• Nenhum resultado encontrado

1 2º Distrito e Polo

Planta 2.1 Planta Geral do Patrimônio Velho Votuporanga/SP Ano

Fonte: C.R.I.A-de Monte Aprazível/SP - Antigo Cartório de Júri e Anexos da Comarca de Monte Aprazível/SP (Fornecida à autora em 17/10/2014) - Reconstituído pela autora, 2014.

As disputas pelo território no espaço urbano de Votuporanga/SP – Contradições no zoneamento de Interesse Social (ZEIS), 1996-2012

152

Figura 2.3 - Capa da escritura de Registro de lotes, memorial e planta do

Patrimônio Velho - Votuporanga/SP-1938.

Fonte: C.R.I.A-de Monte Aprazível/SP– Antigo Cartório de Júri e Anexos da Comarca de Monte Aprazível/SP (Fornecida à autora em 17/10/2014)

O CEPAM, órgão estatal, era destinado às prefeituras municipais e disciplinava sobre o loteamento, arruamento e desmembramento, definindo que os parâmetros de uso e ocupação do solo das referidas modalidades de parcelamento do solo e especificou que eles deveriam ser controlados pelo zoneamento municipal e também adotava novas normas direcionadas a implantação das vias de circulação, quadras e lotes. Também estabelecia procedimentos administrativos quanto aos tramites e a documentação necessária para compor o material para aprovações dos projetos. “De uma forma geral, essas exigências já estavam presentes nos debates e nas legislações municipais de décadas anteriores”, inclusive no decreto Lei n. 58/1937 (LEONELLI, 2010, p. 132). Estes procedimentos já estavam bastante detalhados no Projeto de Lei Municipal do CEPAM e grande parte destas definições foi

aprovada na Lei Federal 6766/1979 e balizavam “os tramites de aprovação de parcelamento do solo de muitas prefeituras brasileiras”. (LEONELLI, 2010, p. 139).

Assim, em 1979, foram definidos padrões para parcelamento, uso e ocupação do solo urbano, a ser observados pelos municípios. No que diz respeito à regularização fundiária, a Lei n. 6.766/1979, dá a possibilidade do adquirente não efetuar o pagamento das prestações do imóvel, no caso deste se encontrar em situação de irregularidade: “Verificado que o loteamento ou desmembramento não se acha registrado ou regularmente executado ou notificado pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, deverá o adquirente do lote suspender o pagamento das prestações restantes e notificar o loteador para suprir a falta” (Lei n. 6.766/1979, Capítulo VIII, Art. 38). No caso da regulação das Zonas especiais de interesse social, estas deveriam ser definidas pelos Planos Diretores.

Somente após a Aprovação da Lei n. 9.785/1999, que altera alguns itens da Lei n. 6.766/1979, passou a considerar, dentre outras coisas, de interesse público, os parcelamentos vinculados a programas habitacionais pela iniciativa das prefeituras no intuito de facilitar a regularização. Trata-se do uso do “loteamento como solução para habitação” (LEONELLI, 2010, p. 74).

Em Votuporanga, logo após a aprovação da Lei n. 6.766/1979, foi aprovada, durante o mandato do prefeito Dr. João Antônio Nucci, a Lei n. 1.779 de 1980 (sendo esta uma das Leis que alteram a Lei do Plano de 1971), que acrescenta § 4º, ao artigo 147, da Lei n. 1.233/71, passando a regular, no âmbito municipal, a provisão de lotes populares:

Artigo 1º Ao Artigo 147, da Lei nº 1233, de 09 de junho de 1971, fica acrescentado o § 4º, com o seguinte teor:

§ 4º - Para os lotes já urbanizados é permitido o desmembramento em áreas não inferiores a 125 m2”. (Lei n. 1771 de 02 de julho de 1980).

