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9 ESTUDO DE CASO 1: A MENINA DO NARIZINHO ARREBITADO

Quando o Brasil comemorava 90 anos de literatura infantil de Monteiro Lobato, nos corredores da editora Globo Livros, no Jaguaré, em São Paulo, editores pensavam como celebrar a data. Mais do que uma editora que publica títulos infantis, a Globo é detentora dos direitos autorais de reprodução da obra de Lobato. A primeira obra do escritor para crianças,

A Menina do Narizinho Arrebitado, tinha sido publicada para aproveitar o Natal de 1920.

Eis que naquele ano de 2010, em março, surge para iPad uma versão lite de Alice no

País das Maravilhas feita pela editora digital inglesa Atomic Antelope. O livro, que fazia

objetos se moverem pelo chacoalhar do tablet e permitia esticar e encolher a personagem, encantou leitores no mundo todo: o movimento dos objetos e das cenas não estava mais apenas na imaginação. Era uma revolução. Passado o espanto, e tendo evoluído as possibilidades de recursos interativos, percebe-se mais claramente quais recursos digitais foram usados para enriquecer a história e quais apenas serviram como enfeite. Também sabe- se que a interação e a animação podem fazer coisas muito mais incríveis do que isso – haja visto as obras de William Joyce, que já trabalhou na Pixar e na Dreamworks, frente à Moonbot, que produziu The Fantastic Flying Books of Morris Lessmore e Numberlys.

Contudo, não há como negar o poder de influência que Alice exerceu nas obras digitais, pelo menos as nacionais, que viriam depois. Era com esta referência que a Globo começou a pensar sua versão eletrônica para Narizinho. “A partir da Alice, que era o grande exemplo que a gente tinha, quis fazer uma coisa um pouco diferente, porque achava que Alice tinha o que chamamos, em desenvolvimento de games ou de programas gráficos, de demonstração técnica”52, conta Erick Santos Cardoso. Segundo ele, algumas ilustrações e interações no aplicativo não complementavam a história. “A gente queria que as ilustrações complementassem a leitura. Esse foi um conceito que usamos em todo o livro A Menina do

Narizinho Arrebitado.”53

A primeira decisão tomada pela equipe foi que a edição teria exatamente o mesmo texto da obra de Lobato de 1920, respeitando apenas a nova ortografia.

Não editamos o texto, nem o limpamos. Lobato hoje pode ser um pouco pesado, ele usa descrições longas, que é bem diferente da leitura atual. Mas queríamos manter o texto original, porque era uma edição comemorativa, e, para as ilustrações,                                                                                                                

52  CARDOSO, São Paulo, 2012   53  Ibid  

queríamos o estilo da Alice, que era o estilo de gravura que havia nos livros vitorianos. Quisemos fazer uma referência ao Alice neste ponto, então, tem um tratamento de papel envelhecido, algumas texturas, e o desenho é muito detalhado.54

De fato, crianças e até adultos terão de recorrer ao dicionário para procurar palavras atualmente pouco usuais como “catacega”, “faminteza”, “lombeira”, “paragens”, “tesinha”, “pespegar”, “entiotada”. Uma decisão acertada e corajosa de repaginar Lobato na plataforma digital, contudo, mantendo o texto original e todo seu contexto – mesmo que os tempos politicamente corretos de hoje possam não ver com bons olhos trechos como a apresentação dos personagens:

Além de Lúcia, existe na casa a Tia Anastácia, uma excelente negra de estimação, e mais a Excelentíssima Senhora Dona Emília, uma boneca de pano, fabricada pela preta e muito feiosa, a pobre, com seus olhos de retrós preto e as sobrancelhas tão lá em cima que é ver uma cara de bruxa.55

Outro ponto positivo da obra no suporte eletrônico é que ela difere da versão impressa corrente de Reinações de Narizinho, onde está inserida a história de A Menina do Narizinho

Arrebitado – é o primeiro texto, intitulado apenas Narizinho Arrebitado. Embora o livro de

papel seja apresentado em dois modelos diferentes, um mais infantil sob o selo Globo Livros e outro com linguagem e acabamento mais voltados ao público adulto e reprodução das ilustrações originais de Jean Gabriel Villin e J. U. Campos, em edição especial lançada pelo selo Biblioteca Azul, também da Globo Livros, os textos nos dois suportes impressos são bem diferentes do que é veiculado no iPad. Nos exemplares de papel, por exemplo, a avó de Narizinho já tem nome (Dona Benta) e Emília fala, coisa que a boneca não faz na versão original de Lobato.

