cara que quer ajudar, que mostra que quer ver você progredindo. (...) [Nome do professor] tem um interesse genuíno em você, (...), o interesse dele é muito grande. (E14)

[Dentro do profissional] existe isso, existe também uma pessoa... existe uma pessoa humana, que tá ali, no pé. Ele pergunta todo dia: "Melhorou?", se tá melhor..., todo dia... (...) Todo dia eu trazia um exame, todo dia eu mostrava, eu tinha até vergonha, e ele: "Não, eu quero ver, eu me interesso". Ele se interessa mesmo (...). Então ele tem essa preocupação, além de fazer o lado profissional dele como professor (...).

22 Parque da Jaqueira, localizado em Recife. É muito frequentado por pessoas que procuram fazer diversos tipos de atividade exercícios, porque possui uma boa estrutura para esse fim.

Então eu acho ele muito legal, sabe? Eu vejo uma cumplicidade quando eu vejo essa preocupação comigo... ter essa atenção... (E10)

Estar sempre perto do aluno é visto por este como um forte fator de influência. Essa disponibilidade tem um sentido de dedicação para o aluno:

Ele é diferente. Ali ele estava voltado totalmente para me atender. Eu vi um cara que estava ali para me ajudar. (...) Eu senti como um cara que estivesse preocupado só comigo. Então isso foi pra mim fantástico. Foi uma coisa que eu acho que fez uma diferença muito grande. (E14)

(...) ele só saí de perto de você quando você quer. Quando ele começa, ele diz: “Não, um momento...”. Aí ele explica, explica, reexplica. (E8)

Ele me acompanha mesmo nos exercícios. (...) Quando eu chego, ele já vai assim, pra junto de mim (...). E10

Interesse autêntico e disponibilidade se associam em um relato importante da entrevistada 7, carregado de afeto e entusiasmo:

(...) e, assim, tive todo um apoio. Até o ponto de ele ir comigo comprar um tênis específico, que era para facilitar. Com um amortecedor específico e tudo, para facilitar a minha recuperação nos exercícios que eu tenho que fazer. (...) Foi comigo comprar. Foi, mostrou, me explicou os tipos de amortecedores (...), me explicou a diferença...

O professor aceita e respeita a dificuldade do aluno, chegando até mesmo a proteger a imagem deste perante o grupo, evitando-lhe constrangimento:

É, ele fazia como se... o fato de eu ter alguma dificuldade é como se ele tivesse explicando novamente ou alguma coisa assim. Não deixava as pessoas perceberem que era alguma coisa que... [eu não conseguia]. (E7)

A isso se acrescenta o apoio sincero em momentos nos quais o aluno necessita de alguém que lhe disponibilize uma escuta atenta e o aconselhe em relação a questões pessoais, problemas, ansiedades:

Ela era uma pessoa que passou até a ser um pouco psicóloga. Ela tinha uma coisa muito legal, assim, de a gente sentar e conversar. Era uma boa ouvinte. (...) Eu tava jovem ainda, tinha me separado, tava com uma coisa na cabeça... E ela sentava e conversava comigo e me incentivava muito. (...) Ela já tinha passado por fase de separação... E ela falava da coisa dela e eu falava das minhas. E eu fui amadurecendo mais até. (E10)

Ele muda você. (...) Às vezes o cara quer fugir daquilo [dificuldade, problema], mas, diante do papo, da preparação que ele tem, tudinho, às vezes o cara diz: “Não, eu estava errado mesmo, vou ter que fazer mesmo.”. E dá certo, entendeu? (E8)

Essa orientação pode ir além do contexto dos comportamentos saudáveis, para incluir a perspectiva da própria vida:

(...) ele abria muito os olhos da gente. Não era só meu, não: da turma todinha. [Professor:] “Olhe, gente, (...) a saúde, o negócio de esporte, (...) vamos evitar a bebida alcoólica, cigarro. Olhe, o cigarro prejudica o pulmão, a garganta. (...) “Olhe, maconha é perigoso...”. Então ele foi um cara importante na minha vida por causa disso. (...) Inclusive ele dizia: “Olhe, você tem que se preocupar em estudar, porque hoje é tão fácil, que você tem pai, tem mãe, mas depois... você tem que cuidar do seu destino”. Então foi muito importante. Eu digo uma coisa: foi o conselheiro que eu não tive em casa, foi o conselheiro que eu não tive na escola. Foi ele. (E12)

Em vários casos, ocorre uma abertura para o relacionamento que termina por gerar um aprofundamento na relação. O relacionamento pode encaminhar-se para algum nível de amizade, até mesmo uma amizade muito duradoura:

