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1 INTRODUÇÃO

2.3 Tecnologia e inovação tecnológica

2.3.1 Definições e conceitos

2.3.1.4 Inovação tecnológica

Sábato apud Barbieri (1990) menciona que "Inovação Tecnológica ou simplesmente inovação é toda mudança numa dada tecnologia".

Myers e Marquis (1969) colocam que a inovação tecnológica é uma atividade complexa que se inicia com a concepção de uma nova idéia, passa pela solução de um problema e vai até a utilização de um novo item de valor econômico ou social, ou seja, refere-se ao

lançamento, no mercado, de novos produtos ou processos ou a introdução de mudanças significativas em produtos ou processos já existentes.

Para Betz (1993, p.159), a inovação tecnológica aplicada a um novo produto ou serviço pode alterar tanto as suas características físicas como sua função.

Dentre os conceitos constantes no Manual de Oslo da OCDE (2004, p.54) encontra-se o relativo à inovação tecnológica voltada a produtos e processos, também conhecida como Inovação Tecnológica em Produtos e Processos (TPP):

Inovações Tecnológicas em Produtos e Processos (TPP) compreendem as

implantações de produtos e processos tecnologicamente novos e substanciais melhorias tecnológicas em produtos e processos. Uma inovação TPP é considerada implantada se tiver sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada no processo de produção (inovação de processo). Uma inovação TPP envolve uma série de atividades científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras e comerciais. Uma empresa inovadora em TPP é uma empresa que tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou com substancial melhoria tecnológica durante o período em análise. O termo “produto” é usado para cobrir tanto bens como serviços.

De acordo com Freeman (1988), basicamente as inovações podem ser radicais ou incrementais. A inovação radical representa o desenvolvimento e a introdução de um novo produto, processo ou forma de organização da produção inteiramente nova. Este tipo de

inovação pode representar uma ruptura estrutural com o padrão tecnológico anterior, originando novas indústrias, setores e mercados. Também significam redução de custos e aumento de qualidade em produtos já existentes. Algumas importantes inovações radicais, que causaram impacto na economia e na sociedade como um todo e alteraram para sempre o perfil da economia mundial, podem ser lembradas como, por exemplo, a introdução da máquina a vapor, no final do século XVIII, ou o desenvolvimento da microeletrônica, a partir da década de 1950. As inovações de caráter incremental referem-se à introdução de qualquer melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura industrial. A otimização de processos de produção, o design de produtos ou a diminuição na utilização de materiais e componentes na produção de um bem podem ser considerados inovações incrementais.

Steele (1989, p.60) resume as principais características da melhoria incremental ao afirmar que o investimento em tecnologias existentes tem risco menor, estende o tempo de vida dos produtos a ela associados e, em muitos casos, equilibra o orçamento de P&D. As melhorias incrementais são menos relevantes em termos de evolução, porém elas são “boas o bastante” em termos econômicos, o que, muitas vezes, desencoraja a assumpção de novos desafios tecnológicos.

Ao analisar o contexto do ambiente onde se desenrolam as mudanças tecnológicas, Marquis apud Barbieri (1990) identificou três tipos de inovações:

§ Sistemas complexos: redes de comunicações, sistemas de armamentos, missão lunar. São de longo prazo e exigem recursos vultosos.

§ Ruptura na tecnologia existente: modificam completamente o caráter de uma indústria, como o motor a jato, a fotocópia e o som estereofônico. São raras e normalmente cronologicamente imprevisíveis.

§ Aperfeiçoamentos incrementais:: melhoria de produtos, redução de custos, controle de qualidade e expansão da linha de produtos. São voltadas para questões de curto prazo. Como se pode observar, o primeiro e o segundo tipos identificados por Marquis referem- se às inovações que causam maior impacto nas economias das empresas e das nações. Ainda pode-se notar que as classificações de Freeman e de Marquis são similares, exceto a que se refere a sistemas complexos, que tem sua característica mais voltada ao aspecto de investimento do que à tecnologia em si.