Compare os dois inícios:

A deliciosa introdução bem-humorada de Lobato no iPad:

Naquela casinha branca, lá muito longe, mora uma triste velha, de mais de setenta anos. Coitada! Bem no fim da vida que está, e trêmula, e catacega, sem um só dente na boca, jururu... Todo mundo tem dó dela:

- Que tristeza viver sozinha no meio do mato...

Pois estão enganados. A velha vive feliz e bem contente da vida, graças a uma netinha órfã de pai e mãe que lá mora desde que nasceu. Menina morena, de olhos pretos como duas jabuticabas, e reinadeira até ali!... Chama-se Lúcia, mas ninguém a trata assim. Tem apelido. Yayá? Nenê? Maricota? Nada disso. Seu apelido é ‘Narizinho Rebitado’, não é preciso dizer por quê. Além de Lúcia, existe na casa a Tia Anastácia, uma excelente negra de estimação, e mais a Excelentíssima Senhora                                                                                                                

54  CARDOSO, São Paulo, 2012

Dona Emília, uma boneca de pano, fabricada pela preta e muito feiosa, a pobre, com seus olhos de retrós preto e as sobrancelhas tão lá em cima que é ver uma cara de bruxa.56

E a versão atualmente corrente no impresso, pelo selo Biblioteca Azul:

Numa casinha branca, lá no Sítio do Picapau Amarelo, mora uma velha de mais de sessenta anos. Chama-se Dona Benta. Quem passa pela estrada e a vê na varanda, de cestinha de costura ao colo e óculos de ouro na ponta do nariz, segue seu caminho pensando:

‘Que tristeza viver assim tão sozinha neste deserto...’.

Mas engana-se. Dona Benta é a mais feliz das vovós, porque vive em companhia da mais encantadora das netas – Lúcia, a menina do narizinho arrebitado, ou Narizinho como todos dizem. Narizinho tem sete anos, é morena como jambo, gosta muito de pipoca e já sabe fazer uns bolinhos de polvilho bem gostosos.

Na casa ainda existem duas pessoas – Tia Nastácia, negra de estimação que carregou Lúcia em pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de corpo. Emília foi feita por Tia Nastácia, com olhos de retrós preto e sobrancelhas tão lá em cima que é ver uma bruxa.

Esta versão impressa é mais longa e tem detalhes muito diferentes da que está no tablet, como se pode perceber pelo trecho acima e também por outras partes da condução da história, que não estão no livro eletrônico. Há, por exemplo, audiência com os queixosos moluscos nus contra os caranguejos Bernardos-Eremitas, que não existe no gadget. Até o Pequeno Polegar aparece na narrativa impressa – na verdade uma baratinha à procura do tal, que havia fugido do livro onde morava; a barata é Dona Carochinha, que cita ainda outros personagens dos contos de fadas: Aladim, Bela Adormecida, Gato de Botas, Pinóquio, Gato Félix e Branca de Neve. Até mesmo a Dona Aranha, na versão de papel, já trabalhou para Cinderela e Branca de Neve. No texto para iPad, o bobo da corte é Carlito Pirulito, já no impresso, Carlito já havia sido devorado por um peixe-espada. Na obra de papel, há também uma boa parte da história dedicada a fazer Emília finalmente falar – e a boneca, de fato, começa a tagarelar pelos cotovelos depois de engolir uma pílula falante. Além disso, Pedrinho aparece já neste capítulo, o que não acontece no aplicativo.

Com a escolha de reproduzir o texto original de Lobato no iPad, a equipe encontrou uma questão a solucionar: como dar uma leitura dessas para uma criança que está acostumada com os novos meios de comunicação, que cresce em meio a essa difusão multimídia? “Ela tem cinema, tem game, tem TV a cabo, tem celular, um monte de coisas. Por isso, trouxemos um texto clássico, um texto importante da literatura brasileira, em um formato atual”57, explica Cardoso.

