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Mapa de localização das ZEP Zona Especial de Preservação (1996), ZEIS Zona Especial de Interesse Social

1 2º Distrito e Polo

Mapa 2.5 Mapa de localização das ZEP Zona Especial de Preservação (1996), ZEIS Zona Especial de Interesse Social

(1996) e das Favelas.

Fonte: Mapa de zoneamento 1996 e banco de dados da Prefeitura Municipal de Votuporanga. Dados da extinta SEMPLA e PLHIS-2010 - Elaboração própria

Disponível em tamanho A3 no apêndice III

Como é possivel observar no mapa acima, quando o PDM-1996 foi aprovado as favelas ja estavam formadas ao longo da malha urbana do municipio, porém tais áreas, na sua grande maioria, foram gravadas com ZEP (Zona Especial de Preservação) e não como ZEIS. Tal questão será melhor elucidada mais adiante no item 2.5.1, quando estudada a implantação das ZEIS no município.

Entre 1996 e 2001, houve, de fato, um célere crescimento da população favelada em Votuporanga, o que refletiu a precarização do emprego, da renda e das condições de vida dos trabalhadores. (VOTUPORANGA, 2010, p. 53). Como se pode notar, apenas 03 ocupaçoes irregulares se deram em áreas de expansao periferica, estando os demais dentro do tecido consolidado, especialmente em áreas ambinetalmente fragilizadas. Bolaffi (1975) analisa os processos periféricos e a descontinua expansão da mancha urbana que ele já considerava como sendo típico das capitais do pais, mas verificável em todas as cidades e que Votuporanga presenciou especialmente no período de reestruturação da indústria, quando ocorreu um empobrecimento progressivo da população.

Vila Carvalho

As disputas pelo território no espaço urbano de Votuporanga/SP – Contradições no zoneamento de Interesse Social (ZEIS), 1996-2012

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Conforme dados levantados, e infromações de registro da extinta SEMPLA - Secretaria Municipal de Planejamento, Habitação e Meio Ambiente da Prefitura de Votuporanga, em 2001 existiam no município, três principais ocupações as quais caracterizavam favelas, que “totalizavam uma população de 1.581 pessoas29“. Estas três ocupações eram compostas pelas favelas Ipiranga, Própovo e São Damião e contavam com uma infraestrutura básica (fornecimento de água e energia elétrica e precariamente continham os serviços de coleta de lixo e saneamento básico).

Quanto aos núcleos Matarazzo, Linhão, Córrego, Santa Amélia e Esmeralda, em entrevista concedida a autora, entrevistada 8 (da PMV), esclarece que “não se localiza registro da data de formação nos registros da SMDUH” (entrevistado 8 - junho/2014). Segundo o entrevistado, a prefeitura não tem material que precise a data de formação de tais núcleos.

Buscando a comprovação e motivando a PMV a retomar um levantamento dos dados históricos sobre as favelas no município, na esperança de contrariar saudável e positivamente a informação do entrevistado 8, foi formalizado um pedido dos dados de formação dos núcleos junto à PMV com o seguinte teor:

[...] sirvo-me deste, para solicitar a Vossa Excelência a disponibilização do ano/período de formação dos seguintes núcleos irregulares (Favelas)

Núcleos: Ibraim Hadad, Favela Matarazzo, Favela Esmeralda, Favela do Córrego, Favela do Linhao, Favela Ipiranga, Favela Santa Amélia, Favela Pro Povo e São Cosme [...] (solicitação nº632/2015, feita pela autora à PMV).

Em resposta ao pedido, a PMV assim se manifestou:

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Figura 2.4 - Resposta da Prefeitura do Município de Votuporanga n. 623/2015.

Fonte: Autora, 2015.

Em função da resposta da PMV, que não atende integralmente ao que foi requerido, constam informações do período de formação de apenas três dos oito núcleos irregulares formados no município ao longo e sua história.

O fato é que se constata que nem mesmo o poder público municipal possui as informações sobre o período de formação dos núcleos irregulares, ou favelas, uma vez que não possuem histórico do registro deste período para a maioria dos casos, conforme já observamos. Com isso, a solução seria partir para uma investigação mais aprofundada.

Como a maioria destes núcleos já foram atendidos pelo programa de desfavelamento da PMV, uma solução foi localizar a “nova moradia” dos antigos moradores destes núcleos e através de entrevistas com estes moradores, estabelecer uma linha cronológica que orientasse o período de formação dos núcleos ou favelas. A análise dos prontuários com os nomes dos beneficiados certamente auxiliaria na agilização da localização destes moradores; contudo, como não se obteve acesso aos prontuários e a solução foi ir a campo e localizar aos antigos moradores dos núcleos. As moradias foram escolhidas aleatoriamente, porém os antigos moradores das favelas não foram identificados.

