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Uma bola bate no piso e quica. E cai depois de bater no teto. Suporte e resis- tência são como piso e teto, com os preços distribuídos entre esses dois ex- tremos. A compreensão dos conceitos de suporte e resistência é fundamen- tal para entender as tendências dos preços e os padrões dos gráficos. A ava- liação de sua força ajuda a decidir se a tendência deve continuar ou reverter.

Suporte é o nível de preço em que as compras são bastante intensas

para interromper ou reverter uma tendência de baixa. Quando uma ten- dência de baixa atinge o suporte, ela retrocede como o mergulhador que chega ao fundo e retorna. O suporte é representado no gráfico por uma linha horizontal ou quase horizontal, conectando vários fundos (Figura 19.1).

Resistência é o nível de preço em que as vendas são bastante intensas

para interromper ou reverter uma tendência de alta. Quando a tendência de alta atinge a resistência, ela pára ou cai, como alguém que bate com a cabeça num galho, ao subir numa árvore. A resistência é representada no gráfico por uma linha horizontal ou quase horizontal, conectando vários topos.

É melhor traçar linhas de suporte e resistência entre as bordas de áreas de congestionamento em vez de entre preços extremos. As bordas mostram onde massas de investidores mudaram de opinião, ao passo que os pontos extremos refletem apenas o pânico entre os investidores mais fracos.

Suportes e resistências de menor intensidade apenas interrompem as tendências, ao passo que os mais intensos provocam reversões. Os opera- dores de mercado compram no suporte e vendem na resistência, conver- tendo sua eficácia em profecia auto-realizável.

Figura 19.1: Suporte e resistência

Trace linhas horizontais que cruzem a borda superior e a borda inferior das áreas de congestionamento. A linha inferior marca o suporte — o nível em que os compradores superam os vendedores. A linha superior identifica a resistência, o nível em que os vendedores superam os compradores. As áreas de suporte e de resistência freqüentemente mudam de papel. Observe como o nível de su- porte em março converte-se em linha de resistência em maio. A força dessas barreiras aumenta cada vez que os preços tocam nelas e retrocedem.

Cuidado com as falsas rupturas de suportes e resistências. A letra F marca uma falsa ruptura neste gráfico. Os amadores tendem a seguir rupturas, en- quanto os profissionais tendem a opor-se a elas. No lado direito do gráfico, os preços estão encontrando forte resistência. Essa é a hora de buscar oportuni- dades de operar a descoberto, por meio de stop de proteção um pouco acima da linha de resistência.

Recordações, dor e arrependimento

O suporte e a resistência existem porque as pessoas têm lembranças. Nossas

lembranças nos levam a comprar e a vender em certos níveis. As compras e vendas pelas multidões de operadores de mercado criam suporte e resis- tência.

Se os operadores de mercado se lembrarem de que recentemente os pre- ços pararam de cair e inflectiram a partir de certo nível, é provável que com- prem quando os preços mais uma vez se aproximarem desse nível. Se os ope- radores de mercado se lembrarem de que há pouco tempo uma tendência de alta reverteu, depois de atingir certo pico, tenderão a vender e operar a des- coberto quando os preços mais uma vez se aproximarem desse nível.

Por exemplo, todas as grandes altas no mercado de ações, de 1966 a 1982, terminaram sempre que o Dow Jones Industrial Average atingiu 950 ou 1.050. A resistência era tão forte que os investidores passaram a chamá-la de “A Graveyard in the Sky” (Sepultura no Céu). Depois que os touros romperam a marradas aquele nível, ele converteu-se em grande área de suporte.

O suporte e a resistência existem porque as massas de operadores de mercado sentem dor e arrependimento. Os investidores que assumem po- sições compradas são acometidos de dor intensa. Os perdedores estão de- terminados a sair assim que o mercado lhes der outra chance. Já aqueles que deixam de aproveitar uma oportunidade tornam-se vítimas de arre- pendimento e também aguardam que o mercado lhes dê uma segunda chance. Os sentimentos de dor e de arrependimento são brandos dentro das faixas de negociação, em que as viradas são menos drásticas e os perde- dores não se machucam muito. Já os rompimentos de faixas de negociação geram dor intensa e arrependimento lancinante.