                                                                                                               

56  LOBATO, 2010  

Ele ressalta que uma das maiores preocupações que nortearam a transposição da obra para o formato digital foi não fugir do escopo de um livro. Por mais que os conhecimentos do universo de games e de animação fossem necessários, e a mescla de linguagens fosse inevitável para fazer o enhanced e-book, o grupo tentou sempre manter em mente que cada recurso midiático que fosse acrescentado deveria vir para melhorar a experiência da história, não distrai-la.

A nossa preocupação maior no desenvolvimento do projeto, como editores, era deixar muito claro que isso é um livro. Isso não é um game, não é um joguinho, não é uma brincadeira só com a animação, por isso, toda e qualquer interação tinha que complementar a narrativa de alguma forma. Não podia ser simplesmente uma coisa visual que ficasse lá brincando. Tinha que ter alguma relação com a história. [...] Não quisemos colocar nenhuma parte que virasse um game, porque senão você perde o sentido do livro. Era para trabalhar literatura com interação. Estou fazendo literatura, o mais importante é o Monteiro Lobato ainda, não pode ser a interação.58

Com base nessas explicações, procede-se agora a uma análise dos recursos de ilustração e interação presentes nas telas-páginas do livro. Algumas telas são explicadas pelo próprio Cardoso.

Tela 0

Capa do livro, com seta que convida a virar a página.

Figura 1 – Capa do livro digital A Menina do Narizinho Arrebitado Reprodução

                                                                                                               

Tela 1

A introdução do jornalista e escritor Vladimir Sacchetta, sob o título “Um mergulho na fantasia”, faz um breve resumo da aventura de Narizinho pelo Reino das Águas Claras, que apresenta três personagens clássicos de Lobato: Dona Benta, ainda sem nome, Tia Anastácia (com A) e Emília, a boneca da menina. O texto está em um fundo que reproduz uma página amarelada pelo tempo. As letras do título são móveis e o leitor pode brincar com elas, tirando- as de lugar e formando novas palavras. Como ilustração, pequenos peixes se movimentam como a balançar na água.

Tela 2

Sob o título “O sono à beira do rio”, começa o primeiro capítulo da história. Todas as letras deste título, como na tela anterior, podem ser retiradas do lugar e rearranjadas de modo a formar novas palavras. Nessa tela também os pequenos peixes se movimentam num balanço de rio para cima e para baixo, apenas animados, sem interação.

Figura 2 –Modelo de página de abertura de capítulo. À esquerda, sem interação do leitor. À direita, as letras do título foram movimentadas de modo a formar novas palavras.

Reprodução

Tela 3

Com texto aplicado sobre uma ilustração, e não mais sobre páginas amareladas, a leitura prossegue contando sobre o ribeirão que se encontra no fundo do pomar e seus peixes, outra paixão de Narizinho. Na ilustração, são retratados as águas do ribeirão, o reflexo de Narizinho balançando e os peixes que se movimentam animados automaticamente para lá e

para cá. Não é preciso tocar neles para que se mexam. Mas, se o leitor assim o fizer, provocará a fuga dos peixes em cada local que tocar, e uma ondulação circuncêntrica na água como quando se joga uma pedra.

Tem vários aplicativos que brincam com essa ideia das carpas: ao tocar a tela, os peixinhos se animam. É um teste de animação. Esse é um típico programa que individualmente funciona como demo técnico. E aqui conseguimos encaixar dentro da necessidade da ilustração. Narizinho está olhando o lago, os peixes estão vivos, a criança consegue brincar com a ilustração enquanto está lendo.59

Figura 3 – As carpas podem ser movimentadas com o chacoalhar do tablet. Reprodução

Tela 4

Página sem ilustração e interação. Na história, a menina dorme à beira do ribeirão e acorda com um peixe e um besouro vestidos como gente, ambos pousados sobre sua cabeça – tratam-se de Príncipe Escamado e Cascudo, respectivamente.

Tela 5

O encontro de Escamado e Cascudo é narrado, ambos estranhando aquela “terra” onde estavam pisando. Nesta página há uma ilustração de Narizinho e os dois bichos sobre sua face. Folhas animadas passam por seu rosto, fazendo um barulho de vento. Se o leitor mexer no rosto da menina, verá ela retorcendo o nariz, em sinal de coceira.