(...) então a gente criou um vínculo de amizade, que já me fazia falta de ir pra lá, entendeu? (E10)

(...) depois de alguns meses que eles [professores de educação física] estão lá, eles já se comportam mais como amigos (...). Não é aquela coisa assim, o lado profissional, não. (E6)

(...) resumindo a história, isso faz 40 anos, quarenta e poucos, e, por incrível que pareça, a gente mantém uma relação de amizade até hoje. (...) Ele está aposentado, mora em Salvador. De vez em quando, a gente se encontra pelo Natal. (E12)

Para encorajar os alunos, os professores ressaltam os benefícios que a atividade proporciona ao aluno:

Assim, pra mim, foi uma incentivadora, não deixando a peteca cair (...). Como era, assim, uma atividade localizada, ela [professora] sempre dizia: “Olhe, é bom. A perna vai ficar firme. É bom você fazer (...) pra coluna.”. (E10)

(...) ele [professor] chegava: “Vamos fazer assim, vamos fazer isso, que isso é bom.”. Passava um programa e ficava incentivando. (...) Quer dizer, dava sempre aquela força: “Você está bem, você vai perder peso, você vai chegar ao seu objetivo.”. Ele incentivava muito. Ele dava aquela força mesmo para o pessoal. (E2)

e também estimulam através de elogios ao desempenho, que podem ser dirigidos diretamente ao aluno:

(...) ele diz: “Você é uma vitoriosa. Não sei como você consegue!...”. (E10) (...) e [os professores] elogiam também: "Ah, você está bem!...". (E13)

ou dirigidos indiretamente, em conversa com terceiros. Há também uma percepção de que o sucesso pertence a ambos os membros do relacionamento:

(...) tinha até alunas que iam e depois deixavam de ir, e ela [professora] até sempre falava de mim: “Olhe eu quero ver. Vê [nome da entrevistada] aí: não falta de jeito nenhum. Tem filho, tudo, mas tá aí.”. (E10)

De repente ele chega para Benoni [Administrador da academia] ou para um colega [dele] ou para um colega seu: “Você viu o progresso? Que coisa!...”. É bom para os dois: é bom para sua imagem e para a dele, para mostrar que o trabalho dele deu certo. (E7)

Por fim, esses profissionais podem ser modelos admirados pela forma como se dedicam à atividade física:

Ela [a professora] tinha sido bailarina. Ela sempre, desde pequena, dançava, fazia ginástica e a ginástica dela era... sabe aquelas pessoas que já têm o dom? Pronto, ela pra mim foi um exemplo, sabe? (E10)

e também por sua visão de vida, que, até muitos anos depois, mantém força suficiente para influenciar o modo como o indivíduo assume responsabilidades pessoais:

Mas era um ser humano espetacular, um cara que me dava muito conselho. (...) Ele me direcionou. Eu digo uma coisa: hoje casei, [tive] meus filhos, criei meus filhos na mesma linha. (E12)

Em síntese, os professores de Educação Física foram referidos como provedores dos suportes assim categorizados: treinamento, que envolve instrução técnica (planejamento, explanação, feedback, proteção física e informação sobre área afim) e exercícios desafiadores; prevenção de lapso ou recaída; informação sobre oportunidade para fazer exercício; interesse autêntico; disponibilidade-com-dedicação; proteção da imagem pessoal; escuta-e- aconselhamento; abertura do relacionamento; encorajamento por perspectiva de benefícios e encorajamento por elogio ao desempenho; modelo positivo em atividade física e modelo positivo pela visão de vida.

4.1.2.2. Colegas

A segunda fonte de influência mais referida nesta fase foram colegas, contextualizados em ambientes diversos. O entrevistado 3 relata suportes recebidos de uma colega de trabalho (assim tratada, embora seja hierarquicamente superior a ele). A percepção do entrevistado é de que está presente uma preocupação legítima com a pessoa, que salta a fronteira do relacionamento oficial:

(...) ela deveria gerenciar as pessoas da [divisão que a colega gerencia], mas eu acho que ela acumula esses valores [interesse pelos outros]. Ela puxa isso para ela e de repente ela está tomando conta de todo mundo. (...) Ela poderia simplesmente ser aquela pessoa que manteria o processo, como os outros, de forma muito competente, e ficar na dela e passar e ir embora. Mas ela ultrapassa a função, [para assumir o papel] de ser pessoa, de ser gente, de encontrar com o outro e dizer assim “Oh, muito bem, você está aí...”. (...) mas eu acho que ela tem essa postura de, de uma forma ou de outra, de ficar muito mais próximo das pessoas.

