• Nenhum resultado encontrado

2 A GÊNESE DO CONCEITO BRICS E SEU HISTÓRICO DE ENCONTROS

No documento 1 2 1 2 (páginas 187-190)

187 1 BREVE INTRÓITO

2 A GÊNESE DO CONCEITO BRICS E SEU HISTÓRICO DE ENCONTROS

O acrônimo e o conceito BRICS (atualmente também conhecidos como os ―Cinco Grandes‖) foram cunhados pelo economista chefe da instituição financeira norte-americana Goldman Sachs, Jim O´Neil, em 2001, em um estudo denominado ―Building Better Global Economic BRICs‖. Tal ideia teve ampla

3REUTERS.China growth could slow to 8 percent: Goldman's O'Neill says. On-line. Disponível em:

http://www.reuters.com/article/2011/05/12/us-china-goldman-oneill-idUSTRE74B10N20110512. Acesso em 14 Maio 2011.

4

BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL. Ministério das Relações Exteriores. On-line. Disponível em http://www.itamaraty.gov.br/temas/mecanismos-inter-regionais/agrupamento-bric. Acesso em 02 maio 2011.

5 SILVA, Roberto. O GRUPO BRICS ESTARIA PENSANDO EM CRIAR UMA MOEDA COMUM. On-line. Disponível em http://www.economiabr.com.br/index.php/08/04/2011/o-grupo-brics-estaria-pensando-em-criar-umamoeda-comum/. Acesso em 04 maio 2011.

6

SILVA, op. cit.

7 REIS, Tarcísio Hardman. OS BRICS SEGUNDO A CHINA. A Vez dos BRICS, blog do Globo. On-line. Disponível em http://oglobo.globo.com/blogs/bric/default.asp. Acesso em 04 maio 2011.

8 CASELLA, Paulo Borba. BRIC: BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA, CHINA E ÁFRICA DO SUL. 1ª Ed., São Paulo: Atlas, 2011, p. 105.

9

188

aceitação e repercussão em meios acadêmicos, empresariais, econômicos e de comunicação10. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento, propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte do agrupamento, que adotou a sigla BRICS11. Segundo novas estimativas da Goldman Sachs, os BRICS constituirão quatro das cinco maiores economias até 203212, sendo que a China ultrapassará a todos, individualmente, até 2040.13

Há algumas décadas, não seria possível imaginar que tais países seriam, no século XXI, tão relevantes para o cenário global. Como afirmam os dados abaixo,

O Brasil vivenciava fortemente a estagnação econômica que levou os anos de 1980 a serem conhecidos como ―a década perdida‖, a Rússia ainda vivia sob um forte regime comunista, a Índia engatinhava em sua busca pelo comércio externo e a China iniciava reformas para abrir seu imenso mercado consumidor às empresas capitalistas14.

Mas os países do BRICS recuperaram força, cresceram e começaram a sua união. Os fatores que levam a esta ―ultrapassagem‖ futura, em análise individual, são a expansão e crescimento tecnológico chinês, o desenvolvimento e a melhora da já factível tecnologia da informação e serviços de internet indianos, a atividade de extração russa e o poderio agrícola brasileiro. Em 23 de setembro de 2006, na 61ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, houve a Reunião de Chanceleres do Brasil, Rússia, Índia e China, primeiro passo que permitiu o início do trabalho em conjunto destes países. Constitui-se a união, desta forma, em uma cooperação recente, como ilustram as palavras abaixo:

Como agrupamento, o BRICS tem um caráter informal. Não tem um documento constitutivo, não funciona com um secretariado fixo nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é a vontade política de seus membros. Ainda assim, o BRICS tem um grau de institucionalização que se vai definindo, à medida que os cinco países intensificam sua interação15.

Após esta etapa inicial, ocorreu a realização da Cúpula de Ecaterimburgo, na Rússia, em 16 de junho de 2009, com o aprofundamento da institucionalização e interação entre os Estados e a discussão sobre a atuação dos membros em relação à crise econômica mundial que teve princípio em 2008. Todos os Estados se propuseram a repensar e unir esforços para a reformulação do atual sistema financeiro global, com maior participação dos países emergentes e em desenvolvimento. Tal assertiva possui confirmação na declaração oficial do evento, com trecho abaixo reproduzido:

As economias emergentes e em desenvolvimento devem ter mais voz e representação nas instituições financeiras internacionais e seus líderes e diretores devem ser designados por meio de processos seletivos abertos, transparentes e baseados no mérito16.

Outra ideia abordada no encontro, cuja concretização tem o poder de redefinir a ordem monetária global, mas não inclusa no documento final da Cúpula, foi a proposta de criação de uma moeda de reserva

10

BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL, op. cit. 11

BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL, op. cit. 12 SILVA, op. cit.