Tela 6

                                                                                                               

Os dois animais começam a retirar fios de sobrancelha da menina, achando ser vara de vime ou barbatana. A ilustração é de Narizinho e dos bichos, em ângulo um pouco diferente do da tela anterior. As folhas continuam a passar pela página animadas, sob o barulho do vento.

Tela 7

Não há ilustração nem interação. Escamado e Cascudo encontram o nariz e discutem se aquele seria uma boa toca para besouros.

Tela 8

Cascudo cutuca o nariz da menina com a bengala, que faz cócegas e provoca um grande espirro, mandando os dois para bem longe. Na ilustração, Narizinho aparece com os olhos semicerrados e o corpo em pose típica de quem vai espirrar. Basta o leitor tocar seu nariz para Narizinho lançar um sonoro espirro, e os dois bichos voarem dali para o chão.

Se a criança perceber, o texto fala que quando eles tocaram no nariz, ela espirrou. Então, através da leitura, o leitor vai saber o que tem que fazer. A interação nunca foi facilitada por nós, a interação existe, mas está sempre auxiliada pela leitura. Essa era a principal preocupação que a gente tinha.60

Figura 4 – Cena do espirro. À esquerda, Narizinho está prestes a espirrar. Tocando seu nariz, a menina lança um sonoro espirro, como se vê na tela da direita. Reprodução

                                                                                                               

Tela 9

Não há ilustração ou interação. Escamado reconhece Narizinho “Rebitado” (assim mesmo) e decide convidá-la para um passeio no Reino das Águas Claras.

Tela 10

Narizinho e Emília, aparecem ilustradas em igual proporção ao peixe, que antes era minúsculo. No desenho, estão os três a caminhar rumo à cidade das Pedras Redondas, no reino, mas não há nenhum recurso interativo.

Tela 11

O leitor se surpreende com uma tela escurecida, que dificulta bastante a leitura, e com um barulho incessante de gotejamento. A única parte melhor visualizada é um vaga-lume rodeado de luz que, ao ser arrastado, torna legíveis por onde passa tanto o texto como a imagem. Neste trecho, o texto informa que Narizinho, Emília e Escamado entram em uma furna escura entre as pedras, deixando a menina com medo. Percebendo o que acontece, o peixe saca de seu bolso o tal inseto luminoso, que clareia o túnel tal qual uma lanterna. Um recurso bastante interessante para revelar cenas e textos ocultos – no papel, seriam necessárias duas ou mais páginas para revelar os detalhes, e sem a surpresa e a divertida brincadeira de iluminar a página.

Figura 5 – Efeito lanterna. Da esquerda para a direita: a página aparece desta forma para o leitor, com o vaga- lume no canto inferior. O inseto pode ser movimentado para que se veja melhor a ilustração ou leia o texto.

Tela 12

Página sem ilustração e interação. Na história, os três encontram o sapo Mestre Agarra, que deveria guardar a entrada, dormindo e resolvem pregar uma peça: vestem o pobre com as roupas de Emília.

Tela 13

Neste trecho, o sapo descobre o golpe do qual foi vítima e Escamado pede que mire-se no espelho para averiguar. Na ilustração, o leitor vê em primeiro plano o sapo, quase de costas, e no espelho as figuras de Narizinho, Emília e Escamado. Porém, os três não cabem inteiros no espaço dedicado para visualização, nem mesmo o sapo se vê no reflexo. O leitor é levado a “ajeitar” a posição do espelho para melhor visualizar a cena. Arrastando o objeto para lá e para cá com o dedo, a criança descobre uma cena oculta por trás da ilustração inicial – o cenário do que estaria atrás do sapo, sendo refletido. Um recurso muito interessante e muito complicado – senão impossível – de ser feito em papel. Na versão impressa, não haveria a brincadeira de revelar cada canto do cenário, possivelmente. A solução seria usar duas ilustrações subsequentes, sem mistério nenhum a ser desvendado aos poucos ou muitas páginas com buracos em posições diferentes.

Figura 6 – O espelho reproduz o efeito de máscara. Se o leitor o arrastar, conseguirá ver o que está atrás do sapo, bem como ele de corpo inteiro. Note-se que o espelho esconde o texto se ficar por cima dele.

Reprodução

Tela 14

A página tem apenas ilustração não interativa. Nela, Escamado aplica um castigo ao guarda e convida Narizinho e a boneca a entrarem na sala do governo.

