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Os operadores de mercado podem usar vários indicadores técnicos que os ajudam a analisar o volume. Alguns investidores acompanham a média móvel de cinco dias do volume. Sua inclinação identifica a tendência do volume (ver Seções 25 e 32). Outros usam o on-balance volume e acumula- ção/distribuição.

On-balance volume

O on-balance volume (OBV) é um indicador concebido por Joseph Gran- ville e descrito em seu livro New Strategy of Daily Stock Market Timing. Granville usou o OBV como indicador antecedente do mercado de ações, mas outros analistas o aplicaram aos mercados futuros. O OBV é um total móvel do volume. Sobe ou desce todos os dias, dependendo de os preços fecharem em nível mais alto ou mais baixo do que na véspera. Quando

uma ação fecha a preço mais alto, isso mostra que os touros ganharam a ba- talha do dia; seu volume naquele dia é adicionado ao OBV. Quando a ação fecha a preço mais baixo, isso mostra que os ursos ganharam o dia; seu vo- lume naquele dia é subtraído do OBV. Se os preços fecharem sem variação, o OBV fica inalterado.

O on-balance volume geralmente sobe ou desce antes dos preços – atua como indicador antecedente. Conforme observa Granville, “O volu- me é o vapor que toca a maria-fumaça”.

Psicologia de multidão

Os preços representam consenso sobre valor, enquanto o volume reflete as emoções dos atores do mercado. Mostra a intensidade dos comprometi- mentos financeiros e emocionais dos investidores, assim como a dor entre os perdedores (ver Seção 32). O OBV é um total móvel de volume. Acom- panha as mudanças no envolvimento dos investidores no mercado e a in- tensidade de sua dor.

Uma nova máxima no OBV mostra que os touros estão com força, que os ursos estão feridos e que os preços tendem a subir. Uma nova mínima no OBV mostra que os ursos estão com força, que os touros estão feridos e que os preços tendem a cair. Quando o padrão do OBV se desvia do pa- drão dos preços, isso mostra que as emoções da massa estão desatreladas do consenso da massa. É mais provável que a multidão siga o coração do que o cérebro. Essa é a razão por que as mudanças no volume geralmente precedem as mudanças no preço.

Sinais de negociação

Os padrões de topos e fundos do OBV são mais importantes do que os ní- veis absolutos desse indicador. Esses níveis dependem de quando se come- ça a calcular o on-balance volume. Quando o OBV sobe e desce com os preços, a tendência se confirma. Se tanto os preços quanto o OBV alcan- çam novas máximas, é provável que a tendência de alta prossiga. Se tanto os preços quanto o OBV caem até novas mínimas, é provável que a tendên- cia de baixa prossiga. É mais seguro operar na direção de uma tendência confirmada pelo OBV (Figura 33.1).

1. Quando o OBV atinge nova máxima, isso confirma o poder dos touros, indica que os preços tendem a subir ainda mais e emite um sinal de compra. Quando o OBV cai até nova mínima, isso confir- ma o poder dos ursos, sugere preços mais baixos pela frente e emi- te sinal de venda a descoberto.

2. O OBV emite seus sinais de compra e venda mais fortes ao divergir dos preços. Se os preços sobem, cedem e depois alcançam uma nova máxima, mas o OBV chega a uma nova máxima mais baixa, cria-se uma divergência de baixa e emite-se forte sinal de venda. Se os preços caem, recuperam-se e depois recuam para nova mínima, mas o OBV desce para um fundo mais superficial, configura-se uma divergência de baixa e emite-se um forte sinal de compra. As divergências em prazos mais longos são mais importantes do que as divergências em prazos mais curtos. As divergências que se de- senvolvem no curso de várias semanas emitem sinais mais fortes do que aquelas que duram apenas poucos dias.

3. Quando os preços estão em faixa de negociação e o OBV irrompe para nova máxima, emite-se um sinal de compra. Quando os pre- ços estão em faixa de negociação e o OBV despenca para nova mí- nima, emite-se um sinal de venda a descoberto.