Conforme OCDE (2004, p.55):

Um produto tecnologicamente novo é um produto cujas características tecnológicas

ou usos pretendidos diferem daqueles dos produtos produzidos anteriormente. Tais inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, podem basear-se na combinação de tecnologias existentes em novos usos, ou podem ser derivadas do uso de novo conhecimento. Inovação tecnológica de processo é a adoção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluindo métodos de entrega dos produtos. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou na organização da produção, ou uma combinação dessas mudanças, e podem derivar do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar produtos tecnologicamente novos ou aprimorados, que não possam ser produzidos ou entregues com os métodos convencionais de produção, ou pretender aumentar a produção ou eficiência na entrega de produtos existentes. Sob a ótica dos consumidores, Lazer apud Barbieri (1990) classificou da seguinte forma as inovações:

§ Fundamentais – introduzem produtos completamente novos e provocam alterações profundas nos padrões de consumo e sistemas de distribuição. Por exemplo, televisão, computadores pessoais, telefone móvel.

§ Funcionais – produtos ou serviços permanecem os mesmos, mas os métodos para realizar suas funções são novos. Exemplos são: avião a jato e barbeador elétrico.

§ Adaptativas – são menos complexas e se referem às alterações no aspecto, cor, formato, embalagem etc.

§ Pavitt apud Campanário (2002), em sua pesquisa sobre padrões setoriais de mudanças técnicas, identificou quatro diferentes setores:

§ Aqueles que recebem as inovações tecnológicas geradas em outros setores e as que incorporam a sua produção. Um exemplo é a indústria gráfica que usa os insumos fornecidos por fabricantes de equipamentos de papel, de plástico e de tintas.

§ Aqueles que produzem em larga escala e precisam ter o domínio das tecnologias tanto do produto quanto do processo de produção. Geralmente a inovação tecnológica sobre o produto é de domínio interno, enquanto que recebem de fornecedores as inovações relacionadas ao processo de produção. Entre esses fornecedores estão os fabricantes de equipamentos e de automação de processos. Os exemplos são relacionados, principalmente, a bens de consumo, como as indústrias alimentícias de laticínios, bebidas, massas, frutas e as montadoras de eletrodomésticos.

§ Os que produzem as máquinas, equipamentos, instrumentação e automação industrial. Estes têm as suas próprias tecnologias e promovem fortemente suas soluções junto aos setores que atendem, a partir de inovações tecnológicas normalmente geradas internamente.

§ Aqueles que usam conhecimentos científicos relacionados à pesquisa básica. Seu P&D normalmente trabalha na fronteira do conhecimento. Esse setor é típico de grandes organizações, principalmente ligados à eletrônica, química, fármacos e biomedicina. Independentemente da classificação que se atribui a esta ou aquela inovação tecnológica, as que têm maior importância para os mercados globais são as que causam maior impacto econômico nos mercados. De acordo com Lemos (2000, p.160), ao se perceber a existência de uma estrutura complexa de interação entre o ambiente econômico e as direções das mudanças tecnológicas, deixa-se de compreender o processo de inovação como um processo que evolui da ciência para o mercado, ou como seu oposto, que o mercado é a fonte das mudanças. Os diferentes aspectos da inovação fazem dela um processo complexo, interativo e não linear. Tanto as interações dos conhecimentos adquiridos com os avanços nas pesquisas científicas, quanto as necessidades oriundas do mercado levam a inovações em produtos e processos e a mudanças na base tecnológica e organizacional de uma empresa, setor ou país. Tais inovações podem se dar tanto de forma radical como incremental.

Segundo a OCDE (2004, p.27), "sem difusão, uma inovação TPP não terá qualquer impacto econômico". A difusão da inovação é o modo como as inovações se espalham, por meio do mercado ou de canais de consumo de tecnologia como institutos e laboratórios de pesquisa, a partir de sua primeira implantação mundial para diversos países e regiões e para distintas indústrias/mercados e empresas.