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Para Patrício (1995), o processo de entrada no campo consiste nas interações de aproximação com o sujeito, assemelhando-se com um “namoro”. Significa o início do processo de conhecer os ambientes de trabalho, selecionar os sujeitos para o estudo e apresentar o

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pesquisador, a proposta de trabalho, solicitar a sua participação, com apoio nos princípios éticos da pesquisa.

Patrício (1996) afirma que pesquisar através do método qualitativo exige muito do pesquisador no que diz respeito ao seu poder de comunicação, com a finalidade de colher dados, de saber pesquisar num movimento de interação humana cheio de subjetividade que requer do pesquisador o exercício constante de empatia e ao mesmo tempo de distância com o pesquisado, de tal modo que o desenvolvimento desse processo ocorra com o mínimo de interferência possível do pesquisador em relação aos significados dos sujeitos estudados de tal forma que os resultados do estudo sejam bem próximos da realidade.

Para Triviños (1987), antes de abordar os informantes, o investigador deve estar plenamente convencido da necessidade de desenvolver todos os elementos humanos que permitam um clima de simpatia, de confiança, de lealdade, de harmonia entre ele e o entrevistado. Este

rapport é essencial para atingir a máxima profundidade do informante

sobre o fenômeno que se estuda. Quando se tem alcançado esse nível de simpatia recíproca, de confiança mútua, entre informante e pesquisador, pode-se dizer que os dados fornecidos pelo entrevistado são vitais para a pesquisa, porque o informante marca sua presença também com verdadeiro interesse, isto é, está participando ativamente no desenrolar da investigação.

Para o pesquisador esse é o momento de estar testando suas próprias habilidades ao transformar-se num observador de si mesmo, já que a proposta de estudo refere-se à comunicação como caminho à interação humana. Nessas interações com os sujeitos pesquisados, são definidos os princípios norteadores da pesquisa, apresentado-se o

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objetivo do estudo, a forma de coleta de dados, garantindo-se o sigilo quanto à identidade dos mesmos, solicitando-se autorização para gravação dos diálogos durante a realização da entrevista semi- estruturada. Solicita-se também a autorização, por escrito, da organização onde se realiza o estudo.

O primeiro passo, para este estudo, foi um encontro com a coordenadora do curso para passar as principais informações sobre a pesquisa e solicitar autorização para sua realização. A própria coordenação se encarregou de comunicar à direção de centro sobre a realização da mesma. A instituição, na pessoa da coordenadora do curso, disponibilizou todos os dados que se fizeram necessários. Esteve sempre presente, motivando os professores e alunos para responderem aos questionários e disponibilizarem tempo para as entrevistas.

Conforme prevê o método, as entrevistas foram conduzidas de modo que as questões formuladas inicialmente, na medida que fossem sendo respondidas, pudessem gerar outras questões para aprofundamento das anteriores ou para elaboração de novos questionamentos. Observando-se os princípios éticos acordados com os sujeitos pesquisados, os diálogos foram gravados e, posteriormente, transcritos para que se pudesse melhor apreender a realidade.

Optou-se pela gravação das entrevistas, no sentido de liberar o pesquisador para estar atento às expressões orais dos sujeitos pesquisados, ou seja, à linguagem não-verbal: as expressões faciais, os gestos, as mudanças de postura, a coloração da pele, a respiração, o tom da voz, as emoções expressas ou não através da fala ou mesmo das palavras não ditas.

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Esta opção fundamenta-se em Triviños (1987), que a recomenda, ainda que seja cansativa sua transcrição. A gravação permite contar com todo material fornecido pelo informante. Simioni (1997), também recomenda que o material da entrevista seja gravado em fita magnética. A fala dos diversos sujeitos deve ser transcrita de forma a recuperar a integralidade dos depoimentos.

Foram tomados todos os cuidados éticos necessários, em todas as formas de abordagem aos informante no decorrer deste estudo, desde a marcação e cumprimento dos horários de entrevistas, observações, entrega de formulários, manuseio de documentos da organização, providências de autorização para pesquisa da organização, da coordenação do curso, dos professores e alunos.

Tais cuidados basearam-se nas recomendações de Hossne & Vieira (1995); eles lembram que, tanto nas entrevistas, como em qualquer outra forma de abordagem visando à experimentação com seres humanos, o consentimento faz-se necessário. É o consentimento que transforma o que seria simples uso da pessoa em participação consciente num empreendimento científico.

As entrevistas foram transcritas, digitadas e algumas devolvidas aos entrevistados para revisão e validação das informações prestadas. A transcrição das entrevistas constituiu uma etapa trabalhosa, uma vez que parte delas, principalmente as dos professores, tiveram uma duração média superior a uma ou duas horas, ocorrendo casos de entrevistas nas quais os respondentes falavam baixo, num ritmo veloz, usando vocabulário e sotaque regionais com ruídos paralelos.

7 APRESENTACÃO, DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS

DADOS

Este capítulo contém a apresentação, descrição e interpretação dos dados qualitativos, bem como, a análise dos dados quantitativos, assim organizados: Referenciais para análise e interpretação dos dados, Comunicação Professor-Aluno, Linguagem Sensorial: Tipos, Qualidade na Comunicação, Indicadores de Qualidade na Comunicação Professor-Aluno, Barreiras na Comunicação Professor-Aluno, Emoções, Tipos de Emoção, Qualidade das Emoções, Prazer, Outras Categorias Identificadas na Coleta de Dados (Conhecimento, Motivação, Aprendizagem e Estratégias de Ensino).

7.1 Referenciais para Análise e Interpretação dos Dados