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Quando 8: Características da amostra

3.2 Seleção dos sujeitos

Os sujeitos da pesquisa foram selecionados entre os usuários da Academia Chesf, pertencente à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – Chesf. Empresa de economia mista e subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S/A, a Chesf foi criada em 1945, com a missão de produzir, transmitir e comercializar energia elétrica para a Região Nordeste do Brasil. Além de atender tradicionalmente aos estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Piauí, a companhia tem contratos de venda de energia em todos os submercados do sistema interligado nacional (CHESF, 2009). Sua sede é localizada em Recife, Pernambuco.

À parte a sua atividade-fim, a organização é reconhecida nacionalmente pelo abrangente conjunto de ações voltadas à saúde e qualidade de vida da força de trabalho. Essas iniciativas já receberam diversos prêmios de reconhecimento, inclusive o Prêmio Nacional de Qualidade de Vida, em 2007, concedido pela Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV). Em 2008 foi consolidado o Plano Corporativo de Saúde e Qualidade de Vida (Viver Bem Chesf), que “objetiva atuar sistemicamente na prevenção, recuperação e promoção de saúde e qualidade de vida dos seus empregados” (CHESF, 2009, p. 16). Desenvolvido na Divisão de Saúde e Bem-estar no Trabalho, vinculada ao Departamento de Administração de Recursos Humanos, o programa de atividade física tem o suporte de uma academia de ginástica, instalada na área onde se localiza o edifício-sede. Na academia estão matriculados cerca de 800 empregados, que praticam de diversos tipos de exercício. Os alunos são orientados por 21 professores vinculados a uma empresa terceirizada contratada pela Chesf. Anualmente a empresa oferece, através do Prêmio Chesf de Qualidade de Vida, seu reconhecimento aos empregados que alcançam os melhores desempenhos em aspectos vinculados a comportamentos saudáveis, como, por exemplo, frequência regular à academia e melhora em indicadores de saúde.

Os sujeitos foram selecionados por acessibilidade, ou seja, longe de qualquer procedimento estatístico, pela facilidade de acesso a eles (VERGARA, 2003).

Antes de se iniciar o processo seletivo, uma reunião foi realizada com os profissionais da academia, com o objetivo de dar-lhes conhecimento sobre o trabalho a ser realizado e solicitar sua colaboração no processo de seleção dos sujeitos.

A seleção foi feita por etapas. Na primeira, identificaram-se usuários da academia que eram praticantes habituais de exercícios. Para isso, foram utilizados dois critérios:

• Critério 1: praticar exercícios com regularidade, dentro dos padrões mínimos de frequência exigidos pelas próprias normas da academia. Os usuários têm 2 ou 3 sessões semanais de exercício (a depender da turma em que se matricularam), com duração de 1 hora por sessão, e são obrigados a atingir a frequência mínima de 70% das sessões em cada trimestre, sob pena de perder a vaga que lhes foi concedida (há uma lista de espera por vagas). A frequência de 70% foi, portanto, considerada como o ponto a partir do qual o usuário foi considerado como praticante regular ou habitual de exercícios.

• Critério 2: manter a regularidade dos exercícios na academia há pelo menos 6 meses contínuos. Este critério se baseia no conceito de estágios de mudança, constante do Modelo Transteórico de Mudança de Comportamento em Saúde, de Prochaska e DiClemente (e.g., PROCHASKA; DICLEMENTE; NORCROSS, 1992), apresentado na fundamentação teórica (2.1.3). Selecionaram-se usuários da academia que mantinham uma prática habitual de exercícios há pelo menos 6 meses, para que a adesão aos exercício pudesse envolver o estágio de ação e o estágio de manutenção, conforme apresentado em 2.1.3.

Com esses dois critérios, ficou assegurado que, ao menos à época da entrevista a adesão dos usuários à atividade física já poderia ser considerada como um hábito. Os dados que atenderam a essa primeira etapa de seleção foram obtidos junto à administração da academia, que os coletou diretamente de seus registros eletrônicos, sob orientação e supervisão do pesquisador.

Não obstante existirem categorizações de níveis de atividade física amplamente utilizadas, não se adotou qualquer uma delas neste trabalho. Em alinhamento com o objetivo geral, o que se pretendeu no processo de seleção foi identificar sujeitos que tivessem a prática de atividade física incorporada como um hábito em suas vidas e pudessem identificar influências sobre a decisão de praticar exercícios. Nesse sentido, considera-se aqui que a existência de algum nível de regularidade nos exercícios foi um critério válido para a seleção.