Quando o mercado mantém-se horizontal durante algum tempo, os operadores de mercado acostumam-se a comprar na borda inferior da fai- xa de negociação e a operar a descoberto na borda superior. Nas tendências de alta, os ursos que venderam a descoberto sentem dor e os touros sentem arrependimento por não terem comprado mais. Ambos estão determina- dos a comprar se o mercado lhes der uma segunda chance. A dor dos ursos e o arrependimento dos touros deixam-nos prontos para comprar, crian- do suporte durante as reações nas tendências de alta.

Resistência é uma área em que os touros sentem dor, os ursos sentem

arrependimento e ambos estão prontos para vender. Quando os preços despencam de uma faixa de negociação, os touros que compraram sentem dor, vêem-se encurralados e esperam por uma alta que lhes permita sair sem perdas. Os ursos se arrependem por não terem assumido mais posi- ções vendidas e esperam por uma alta que lhes dê uma segunda chance de

vender a descoberto. A dor dos touros e o arrependimento dos ursos criam resistência, um teto acima do mercado nas tendências de alta. A força do suporte e da resistência depende da intensidade dos sentimentos entre as massas de operadores de mercado.

A força do suporte e da resistência

Uma área de congestionamento que foi atingida por várias tendências é como um campo de batalha marcado por crateras. Seus defensores têm muita cobertura e provavelmente serão capazes de retardar o avanço das forças atacantes. Quanto mais tempo os preços se mantiverem em zonas de congestionamento, mais forte será o comprometimento emocional dos touros e dos ursos em relação a tal área. Quando os preços se aproximam dessa zona vindos de cima, ela serve como suporte. Quando os preços se erguem até lá vindos de baixo, ela age como resistência. A área de congestio- namento pode reverter seu papel e atuar seja como suporte, seja como re- sistência.

A força de toda zona de suporte e resistência depende de três fatores: sua intensidade, sua altura e o volume de negociações nela realizadas. Po- de-se visualizar esses fatores como o comprimento, a largura e a profundi- dade da zona de congestionamento.

Quanto mais duradoura for uma área de suporte ou resistência – por quanto tempo manteve-se incólume ou o número de ataques que rechaçou – mais forte ela será. O suporte e a resistência, como bom vinho, ficam me-

lhores com a idade. Uma faixa de negociação de duas semanas proporcio- na apenas um mínimo de suporte ou resistência. Já uma faixa de negocia- ção de dois meses já se prolongou por tempo suficiente para que os opera- dores de mercado se acostumem com ela e gera suporte e resistência inter- mediários. Por fim, uma faixa de negociação de dois anos torna-se aceita como padrão de valor e oferece intenso suporte ou resistência.

À medida que envelhecem, os níveis de suporte e resistência ficam mais fracos. Os perdedores continuam retirando-se dos mercados, substituídos por recém-chegados que não têm o mesmo comprometimento emocional com os velhos níveis de preços. As pessoas que perderam dinheiro há pou- co tempo ainda estão lambendo as feridas e se lembram dos reveses com muita nitidez. Provavelmente ainda estão no mercado, sentindo dor e ar- rependimento, tentando recuperar-se. No entanto, quem tomou decisões erradas vários anos atrás já deve estar fora do mercado e suas recordações são menos importantes.

A força do suporte e da resistência aumenta cada vez que a área é atingi- da. Ao verem que os preços reverteram em certo nível, os investidores ten- derão a apostar na reversão quando os preços retornarem ao mesmo nível.

Quanto mais alta é a zona de suporte e de resistência, maior será a difi- culdade para transpô-la. Zonas de congestionamento altas são como mu-

ros de cinco metros em torno de uma propriedade. Se sua altura corres- ponder a apenas 1% do atual valor de mercado (quatro pontos no caso do S&P 500 a 400 pontos), ela oferecerá pouco suporte ou resistência. Se a al- tura for de 3%, o nível de suporte ou resistência será intermediário. No en- tanto, se a altura chegar a 7%, a zona de congestionamento será capaz de reverter tendências muito intensas.

Quanto maior for o volume de negociação numa zona de suporte ou re- sistência, mais forte será a rejeição da tendência. Altos volumes de negocia-

ção numa área de congestionamento mostram envolvimento ativo dos in- vestidores – sinal de forte comprometimento emocional. Baixos volumes de negociação, ao contrário, sugerem que os investidores têm pouco inte- resse em operar naquele nível – sinal de baixa intensidade de suporte ou re- sistência.