Tela 15

Escamado senta-se no trono, como propõe a história, e bate o gongo três vezes para os grilos aparecem. Acompanhe trecho: “Sentou-se no trono e bateu, com um martelinho de prata, três pancadas num gongo de bronze: pom! pom! pom! Imediatamente surgiu um destacamento de grilos fardados sob o comando do capitão Gafanhoto.”61 Na ilustração, Escamado já aparece sentado, com o martelo na mão, encostado ao gongo. Bolhas animadas cruzam a tela de baixo a alto e a imagem toda se movimenta levemente com o ondular das correntes aquáticas. Na cena, aparece ainda capitão Gafanhoto. A criança pode procurar pela animação interativa aleatoriamente, claro. Mas, se prestar atenção ao texto, saberá exatamente o que fazer para chamar um batalhão de grilos: bater o barulhento gongo três vezes para todos aparecerem – se não forem três vezes, como pede o texto, ninguém aparece.

Figura 7 – Rufar dos tambores. Sem bater o gongo, não há soldados grilos. Assim que o leitor toca três vezes o objeto, eles aparecem em fileiras de três. Ao encostar o dedo sobre eles, ouve-se os grilos estrilarem.

Reprodução

E há ainda a brincadeira de fazer os grilos estrilarem e se mexerem levemente a cada vez em que são tocados, como que respondendo ao chamado. “Nas ilustrações, não damos nenhum tipo de indicação do que a criança pode fazer. Ela tem que experimentar. A gente quer que, através da leitura, ela seja sugerida ao que pode fazer”, comenta Cardoso62 a respeito desta e das demais cenas.

Tela 16

                                                                                                               

61  LOBATO, 2010

Página sem ilustração. O capitão conta ao príncipe Escamado as notícias do reino e deseja que todos os habitantes prestem homenagem à Narizinho.

Tela 17

Assim que a página é virada, o barulho de água movimentando-se já pode ser ouvido pelo leitor, que vê ainda bolhas subirem de baixo a cima pela tela, que tem pequena distorção para dar a sensação de ondulação – nem sempre este é um recurso interessante, pois o texto também ondula, provocando uma leve sensação de tontura. A ilustração, uma carruagem puxada por três parelhas de lambaris, pode ser movimentada para todas as direções da tela, tendo eixos diferentes para cada casal de lambaris e outro para o coche. Na história, Escamado decide dar uma festa.

No livro impresso, você tem ilustração e, muitas vezes, ela conta coisas que não estão no texto, dá detalhes que ele não dá. Então, nada impede, no digital, de você ter um som que não está no texto. Por exemplo, a gente coloca o som de bolhas embaixo da água, isso não está atrapalhando a leitura, mas ajudando na imersão.63

Figura 8 – Carruagem pode ser movimentada para todos os lados. Reprodução

Tela 18

Tem início outro capítulo, chamado de “A enfermaria”, e tal como na abertura do primeiro, é permitido brincar com as letras do título. Há poucos itens ilustrativos na página                                                                                                                

que imita papel envelhecido. Na história, a carruagem chega ao hospital. Desta parte em diante, tudo é novo em comparação com a versão lite gratuita – e o que se vai perceber é que, comparativamente, há mais páginas de texto e menos de ilustração e interação.

Tela 19

A ilustração ocupa quase metade da página e mostra o pai-barata, que havia sido ferido gravemente, com médico Dr. Caramujo ao lado da maca, Narizinho e Escamado. Emília não aparece. Nada no texto dá a entender o que pode ser a interação, a não ser que o inseto está muito mal. Tocando na ilustração, mais especificamente na perna levantada para cima, o senhor barata se contorce, um barulho é emitido e saem da perna estrelinhas de dor.

Tela 20

Não há ilustração. Na história, pai-barata morre e Narizinho vê a rã assassina pendurada pelo pescoço num galho de espinheiro – e, apesar de ter dó, acha que foi merecido o castigo.

Tela 21

Começa novo capítulo, “No palácio real”, com o mesmo recurso interativo das demais aberturas – letras que podem ser movimentadas. Nesta parte, Narizinho é convidada a participar do jantar.

Tela 22

Assim que o leitor vira a página, uma música de baile começa a tocar. Na ilustração, que ocupa a tela inteira, casais rodopiam pelo salão. O leitor não precisa tocá-los para que