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1 INTRODUÇÃO

2.3 Tecnologia e inovação tecnológica

2.3.1 Definições e conceitos

2.3.1.5 Pesquisa & Desenvolvimento

Segundo Barbieri (1990), "pesquisa é o conjunto de atividades realizadas de forma intencional e sistemática para produzir novos conhecimentos" e ela pode ser classificada em pesquisa tecnológica e pesquisa científica.

Para o acadêmico ou para aqueles que se dedicam a realizar trabalhos em institutos de pesquisa, de acordo com Roussel, Saad e Bohlin (1992, p.14), pesquisa significa uma abordagem disciplinada à revelação de novos conhecimentos sobre o universo. O objetivo da pesquisa é promover o conhecimento e o entendimento, e as fronteiras da pesquisa são ilimitadas. Os autores estabelecem uma distinção entre pesquisa industrial e pesquisa acadêmica, ao mencionar que a pesquisa industrial tecnológica também partilha sua busca de novos conhecimentos, mas suas metas são, em última análise, bem diferentes daquelas do pesquisador acadêmico. Na indústria, a meta da pesquisa é o conhecimento aplicável às

necessidades comerciais da empresa que a capacite a participar da vanguarda da nova tecnologia ou a lançar os fundamentos científicos de novos produtos ou processos – desde um substituto não calórico da gordura até um processo de fabricação gerenciado por computadores inteligentes em vez de seres humanos.

De acordo com a OECD (2001),

"Pesquisa e Desenvolvimento" consiste no trabalho criativo empreendido em base sistemática com vistas a aumentar o estoque de conhecimentos, incluindo conhecimentos do homem, da cultura e da sociedade e no uso deste estoque para perscrutar novas aplicações. Para Furtado (1998, p.14) P&D se destina à concepção e à criação de produto, serviço ou sistema novo ou modificado, para ser utilizado em escala industrial, incluindo-se as etapas de piloto e protótipo. O objetivo de P&D é a geração de tecnologia central ou medular ou de tecnologia periférica ou auxiliar para as ações complementares e integração. Ainda que não haja nenhuma demarcação precisa entre as definições de pesquisa e desenvolvimento, uma distinção ampla pode ser feita. Se o propósito da pesquisa é desenvolver novos conhecimentos, o propósito do desenvolvimento é aplicar conhecimento científico ou de engenharia, expandi-lo, ligar o conhecimento de um campo – por exemplo, os microcircuitos – com outros campos – como a fabricação de materiais eletrônicos rápidos, de alta qualidade.

As categorias de P&D são estabelecidas de acordo com as características que o trabalho está envolvido e seus objetivos. Assim, conforme OECD (2001), existem três diferentes categorias de P&D:

§ pesquisa básica é o trabalho teórico ou experimental empreendido primordialmente para a aquisição de uma nova compreensão dos fundamentos subjacentes aos fenômenos e aos fatos observáveis, sem ter em vista nenhum uso ou aplicação específicos;

§ pesquisa aplicada é também investigação original concebida pelo interesse em adquirir novos conhecimentos. É, entretanto, primordialmente dirigida em função de um fim ou objetivo prático ou específico;

§ desenvolvimento experimental é o trabalho sistemático, delineado a partir do conhecimento preexistente, obtido através da pesquisa e/ou experiência prática, e aplicado na produção de novos materiais, produtos e aparelhagens, no estabelecimento de novos processos, sistemas e serviços, e ainda no substancial aperfeiçoamento dos já produzidos ou estabelecidos.

Roussel, Saad e Bohlin (1992, p.15) destacam que na P&D industrial não existe hierarquia de importância nas contribuições da “P” e do “D”. Nenhuma empresa fia-se inteiramente na pesquisa para seu sucesso tecnológico. Nas empresas que realizam pesquisa, o “P” deve ser traduzido para “D” criativo na realidade prática e lucrativa. Muitas empresas realizam pouca ou nenhuma pesquisa, mas confiam seu sucesso ao desenvolvimento criativo, habilidoso dos resultados da pesquisa dos outros. A IBM e a Sony, por exemplo, realizam substancial “P” e substancial “D”. A Apple Computer, por reputação, realiza pouca “P”, mas aplica astuciosamente os resultados da “P” mundial em “D” excepcionalmente criativo.

