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Quando 8: Características da amostra

5.1 Conclusões

5.1.1 Fontes e tipos de suporte

A primeira questão norteadora foi respondida mediante a verificação de que múltiplas fontes de suporte social exerceram influência no processo de adesão à atividade física, incluindo a fase que a antecedeu. Na pré-adesão, tais influências foram exercidas por médicos, colegas em geral (com destaque para os colegas de trabalho), familiares, pessoas externas à rede de relacionamentos do indivíduo e a empresa. Na adesão (que envolve a entrada do indivíduo na prática regular e a manutenção dessa prática), esses mesmos grupos estão presentes e surgem os professores de educação física. Todas essas fontes de suporte, de um modo geral, correspondem às que a literatura aponta como influentes sobre a decisão de tornar-se fisicamente ativo e aderir prolongadamente à atividade. Foi levantada uma gama de

suportes que podem ser agrupados segundo a tipologia de suporte social oferecida pela literatura e que receberam rótulos específicos, de acordo com a particularidade do suporte provido.

A maioria das fontes de suporte estão vinculadas ao ambiente da Chesf. E a empresa pode ser, conforme a visão de Okie (2007), considerada uma empresa que é coach em saúde, em razão de suas iniciativas de prevenção de doenças e promoção de saúde. Abrindo parênteses para comentar a atuação da empresa, observe-se uma colocação de O’Donnell (2002). Esse autor afirma que os programas de promoção de saúde no ambiente de trabalho podem ter três níveis de efeito, em importância crescente: aumentar a conscientização, ajudar a fazer mudanças no estilo de vida e criar ambientes que apóiem estilos de vida saudáveis. Pode-se afirmar que, ao menos em relação à atividade física, elementos da estrutura de serviços que a Chesf oferece representam de alguma forma esses três níveis. Os médicos, com auxílio dos exames periódicos, promovem a conscientização (primeiro nível), mediante o alerta e a orientação para a mudança de hábitos. Os serviços da academia contribuem decisivamente para que se operem mudanças (segundo nível). Quanto ao terceiro nível – criação de um ambiente de suporte – há elementos que se inserem entre os que O’Donnell preconiza: o estabelecimento de uma política corporativa de saúde, o reconhecimento ao envolvimento e ao sucesso dos empregados nos programas oferecidos, a própria existência de uma academia na empresa e os esforços para a continuidade e expansão dos programas. Os empregados reconhecem e aplaudem as iniciativas da empresa:

Olhe, a Chesf, ela é o elemento essencial, digamos assim, porque a Chesf, ela tem uma preocupação quase neurótica com a saúde dos funcionários. Assim, você tem alguma preocupação realmente grande, como [por exemplo] ela disponibilizar a academia aqui dentro. (E13)

Mas há quem alegue que a empresa ainda tem algo a fazer para que se estabeleça cabalmente uma cultura de saúde em seu ambiente:

... é como eu digo: quando você vai para a prática... Se eu entrar na reunião e disser “Vou parar, porque eu vou para a academia”, [as pessoas reagem:] “Ih, rapaz. academia, é?...”. Todo mundo já fica meio assim. Não é uma coisa que as pessoas valorizam. O ambiente de trabalho em geral não valoriza. Então eu acho que a gente tem que trabalhar isso aí. (E14)

À parte o papel da empresa, os grandes destaques em termos de fontes de suporte cabem aos colegas de trabalho, na pré-adesão, e aos professores de educação física, na adesão. O suporte dos colegas foi mais plenamente representado por encorajamento e modelagem (positiva e negativa). Já os professores foram a fonte que proveu a maior gama de suportes de

todo o levantamento realizado, abrangendo fortemente as três dimensões funcionais (instrumental, psicossocial e modelar).

Ao responder à questão norteadora 1, o presente estudo ofereceu uma contribuição para o estudo das relações entre o suporte social e prática de atividade física. Apontou fontes significativas de suporte social e a natureza diversificada de suas influências (tipos de suporte provido), sob o ponto de vista dos que as receberam. Particularmente, o estudo contribui para um melhor entendimento dos relacionamentos de suporte que ocorrem em um ambiente organizacional em que se adota um programa voltado para a saúde e a qualidade de vida dos empregados. Portanto a contribuição se estende ao campo da promoção de saúde no ambiente de trabalho.

O ambiente da Chesf se demonstra altamente potencializador da adesão à atividade física, na medida em que oferece suportes que podem influenciar a prática de exercícios. Quase todos os suportes presentes no ambiente da Chesf são vinculados ao seu Plano Corporativo de Saúde e Qualidade de Vida. É o caso de alerta e orientação para a mudança (exames periódicos, consultas e orientação dos médicos), oferecimento/pagamento de estrutura/serviços (no caso da atividade física, a própria academia e seus serviços), informação sobre oportunidade para fazer exercício, prevenção de lapso/recaída (normas de frequência da academia) e encorajamento por elogio ao desempenho (Prêmio Chesf de Qualidade de Vida, anual). Esses suportes estão sob controle da empresa: podem ser planejados, aplicados, avaliados, ajustados. Além disso, a empresa pode exercer algum tipo de controle sobre as fontes desses suportes: o próprio comando da área de saúde e bem-estar (que fazem o papel da própria Chesf nessa área), médicos e professores de educação física e todos os que, pela empresa, contribuem para o funcionamento do Plano.

Existe, porém, no ambiente organizacional, uma poderosa fonte de suporte que, em relação ao foco deste trabalho, não é controlada: os empregados que poderiam contribuir para a adesão dos colegas ao exercício. Quanto a isso é possível que sequer exista na empresa uma consciência do valor que essas pessoas podem ter como fonte de influência sobre a mudança do comportamento em atividade física. Sendo assim, uma excelente fonte de recursos não está sendo aproveitada.