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O Brasil é o país que mais dispõe de horas de sol por ano no mundo – entre 2 mil e 3 mil horas, o que significa em tor- no de 15 trilhões de megawatts por hora (MWh). O sol é uma fonte praticamente inesgotável de energia. Porém, a utilização da energia solar ainda é insignificante.

A energia proveniente dos raios solares é renovável, alternativa, limpa, não deixa resíduos no meio ambiente e não prejudica o ecossistema. Os raios solares podem ser transformados, com recursos e equipamentos adequados, em eletricidade (energia fotovoltaica) ou em calor (energia térmica).

Um exemplo de conversão direta da radiação solar em calor são os coletores solares para aquecimento de água. A geração de energia elétrica a partir do aquecimento solar da água vem sendo testada para acionar geradores elétricos com capacidade de até 200 MW.

Biogás

O biogás é um biocombustível ori- ginado da degradação biológica (sem a presença de oxigênio, de matéria orgâ- nica). É um tipo de mistura gasosa de dióxido de carbono e metano, produzi- do pela ação de bactérias em matérias orgânicas, que são fermentadas dentro de determinados limites de temperatu- ra, teor de umidade e acidez.

O metano, principal componente do biogás, não tem cheiro, cor ou sabor, mas os outros gases presentes confe- rem-lhe um ligeiro odor desagradável. É uma fonte de energia renovável.

Para produzir o biogás, usa-se o biodigestor. O gás produzido poderá servir para gerar energia elétrica, para secar cereais, como gás de cozinha ou no aquecimento de ambientes, tanto de uso humano quanto na produção ani- mal. Os resíduos da fermentação são utilizados na adubação agrícola.

Biomassa

A biomassa se origina da energia solar. As plantas mantêm simultanea- mente dois processos para sobreviver: a respiração e a fotossíntese. Por meio da fotossíntese, as plantas produzem tecidos vegetais, que, por sua vez, cres- cem e se reproduzem. A fotossíntese é uma reação bioquímica que converte a energia solar – que é inesgotável em termos humanos – em energia quími- ca, armazenada nos tecidos vegetais sob a forma de compostos orgânicos que formam a biomassa: folhas, caules, raízes, sementes, frutos etc.

A temperatura tem forte influência na intensidade da fotossíntese na maioria dos plantios de inverno, que têm seu óti- mo térmico entre 15ºC e 30ºC; já os plan- tios de verão têm seu ótimo térmico entre 20ºC e 40ºC. Ou seja, nessas temperatu- ras, as plantas têm o máximo rendimento em termos de produção de biomassa.

A localização de 92% do territó- rio brasileiro na zona intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a predominância de climas quentes, com médias de temperatura superiores a 20ºC. Essas condições climáticas dão vantagens para o Brasil na produção

de biomassa, que, por sua vez, utiliza- da como alimento, é a principal fonte de energia para os seres vivos, sendo indispensável para todas as formas de vida terrestre. Além disso, a biomassa pode ser convertida em eletricidade, combustível ou calor. Os principais produtos da biomassa que podem ser transformados diretamente em energia são a lenha, o óleo vegetal, o álcool e o biodiesel.

Uma das grandes polêmicas sobre o tema dos biocombustíveis é a compe- tição entre produção de energia e pro- dução de alimentos. O sistema de produção de agrocombustíveis propos- to pelas elites capitalistas de fato pres- supõe e acirra essa competição. Contu- do, é possível organizar sistemas pro- dutivos que conciliem a produção de energia e a produção de alimentos, seja produzindo oleaginosas em sistemas agroflorestais, seja utilizando a torta de oleaginosas como adubo ou como alimentação animal, enriquecendo as- sim as cadeias produtivas de carnes e leite, entre outras. Nos sistemas agro- florestais, podemos implantar cultu- ras arbóreas e lenhosas, ao lado de cul- turas anuais – criações de abelhas, por exemplo –, consolidando formas sus- tentáveis de aproveitamento e uso da energia da biomassa, conciliando pro- dução de alimentos e de energia.

O modelo proposto pelas elites capitalistas é considerado insusten- tável pelos movimentos camponeses. Os sistemas industriais implantados com base no modelo das elites são centralizados e controlados por gran- des grupos econômicos; o cultivo se dá em grandes propriedades e, quan- do envolve os pequenos agricultores, isto se dá por meio de sua integração às indústrias. A proposta camponesa

se assenta na organização de sistemas cooperativados de industrialização, descentralizados, baseados na produ- ção diversificada de matérias-primas e em indústrias multifuncionais. As características principais dos sistemas de produção de alimentos e energia na agricultura camponesa são:

soberania alimentar: o objetivo •

primeiro e central é a produção de alimentos saudáveis e variados, mediante sistemas diversificados de produção;

soberania energética: a produção •

de energia deve ser um subprodu- to da produção de alimentos e ter como objetivos centrais a autono- mia energética das comunidades camponesas, o atendimento das necessidades energéticas regionais e os possíveis excedentes para as necessidades nacionais;

agroecologia: os sistemas pro- •

dutivos devem estar baseados na agroecologia, promovendo-se a transição do modelo tecnológico e superando-se a dependência dos insumos químicos;

biodiversidade: promoção da bio- •

diversidade e respeito à existen- te, aumentando e resgatando a diversidade biológica do meio onde tenha sido degradada; diversidade cultural: respeito aos •

valores, costumes, formas de vida e sistemas culturais locais, e suas expressões nas formas de trabalho, produção, culinária, música, ritos, religiosidade etc.;

formação e capacitação: garantia •

de processo sistemático e continua- do de formação política e capaci- tação técnica e administrativa que deem sentido estratégico e trans- formador na direção de um novo

modelo de sociedade que atenda aos interesses das classes trabalhadoras; projetos com viabilidade ambien- •

tal, social, técnica e econômica; sistemas industriais descentraliza- •

dos e sob o controle de organi- zações econômicas camponesas; produção de alimentos e energia tendo •

como componente indispensável a im- plantação de sistemas agroflorestais e agrosilvipastoris;

organização de sistemas alimentar- •

energéticos completos, integrando as várias fontes de energia – tais

como álcool, óleos vegetais, bio- diesel, biogás e energia elétrica –, juntamente com o armazenamen- to, o beneficiamento e a comercia- lização de alimentos;

hegemonia camponesa nos territó- •

rios e nas comunidades;

autonomia científica, tecnológica •

e na produção e melhoramento de sementes e material genético, bem como das pesquisas e dos conhe- cimentos científicos necessários ao desenvolvimento dos projetos implementados.

Para saber mais

görgEn, |frei| S. A. (org.). A agricultura camponesa e as energias renováveis –

um guia técnico. Porto Alegre: Padre Josimo Edições, 2009.

A

aGroEColoGia

Dominique Michèle Perioto Guhur Nilciney Toná

A agroecologia pode ser considera- da uma construção recente; portanto, sua definição ainda não está consoli- dada. Constitui, em resumo, um con- junto de conhecimentos sistematiza- dos, baseados em técnicas e saberes tradicionais (dos povos originários e camponeses) “que incorporam princí- pios ecológicos e valores culturais às práticas agrícolas que, com o tempo, foram desecologizadas e desculturali- zadas pela capitalização e tecnificação da agricultura” (Leff, 2002, p. 42). An- tes de nos aprofundarmos no debate conceitual, vamos inicialmente consi- derar as condições de surgimento da

agroecologia, resgatando o histórico do conceito, bem como as principais correntes existentes, e evidenciando o seu desenvolvimento no Brasil.

uma perspectiva das

No documento Fundação oswaldo Cruz Presidente (páginas 55-57)