As leis federais n. 6.766/1979 e Lei n. 9.785/1999 regem a atuação sobre o solo urbano em âmbito nacional, mas a legislação municipal pode estabelecer normas complementares relativas ao parcelamento do solo municipal para adequar o previsto nesta Lei às peculiaridades regionais e locais, conforme previsto pela Constituição Federal de 1988: “Cap. IV, Art. 30. Compete aos Municípios: I- legislar sobre assuntos de interesse local; II- Suplementar a legislação federal e estadual no que couber” (C. F. 1988, Capítulo IV, Art. 30).

2.3 A forma da expansão urbana e a emergência das favelas - Breve panorama das

Ocupações irregulares em Votuporanga: 08 ocupações e nenhuma ZEIS

A trajetória residencial das famílias que residem em favelas revela que os deslocamentos domiciliares são majoritariamente interurbanos [...]. Em sua grande maioria, a origem residencial das famílias está dispersa em vários bairros da cidade e

As disputas pelo território no espaço urbano de Votuporanga/SP – Contradições no zoneamento de Interesse Social (ZEIS), 1996-2012

154

isto poderia explicar a relativa heterogeneidade das favelas (ABRAMO; FARIA, 1998, p. 31).

As alterações na estrutura produtiva da indústria, com o consequente estreitamento na organização e redução das plantas produtivas provocaram o aumento do desemprego e depreciação da renda do trabalhador Votuporanguense. Com isso, a classe operária teve reduzida sua capacidade de pagamento por habitação e serviços urbanos, o que significou, para muitas famílias, a procura de soluções habitacionais possíveis ou no deslocamento para áreas que não onerassem o custo da habitação e possibilitassem o acesso à terra e a moradia de forma compatível com o poder aquisitivo dessas famílias, especialmente de operários.

A nova configuração na distribuição espacial da população no espaço intraurbano de Votuporanga, já analisada neste trabalho, desencadeou algumas convulsões nas formas de ocupação do espaço urbano que levou, inclusive, a uma redefinição do desenho urbano da cidade, conforme já se observou. Aliada a isso, a economia nacional não era favorável. O país estava em crise e no final do governo JK, nos anos 50 a inflação tinha aumentado consideravelmente além de o país estar submetido a uma política antidemocrática.

Nesse momento, moradores das áreas rurais já mostravam interesse em ocupar o espaço urbano, buscando deslocar-se para áreas que lhes pudesse oferecer melhores condições de sobrevivência: “Moradores rurícolas demonstravam uma tendência espontânea e definitivamente se fixavam nas cidades, nas vilas ou povoados”. (VOTUPORANGA, 1971, v. 3, p. 7).

“O baixo provimento financeiro do trabalhador rural, entretanto, força-o, na maioria das vezes, a improvisar suas moradias gerando um processo de favelamento na periferia das aglomerações”. (VOTUPORANGA, 1971, v. 3, p. 1). Assim, a configuração dos bolsões de pobreza e das áreas de moradia popular para frente de expansão norte, geravam um efeito indireto de enobrecimento da zona sul. Tudo isso ocorreu a despeito da permanência de antigos bolsões de pobreza nessa região (como a favela Ipiranga, a mais importante e mais antiga do município), ao longo das décadas seguintes. (RODRIGUES, 2006b).

No decorrer dos anos 1980, aumenta não somente o número de pessoas moradoras em habitação precárias, mas também aumentaram o número de núcleos irregulares ou de favelas distribuídos pela malha urbana de Votuporanga, somando um total de 08 núcleos, segundo cadastramento realizado pela Prefeitura de Votuporanga28 entre os anos 2004-2005 (VOTUPORANGA, 2010, p. 85).

28

Ainda que o PLHIS-2010, conforme observa-se, descreve que segundo cadastramento realizado pela Prefeitura de Votuporanga, constam 08 núcleos irregulares, contudo o orgão público municipal, não tem o historico de formação destes núcleos, conforme se poderá observar mais a diante.