Com isso, uma possibilidade de obtenção dos dados desejados poderia ser obtê-los a partir de informações confiáveis de antigos funcionários do setor de cadastro físico municipal da prefeitura. Com isso retoma-se a entrevista com o entrevistado 2, com a seguinte informação:

As disputas pelo território no espaço urbano de Votuporanga/SP – Contradições no zoneamento de Interesse Social (ZEIS), 1996-2012

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Quando se formaram os primeiros núcleos irregulares em Votuporanga, pareceu-nos

(referindo-se aos funcionários da PMV) ter sido reflexo do final do ‘militarismo’. As pessoas

parecem ficado mais seguras e a vontade para se apossar de áreas públicas para firmarem ali seus locais de moradia[...] havia se perdido o medo/respeito ao militares [...] os núcleos se formavam logo após a aprovação/implantação dos loteamentos onde estavam inseridos, ou das área conforme iam sendo ocupadas: A exemplo disso, a formação da favela ou núcleo Santa Amélia, data aproximadamente da década de 1990, ou seja, poucos anos depois da aprovação do loteamento (1983); o núcleo Propovo data aproximadamente da década de 1980; Favela do ‘Córrego’ (está ocupando os dois lados da avenida Prestes Maia) data aproximadamente da década 1970, assim como neste mesmo período se espalhou algumas moradias irregulares nas imediações da Favela do Córrego (Favelas Esmeralda e Matarazzo). Também inserida na faixa de domínio da antiga FEPASA, a chamada Favela do Linhão, foi ocupada por volta da década de 1980. Sem dúvida, a mais antiga é a favela Ipiranga, formada às margens da Linha Férrea, nas proximidades do antigo depósito da empresa Ipiranga (que dá nome à favela). Me lembro que já na década de 1960, quando eu ainda era adolescente, esta favela já existia, (Entrevistado 2/2015).

A partir dos dados levantados, chegou-se a um resultado estimado quanto ao período de formação dos núcleos, conforme se demonstra na tabela 2.1:

Tabela 2.1 - Período de formação das ocupações (SEMPLA-2002 - PLHIS 2010 e SMDUH e dados de entrevista

(entrevistado 2)

Núcleo ou favela Período de formação30 Zona de uso em 1996 Lei n. 2. 830/1996 Zona de uso em 2012 o Mapa das ZEIS Localização Matarazzo Aproximadamente- década de 1970 Parte s/ zoneamento especifico e parte ZPR- Zona de Pred. Residencial

Zona Mista Área Sul

Esmeralda Aproximadamente- década de 1970

ZPR - Zona de Predominância. Residencial

Zona Mista Área Sul Córrego Aproximadamente-

década de 1970

ZEP- Zona Especial de Preservação

Zona Mista Área Sul

Linhão Aproximadamente-

década de 1980

S/zoneamento especifico- Faixa non aedficand-linha Férrea

Zona Mista Área Sul

Ipiranga Década 1960 (1965) ZPR - Zona de Predominância. Residencial

Zona Mista Área Sul Santa Amélia Década 1980 ZEP- Zona Especial de

Preservação

Zona Mista Área Norte Pró Povo Década 1980 ZEP- Zona Especial de

Preservação

Zona Mista Área Norte São Cosme Década 1970 (1977) ZEP- Zona Especial de

Preservação (Damiao) ZEIS Consolidadas Área Leste Ibraim Haddad (1 Família) Apenas 1 edificação em invasão. ZPR - Zona de Predominância. Residencial

Zona 02 Área sudeste Fonte: Dados do PLHIS/2012, dados fornecidos pela SMDUH- (protocolo n. 623/2015) - Departamento de habitação e informações do entrevistado 2 (2014/15) - Elaboração própria

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As décadas aqui indicadas marcam o início da formação destes núcleos ou favelas e são extraídos a partir do trabalho de Rodrigues, (2007), PLHIS, 2010 - por sua vez embasado nos dos da Elaborado a partir de Secretaria Municipal de Planejamento, Habitação e Meio Ambiente (SEMPLA) da Prefeitura Municipal de Votuporanga.

Segundo levantamento de dados da extinta SEMPLA e dos dados referenciados no Plano Local de habitação de Interesse Social/2010, a partir dos anos 1990, pouco foi realizado por parte do poder público no sentido de ampliar a oferta de unidades habitacionais (VOTUPORANGA, 2010, p. 80). Ao se avaliar os programas públicos municipais, verifica-se que o investimento se deu basicamente no sentido de melhorar a habitabilidade das residências das favelas e não na produção habitacional. Em quase uma década foram construídas apenas 159 novas unidades habitacionais pelo poder público municipal. Por outro lado, entre 1991e 2000, o aumento da população das favelas cresceu 6,58% ao ano, enquanto a população do município cresceu a uma taxa de 1,8% ao ano, e entre 2000-2004 a 1,49% ao ano (SEADE, 2004), o que demonstrou claramente a falta de uma política habitacional municipal. (VOTUPORANGA, 2010, p. 82-83).

Em entrevista para este trabalho, o entrevistado 3,(março/2014), em 2001 tinha a perspectiva do desenvolvimento da cidade: “Votuporanga era jovem e naquele momento tínhamos quase 500 unidades habitacionais em favelas e que foram gradativamente sendo urbanizadas [...] o município começou a comprar área e a trabalhar o sistema de multidão: Havia naquele momento uma parceria: CDHU - Disponibilizava os recursos, a prefeitura de Votuporanga entrava com a gestão e com o terreno e o morador com a sua força de trabalho (mão de obra)”.

Ao ser indagado sobre os critérios gerais adotados para as obras de desfavelamento, o