On-balance volume Apple Computer venda cobertura venda a descoberto venda a descoberto A B C 73 65 56 48 40 658.507 534.736 410.964 287.193 163.421

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul

Figura 33.1: On-balance volume

Quando o OBV avança atrelado a um veículo de negociação, confirma-se sua tendência. A tendência de alta A do OBV corrobora a alta das ações. Seu rom- pimento em março emite um sinal de venda. Há dois sinais de venda a desco- berto no topo. O primeiro, em princípios de abril, é dado pela divergência de baixa entre o OBV e o preço. Duas semanas depois, o OBV rompe o suporte B, emitindo outro sinal de venda a descoberto. A linha de tendência de baixa C do OBV confirma o declínio da Apple Computer — mantenha as posições a des- coberto. Um rompimento de alta em julho emite um sinal para que se cubram as posições vendidas.

Mais sobre OBV

Uma das razões para o sucesso de Granville em seu apogeu (ver Seção 6) foi ter combinado o OBV com dois outros indicadores – o net field trend indi-

cator e o indicador clímax. Granville calculou o OBV para cada ação do

Dow Jones Industrial Average e avaliou seu padrão OBV como ascenden- te, descendente ou neutro. Ele denominou esse resultado de net field trend da ação: podia ser +1, –1 ou 0. O indicador clímax era a soma dos net field trends de todas as 30 ações do Dow.

Quando o mercado de ações subia e o indicador clímax alcançava nova máxima, confirmava-se a força e emitia-se um sinal de compra. Se o merca- do de ações subia, mas o indicador clímax formava um topo mais baixo, emitia-se um sinal de venda.

Pode-se ver o Dow Jones Industrial Average como um grupo de 30 cava- los puxando a carrruagem do mercado. O indicador clímax mostra quantos cavalos puxam ladeira acima, quantos puxam ladeira abaixo e quantos não estão fazendo força. Se 24 dos 30 cavalos puxam para cima, 1 para baixo e cinco estão descansando, a carruagem do mercado provavelmente subirá a ladeira. Se 9 cavalos puxam para cima, 7 puxam para baixo e 14 estão des- cansando, a carruagem do mercado tenderá a descer a ladeira.

O OBV, o net field trend e o clímax podem ser programados com faci- lidade num computador. Conviria aplicá-los a um banco de dados que in- clua todas as ações do índice S&P 500. Daí talvez resultem bons sinais para operar com futuros ou opções de S&P 500.

Acumulação/distribuição

Esse indicador foi desenvolvido por Larry Williams e descrito em seu livro de 1972, How I Made a Million Dollars. Embora concebido como indicador antecedente de ações, vários analistas o aplicaram nos mercados futuros. A característica singular de acumulação/distribuição (A/D) é acompanhar a re- lação entre preços de abertura e de fechamento, junto com o volume.

Se os preços fecham mais alto do que abriram, os touros ganharam o dia e o A/D é positivo. Se os preços fecham mais baixo do que abriram, os ursos ganharam e o A/D é negativo. Se os preços fecham no mesmo ponto em que abriram, ninguém ganhou e A/D é zero. Como total móvel de cada dia, A/D cria um indicador cumulativo acumulação/distribuição.

O A/D credita aos touros ou aos ursos apenas uma fração do volume de cada dia. Essa fração depende da faixa máxima-mínima do dia e da distân- cia entre os preços de abertura e de fechamento. Quanto maior for o spre- ad entre os preços de abertura e de fechamento em relação à faixa diária, maior será a mudança no indicador acumulação/distribuição.

A/D =Fechamento – Abertura

Máxima – Mínima • Volume

Por exemplo, se a distância entre a máxima e a mínima de hoje é de 5 pon- tos, mas a distância entre os preços de abertura e de fechamento é de 2 pontos, apenas 2/5 do volume de hoje será creditado ao campo vencedor. O padrão de máximas e mínimas do A/D é mais importante do que seu ní- vel absoluto, que depende da data de início.