De qualquer forma, foi verificado, com base na intensidade dos exercícios praticados e na frequência média às aulas, que a maioria dos selecionados atendiam a critérios que permitem considerá-los como praticantes de atividade física em um nível que promove e mantém saúde (HASKELL et al., 2007) e como fisicamente ativos (IPAQ, 2008)17 (Anexos A e B).

A segunda etapa do processo de seleção consistiu em aplicar aos selecionados na primeira etapa um pequeno questionário (Apêndices A e B) para identificar aqueles que tivessem percepção de influências recebidas sobre sua decisão de fazer exercícios ou de se manter em atividade. Dois critérios foram adotados:

• Critério 3: revelar haver recebido algum tipo de influência que os estimulou a se tornarem fisicamente ativos e/ou a se manterem fisicamente ativos. Este critério sinalizava para a existência de relacionamentos que seriam alvo da pesquisa;

• Critério 4: aceitar participar da pesquisa, indicando a possibilidade de acesso aos indivíduos, para realização da entrevista em profundidade.

O questionário foi primeiramente enviado pelo administrador da academia aos pré- selecionados, sob a forma de mensagem de e-mail, através do correio eletrônico disponível na intranet da Chesf. Antecedendo o texto do questionário (Apêndice A), foi inserido na mensagem um breve esclarecimento do próprio administrador da academia. Nesse texto, ele esclareceu o que se estava solicitando ao pré-selecionado e estimulou a sua participação na pesquisa. Esse pequeno texto não será aqui reproduzido por se tratar de documento de teor interno da organização. Foi concedido um prazo de uma semana para que o destinatário encaminhasse o questionário respondido para o endereço de e-mail do pesquisador. Dois dias antes do vencimento desse prazo, o questionário foi reenviado pelo administrador da academia, com uma mensagem de reforço, aos destinatários que ainda não tinham enviado resposta. Findo o prazo, cópias impressas do questionário (Apêndice B) foram encaminhadas aos que ainda não tinham respondido, através de auxiliares da academia, sob supervisão do administrador. Desta vez, foi dado prazo de dois dias para pré-selecionado dar retorno. A cópia do questionário também foi acompanhada de mensagem de esclarecimento e estímulo assinada pelo administrador da academia, da mesma forma como foi feito por via eletrônica. Os questionários foram recolhidos pelos mesmos que os entregaram e foram repassados ao pesquisador.

17 IPAQ é a sigla em Inglês para Questionário Internacional de Atividade Física, instrumento proposto pelo Grupo Internacional para Consenso em Medidas da Atividade Física, constituído sob a chancela da Organização Mundial da Saúde (BARROS; NAHAS, 2000) e coordenado no Brasil pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul – CELAFISCS (MATSUDO et al., 2002).

De todo esse processo resultou uma amostra de 17 usuários da academia, com as seguintes características:

Entrevistado Gênero Idade média às aulas Frequência (%) 1 F 56 81,9 2 M 44 97,4 3 M 33 97,5 4 M 53 76,8 5 M 53 101,2 6 F 52 83,8 7 F 30 99,6 8 M 64 96,1 9 F 54 77,9 10 F 57 108,6 11 F 52 99,8 12 M 60 72,6 13 M 50 78,9 14 M 49 89,6 15 M 58 70,3 16 M 60 88,9 17 F 46 72,6

Quadro 8: Características da amostra. Fonte: Academia Chesf (agosto/2009).

A amostra foi constituída por 10 homens e 7 mulheres, com idade variando de 30 a 64 anos. As idades médias são 52,4 anos (homens), 49,6 anos (mulheres), 51,2 anos (total). A frequência média corresponde ao número de aulas realizadas em relação ao número de aulas previstas nos meses de janeiro a junho de 2009. Essa frequência variou de 70,3% a 108,6%. Uma frequência superior a 100% indica que o indivíduo freqüentou uma quantidade de aulas superior à que estava programada para ele no período. Ocorrem vários casos de usuários intensivos como esses na academia. As médias gerais das frequências médias individuais foram de 87,9% (total), 87,0 (homens), 89,2 (mulheres).

Após a finalização das entrevistas com esses 17 usuários, havia fortes sinalizações sobre importantes fontes de suporte. Grande parte delas era representada por profissionais de educação física da Academia Chesf. O pesquisador, então, considerou importante aproveitar o acesso que tinha a esses profissionais para obter informações originadas do “outro lado” de várias relações que tinham sido abordadas apenas através dos alunos da academia. Seis professores haviam sido citados, entre homens e mulheres, dos quais quatro foram apontados com maior frequência. Foram realizadas entrevistas com esses quatro profissionais. O grupo

foi constituído de 3 homens (idade média: 37,7 anos) e 1 mulher (28 anos). A idade média do grupo é de 35,3 anos.