Roussel, Saad e Bohlin (1992, p.15-17) classificaram as atividades de P&D industriais em três tipos: incremental, radical e fundamental . As diferenças entre elas estão basicamente nas características do conhecimento necessário para atingir os objetivos nos próprios objetivos e o tempo considerado para alcançá-los, e na recompensa esperada em função dos riscos envolvidos. Assim, a meta de P&D incremental são pequenos avanços tecnológicos, tipicamente fundamentados numa base estabelecida de conhecimento científico e de engenharia. A P&D radical exige a descoberta de novos conhecimentos com a meta explícita de aplicá-los a um propósito útil. A descoberta envolve substanciais riscos técnicos, de custo e de tempo. Neste caso, normalmente, é esperada uma substancial recompensa. A P&D

fundamental é um salto científico/ tecnológico para o desconhecido. Ela tem duas metas

potencial em relação à qual a empresa esteja convencida – ou pelo menos persuadida – e que exercerá um grande impacto estratégico a longo prazo e (2) preparar para a futura exploração comercial destes campos. A P&D fundamental apresenta algumas das mais penosas decisões estratégicas que a administração de uma empresa pode tomar. O quadro 2.11 resume as características dos três tipos de P&D industrial.

Tipo de P&D Conhecimento Metas x Tempo Riscos x Recompensa

Incremental

Normalmente, hábil

exploração do conhecimento técnico e científico existente de novas maneiras.

Pequenos avanços

tecnológicos em período de tempo curto e determinado.

Baixo risco e modesta recompensa.

Radical

Criação de novos conhecimentos para a empresa e, possivelmente, para o mundo. Envolve descobertas.

Objetivo comercial específico, como produto /processo inovador ou novo padrão técnico.

Criar barreiras mercadológicas contra concorrentes.

É possível estimar-se o período de tempo com uma margem aceitável de erro. Esse período deve ser de médio para longo.

Maior risco e expectativa de elevada recompensa.

Fundamental

Criação de novos conhecimentos para a empresa e, provavelmente, para o mundo. Normalmente resulta em um salto científico ou tecnológico.

Primeiramente ampliar e aprofundar o entendimento da empresa de uma área técnica ou científica. Depois, preparar-se para explorar comercialmente esse conhecimento inédito.

Alto risco e aplicabilidade incerta às necessidades comerciais.

Quadro 2.11– Características dos três tipos de P&D

Fonte: adaptado de Roussel, Saad e Bohlin (1992, p.59)

Quanto ao grau de incerteza que o projeto representa em relação a nível de conhecimento exigido para cada tipo de P&D, Roussel, Saad e Bohlin (1992, p.82) estabelecem uma linha fronteiriça simbólica intitulada “o que há de mais moderno” para localizar o P&D a ser empreendido em relação às suas exigências e ao tempo. Assim, se o alvo de P&D estiver no ponto A, um tanto distante da mais avançada fronteira técnica, o trabalho envolverá pouco risco técnico; pode-se ter 80% a 90% de certeza do sucesso. Porém, se o alvo estiver no ponto B, mais próximo da fronteira do conhecimento, o risco técnico aumenta, mas não muito; a probabilidade de sucesso ainda pode ser considerada alta. Agora, desde que é cruzada a fronteira do que há de mais novo, torna-se impossível prever com confiança a probabilidade de atingir o ponto C, quando isso poderia ser conseguido, ou quanto esforço demandaria. A alta direção faz uso de cenários para estudar os possíveis resultados, considerando as variáveis conhecidas e tentando imaginar as desconhecidas, com a finalidade de minimizar os riscos.

Figura 2.18– Incerteza do projeto em relação ao que há de mais moderno – fronteiras do conhecimento.

Fonte: adaptado de Roussel, Saad e Bohlin (1992)