Quando o mercado sobe, a maioria das pessoas se concentra nas novas máximas. Mas se os preços de abertura forem superiores aos de fechamen- to, o A/D, que acompanha sua relação, cai, advertindo que a tendência de alta é mais fraca do que parece. Se o A/D inclinar-se para cima, enquanto os preços caem, isso mostra que os touros estão ganhando força.

Comportamento de multidão

Os preços de abertura e de fechamento estão entre os preços mais impor- tantes do dia. O preço de abertura reflete todas as pressões que se acumula- ram enquanto o mercado esteve fechado. As aberturas geralmente são do- minadas por amadores que lêem os jornais à noite e operam de manhã.

Os operadores de mercado profissionais são ativos durante todo o dia. Geralmente operam contra os amadores. À medida que avança o dia, as ondas de compra e venda de amadores e de instituições lentas gradualmen- te perdem a força. Em geral, os profissionais dominam o mercado no fe- chamento. Os preços de fechamento são sobremodo importantes, pois de- les depende a liquidação das contas de negociação.

O A/D monitora os desfechos das batalhas diárias entre amadores e profissionais. Inclina-se para cima quando os preços fecham mais altos do que abriram – quando os profissionais são mais altistas do que os amado- res. Inclina-se para baixo quando os preços fecham mais baixos do que abriram – quando os profissionais são mais baixistas do que os amadores. Convém apostar com os profissionais e contra os amadores

Regras de negociação

Quando o mercado abre baixo e fecha alto, ele avança da fraqueza para a força. A/D, então, sobe e mostra que os profissionais do mercado estão mais altistas do que os amadores. Isso significa que o mercado tende a subir mais no dia seguinte. Quando A/D cai, sabe-se que os profissionais do mer- cado estão mais baixistas do que os amadores. Quando o mercado avança da força para a fraqueza, é provável que chegue a uma mínima mais baixa

no dia seguinte. Os melhores sinais de negociação são dados por divergên- cias entre A/D e preços.

1. Se os preços subirem para uma nova máxima, mas A/D alcançar um pico mais baixo, o sinal é para vender a descoberto. Essa diver- gência de baixa mostra que os profissionais de mercado estão ven- dendo na alta (Figura 33.2).

2. Uma divergência de baixa ocorre quando os preços caem para uma nova mínima, mas A/D pára em mínima mais alta do que no declí- nio anterior. Isso mostra que os profissionais de mercado estão usando o declínio para comprar e que a alta está próxima.

Mais sobre acumulação e distribuição

Ao operar comprado ou vendido, seguindo uma divergência entre A/D e preço, lembre-se de que até os profissionais de mercado podem errar. Use stops e proteja-se seguindo a regra do Cão dos Baskervilles (ver Se- ção 23).

33. INDICADORES BASEADOS EM VOLUME 187

Apple Computer compra venda Acumulação/distribuição 62,250 52,750 43,250 33,750 24,250 10.462 10.355 10.248 10.140 10.033

Set Out Nov Dez Jan Fev Mar

Figura 33.2: Acumulação/distribuição

A acumulação/distribuição emite seus sinais mais fortes quando diverge dos preços. Uma divergência de alta emite um sinal de compra no fundo de outu- bro. Quatro meses depois e US$30 mais alta, uma divergência de baixa emite um sinal de venda. Realize os lucros nas posições compradas e opere a desco- berto.

O acumulador de volume, concebido por Marc Chaikin, é um indica- dor muito semelhante ao A/D. O acumulador de volume usa o preço mé- dio do dia, em vez do preço de abertura. É especialmente útil para os ana- listas que não têm acesso aos preços de abertura. Seus sinais e regras de ne- gociação são semelhantes aos do acumulação/distribuição.

Há importantes paralelos entre o A/D e os gráficos candelabros japo- neses. Ambos se concentram nas diferenças entre preços de abertura e fe- chamento. O A/D vai além dos candelabros, ao levar em conta o volume.