Regras de negociação

1. Sempre que a tendência que você estiver seguindo aproximar-se do suporte ou da resistência, estreite seu stop de proteção. O stop de proteção é uma ordem para vender abaixo do mercado, quando você estiver comprado, ou de cobrir posições vendidas acima do mercado, quando você estiver a descoberto. Esse stop o protege de ser atingido com muita intensidade por movimentos adversos do mercado. A tendência revela sua força pela maneira como atua quando atinge o suporte ou a resistência. Se for bastante forte para penetrar na zona, a tendência acelera e seu stop estreito não é atin- gido. Se retroceder ao atingir o suporte ou a resistência, a tendên- cia revela sua fraqueza. Nesse caso, seu stop estreito salva um bom pedaço de seus lucros.

2. O suporte e a resistência são mais importantes em gráficos de lon- go prazo do que em gráficos de curto prazo. Os gráficos semanais são mais importantes que os diários. O bom investidor fica de olho em várias referências temporais e dá mais atenção às mais longas. Se a tendência semanal estiver navegando em zona não congestio- nada, o fato de a tendência diária ter encontrado resistência é me- nos importante. Quando a tendência semanal aproximar-se de um suporte ou resistência, você deve estar mais preparado para a ação. 3. Os níveis de suporte e de resistência são úteis para emitir ordens de stop de perda ou de proteção de lucro. O fundo de uma área de congestionamento é a última linha de suporte. Se você comprar e colocar seu stop abaixo desse nível, estará dando bastante espaço

para a tendência de alta. Os operadores de mercado mais cuidado- sos compram depois de um rompimento de alta e colocam o stop no meio da área de congestionamento. Um verdadeiro rompimen- to de alta não deve ser seguido por um retrocesso dentro da faixa de negociação, da mesma maneira como um foguete não deve cair de volta na plataforma de lançamento. Reverta esse procedimento nas tendências de baixa.

Muitos operadores de mercado evitam emitir ordens de stop em núme- ros inteiros. Essa superstição começou com as recomendações improvisadas de Edwards e Magee para que assim se agisse, pois “todos” os amadores atua- riam da mesma maneira. Agora, se os operadores de mercado compram co- bre a 92, colocam o stop em 89,75, não mais em 90. Ao venderem a desco- berto uma ação a 76, definem o stop de proteção em 80,25, quando antes talvez o deixassem em 80. Atualmente, há menos stops em números redon- dos do que em números fracionários. O melhor é estabelecer os stops em ní- veis lógicos, não importa que sejam inteiros ou fracionários.

Rompimentos verdadeiros e falsos

Os mercados passam mais tempo em faixas de negociação do que em ten- dências. A maioria dos rompimentos de faixas de negociação são falsas rupturas. Assim, enganam os seguidores de tendências antes que os preços retornem à faixa de negociação. As falsas rupturas são a maldição dos ama- dores, mas a bem-aventurança dos operadores de mercado profissionais.

Os profissionais esperam que os preços flutuem sem ir muito longe boa parte do tempo. Aguardam até que um rompimento de alta pare de alcan- çar novas máximas ou que um rompimento de baixa deixe de atingir novas mínimas. E então dão o bote – operam contra o rompimento e colocam um stop de proteção no ponto extremo mais recente. É um stop muito estrei- to, e o risco é baixo, ao mesmo tempo em que é grande o potencial de lucro com o retorno à zona de congestionamento. A relação risco/recompensa é tão boa que os profissionais podem dar-se ao luxo de errar metade das ve- zes e ainda saírem de campo vitoriosos.

A melhor hora de comprar um rompimento de alta num gráfico diário é quando sua análise do gráfico semanal sugerir que uma nova tendência de alta está em desenvolvimento. Os verdadeiros rompimentos são confir- mados por altos volumes, ao passo que as falsas rupturas tendem a apre- sentar volumes mais baixos. Os verdadeiros rompimentos são confirma- dos quando os indicadores alcançam novas altas ou baixas extremas na di- reção da tendência, enquanto as falsas rupturas geralmente se caracterizam por divergências entre preços e indicadores.