13

ALMEIDA, Paulo Roberto de. O papel dos BRICS na Economia Mundial. On-line. Disponível em http://www.pralmeida.org/05DocsPRA/1920BricsAduaneiras.pdf. Acesso em 13 maio 2011. 14

VIZIA, Bruno De e COSTA, Gilberto. O TEMPO DO BRIC. On-line. Disponível em

http://desafios2.ipea.gov.br/sites/000/17/edicoes/60/pdfs/rd60not03.pdf. Acesso em 04 maio 2011. 15

BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL, op. cit. 16 NETTO, Andrei. ENCONTRO: PAÍSES DO BRIC COBRAM MAIS PODER NAS ISTITUIÇÕES

INSTERNACIONAIS. On-line. Disponível em http://www.g21.com.br/materias/materia.asp?tipo=noticia&cod=25178. Acesso em 04 maio 2011.

189

supranacional, com o intuito de diminuir o poder do dólar norte-americano, objetivo defendido precipuamente pelos representantes russos17.

Posteriormente, foi realizada a II Cúpula, em Brasília, em 15 e 16 de abril de 2010, cuja declaração final foi incisiva ao propor um novo sistema de votação no Banco Mundial e a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI). Já a III Cúpula, ocorrida em Sanya, na China, em 14 de abril de 2011, possuiu objetivos claros com a proposição de maior união entre os países para enfrentar os diversos problemas globais. Já está prevista a realização da IV Cúpula, em 2012, na cidade indiana de Nova Déli. Sobre o encontro ocorrido mais recentemente, em 2011,

Esta última reunião ampliou a voz dos cinco países sobre temas da agenda global, em particular os econômico-financeiros, e deu impulso político para a identificação e o desenvolvimento de projetos conjuntos específicos, em setores estratégicos como o agrícola, o de energia e o científico-tecnológico18.

Ainda sobre as recentes atuações em conjunto do BRICS, destacam-se as reuniões frequentes entre ministros da área de Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais; encontro dos funcionários responsáveis por temas de segurança; a assinatura de documento de cooperação entre as Cortes Supremas e um curso para magistrados dos BRICS realizado no Brasil; assinatura de acordo entre bancos em desenvolvimento e realização de eventos diversos buscando a aproximação entre acadêmicos, empresários e demais representantes da sociedade19.

Especificamente acerca do desempenho da diplomacia brasileira e dos outros membros da fusão, válido o destaque para as ações desempenhadas nos últimos anos:

Para citar alguns exemplos, pode-se apontar o papel do Brasil e da Índia nas reivindicações em prol das economias emergentes nas negociações de Doha; o fórum IBAS, entre Índia, Brasil e África do Sul, que reúne três democracias de três continentes; a coalizão do BASIC, formada por Brasil, África do Sul, Índia e China, que buscou a defesa de interesses comuns sobre questões ambientais e climáticas entre os países na recente Conferência de Copenhague, além da participação dos países no G-20, que engloba, além do G-7, uma série de países periféricos que, cada vez mais, buscam aumentar seu poder de reivindicação acerca de questões financeiras globais. Brasil e Índia também buscam - juntamente com Alemanha e Japão, no chamado G-4 - um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que já possui outros dois países BRIC: China e Rússia20.

Mais uma vez, destaca-se a participação cada vez maior e mais incisiva dos países do BRICS no atual cenário global, protagonizando e auxiliando na resolução das mais diversas questões globais.

2.1 A ÁFRICA DO SUL

Acerca da recente entrada do país africano no seleto grupo, muitas discussões foram realizadas com o intuito de descobrir a sua real participação no bloco. Há especulações sobre as verdadeiras intenções,

17

NETTO, op. cit. 18

BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL, op. cit. 19 BRICS – AGRUPAMENTO BRASIL-RÚSSIA-ÍNDIA-CHINA-ÁFRICA DO SUL, op. cit. 20

MARTINS, Adler Antonio Jovito Araujo de Gomes; ANDRADE, Pedro Gustavo Gomes et al. Contratos internacionais entre os países do BRIC. Normas aplicáveis às operações internacionais de compra e vendae à arbitragem comercial internacional. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2634, 17 set. 2010. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/17419. Acesso em: 3 maio 2011.

190

políticas ou econômicas, mas é inegável o grande avanço de possuir um membro do continente africano em uma das cooperações mais relevantes do cenário global21. Sob esta perspectiva,

(...) A África do Sul ajudaria a fazer a ponte comercial "sul-sul" e a expandir a influência do BRIC como contraponto ao G7, que representam principalmente a América do Norte e a Europa. Além disso, a África do Sul e o sul da África também oferecem algo que os Estados do BRIC precisam desesperadamente: commodities para alimentar seus motores econômicos22.

Destarte, latente é a intenção do bloco em alcançar maior presença e envergadura global em face a simplesmente se reduzir à uma união de potências econômicas.

No documento 1 2 1 2 (páginas 187-190)