Em particular ela lhe fez elogios ao desempenho conseguido:

(...) ela rapidamente vai, ela chega a você (...), tranquilamente para você e diz assim: “[Nome do entrevistado], você está muito bem.”.

e também teceu esse tipo de elogio perante os colegas:

(...) então ela, eu me lembro que na última [palestra] que a gente teve agora em março, ela, falando sobre a questão do programa da saúde da Chesf, disse: “Olha ali [nome do entrevistado], que não me deixa mentir”. Então ela apontou um auditório que estava ali e olhou para trás (...).

Esse relacionamento evoluiu e tornou-se muito próximo, na visão do entrevistado: Eu acho que existe o meu jeito e o jeito único dela que termina combinando mesmo essa história a ponto de não existir essa relação que é puramente formal da empresa ou do gerente que indica e do empregado. (...) rapidamente ela quebrou muita essas barreiras, do que seria apenas a questão da conversa [assuntos de trabalho], então rapidamente ela quebrou essas barreiras e a gente termina sendo muito próximo (...).

Os colegas de trabalho que compartilham as aulas na Academia Chesf foram enfatizados pela companhia estimulante que proporcionam:

É, a gente trabalha junto, a gente se dá super bem. Então tanto eu como ela tínhamos consciência de que éramos para fazer uma atividade física (...). A gente tem vontade de começar uma atividade física. A gente começa a fazer e depois vai dando preguiça. Mas aí uma estimula a outra. Então nessa fase foi muito importante ela estar fazendo comigo, porque ela me estimulava. (...) Só o fato de ter uma pessoa, a gente sabe que a pessoa está indo já é um incentivo, entendeu? Quando a pessoa resolve não ir, ai já dá preguiça de ir. (E6)

Na academia é bom. Eu gosto. (...) Aí você brinca, um diz uma coisa, aí o outro diz outra. É uma coisa totalmente surpreendente. Eu, realmente, eu me sinto bem de estar com o pessoal. (E1)

Tem uma coisa que estimula, que não é somente o personal, (...). Existem alguns amigos que me estimulam a vir também, que é [nome de amigo], que é [nome de amiga] e outras pessoas também que já saíram (...). A gente faz na mesma turma de manhã. Então eles sempre vão. A gente está sempre brincando, rindo, conversando e, então, estimula. (E4)

Para o entrevistado 14, a influência da companhia dos colegas nas aulas é associada à sua identificação com o grupo:

(...) eu me sinto mais integrado ao ambiente. Eu acho que eu sou... eu sinto que o grupo é mais homogêneo. Ali eu estou num ambiente que as pessoas se parecem mais comigo, que têm mais ou menos os mesmos interesses que eu tenho, as mesmas necessidades, os objetivos são parecidos com os meus.

Os colegas também encorajam com elogios ao às conquistas do indivíduo:

Meus colegas que ficam às vezes perto de mim, eles comentam: “Ah, eu quero ser feito você”. (E7)

Tem gente que chega lá e me aplaude, feito [nome do colega] mesmo. Chegou, quando eu estava no resultado do periódico, (...) me abraçou e ele foi entrando na hora e disse assim: “Esse é um dos melhores alunos da academia”. Isso me evolui. Uma palavra me evolui (...), às vezes melhor do que até um prêmio. (E8)

Os colegas que alcançam bom desempenho e resultados com os exercícios servem como modelo que inspira os indivíduos. Há quem estabeleça comparações, para guiar o seu progresso:

Eu vejo progresso nas pessoas também, as pessoas que estão conseguindo... Me deixa feliz quando eu vejo um cara que eu vi há dois anos de um jeito e vejo o cara agora feliz, alegre, satisfeito, fazendo exercício e com o corpo mais inteiro (...). Eu acho bacana, eu me estimulo... (E14)

Inclusive em algumas situações eu até já estou conseguindo chegar no nível de alguns. Por exemplo: correr nessa velocidade anteriormente eu não conseguia, só conseguia na 7, 7 e meio... Então, para eu chegar até a 10 e a 11, já foi uma observação de pessoas: que eu estava mais lenta e a pessoa que estava do meu lado estava acelerada. E aos poucos, com o passar do tempo, eu fui acelerando um ponto, acelerando meio ponto, até chegar onde eu estou hoje. (E7)

Mas os colegas também são admirados por um ângulo que ultrapassa a simples perspectiva da atividade física. São exemplos de esforço, abnegação, dedicação a um propósito de vida: