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Outros autores, como Vygotsky (1979), Riegel (1976), Bronfenbrenner (1979), Ausubel (1980), Gardner (1993) e Rubem Alves (1994), também apresentam suas contribuições acerca do processo ensino- aprendizagem. Vygotsky (1979), representante influente da escola dialética, afirmava que os seres humanos aprendem na medida em que interagem com os outros. Para ele o conhecimento deriva-se da cultura humana. A cultura não cria nada, ela simplesmente modifica o ambiente natural para se conformar aos objetivos humanos. O processo de aprender e desenvolver são funções psicológicas avançadas no qual inicialmente se partilha com outros para posteriormente internalizar as interações sociais.

Riegel (1976), também representante da escola dialética, postulava que todo desenvolvimento necessariamente evolui de um estado de desequilíbrio. Enfatiza o social e acredita que o diálogo entre duas pessoas fornece protótipos para a análise do desenvolvimento. Os diálogos existem no tempo e preenchem o vão entre dois seres humanos. Diálogos requerem que os participantes coordenem suas falas, para que não degenerem em meros monólogos alternados.

O enfoque ecológico de Bronfenbrenner apud Fonseca (1998) considera “o como” as pessoas se acomodam ao longo de suas vidas em ambientes de mudanças, nos quais crescem e vivem. É o exame de sistemas multipessoais de interação não limitados a um único meio, que leva em conta aspectos do contexto para além da situação imediata que contém o sujeito. Nesta concepção as interações são importantes para o aprendizado.

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De acordo com Maturana (1999), toda interação implica num encontro estrutural entre os que interagem, e todo encontro estrutural resulta num desencadilhamento de mudanças estruturais entre os participantes do encontro. Como resultado, cada vez que encontros recorrentes acontecem, ocorrem mudanças estruturais. Pode-se dizer, portanto, que aprender é estar imerso num âmbito de interações onde ocorrem mudanças estruturais.

Gardner (1994) concebe uma nova e diferente visão das competências intelectuais humanas. Ele argumenta que todos nascem com potencial para desenvolver muitas inteligências.

Ausubel (1980) destaca a aprendizagem significativa que se refere à aquisição de novos significados, conceitos mais amplos ou proposições que foram relacionadas, às informações relevantes previamente adquiridas por um aprendiz, ou seja, a interação da nova informação ancora-se em uma estrutura de conhecimento específica, pré-existente, de forma que esta nova informação modifica, assim, a estrutura cognitiva do aprendiz.(MOREIRA & BUCHWEITZ, 1993).

A escola deve transformar-se numa comunidade de vida, e a educação deve ser concebida como uma contínua reconstrução da experiência. Comunidade de vida democrática e reconstrução da experiência baseadas no diálogo, na comparação e no respeito real pelas diferenças individuais, sobre cuja aceitação pode se assentar um entendimento mútuo, o acordo e os projetos solidários. O que importa não é a uniformidade, mas o discurso. O interesse comum realmente substantivo e relevante somente é descoberto ou é criado na batalha político-democrática e permanece ao mesmo tempo tão contestado como compartilhado. (BERNSTEIN, 1987, p.47).

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De acordo com Alves (1994), “a mente guarda e opera conhecimentos de dois tipos: os conhecimentos que dão prazer e os conhecimentos instrumentais. O esquecimento é uma operação da inteligência que se recusa a carregar o inútil e o que não dá prazer”.

Já Assmann (1998) ensina que o ambiente pedagógico deve ser lugar de fascinação e inventividade. Não inibir, mas propiciar, aquela dose de alucinação consensual entusiástica requerida para que o processo de aprender aconteça como mixagem de todos os sentidos. Reviravolta dos sentidos-significados e potenciamento de todos os sentidos com os quais o ser humano sensoria corporalmente o mundo. Porque a aprendizagem é, antes de tudo, um processo corporal. Que ela venha acompanhada de sensação de prazer não é, de modo algum, um aspecto secundário.

Para esse autor, é necessário reintroduzir nos ambientes de aprendizagem o princípio de que toda morfogênese do conhecimento tem algo a ver com o prazer. Quando esta dimensão está ausente, a aprendizagem passa a ser um processo meramente instrucional. A experiência de aprendizagem implica, além da instrução informativa, a reinvenção e construção personalizada do conhecimento onde o prazer representa uma dimensão chave.

A perspectiva humanista, na qual se apóia a filosofia da instituição que abriga o curso em estudo, valoriza as experiências da pessoa, seus sentimentos e valores e tudo o que pode ser resumido como “vida interior”, respaldando a teoria conhecida como “teoria não diretiva ou teoria centrada na pessoa”. A teoria centrada na pessoa é defendida por Rogers. Ele acredita que no “organismo” se localiza a experiência humana e significa todo campo fenomenológico onde se situa o

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homem. Segundo ele, das experiências e percepções no campo fenomenológico resulta o comportamento.

Esta visão muda a maneira de compreender a educação. O ensino que era centrado no professor, passa a ser centrado no aluno. Para Rogers (1971), a aprendizagem significativa ou experimental tem a qualidade de um envolvimento pessoal, a pessoa como um todo inclui- se no fato da aprendizagem. De acordo com esta teoria, o professor é um facilitador que partilha com os estudantes a responsabilidade pelo processo de aprendizagem, ele provê os recursos da aprendizagem. Cabe ao aluno preparar-se para buscar o conhecimento e ao professor, facilitar essa busca.

Bandler e Grinder (1975), partindo do princípio de que todos têm o mesmo potencial mental e neurológico e, portanto, se alguém faz alguma coisa, qualquer outra pessoa também poderá fazê-la, desde que conduza seu sistema nervoso e seu processamento interior exatamente da mesma forma, afirmam que se pode aprender através da modelagem.

Para modelar é necessário prestar muita atenção ao que se “faz”, ou seja, o processo é mais importante que o conteúdo, o que “se diz”. Pode-se copiar estratégias de qualquer pessoa que esteja conseguindo os resultados que se deseja em qualquer comportamento ou tarefa. Se quiser modelar um grande atleta, por exemplo, deve-se descobrir tudo o que ele faz e como faz. Consegue-se isto, através da formulação de perguntas, como fizeram Brandler e Grinder.

Existem três fatores que precisam ser reproduzidos para obter-se bons resultados em modelagem. O primeiro passa pelo sistema de crenças. Se a pessoa realmente acredita que é possível modelar alguém e envia

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essa mensagem ao cérebro, terá percorrido grande parte do caminho. O segundo é a estratégia. Descobre-se as mensagens internas (o que acontece visualmente na mente, o que diz para si e como se sente) o sujeito modelado ao realizar o comportamento, atitude ou habilidade que está sendo modelada e repete-se os mesmos passos. O terceiro é a reprodução da fisiologia do modelo. Manter a mesma postura, expressão facial, modo de respirar da pessoa modelada. Isto é, agir como se fosse ela.

É possível aprender partindo dos resultados de outrem. E ganhar muito tempo, também, já que existe a chance de dominar a arte de aprender com a experiência de pessoas modelos. A modelagem é um princípio de aprendizagem, natural desde a infância. Modela-se para aprender a andar, falar e comer.